Kikou Shoujo wa Kizutsukanai:Volume1 Capítulo 4

From Baka-Tsuki
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Capítulo 4 – Um Jantar Fictício[edit]

(1)

“Você vai… sair em um encontro comigo?”

Foi o que Charl havia dito. Com bochechas coradas e um olhar altivo.

Pensando que ele ouviu erradamente— desejando que ele houvesse ouvido errado—

Raishin confirmou seu pedido.

“—Huh?”

Embora fosse uma tentativa de esconder seu rubor, Charl falou indignadamente,

“Sua cabeça é tão ruim quanto seu rosto? Eu pedi para você sair em um encontro comigo.”

Tendo recebido um ataque verbal considerável, Raishin sentiu-se atordoado.

Tentando compreender o que ela havia acabado de dizer era como tentar pegar um olmo escorregadio[1].

“Depois da aula hoje, limpe sua agenda. Entendeu isso?”

A primeira a reagir foi Yaya. Enquanto tornava-se pálida e começava a tremer toda,

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“E… E… Enquanto ele aprecia o fato que você veio todo esse caminho para convidá-lo, Raishin já tem planos depois da aula. Ele não tem tempo para sair com você.”

“Está tudo bem. Eu farei espaço na minha agenda.”

Yaya afundou os fragmentos do copo quebrado na mão dela em pedaços ainda menores.

“P-pois bem, eu devo ir. Verei você mais tarde na sala de aula.”

Com a inocência e embaraço de duas pessoas as quais recém começaram a se encontrar, ela apressadamente saiu.

Assistindo sua figura embaraçada retirar-se, Raishin soltou um bocejo.

“O que há com ela? Dando-me arrepios logo cedo pela manhã—”

Um violento calafrio de repente passou através dele.

Por um breve momento ele teve a alucinação que o ceifeiro estava prestes a separar sua cabeça de seu corpo com sua foice. Timidamente virando-se em volta, ele viu o cabelo de Yaya levantar-se no ar, contorcendo-se como se ela fosse medusa[2].

“E-espere um minuto… acalme-se, ok? Apenas tome uma respirada profunda e conte até o maior número primordial que você puder pensar sobre… por favor?”

Um segundo depois, um gemido de agonia ecoou através do dormitório tartaruga.

“… Você realmente é um homem violento. Seu cérebro é infestado com lombrigas?”

Sendo estrangulado, justamente antes de sua visão tornar-se escura, a consciência de Raishin foi sacudida de volta com o som de uma voz familiar insultando-o.

Talvez ela tenha voltado aos seus sentidos, ou o surgimento de alguém a surpreendeu, mas Yaya soltou a traqueia de Raishin.

Oxigênio investindo nos seus pulmões famintos, Raishin virou-se para encarar a dona da voz.

Parada ali estava uma estudante fêmea portando lentes— Lisette. Acompanhando-a estava uma bela recepcionista. Diferente de Charl a qual havia audaciosamente entrado, Lisette havia obtido permissão para visitar o dormitório masculino.

Sem nem muito ao menos algo como um sorriso, Lisette entregou-lhe um grande envelope com uma atitude profissional.

“… O que é isso?”

“Não é óbvio se você pensar a respeito? Ou seu cérebro foi completamente comido por lombrigas?”

“Por que você é tão fixada com lombrigas?”

Lisette lançou-lhe um olhar de desdenho, antes de reverter novamente para sua maneira profissional.

“O contrato entre você e o comitê disciplinar— também, todo o material que nós temos sobre Cannibal Candy.”


(2)

Já passava das três e meia. Era um pouco antes das aulas estarem agendadas para terminar.

Embora ele ainda houvesse uma aula faltando, ele havia saltado para fora da aula pela insistência de Charl.

Vendo-o coberto em hematomas frescos que ele havia obtido aparentemente de lugar nenhum, Charl olhou para ele desconfiada.

“Por que você está todo batido? Você teve uma briga com um leão ou algo assim?”

“Não se preocupe sobre isso. É apenas Diana[3] sendo ciumenta.”

