Bakemonogatari: Volume 1 - Caranguejo Hitagi 006

From Baka-Tsuki
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Nossa cidade estava às margens dos subúrbios.

À noite era muito escura. Um breu. O prédio abandonado era tão distante da luz do dia que parecia a mesma coisa de dentro para fora.

Eu fui nascido e criado aqui, então não me parece estranho, de qualquer forma, não parecia incompreensível - na verdade, era a ordem normal das coisas, o caminho natural do mundo - mas Oshino tinha viajado de muito longe, ele dizia que a discrepância era a raiz de muitos problemas.

Foi bom ter raízes que foram facilmente encontradas.

Segundo ele, de qualquer maneira.

De qualquer forma...

Foi logo depois da meia-noite.

Senjougahara e eu andávamos de volta para o cursinho abandonado. Ela tinha pego sua almofada de casa e colocou no banco traseiro da bicicleta.

Nós não tínhamos comido e, logo, estávamos com fome.

Eu coloquei a bicicleta no mesmo lugar, e passamos pela abertura na cerca. Oshino estava nos esperando pelo lado de fora.

Como se estivesse lá o tempo todo.

"...eh?"

As roupas de Oshino pareciam ter surpreendido a Senjougahara.

Ele estava usando túnicas brancas sagradas. Ele até penteou o cabelo; ele parecia uma pessoa diferente. Nada desleixado.

Roupas fazem o homem.

Por que ele parece mais assustador assim?

"Oshino-san... você é um sacerdote?"

"Não, não sou." Disse ele."Nem padre, nem monge. Fui para a escola, mas nunca consegui um emprego, Foi complicado."

"Complicado?"

"Razões pessoais. Se resume apenas a ficar farto de tudo. As roupas têm as mesmas funções que as suas. Simplesmente não tenho nada mais limpo. Iremos encontrar um Deus aqui. Então tenho que estar limpo, assim como você. Estabelecer um certo tom. Tom é importante. Quanto lutei contra o Araragi-kun, eu tinha uma cruz em uma mão, um monte de alho pendurado em mim e um pouco de água benta. Se adaptar a situação. Posso não ter que usar boas maneiras, mas sei o que estou fazendo aqui. Você não vai me ver agitar uma varinha e espalhar sal na sua cabeça."

"O-Ok", disse Senjougahara.

Certamente foi uma surpresa vê-lo assim, mas reação dela pareceu um pouco forte demais. Por quê?

"Você está bonita e purificada. Ótimo. Só para ter certeza, você não está usando maquiagem?"

"Não acho que seria um boa ideia, por isso, não."

"Ótimo, boa decisão. Tomou um banho também, Araragi-kun?"

"Sim. Não há problemas."

Era um passo necessário para ver as coisas. Evitei mencionar a tentativa da Senjougahara de espreitar-me a observar ela no banho.

"Mas você parece exatamente o mesmo."

"Sim, sim."

Desde que eu era apenas um observador, não tinha porquê trocar todas as roupas. Claro que eu iria parecer o mesmo.

"Vamos acabar com isso. Preparei um espaço no andar de cima."

"Um espaço?"

"Sim."

Oshino desapareceu em meio a escuridão. Mesmo com suas roupas brancas, ele foi engolido instantaneamente. Mais uma vez, peguei a mão da Senjougahara, e fui atrás dele.

" 'Vamos acabar logo com isso?' Ele não esta exatamente levando a sério, certo?" Perguntei.

"O que isso quer dizer? Arrastei duas crianças para um local deserto, no meio da noite. É minha responsabilidade levá-los de volta para casa e na cama, logo quando eu puder."

"Eu só estava me perguntando se podemos realmente chutar o traseiro desse caranguejo facilmente."

