Toradora (Portuguese):Volume1 Chapter3

From Baka-Tsuki
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A confusão que aconteceu ao amanhecer foi como um sonho e o silêncio da manhã logo regressou a residência dos Takasu.

Já eram 5:00 AM quando Ryuuji voltou para cama. Para um corpo em crescimento, era doloroso não dormir o suficiente. Bocejando com a boca completamente aberta, ele se levantou e acordou no horário normal. Ainda havia várias coisas para fazer...

Depois de ir ao banheiro, se dispôs a alimentar Inko-chan. Como sempre, se assegurou de que o papagaio estava completamente desperto antes de remover o pano mas...

“Bom dia Inko-ch... Whoa!”

Inko-chan estava morto, com a cara virada para cima, deitado no fundo da gaiola.

“Ma, mas, ele não tinha acabado de responder? Inko-chan.”

“... Ugh... ugh... ugh...”

… não, ele ainda estava vivo. Só estava deitado no fundo da gaiola. Qualquer um pensaria imediatamente que estava morto. Depois do grito de Ryuuji, ele rapidamente se levantou. Por alguma razão, suas plumas estavam todas atrapalhadas.

“Não sei o que você quer com isso.”

“Bom dia.”

Talvez fosse melhor se eu tivesse um gato ou um cachorro, ou até mesmo algo que pudesse se comunicar telepaticamente com os humanos. Ryuuji pensava enquanto enchia a caixa de comida de Inko-chan.

“...I... iii... I... In... In... In...”

Inko-chan olhava diretamente para Ryuuji e o mesmo tentou imaginar o que o papagaio queria dizer. Ryuuji o ensinou por anos, mas ele ainda lutava para conseguir terminar uma palavra...

“Será que... você finalmente vai dizer ‘Inko-chan’? Finalmente?!”

Ryuuji olhava a gaiola emocionado. À sua frente, Inko-chan abria ferozmente as penas de sua cauda, e então....

“... In... In... I... i... idiota!”

“Droga.”

‘Flap!’ Sem pensar, Ryuuji cobriu a jaula com o pano novamente. Mesmo que aquele ato tenha parecido intimidatório, ele estava bastante tranquilo. Todo o inferno pegaria fogo se ele se incomodasse por cada coisinha que acontece na vida. Com o temperamento calmo de um cavaleiro, ele foi dar uma olhada em Yasuko, que há essa hora já teria ido dormir. Abrindo a fusuma...

Ela deveria estar dormindo não é? Como ele tinha ouvido a porta se abrir, sabia que ela tinha regressado.

“... bom, ela voltou, mas isso já é ridículo...”

Ele murmurou e fechou os olhos.

Quando ela caiu adormecida, estava tão bêbada, que durante a manhã, toda a casa cheirava a álcool. Mas por que ela tinha que dormir como se alguém a houvesse jogado para frente e ela tivesse caído de costas? Ela agora estava dormindo com o traseiro para cima. Ao menos havia colocado uma roupa esportiva. Mesmo que ela fosse sua mãe... não, era justamente porque ela era sua mãe, que ele tinha que ser restrito com ela. De acordo aos padrões normais, mostrar inadequadamente a roupa interior era algo muito imprudente. Ela parecia ter dormido enquanto tirava a maquiagem já que metade do rosto estava limpo fazendo as duas metades ficarem completamente diferentes, como o Baron Ashura. Sem falar que ela parecia bastante incomodada.

De acordo com as deduções de Ryuuji, Yasuko estava sentada na mesa de centro, ao lado do futon, enquanto removia a maquiagem, mas ela acabou se cansando e dormiu com a cara enfiada no futon.

“Estou surpreso por você não ter quebrado o pescoço... Ei! Durma de forma correta! Você pode morrer se continuar dormindo assim!”

“... Ya... Yaya... Ummmm... ummm... Ya...”

Ela estava falando igualzinho Inko-chan.