“Esse homem incompreensível.”

Você é a incompreensível, ele pensou. Graças ao capricho de Charl, Yaya estava claramente em um mau humor. Mesmo agora suas pupilas estavam anormalmente largas, e tão negras como um lago sem fundo.

“Bem, tanto faz. Venha comigo.”

Charl liderou o caminho, caminhando para fora da sala de aula. Como usual, Sigmund estava cavalgando no topo de seu chapéu. Balançando sua cauda esquerda e direita, o fez parecer estranhamente adorável.

Depois de sair, Charl continuou caminhando sem parar por uma pausa. Deixando a rua principal, eles procuraram atrás do prédio de vocações técnicas, dentro do bosque, e dentro do quintal.

Não importa onde eles procuravam, a única constante era caminhar mais. Mesmo quando eles escolhiam caminhos sem sinais de qualquer pessoa atravessá-los, eles acharam nada.

Tudo muito rápido, duas horas improdutivas passaram.

Luzes da rua nas proximidades haviam sido acendidas, e o sol se pondo havia desaparecido atrás dos muros.

Com Yaya soltando intenção assassina, a situação estava tornando-se perturbadora.

Charl parecia como se ela não estivesse para desistir ainda. Chegando a um caminho deserto onde os restos de um autômato haviam sido descobertos noite passada, ela deulhe uma ordem que exalava de falso orgulho por trás dela.

“Raishin, caminhe de volta e adiante ao longo deste caminho dez— não, vinte vezes.”

“… Este é algum tipo de encanto?”

“Não seja absurdo. É óbvio que você está para ser uma isca.”

Sua resposta era como ele esperava. Farto, Raishin deixou escapar um suspiro.

“Mesmo se Cannibal Candy aparecer, estará ok desde que eu o derrotarei. Então apenas relaxe e deixe-se ser atacado. Agora vá!”

“Eu recuso. Além disso, Cannibal Candy somente sai no meio da noite.”

“— De onde você ouviu isso?”

A fonte era o comitê disciplinar. Yaya havia traduzido os documentos que Lisette havia passado para ele, e isso era como Raishin havia chegado em possessão desse pedaço particular de informação.

De acordo com os documentos, Cannibal Candy era ativo somente da meia-noite até o amanhecer.

Ainda mais, ele jamais havia atacado autômatos dois dias em sucessão antes.

Em outras palavras, o que quer que Charl estava planejando fazer era praticamente inútil.

“Isso é apenas o que as pessoas normais acreditam. É por causa deste jeito tendencioso de pensar que o comitê disciplinar e a segurança não foi capaz de produzir resultados. Não é necessariamente verdade que ele não começaria a atacar em dias sucessivos, ou não apareceria a essa hora.”

“… Essa é outra forma de vê-lo, eu acho.”

Raishin arranhou sua cabeça, profundamente perturbado. Charl estava extremamente animada sobre isso. Neste ritmo, ela o forçaria a procurar com ela até a próxima manhã.

Parecia que ele não seria capaz de fazê-la desistir. Elaborando um plano, ele decidiu abordar o problema de um ângulo diferente.

“A propósito, você não disse que nós estávamos a sair em um encontro?”

Charl olhou para ele inexpressivamente,

“Nós não estamos nele justamente agora?”

“Não seja estúpida. Não tem como algo como isso ser considerado um encontro.”

“E-estúpida? Você me chamou de estúpida? Quando você aponta dedos para alguém, quatro deles apontam de volta para você!”

“Eu entendi. Colocando simplificadamente, você não tem amigos, não é?”

“Que— Eu— Você—”

“Você mau se fez minha conhecida, e ainda assim você não tem ninguém mais que você possa chamar para ajudá-la que você teve que pedir para mim.”

Ele bateu a unha em sua cabeça. Ainda que levemente, lágrimas formaram-se nos olhos de Charl.

“Não aja tão presunçoso. Eu não preciso tomar sua atitude de sabe tudo, seu pervertido!”