"Que preposição violenta, Araragi-kun. Será que algo de bom lhe aconteceu?" Disse Oshino, sem olhar para trás."Não é como você e a Shinobu-chan, ou a Representante de Classe-chan e a gata sexy. E não se esqueça, sou um pacifista, Eu normalmente evito violência a todo custo. Você e a Representante de Classe-chan, ambos foram alvos de formas maliciosas, mas isso não se aplica a este caranguejo."

"Não?"

Se houve uma vítima, não se aplica malicia, e sim hostilidade?

"Como eu disse, estamos lidando com um Deus. Deuses estão apenas lá. Eles não fazem nada. Simplesmente existem. Assim como você simplesmente vai para casa depois da escola. É por sua causa que isso aconteceu."

Nenhum dano. Nenhum ataque.

Nenhuma posse.

Sua própria culpa não era a melhor maneira de se colocar, mas Senjougahara não disse nada. Ou fazia sentido para ela, ou estava juntando coragem para poder falar tudo o que podia, tendo em mente o que estávamos prestes a fazer.

"Portanto, não vamos bani-lo ou chutar sua bunda, Araragi-kun. Coloque esse tipo de pensamento fora da sua cabeça. Nós iremos lhe pedir um favor. Pedir pela sua misericórdia."

"Pedir a ele...?"

"Sim."

"Será que ele irá concordar com isso? Será que simplesmente vai devolver a Senjougahara o seu peso?"

"Provavelmente, não posso dizer com certeza. Não é como vagar em um santuário no Ano Novo(1), depois de tudo. Eles não são tão indiferentes de ignorar uma súplica sincera. Deuses estão sempre olhando para o quadro geral. Deuses japoneses estão particularmente fora dele. Eles se preocupam com a humanidade como um todo, quem sabe, como indivíduos? Eles realmente não nos notam. Isso não importa para nós. Ele não podem separar você de mim e você da Shinobu-chan. Idade, sexo, peso - não importa. Nós somos apenas 'humanos'. Somos todos a mesma coisa."

A mesma coisa.

Não somente similar. O mesmo.

"Hmm. Muito diferente de maldições."

"Então", disse Senjougahara, como se ela tivesse tentado juntar coragem para perguntar."O Caranguejo está... perto?"

"Sim, muito perto, perto de todos os lugares. Mas para fazê-lo vir aqui, precisamos fazer algumas coisas."

Chegamos ao terceiro andar.

E entramos em uma das salas.

O local estava coberta de cordas Shinto(2) sagradas. Todas as mesas e cadeira haviam sido removidas, e na frente do quadro-negro, estava um altar. Uma oferenda foi coloca em stard. Parecia algo feito as pressas enquanto estávamos fora. Lâmpadas foram acesas nos cantos, banhando o quarto com uma luz suave.

"Uma barreira, basicamente. Terra santa improvisada. Nada extravagante. Você pode relaxar", disse ele, olhando para Senjougahara.

"Eu estou... relaxada."

"Que bom ouvir isso." Então entramos."Vocês dois - diminuam seus olhares e mantenham a cabeça abaixada."

"Eh?"

"Você está diante de um Deus."

Estávamos todos em pé diante do altar.

Isto era tão diferente de como nós tinha lidado com o meu caso, ou com o da Hanekawa. Eu era o único que não estava relaxado. O ar era tenso - tão tenso que poderia levar um homem a loucura.

Me agachei.

Preparado para qualquer coisa.

Eu não era religioso, como a maioria das pessoas da minha idade. Eu mal podia dizer a diferença entre Xintoísmo e Budismo, mas havia uma parte em mim, instinto ou algo semelhante, que reagia em momentos como esse.

Para essa hora.

E lugar.

"Hmm, Oshino..."

"O que foi, Araragi-kun?"

"Eu apenas estava pensando... dada a situação e todo esse espaço que você fez... Eu deveria estar aqui? Ele apenas sente como se estivesse em seu caminho."

"Não vai estar. Duvido muito que irá haver problemas, mas no caso de acontecer... Você deve imaginar um cenário de 'se por acaso'. Se isso acontecer. Você terá que protegê-la."