Me pergunto se existe alguma conexão oculta entre os dois (provavelmente a inteligência). Ryuuji cuidadosamente colocou Yasuko em uma posição apropriada. Ela estava esperando para ter uma cama e por enquanto dormia no futon. Como eu vou comprar uma nova cama para você se mal dorme na posição correta?! Ele pegou o doce da sacola no canto do quarto e silenciosamente fechou a fusuma depois de sair. Yasuko sempre chegava em casa com algo para eles, porém acabava se esquecendo de pôr na geladeira.

Depois disso, ele tinha que preparar o café da manhã e os obentos. Pensando nisso olhou o que tinha na geladeira...

“Ah, sim, me lembro...”

Ryuuji semicerrou seus ferozes olhos, não de raiva, mas de decepção. A festa de arroz frito tinha acabado com todos os ovos e o bacon e, portanto não sobraram para o café. O arroz congelado de pacote também tinha sido usado.

“... Parece que teremos leite de café da manhã, e para os obentos... terá que ser algo bem simples. De prato secundário só sobraram batatas.”

O arroz era essencial, não importava a situação, portanto Ryuuji decidiu preparar arroz de supermercado com batatas. Ele assegurou de ter suficiente vinho de arroz, um pouco de almibar, mirin, alguns pedaços de kombu, brotos de bambu cozidos e enokitakes. Depois de juntar a quantidade suficiente de água, colocou tudo na panela e pronto, só faltava cozinhar. Em continuação, Ryuuji habilmente retirou a casca das batatas em um ritmo incrível, colocou-as em outra panela com água e deixou cozinhar em fogo lento. Nesse meio tempo, lavou a tábua de cortar, faca de cozinha, e limpou a desordem da mesa. Uma vez que a fervura da água da batata havia diminuído, ele acrescentou um pouco de açúcar refinada, mirin, vinho de arroz, jarabe, pó para sopa e um pouco de macarrão. Abaixou mais o fogo para não cozinhar demais e deixou fervendo até a hora de ir para escola. Por último jogou um pouco de salsa de soja. Ryuuji na verdade não provou a comida hora nenhuma, mas somente cozinhar daquela maneira podia dizer a ele que estava apetitoso.

Só havia passado meia hora desde o momento que ele se levantou, então tinha tempo suficiente. Ele tomou um pouco de leite no copo, ligou a televisão e se sentou no chão para assistir. Viu as propagandas matinais para matar o tempo, escutou atentamente as notícias sobre futebol do dia anterior e enquanto isso limpou a mesa de centro. Sem se dar conta, ele havia lustrado a mesa que agora brilhava.

Depois de escutar que seu time havia ganhado, esquecendo o fato que só tinha leite para o café matinal, Ryuuji sentiu que aquela seria uma boa manhã. Mas poderia ser ainda melhor se o sol brilhasse através da janela como no ano passado. Olhando para ela, Ryuuji suspirou pensando naquela casa escura. Nesse momento...

“... Whoa!”

O telefone tocava repentinamente. Para chamar naquela hora, seria algum parente? Ryuuji decidiu não permitir que o sono de Yasuko fosse perturbado (já que depois de tudo, ela ainda era a dona da casa), e se apressou para atender ao telefone,

“Bom dia, Takasu falando...”

“Você está atrasado! O que está fazendo?!”

“...”

Ele desligou sem pensar duas vezes.

O que estava fazendo? Vivendo uma vida normal é claro. A súbita pergunta fez com que a mente de Ryuuji ficasse em branco por algum tempo. O telefone tocou novamente, e Ryuuji atendeu educadamente.

“Bom dia, Takasu falando...”

“Você acaba de desligar na minha cara não é? Você gostaria que eu fosse até sua casa agora e te mostrasse o inferno?”

Isso seria problemático. Ryuuji rapidamente pensou no que aconteceria. Mesmo que a síndica não viesse se queixar, Ryuuji podia escutar como ela varria fortemente o chão lá fora. Não havia dúvidas, ela só esperava a oportunidade para chutá-los dali. Os Takasu estavam na lista negra. Para falar no telefone de forma semelhante a um gangster, só havia uma pessoa que lhe vinha à mente...

“Aisaka... Taiga...”

“Se você acha problemático falar por telefone, se apresse e venha logo! O que está fazendo? Não me diga que está rompendo sua promessa? Ao menos entende a situação?” “Promessa? Não pode estar falando sério...”