“Vamos em um encontro— enganando-me em gastar tempo e energia com essas palavras doces, forçando-me a caminhar esta grande distância, eu quase cruzei o rio Sanzu[4], e delatando-me como um pervertido. Você realmente é um pedaço de trabalho para uma lady.”

“Eu apenas estou tentando ajudá-lo. É o meu jeito de demonstrar agradecimento, acusarme de outras coisas é desnecessário.”

“Huh, então você sabe sobre eu aceitar Felix em sua oferta?”

Ela caiu em silêncio. Pareceu que ela sabia. Ela havia provavelmente sobre escutado-a de algum lugar ou outro.

Se esse era o caso, então—

Raishin roubou um olhar para Yaya. Para ser honesto, ele estava relutante em fazer o que ele estava prestes a…

“Isso é o suficiente de brincar de detetive. É hora de começar o encontro apropriado.”

Charl endureceu-se ao ouvir as palavras de Raishin. Yaya congelou também.

“Não fale esse disparate tão livremente. Eu sou uma pessoa ocupada, e eu não tenho o tempo para brincar por aí com você.”

“Não foi você quem disse ‘Vamos em um encontro.’? Ou é a casa Belew uma família que renega em suas palavras?”

Ele acertou-a onde machuca. Os ombros de Charl tremeram com desgosto.

“C… certo. Vamos para algum lugar então.”

“Bom. Nesse caso, vamos para a cidade.”

“A cidade— você quer dizer fora da academia…?”

“Obviamente. Desde que o sol já se pôs, não há nada para fazer dentro da academia.”

Um olhar apavorado penetrou em seus olhos. De repente tornando-se bastante hesitante, ela olhou para baixo a seus pés.

“Mas se nós formos na cidade, então Sigmund…”

“Sua idiota. Já que nós estamos indo em um encontro, nossos autômatos não nos acompanharão.”

“Uu… Sigmund, diga algo!”

“Hm. Eu não sou tão inconsiderado.”

Espalhando suas quatro asas, ele voou do chapéu de Charl.

“Essa é uma boa chance. Divirta-se.”

“Seu traidor!”

Parecia como se ele houvesse recebido o consentimento do guardião dela. Raishin forçadamente agarrou firme a mão de Charl, puxando-a junto conforme eles caminharam para fora da academia.


(3)

O rosto de Yaya virou uma sombra fantasmagórica de branco conforme ela viu os dois partirem com suas mãos entrelaçadas.

A árvore que ela estava inclinando-se soltou um estalo. No próximo momento, ela havia esmagado a árvore como se ela fosse feita de tofu[5], partindo-a em dois.

Cambaleando como uma zumbi, ela fez seu caminho em direção ao portão.

“Espere, Yaya.”

Mordendo-a em seu cabelo preto, Sigmund puxou-a de volta.

“Solte. Solte-me!”

“Você esqueceu? Autômatos da academia não podem aventurarem-se para a cidade.”

Ele balançou sua cabeça na direção dos portões similares aos de uma prisão.

“Veja. A segurança do campus já está começando a mirar em você.”

Como ele disse, haviam coisas reluzindo dentro das portas de olho.

Era a fria luz de aço. Era óbvio que eles já haviam preparado suas visões nela.

“Eu ouvi que a segurança do campus aqui tem alguns graduados em sua folha de pagamento. Então não somente você teria de competir com rifles, você também estaria contra marionetistas. Eu posso garantir que terminará sendo destruída.”

“Mas…”

“Pense cuidadosamente. Se você estimular uma confusão aqui, apenas causará problemas para seu mestre.”

Era um golpe mais efetivo que uma bala real.

Yaya encolheu-se, então afundou ao chão.

Com ambas as mãos cobrindo seus olhos, ela começou a prantear.

“Não chore. Por que você não tem um pouco mais de fé em seu mestre?”

“Uu… Fé…?”

“Eu vivi por próximo de 150 anos agora. Eu observei muitos homens nesse tempo, e eu posso dizer para você que não há sinal de luxúria em seus olhos. Ele não está indo atrás de Charl.”