"Eu terei?"

"Para que serve esse corpo imortal?"

"................."

Foi certamente uma boa linha. mas eu tinha certeza que não era isso que era para ser.

E eu não era mais imortal.

"Araragi-kun", disse Senjougahara."Você irá me proteger, não vai?"

"Quando foi que você virou uma princesa?"

"Oh, o que isso. Você estava pensando em se matar amanhã mesmo."

"Isso não durou muito tempo."

Isso era o tipo de coisa que você não diria pelas costas de alguém, mas ela disse na minha cara. Eu deveria pensar seriamente em descobrir o terrível pecado que eu tinha cometido na minha vida anterior para merecer tal crueldade.

"Eu não estou pedindo para que você faça de graça."

"O que você irá me dar?"

"Você quer uma recompensa material? Algo como superficial. Eu não estou exagerando quando digo que essa única questão engloba todas as suas falhas como ser humano."

"...então, o que você vai fazer por mim?"

"Vamos ver... Acho que vou abandonar o meu plano de espalhar um boato de que você é tão repulsivo que tentou comparar Nera com roupas de escravo, quando jogou Dragon Quest V."

"Nunca fiz isso!"

E ela tinha planejado dizer a todo mundo?

Que insensível.

"Deveria ser óbvio que não poderia colocar isso nela. Mesmo um macaco saberia isso. Não, suponho que no seu caso seria 'mesmo um cão', certo?"

"Espere aí! Você pode ter agido de forma como se tivesse dito algo terrivelmente inteligente. mas havia uma única descrição sobre mim esse tempo todo que sugerisse que eu parecesse como um cão?"

"É verdade", Senjougahara riu."Não seria justo com o cão."

"...................!!"

Mesmo em uma linha clichê como essa, poderia ser devastador se usando no tempo certo. Essa mulher realmente é uma mestra nos insultos.

"Muito bem. Seja um covarde, fuja com o rabo entre as pernas. Vá para casa e faça o que sempre faz... Se sentar sozinho e fingir ser um taser."

"Que tipo de passatempo terrível é esse!?"

Quantos rumores maliciosos ela estava planejando começar?

"Quando você chegar no meu nível, alguém como você não poderá esconder nada de mim. Sei os seus segredos mais maçantes."

"Você usou a palavra errada e fez ficar pior ainda? Você está chantageando o universo?"

Eu não diria isso junto dela.

Eu definitivamente prefiro ter segredos obscuros do que maçantes.

"De qualquer forma, Oshino, em vez de me usar, você poderia usar a vamp... Shinobu. Assim como fizemos com a Hanekawa."

"A Shinobu-chan já foi para cama", Oshino disse.

"..................."

Uma vampira que dorme à noite.

Isso é muito triste.

Oshino levou a oferenda de sake(3), e entregou a Senjougahara.

"Hmm... o que v-vou faz-er com...?" ela gaguejou.

"O consumo de álcool diminui a distância entre os deuses e nós. Isso vai ajudá-la a relaxar um pouco, de qualquer forma."

"...Eu sou menor de idade."

"Não precisa beber muito. Apenas um gole."

".................."

Ela olhou para ele por um longo tempo e, em seguida, tomou um gole. Ele pegou o copo de sua mão, e colocou de volta no altar.

"Certo, Primeiro, vamos nos acalmar."

Olhando para frente...

De costas para Senjougahara, Oshino falou:

"Iremos começar pela calma. O estado de ânimo é bastante importante se queremos criar um espaço adequado, o ritual em si não é um problema - Tudo se resume a forma como você se sente."

"Como eu me sinto...?"

"Relaxe. Abaixe sua guarda. Este é o seu lugar. Um lugar onde você pertence. Coloque a cabeça para baixo, feche os olhos e conte. Um. Dois. Três."

Talvez...