“Não disse que faria qualquer coisa como um cachorro? Você prometeu não é? Então anda logo! Agora! Todos os dias antes da escola começar contando a partir de agora!”

“E... Espera! O que conversamos a noite... está falando disso não é? Quando falei que te ajudaria, me referia sobre Kitamura. Te ajudaria a falar mais com ele... Foi isso que eu prometi!”

“Tch!”

Por telefone, a voz dela parecia irritada. Ela fez um estalo estranho com a língua.

“Você foi o primeiro a dizer que faria qualquer coisa! Não me importa, simplesmente venha logo! Você sabe que quando eu digo que vou fazer alguma coisa, eu faço... e você já deveria saber o que eu ‘faço’.”

Parece que Aisaka estava realmente de mau humor. Sua voz parecia realmente demoníaca e o telefone vibrava fazendo os ouvidos de Ryuuji doerem. Nessa altura do campeonato, não fazia sentido continuar discutindo por telefone.

“... Ahhh, de qualquer forma, eu irei, sem importar o que... Eu irei... mas... nem sei onde você mora.”

“Só olha pela janela.”

“Eh? Pela janela? Não tem nada fora da... Whoa!?”

Enquanto carregava o telefone, passando ridicularmente por todo o cômodo estreito e olhando através da janela, Ryuuji pode ver aquele luxuoso apartamento. Além disso, no segundo andar, na mesma altura que a janela... olhando diretamente para cá pela janela da frente...

“O que passa com esse pijama ridículo?”

Aisaka Taiga se encontrava de pé, em sua frente, segurando um telefone moderno enquanto olhava pela janela.

“Ah! Pare de olhar pra cá!”

Ryuuji gritou. Vestindo a ‘delicada camiseta de lã’ que Yasuko fez para ele (cheia de desenho de corações) ele sentiu um frio na barriga. Tentou rapidamente cobrir a camiseta com as mãos. Não estava com raiva, mas muito envergonhado.

Aisaka indignada fechou a cortina.

“Como se eu quisesse ficar te olhando! Se apresse e traga seu traseiro aqui cachorro estúpido!”

“Espera um pouco! Só mais dez minutos!”

“... para quê?”

“O obento ainda não está pronto.”

“...”

Com todo o silêncio que se encontrava entre eles, Ryuuji pôde escutar os grunhidos do estômago de Aisaka. Eram muito fortes para simplesmente ignorar.

“... Mmmm, você quer um pouco?”

Depois de um longo momento de silêncio, as cortinas da janela daquele luxuoso apartamento se abriram cerca de 10 cm. Aisaka permaneceu em silêncio enquanto observava Ryuuji. Yasuko, Inko-chan, e agora Aisaka.

Parece que agora tem três pessoas e não duas (se é que Inko-chan era uma pessoa) esperando para serem alimentadas por Ryuuji.

* * *

Essa era a primeira vez que ele via uma porta automática.

A atmosfera na entrada de mármore era carregada e todo o lugar parecia mais frio que o exterior. Tudo era inquietantemente tranquilo, como se algo estivesse observando-o. Estando em um ambiente tão tranquilo, os olhos de Ryuuji não ajudavam, eles pareciam mais ferozes ainda enquanto ele olhava o dispositivo que estava em sua frente. No nível da cintura, havia um painel também de mármore, com uma fechadura, um botão e algo parecido com um comunicador. No outro lado do salão havia uma porta giratória automática. Apesar de automática, a porta não se abriu automaticamente. A sua direita havia um cartaz de segurança com o símbolo de ‘Limpeza em progresso’. Parecia não haver ninguém limpando do outro lado da porta. Simplesmente, como vou utilizar isso? Como se supõe que seja a entrada da jaula da Tigresa de Bolso? Ryuuji se manteve em silêncio, e se perguntava o que fazer quando...

“Bom... dia...?”

Uma jovem mulher passou pela porta e cumprimentou Ryuuji, mas rapidamente o olhou de forma suspeita, se perguntando, quem é esse cara?

“B, bom dia.”

Curvando o corpo agradecido, Ryuuji passou pela porta antes que ela se fechasse. Era correto entrar daquela forma? - se perguntava; mesmo que acreditasse que não fosse causar muitos problemas.