“… Verdade?”

“Embora, homens desta idade são usualmente bastante promíscuos— esse é um fato da vida.”

Yaya começou a chorar novamente. Estranhamente, suas lágrimas pareciam cristalizar em um piscar de um olho, caindo na terra com um tinido.

“Oh garoto… o jeito que você está agindo significa que esse assunto está em um nível completamente diferente de simples fidelidade para você, huh?”

Sigmund estava estupefato. Pousando em frente dela, ele começou a falar como se ele estivesse ensinando uma novata.

“Nós somos diferente de humanos. Mesmo que você pareça o mesmo, tenha as mesmas funções, tenha a menor diferença a eles como possível— não muda o fato que você jamais será humana.”

“Yaya… já sabe disso…”

“Autômatos rodam em uma energia mágica supridas a eles de seus controladores. Você pode dizer que a relação entre eles é como uma mãe e filho. É extremamente natural para um autômato afeiçoar-se a seus donos… mas eu acho que você está levando isso muito longe. Por que você é tão persistente quando é sobre ele?”

“Isso é… bem… i-isso é a-algo que eu não posso dizer.”

Remexendo em constrangimento, ela começou a desenhar círculos no chão. Essa ação era extremamente parecida com a de um humano.

“Tem algo a ver com o seu objetivo?”

“Isso é…”

“Quem é ele exatamente? Por que ele é tão fixado com a Festa Noturna?”

“Bem…”

“Atacar-nos não era sua verdadeira intenção. Mas se ele estava disposto a ir tão longe, isso significa que há de haver um motivo de porquê ele é tão obcecado com a Festa Noturna. O que é isso? Não me parece ser que ele é motivado por ambição ou interesse próprio.”

“Eu não posso entrar em detalhes, mas…”

Ela hesitou por um segundo. Então ela murmurou solenemente.

“Raishin está fora por vingança.”

“… Hm. A qualquer custo, ambos nós estamos atualmente sem nossos mestres.”

Batendo suas asas, Sigmund pousou no topo da cabeça de Yaya.

“Isso significa que nós temos que vigiar por Cannibal Candy, ou senão—”

“Eh—”

Conforma as trevas da noite em volta deles de repente cresceu mais profundamente, os olhos de Sigmund iluminaram-se como os de um gato.


(4)

“Como esperado da Cidade Maquinaria. Mesmo a essa hora, lojas ainda estão abertas para negócios.”

Caminhando ao longo das ruas iluminadas, Raishin falou alegremente.

O sol já havia se posto, mas as ruas ainda estavam movimentas com vida. As ruas ainda estavam cheias com tráfico humano, e armazéns e restaurantes ainda estavam amontoados com clientes. Havia lojas de calçados, lojas de vestuário, joalherias, armazéns que vendiam partes mecânicas e itens usados em artes mágicas, como também lojas que manuseavam autômatos.

“Ei, vocês dois estudantes! Aproximem-se!” “Eu darei a vocês um desconto!”

Eles foram assaltados em ambos os lados pelas vozes dos comerciantes. Raishin riu,

“Wow, eles também são amigáveis para Orientais.”

“Isso é somente porque você está vestindo o uniforme da academia.”

Charl, a qual havia estado em um mau humor desde que ele a puxou, deu-o uma ferroada refutação.

“Estudantes de intercâmbio são ricos. Eles são VIPs aos olhos dos comerciantes.”

“Eu não odeio isso exatamente. Pelo menos, é uma explicação mais acreditável que compaixão ou caridade.”

“Hmph… Essa é uma perspectiva bastante acirrada.”

“Eu sou um realista, você sabe.”

De repente, Charl abaixou sua cabeça e furtivamente escondeu-se atrás dele.

Caminhando em direção a eles estava um homem de face avermelhada.

Enquanto ele parecia um pouco embriagado, não era como se ele estivesse bêbado fora de seu juízo.

“… O que está errado?”

“N-não foi nada.”

Embora tendo dito isto, era visível que ela estava qualquer coisa exceto calma.