Eu não precisava seguir o exemplo, mas tinha decidido. Fechei os olhos e contei com ela. Quando fiz isso, percebi...

Tudo isso foi para definir um tom.

As roupas de Oshino, as cordas, o altar, o banho - tudo projetado para colocar a Senjougahara no quadro necessário de seu espírito.

Sugestão hipnótica.

Ele estava, basicamente, a hipnotizando.

Tirar sua auto-consciência, relaxar a sua guarda, e convencê-la a confiar nele - sua abordagem era diferente, mas ele teve que fazer o mesmo processo comigo e com a Hanekawa; A salvação era para aqueles que acreditam nela - em outras palavras, o primeiro passo era fazer a Senjougahara aceitar as coisas.

A Sejougahara mesma tinha dito...

Ela apenas confiava em metade dele.

Mas...

Isso não era suficiente.

Ela precisava de mais.

A confiança era importante.

Isso era o que Oshino quis dizer quando disse que não iria salvá-la, mas sim, ela iria se salvar.

Abri meus olhos.

Olhei em volta.

Tochas.

Cintilando pelos cantos.

O vento a partir da janela.

As luzes piscando, pronto para desaparecer na primeira rajada forte.

Mas não fizeram.

"Estamos calmos?"

"sim."

"Agora é a hora para algumas perguntas. Responda às perguntas que eu lhe pedir. Qual o seu nome?"

"Senjougahara Hitagi."

"Sua escola?"

"Colégio Naoetsu."

"Seu aniversário?"

"Sete de Julho."

Suas perguntas era inúteis, e seus conteúdos sem significado.

Pergunta após pergunta.

O ritmo nunca mudou.

Oshino voltou para ela.

Senjougahara estava com os olhos fechados e com a cabeça para baixo.

O rosto voltado para chão.

A sala estava tão quieta que podíamos ouvir nossa respiração e quase ouvir nossos corações batendo.

"Seu escritor favorito?"

"Yumeno Kyusaku(4)."

"Um erro que você fez quando era criança?"

"Não quero responder isso."

"Uma velha múscia que você gosta?"

"Não escuto música."

"O que você pensava quando se formava na escola primária?"

"Eu estava apenas indo para um escola diferente. Escola pública para outra escola pública."

"Qual foi a sua primeira paixão?"

"Eu não quero responder isso."

"Qual foi o momento mais doloroso", disse Oshino, sem nunca mudar seu tom,"em sua vida?"

"....................."

Senjougahara não conseguiu responder.

Ela não recusou. Apenas ficou em silêncio. Eu poderia dizer que essa era a pergunta que mais importava.

"Qual o problema? A coisa mais dolorosa que você pode lembrar."

"...minha..."

Claramente, ela não podia ficar calada.

Ela não se recusou a responder.

O clima não permitia.

O espaço não permitia.

Ela tinha sido trazida aqui para responder.

"Minha mãe..."

"Sua mãe?"

"Se uniu a um culto."

E particularmente ruim.

Ela tinha me dito mais cedo.

...como sua mãe esvaziou sua conta bancária, criaram empréstimos, os levou à ruína financeira. E mesmo após o divórcio, o pai dela estava trabalhando horas extras todos os dias, quase dormindo, tentando pagar esses empréstimos.

Foi essa sua memória mais dolorosa?

Pior do que perder o seu peso?

Claro.

Claro que era pior.

Mas...isso...

Foi...

"Isso é tudo?"

"...tudo?"

"Não é muito. Leis japonesas garantem a liberdade religiosa. Liberdade de acreditar no que quer é um direito fundamental dos humanos. Qualquer que seja na que sua mãe acredita, na que ela adore, o que muda é a metodologia."

"......................."

"Em outras palavras... não é o suficiente", insistiu Oshino."Diga-me, o que aconteceu."

"O que acont...m-minha mãe...por mim. Ela se juntou ao culto, que enganou..."

"O que aconteceu após sua mãe ter se juntado ao culto?"