Entrou no elevador e pressionou o botão do segundo andar. Quando a porta se abriu, encontrou um corredor completamente coberto com carpete, como o que ele havia visto no hotel da última viagem que havia feito.

Isso fez com que ele se perguntasse ‘quanto seria o aluguel ali?’... Maldição, me esqueci de perguntar o número do apartamento. Esse felizmente era um problema que foi rapidamente solucionado...

Em todo aquele corredor só havia uma porta, ou seja, todo o segundo andar desse luxuoso edifício era a casa de Aisaka.

“Ela é realmente rica... será que o rumor de que seu pai era um gangster é verdade?”

Enquanto adentrava cada vez mais, Ryuuji caminhou nervoso até a porta (mesmo que se tratasse de Aisaka, ele ainda estava entrando na casa de uma garota), e tocou a campainha. Não houve resposta, inclusive depois de pressionar o botão por várias vezes.

Ainda faltava um pouco de tempo para hora da aula, mas seu tempo não era infinito! Timidamente ele empurrou a porta.

Segurou a respiração e então... A porta se abriu.

“... B, bom dia!... Aisaka!... Sou eu, Takasu... olá?”

Depois de uma olhada ele gritou, ainda sem resposta. Olá! Olá! Ryuuji entrou no apartamento e continuou gritando.

“... Lamento interromper... Posso entrar? Está tudo bem?”

Caramba, ela tinha coragem. Me chamar daquela forma, me ameaçar e depois me deixar aqui plantado! O que eu deveria fazer se alguém da sua família me visse? Especialmente seu pai! Ryuuji tirou os sapatos e continuou andando pelo corredor na ponta dos pés. Se era o papel de parede branco, as finas tiras de madeira ou talvez a iluminação, Ryuuji não sabia dizer, mas aquele lugar tinha um ar de bom gosto, diferente de outros apartamentos alugados na redondeza. Ryuuji se deparou com uma porta de vidro laminado e depois de um tempo a abriu. Não demorou muito e então...

“Wow!... Whoa!!!”

A princípio observou assombrado, para logo em seguida ser golpeado com um cheiro horrível.

Que sala de estar surpreendente. Tinha ao menos o tamanho de 20 tatames. Havia uma almofada de cor branca, e a mesma combinava perfeitamente com o sofá cinza claro. Ao lado do sofá havia uma grande mesa de jantar, combinando perfeitamente com a cadeira moldada a mão...

No sul do cômodo havia uma janela aonde se podia ver o que seria a mesma vista da casa dos Takasu até um ano atrás. As árvores de um parque que ficava ali perto. A cor dos utensílios de cozinha se encaixava perfeitamente ao design da sala, assim como os desenhos personalizados das paredes. Tudo isso era acompanhado de um belo candelabro de cristal. O que parecia estranho é que só havia uma cadeira e um sofá.

Normalmente não seria estranho encontrar cinco ou seis cadeiras em uma sala tão grande.

E também havia o mau cheiro.

Vinha daqui...?

Aparentemente, vinha da bela cozinha estilo europeu.

A cozinha possuía uma grande pia de aço inoxidável, que por sua vez, estava cheia de pilhas de pratos sujos há quem sabe quanto tempo. Então, como estaria o encanamento daquele lugar? Só de pensar era suficiente para dar náuseas. Sem mencionar o próprio aço inoxidável, que parecia muito sujo. Estava lotado de...

“AAAARRRRGGGHHH!!!”

Mofo negro, suficiente para atormentar uma pessoa até que a mesma desmaiasse. Como se fosse atraído ate lá, Ryuuji se aproximou da superfície em questão e passou levemente o dedo. Não faz falta falar que a sensação era macia e molhada.

“Inaceitável!!!”

Não posso permitir algo como isso! É uma afronta contra a cozinha! Uma afronta contra a vida! Mesmo na cozinha do meu pequeno apartamento, que estava próximo de não ter luz nenhuma, estava suficientemente limpa para que se possa lamber sem cair doente. Algumas pessoas trabalham como burros para manter a cozinha limpa e existem outras que tem uma cozinha linda e bem equipada e, e, e, a transformam em... ISSO!!!