Abruptamente, um punhado de crianças riu atrás deles, e Charl saltou ao som.

Raishin parou, comparando Charl com a pressa e agitação da cidade.

“… Haaaa.”

“O-o que esse haaaa deveria significar? Não pareça tão presunçoso.”

“Em resumo, você está se sentindo indefesa desde que Sigmund não está em volta.”

Ele acertou a marca de novo. Charl de repente silenciou-se.

“Isso é normal para marionetistas. Mas não se preocupe. Você já viu o quão forte eu sou, certo?”

“… Isso é o porquê de eu estar preocupada. Não há garantia que você não tentará fazer uma cantada em mim mais tarde quando você estiver me levando de volta.”

“Você realmente não confia em mim completamente, confia? … Bem, eu acho que eu colho o que eu semeio.”

Com uma risada retorcida, ele começou a caminhar de novo. Charl apressadamente perseguiu atrás dele. Se qualquer coisa, ela lembrou-lhe de um cãozinho que não gostava de ser deixado para trás, e ele riu ao pensamento.

“Não apenas vá deste jeito. Onde você está planejando ir de qualquer jeito?”

“Eu estava pensando em caminhar ao longo dos canais. Yaya estava fazendo um rebuliço sobre como o cenário noturno era supostamente muito bonito.”

“… Hmph, isso é tão cliché. Se esse é o melhor que você pode pensar, vamos apenas voltar. Eu estou começando a ficar com fome.”

“Tudo bem. Se esse é o caso, vamos agarrar uma mordida.”

“Então nós estamos voltando aos dormitórios?”

“Não seja tão cobertor molhado. Vamos achar um lugar com uma boa atmosfera e comer lá.”

“S-sem chance!”

Era uma forte recusa, mas quase imediatamente ela fechou sua boca, murmurando alguma coisa.

“Esse mês… eu pareço estar em um estado de aflição econômica… isso é, eu estou tendo dificuldades financeiras…”

“Se você está preocupada sobre dinheiro, está tudo bem. Eu trouxe minha carteira hoje, então eu posso tratá-la.”

“Eh—<3”

Os olhos de Charl brilharam.

Um instante depois, ela havia se pressionado, virando sua cabeça para longe com um “hmph!”

“Eu recuso aceitar caridade de um pervertido como você.”

Contudo— seu estômago traiu o que ela estava dizendo, afirmando a sua opinião ao roncar alto.

Charl ficou visivelmente vermelha, e começou a bater em Raishin.

“Bufão insolente~!”

“… Eh, eu? Como isso é minha falta?”

“Para eu estar envergonhada deste jeito… Imperdoável….!”

Finalmente, com uma insinuação de desespero e algumas lágrimas em seus olhos, Charl declarou altamente.

“Certo. Eu entendi. Eu terei você me tratando completamente e cuidadosamente.”

Vinte minutos depois, os dois estavam em um restaurante ao longo do canal.

Eles estavam sentados no balcão do segundo andar.

A luz refletida do canal podia ser vista claramente. O interior do prédio era um design moderno combinando armações de aço e tijolo, dando-o uma boa impressão sem ser muito pretensioso.

Para aperitivos, eles haviam presunto marinado[6] não polimerizado. Enquanto Charl mastigava em sua comida, ela olhou para as mãos de Raishin como se ela estivesse vendo algo curioso.

“Eu ouvi dizer que os Japoneses tem terríveis maneiras à mesa— surpreendentemente, você é bastante normal.”

“Para sua informação, usar pauzinhos é muito mais difícil que usar um garfo.”

“Vocês bebem sua sopa trazendo a tigela até seus lábios e bebericando? Isso é tão barulhento.”

“Não há nada errado com chupar a sopa de missô[7], é apenas uma cultura diferente. Não fale mal dos costumes de outro país.”

Com alguns gracejos leves, mas nada particularmente malicioso, o jantar continuou.

Em seguida, uma sopa clara com um forte cheiro foi trazida até eles. Raishin achou o sabor muito forte para seu gosto, mas Charl pareceu gostar dela, indo alegremente “Aqui aqui, isso não é para qualquer um.”