Depois.

Senjougahara mordeu os lábios.

"E-ela tinha trazido um homem do culto para casa."

"Um homem do culto. O que ele fez?"

"U-um ritual de purificação, disse ele."

"Purificação? Purificar o quê?"

"Ele disse que... tinha que me purificar." Ela mal conseguia pronunciar as palavras."E-então ele me atacou."

"Atacada. Violentamente? Ou... sexualmente?"

"... sexualmente. A-aquele homem..."Senjougahara se forçou a dizer."Ele tentou me estuprar."

"... Eu vejo", assentiu Oshino.

A maneira de que Senjougahara...

...essa estranha maneira de proteger a si mesma.

Não confiava em ninguém.

Era tão defensiva e agressiva.

Isso explica tudo.

E também o porquê dela reagir assim quando viu Oshino naquelas roupas.

Para os olhos dela, não era muito diferente das roupas que o culto usava.

"Mesmo que ele fosse um sacerdote."

"Essa é um perspectiva Budista. Há religiões que permitem o assassinato dentro da família. Crenças não são universais. Mas você havia dito que 'tentou' - então ele não conseguiu?"

"Peguei minhas chuteiras e bati nele."

"...bravo."

"Ele começou a sangrar. Se contorcendo de dor."

"E você se salvou?"

"Me salvei."

"Bom."

"Mas minha mãe não foi me ajudar."

Ela tinha visto a coisa toda.

A voz de Senjougahara nunca hesitou.

Nunca vacilou.

"Ela tinha gritado comigo."

"Isso é tudo?"

"Não. Porque quando feri aquele homem... minha mãe..."

"...lhe castigou?" disse Oshino, cortando à sua frente.

Mesmo eu teria adivinhado a resposta, mas... ela parecia ter funcionado em Senjougahara.

"Sim", disse ela, balançando a cabeça solenemente.

"Sua filha ferir um funcionário da igreja. Não é surpreendente."

"Certo. É por isso que... todo o nosso dinheiro. Nossa casa. Nossa propriedade. Todos aqueles empréstimos. Ela destruiu nossa família. Completamente arruinada, tudo arruinado, mas ela continuou a destruir as coisas. Ela ainda continuou."

"Onde ela está agora?"

"Eu não sei."

"Você deve saber."

"Eu tenho certeza... de que ela ainda está com eles."

"Ela ainda acredita."

"Ela nunca aprende. Ela não sente vergonha."

"Isso machuca?"

"Machuca."

"Por que isso machuca? Ela não é sua mãe mais."

"Eu fico pensando. Se eu não tivesse... se não tivesse lutado aquela hora. Então... nada disso teria acontecido."

Sua família ainda estaria junta.

Nunca haveriam se separado.

"Você acha isso?"

"Eu acho... isso."

"Realmente?"

"Acho."

"Então é... isso que você pensa", disse Oshino."Não importa o quanto ele pese, você tem que carregar esse fardo. Você não pode fazer outras pessoas levarem por você."

"Fazer outras...?"

"Mantenha seus olhos firmes. Abra seus olhos... e olhe."

E...

Oshino abriu seus olhos.

Senjougahara fez o mesmo.

Tochas nos cantos.

Suas chamas cintilando.

Nossas sombras...

...nossas sombras tremulavam.

Sacudindo.

Rodando.

"Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhh!"

Senjougahara gritou.

Apenas sua cabeça estava abaixada, com os olhos arregalados como se não pudesse acreditar no que viu. Seu corpo tremia. Seu suor escorria pelo corpo.

Ela estava em pânico.

Senjougahara estava em pânico.

"Você... está vendo alguma coisa?" Disse Oshino.

"Estou. É o mesmo... um caranguejo gigante. Vejo um caranguejo."

"Certo. Eu não vejo coisa alguma", disse ele, virando-se e olhando para mim." Você consegue vê-lo, Araragi-kun?"