“Aisaka!”

Ryuuji saiu da cozinha. Já tinha visto o suficiente. Como ela podia deixá-lo ver algo como aquilo?!

“Não importa o que, deixe-me... Me deixa limpar sua cozinha!”

Algo estava tentando sair do coração de Ryuuji.

Com a veia da testa quase estourando, atravessou toda a sala como uma bala, porém não conseguia encontrar Aisaka. Seus olhos cheios de emoção encontraram uma porta corrediça. “Será este quarto?!”

Ele a segurou e abriu com grande força.

“... Ah.”

... Loteria, mas de alguma maneira, ele sentia como... se houvesse errado ao entrar ali.

Aisaka Taiga estava naquele lugar.

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Frente a uma vista como essa Ryuuji não podia fazer nada a não ser cobrir a boca e até mesmo prender a respiração. As longas cortinas que fechavam a janela ao norte, o silencioso quarto com teto alto, o carpete branco que se estendia por todas as partes, vestidos que foram jogados aleatoriamente depois de serem usados. Na esquina do quarto, uma perfeita combinação entre uma mesa de estudo branca e sua cadeira, no centro uma cama de princesa com cortinas brancas. Esse era o quarto de Aisaka.

No centro da cama, rodeada de cortinas de encaixe, descansava Aisaka Taiga. Seu longo cabelo se estendia por toda a coberta, enquanto ela se encolhia, juntando os braços e as pernas, e dormia em silêncio.

O telefone sem fio estava do lado do travesseiro, e do lado de fora da cortina era possível ver a casa dos Takasu.

“... então ela voltou a dormir...”

Zzzzz.... Só o silêncio e sua respiração rítmica podiam ser ouvidos.

Impossível se aproximar dela, Ryuuji manteve a distância enquanto assistia Aisaka dormindo... Não é como se ele quisesse ficar olhando, era só que... não podia tirar os olhos dela. Usando um pijama solto, seus pequenos braços e pernas pareciam ainda menores. Por alguns momentos, a calma que se via naquele rosto parecia tão clara quanto uma escultura de gelo. Ryuuji sabia que logo aquela escultura iria derreter. Seu pequeno nariz, sua pequena boca ligeiramente aberta e suas sobrancelhas que se fechavam nos olhos... Se não fosse pela respiração, não havia forma de dizer se ela estava viva ou não... Assim Aisaka dormia tranquilamente.

Não era porque estava vendo sua companheira de classe dormir, era o cenário que o fazia sentir como se estivesse em um conto de fadas. Ryuuji se lembrou da bela adormecida, porém rapidamente rejeitou esse pensamento.

... Ela não era uma princesa.

Não... Ela era só uma boneca que havia sido esquecida pela princesa. Seus olhos se abririam no momento em que alguém a levantasse, mas como havia sido esquecida, a única coisa que podia fazer era deitar naquele lugar e permanecer dormindo.

A boneca estava dormindo nessa cama, nesse quarto, nesse apartamento... Tudo isso pertencia à princesa e não a boneca. Isso explicaria porque tudo era tão grande comparado ao seu tamanho.

Aisaka ainda era humana e esta era sua casa... Falando nisso, onde estava sua família?

Depois de ver pelo quarto, Ryuuji lentamente fechou os olhos. Uma cadeira, um sofá... Aqui não tem mais ninguém além da Aisaka, e aqui é aonde ela dorme. Ademais, ela simplesmente havia sacudido a cabeça quando ele perguntou sobre sua família. Ryuuji olhou para o relógio de pulso. Ainda havia tempo.

Pressentindo que seria difícil acordá-la, Ryuuji deixou silenciosamente o quarto e fechou a porta sem fazer barulho. Irei chamá-la se der a hora de irmos e ela ainda não tiver se levantado.

Depois de voltar da dimensão alternativa do quarto silencioso, Ryuuji lentamente retirou a jaqueta que usava.

“... Vamos lá!”

A sua frente estava ‘a extremamente útil’, mas suja cozinha, o prazo era de 15 minutos. A batalha entre o homem e a sujeira no aço inoxidável havia começado. Quando Aisaka Taiga acordar, ela não vai acreditar no que ver.

O trabalho ainda não estava completo... Terminarei o resto amanhã! Ryuuji jurou para si mesmo. Os utensílios de cozinha e a pia de aço que haviam sido abandonados por quase meio ano, agora estavam reluzentes.

Tudo que havia sobrado eram o arroz e a sopa de miso instantânea que ele havia feito para o café da manhã. O conteúdo dos dois era o mesmo, apesar de um deles ser somente um extra preparado às pressas. Ryuuji comentou sobre os bem preparados, pesados e empacotados obentos. Tudo isso havia sido feito para Aisaka Taiga, que ainda estava dormindo tendo bons sonhos.

* * *

“Eu te chamei especificadamente para que viesse me pegar porque não queria chegar tarde. Por que saímos tão tarde? O que você ficou fazendo?”

“Quê?! Eu não te falei para comer mais rápido um punhado de vezes? Quem foi que ficou toda hora pedindo outro prato?!”

“Eu nunca te pedi para me ajudar. Foi você que felizmente preparou o café da manhã por sua conta. Teria sido um desperdício se eu não comesse, então na realidade, eu estava te ajudando! Deveria agradecer minha generosidade!”

“Devolve!... Devolve o obento!”

“Calado e saia de perto de mim, cachorro pervertido!”

“Por que você... me devolva isso! Eu o quero de volta! Junto com minha amabilidade!”

“Cala a boca escória!”

“Eu, eu não tenho nenhum arroz frito para gente que me chama de escória.”

Correndo lado a lado no trajeto até a escola, Ryuuji e Aisaka haviam iniciado uma perigosa guerra de palavras. Sob as verdes folhas das árvores plantadas ao longo do caminho, não havia nada que pudesse causar confusão sem ser esses dois.

Ryuuji atacou pela lateral, ele tentava pegar a bolsa do obento que Aisaka levava com suas pequenas mãos, mas Aisaka habilmente se esquivava usando uma habilidade de serpente para rodeá-lo, assim ela mantinha distância de Ryuuji. Alguns estudantes inocentes que passavam, não queriam ter nada a ver com esse estudante de secundária com aparência malvada e olhar aterrorizador, nem com a bela garota com cara inocente. Todos evitavam o contato visual com eles.

“Como pode existir uma garota tão desagradável... É incrível! E depois que eu limpei toda sua cozinha, apesar de não estar completamente limpa...”

“Já falei que eu não te pedi para fazer isso!”

“Por quase meio ano.”

“Você não tem o direito de se chamar humano...”

Ryuuji apontou para ele com o dedo enquanto Aisaka respondeu simplesmente sem expressão, “O que isso tem haver comigo?” e rapidamente correu para caminhar à frente. Ele não limpou a cozinha por que esperava obedecer as ordens daquela irritante garota. Ele queria limpar para fazer com que ela se tornasse bonita e usável... Esses pensamentos lentamente cresceram em sua mente e se tornaram imparáveis.

“Eu sou... um ser patético?”

Ryuuji murmurou para si mesmo enquanto caminhava atrás de Aisaka. Ou para ser preciso, porque ele também tinha que ir para escola, e não tinha nenhuma outra alternativa a não ser caminhar atrás dela. Aisaka se virou ligeiramente para olhar Ryuuji, “Sem importar os detalhes, não se esqueça de que você tem que me ajudar na escola! Não vai fugir!” Exclamou Aisaka observando Ryuuji com os olhos completamente abertos. Ela respirava silenciosamente com aquele pequeno nariz. Era isso que os outros chamavam ‘advertência’? Ryuuji apressou seus passos e respondeu,

“Vou te falar uma coisa, não tenho nenhuma intenção de ajudar alguém que me trata dessa forma!”

Sem aviso prévio, Aisaka havia parado repentinamente, fazendo com que Ryuuji que caminhava logo atrás trombasse contra ela.

“S, sua idiota! Não pare tão de repente!”

Se sentindo enojado, Ryuuji nesse momento lamentou a desgraça que sua vida havia se tornado, mas Aisaka não prestava atenção nele.