"...não."

Tudo o que eu podia ver...

Foram as luzes se piscando.

E as sombras se contorcendo.

Tudo igual e não vejo nada.

Eu não podia entender.

"Eu não posso... ver muita coisa."

"Ver? Oshino se voltou para Senjougahara. Você realmente não está vendo um caranguejo, certo?"

"Estou. Claramente. Posso vê-lo."

"Um truque de mente."

"Não. Ele está aqui."

"Certo. Então..."

Ele seguiu seu olhar.

Como se houvesse algo lá.

Como se houvesse algo lá.

"Então, há algo que você precisa dizer."

"Dizer...?"

Então...

Ela não havia pensado.

Não foi uma escolha consciente, tenho certeza.

Mas Senjougahara levantou a cabeça.

Eu acho que...

Isso tudo foi demais para ela.

Apenas um erro.

Mas o motivo não importa.

Os motivos humanos não importavam.

No instante em que ela olhou para cima, Sanjougahara saiu voando para trás.

Ela foi arremessada para trás.

Como ela não pesava nada, seus pés não chegaram a tocar o chão, foi muito rápido. Até que ela bateu no quadro no final da sala.

Bateu nele...

...e ficou lá.

Sem cair.

Fixado na parede.

Crucificado.

"S-Senjougahara!"

"Tsc. Eu disse para você protegê-la, Araragi-kun. Você sempre viaja quando a gente mais precisa de você. O que está fazendo ai parado?"

Ele parecia desapontado. Tudo tinha acontecido num piscar de olhos, então não tinha certeza se merecia isso.

Senjougahara estava contra o quadro-negro, como se a gravidade tivesse mudado de direção.

Seu corpo estava pressionado contra a parede.

Rachaduras apareceram na parede em sua volta.

Como se ela estivesse sendo esmagada contra ela.

Ela gemia, sendo incapaz de gritar.

Sob Dor.

Mas eu ainda não conseguia ver nada.

Ela estava pressionada contra a parede, esmagada lá por nada. Mas ela podia vê-lo.

O caranguejo

O caranguejo gigante.

O caranguejo peso.

"Bem. Cara, que deus exigente esse. Ele não tinha recebido a coisa ainda. Que cara legal. Alguma coisa boa aconteceu?"

"Uh... Oshino..."

"Sim, sim. Mudança de planos. Não tem remédio para ele. De qualquer maneira funciona para mim. Sempre foi."

Ele suspirou, e se arrastou até ela.

Olhando farto.

Então ele estendeu a mão...

...e pegou no ar a poucos centímetros de seu rosto.

E arrancou.

"Hokay"(5), murmurou ele, e bateu com tudo no chão, fortemente, como um golpe de judô. Não houve som algum. Sem dispersar poeira. Mas ele tinha batido muito forte no chão e como ele estava com a Senjougahara - talvez ainda mais forte. E sem para de respirar, ele pulou em cima dele.

Pisou em um Deus.

Violentamente.

Desrespeitoso e sacrílego.

Este pacifista não tinha temor de qualquer Deus.

"...................."

De onde eu estava, parecida que Oshino estava realizando uma performasse de mímica. Uma particularmente frenética. Atualmente, ele estava de pé sobra uma perna, mantendo o equilíbrio perfeitamente, Mas aos olhos de Senjougahara...

Deve ser uma visão e tanto.

Seus olhos quase saltaram para fora de sua cabeça.

Seja o que a manteve fixa na parede deve ter a deixado ir, porque ela deslizava até chão. Não foi uma grande queda, ela não pesava quase nada, por isso não iria ter um impacto muito grande, porém, ela estava completamente surpresa a fazendo pousar sem jeito.

"Você está bem?" chamou Oshino, olhando fixamente para os seus próprios pés.

Seus olhos se contraíram, como se medisse o valor de alguma coisa.

"Caranguejos. Não importa o quão grande eles são - Certamente, quanto maior, melhor - Uma vez que você virá-los, eles já eram. Seus corpos foram feitos para serem pisoteados, se você me pergunta. O que você diz, Araragi-kun?", perguntou ele. "Nós poderíamos começar de novo. Vai levar algum tempo. O modo mais rápido para mim seria apenas esmagá-lo."

"Esmagá-lo? Bem... tudo o que ela fez foi levantar a cabeça por um segundo."

"No entanto, isso é o suficiente. Mais que o suficiente. Estamos lidando com sentimentos aqui. Se não pedirmos por bem, temos que jogar um jogo mais perigoso. Assim como fizemos com a demônio e a gata. Se palavras não funcionam, temos que lutar juntos. Da mesma forma que trabalham os governos. Se eu apenas esmagá-la, seu problema se resolve, Tecnicamente. Mas não posso recomendar; a raiz do problema continua. Tem que tratar os sintomas. É como cortar uma erva daninha em vez de arrancá-la. Mas talvez seja o suficiente..."

"Talvez...?"

"Você vê, Araragi-kun", disse Oshino, sorrindo."Eu realmente odeio caranguejos."

Muito difícil de comer.

Ele se inclinou para a frente.

Colocou seu peso sobre ele.

"Espere."

Uma voz atrás dele.

Ela pertencia a Senjougahara.

Batendo de leve seus joelhos, ela se sentou.

"Espere, Por favor, Oshino-san."

"Esperar?" disse ele, olhando para ela.

Sem desbotar seu sorriso.

"Esperar pelo quê?"

"Estou surpresa", disse ela." Mas eu posso fazer isso. Posso lidar com isso."

"Hunh."

Ele não tirou o pé daquele lugar.

Manteve o caranguejo preso.

Mas sem esmagá-lo.

"Então vá em frente."

E Senjougahara...

Fez algo que eu achei extremamente difícil de acreditar. Ela se ajoelhou, endireitou suas costas, colocou as mãos no chão, e lentamente, com profundo respeito... se curvou para a coisa sob o pé de Oshino.

Sua cabeça quase tocava o chão.

Senjougahara Hitagi tinha se humilhado voluntariamente antes dele.

Sem ninguém dizendo para fazê-lo.

"Eu sinto muito."

Primeiro, ela se desculpou.

"E... obrigada."

Então, ela expressou sua gratidão.

"Mas... isso foi longe demais. Estes são os meus sentimentos. Meus pensamentos. Minha lembranças, Vou levá-los de volta. Eu deveria ter os perdidos."

E finalmente...

"Por favor. Por favor. Devolva o meu peso. O meu fardo."

Suas últimas palavras foram uma oração, uma súplica.

"Traga minha mãe de volta para mim."

Como uma batida, o pé de Oshino bateu no chão.

Não porque ele tinha pisado nele.

Ele apenas não estava mais lá.

Como se nunca estivesse lá.

Ele se foi.

Oshino Meme não disse nada. Apenas ficou lá.

Mesmo sabendo que ele tinha ido embora, Senjougahara Hitagi não se sentou. Ela simplesmente começou a chorar. Tudo o que Araragi Koyomi podia fazer era assistir.

E começo a se perguntar se Senjougahara realmente, realmente, realmente foi uma tsundere.


(1) No Japão, ao chegar o Ano Novo, várias pessoas vão a santuários rezar e pedir para que o próximo ano seja bom.

(2) São cordas grandes, usadas em santuários, para representar aquele lugar como algo sagrado.

(3) Bebida alcoólica fermentada em arroz. Muitos dizem que as pessoas se entendem pela bebida. Usaram o mesmo exemplo na obra.

(4) Yumeno Kyusaku. Nascido em 1889, ele é conhecido por fazer história de detetives, ficção cientifica e até histórias de terror.

(5) Hokay. Onomatopeia de um golpe, nesse caso, o de judô.


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