“Minorin! Você estava me esperando de novo?”

“Está atrasada Taiga! Pegou outro caminho hoje de novo?”

“... Uh!”

No momento em que ele ia continuar andando, percebeu o que estava acontecendo e acabou ficando paralisado. Em frente a Aisaka, de pé na esquina do cruzamento da avenida principal, se encontrava Kushieda Minori.

Somente uma pequena parte de seu rosto era tocado pelo sol, acompanhada de seus suaves e grandes olhos, sorriu inocentemente enquanto olhava em outra direção. Seu cabelo era iluminado pelo sol da manhã e sua saia se movia com o vento... Seus braços deixaram de se agitar repentinamente e o sorriso que até então ocupava todo aquele rosto desapareceu. Ela abriu mais ainda aqueles grandes olhos...

“EEEEHHH!!!???... O que...!? Não tem como! Poderia ser que?!...”

“O que foi Minorin?”

“M, meus ouvidos...”

Minorin gritou com uma voz super forte enquanto seu olhar fixou nos dois, que por conta do destino, se dirigiam a escola juntos.

“E você me pergunta o que foi?! Eh, eh... já vejo... não sabia que Taiga e Takasu-kun se davam tão bem para vir para a escola como um casal...”

“Está enganada Minorin, o que quer dizer com ‘como casal’?”

“Uhmm...! Como eu diria? Esse tipo de situação... Grrr! Não posso encontrar a palavra certa para descrever! Oh sim, vocês já prometeram nunca se separar?”

Não, não, não! Nunca prometemos vir juntos a escola nem nada disso. Eu, é só que, simplesmente nos encontramos pouco antes de chegar aqui!”

Ryuuji instintivamente havia dado aquela desculpa. Depois de falar ele se virou e disse gentilmente,

“Não é verdade Aisaka?”

Ela virou sua cabeça de forma que Minorin não pudesse vê-los e revelou um terrível sorriso.

“Ahh, então vocês dois só se encontraram com casualidade?”

“Sim, moramos perto um do outro.”

Aisaka começou a caminhar junto a sua grande amiga Minorin. Como posso permitir que essa oportunidade me escape?! Ryuuji rapidamente se preparou para segui-las enquanto pensava. Podia ser que, como Aisaka sabe que eu gosto da Minori, ela tenha feito isso para criar essa situação e me dar uma oportunidade?

“Bem, então nos vemos logo Takasu-kun... Esperava dizer que fôssemos para escola juntos, mas parece que você não quer caminhar conosco não é? Já que só nos encontramos por casualidade não é?”

Em menos de três segundos, a imaginação de Ryuuji foi destroçada por Aisaka, que virou a cabeça em outra direção.

“... Ah... Não, Ai, Aisaka...”

“Então nos vemos logo Takasu-kun! Ei Taiga, você viu a TV ontem a noite...”

O que tinha acontecido ali? Mas eu também vi TV a noite... Em vão tentou chamar Aisaka pelas costas com o braço esticado, Ryuuji recebeu sua última advertência quando ela olhou rapidamente para trás.

Não pense que você vai se dar bem antes de mim! Deixe de ser tão arrogante, cachorro estúpido!

“... ugh...”

Aisaka parecia estar dizendo isso enquanto se virava e mostrava um forte olhar.

Ryuuji foi petrificado pelo olhar da besta, que era suficientemente pequena para caber na palma da mão. Ela parecia estar declarando.

A menos que você consiga me juntar com Kitamura-kun, farei tudo o possível para que não chegue perto da Minorin.

Mesmo sem Aisaka no caminho, era somente um sonho para ele sair com Minorin... Agora, por que estou pensando em coisas tão tristes de repente?

Não! A esse ritmo vou acabar como o cachorro de Aisaka para o resto da vida. Esse seria o pior resultado possível.

Vendo lentamente desaparecer a figura das duas garotas, Ryuuji olhou com seriedade. Você vai ver Taiga! Não deveria me subestimar! Pela primeira vez o desprezo e a raiva haviam feito o espírito de luta de Ryuuji se acender.

Se chegar a juntar Aisaka com Kitamura, não significa que eu também poderei me aproximar mais da Minori?


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