Enquanto esperavam pelo jantar de carne, seus olhos se encontraram.

Ela estava olhando para ele como se ela quisesse dizer alguma coisa.

“O que foi?”

“Nada.”

“Você deveria ser mais honesta. Por favor sinta-se livre para falar o que pensas, minha lady.”

Ele jocosamente usou linguagem polida. Ele pensou que isso iria finalmente fazê-la falar… embora esse não foi o caso. Charl hesitantemente abriu sua boca,

“… Por que você me pediu para sair?”

“Você foi quem me pediu para sair.”

“Não. Eu não estou falando sobre isso… é sobre ontem, durante o almoço.”

Ela desviou seus olhos. A ponta de seu nariz ficou fracamente rosa, algo que ele pensou que era surpreendentemente fofo.

Enquanto um pouco surpreso com a pergunta, Raishin conseguiu responder.

“Porque, você pergunta— eu suponho que eu estava apenas indo com o fluxo.”

“Indo com o fluxo? Que resposta tola.”

Contrária a ficar descontente com sua resposta, Charl deu uma pequena risada, não insatisfeita como ele pensou que ela ficaria.

“Você realmente é uma pessoa imprudente. Não apenas você me desafiou, a T-Rex, para uma luta, você atualmente teve as bolas para então pedir-me para almoçar comigo. Você realmente é um idiota além da salvação.”

“Eu agradeço-a por suas palavras de elogio.”

“Eu tenho uma pergunta para esse idiota.”

“Pergunte, minha lady.”

“Por que você alvejou minha qualificação de entrada?”

Nesse momento, o garçom trouxe-lhes sua refeição. Era vitela; apenas de olhar para ela eles podiam sentir a suavidade. Ela havia sido grelhada até uma cor linda, e sozinho, o molho perfumado aguçou-lhes seus apetites.

Depois que o garçom havia colocado seus pratos na mesa, Charl esperou por ele para sair antes de continuar.

“Tem um centésimo de participantes na Festa Noturna. Deveriam haver oponentes mais fáceis para você alvejar.”

“… Se fosse alguém que eu pudesse derrotar facilmente, não haveria sentido.”

“Para fazer o comitê executivo da Festa Noturna tomar conhecimento de você?”

“Não… Bem, eu acho que era isso também, mas esse não era o motivo.”

Com a faca na mão, ele procurou pelas palavras certas. Ele não era bom em explicar coisas.

Justamente como Charl havia dito, em ordem para apelar ao comitê executivo, derrotar um forte oponente haveria um efeito maior.

Mesmo que ele vencesse sua luta, não haveria garantia que ele podia obter uma qualificação de entrada deste jeito. Derrotar incontáveis Esquenta Bancos para entrar na Festa Noturna… se ele houvesse feito deste jeito, ele teria falhado.

Contudo, o motivo de Raishin procurar por um inimigo mais forte não era apenas por causa disso.

“Eu pensei para mim mesmo, eu derrotarei alguém e ascenderei os rankings para tomar seu lugar. Para mim alcançar do nada e obter uma qualificação de entrada através de força bruta parecia algo errado. Então eu senti como se eu tivesse que tomar algum tipo de risco, ou seria injusto… Bem, eu quero dizer, de qualquer jeito ainda seria injusto.”

Raishin esforçou-se para se expressar propriamente—no fim, ele desistiu.

“Desculpe. Eu acho que eu mesmo também não entendo realmente porque eu o fiz. De qualquer jeito, isso é delicioso.”

“… Eu pensei que você fosse alguém a quem era difícil de ler, alguém a quem os pensamentos eu não podia imaginar.”

Seus olhos semiabertos, Charl falou em um tom estupefata.

“Mas parece que você nem ao menos estava pensando. Seus pensamentos apenas estavam batendo ao vento como uma peça de lavanderia. Não havia como eu ser capaz de ler uma pessoa como essa.”

“Isso está quase certo. Isso é tudo que você deseja perguntar?”

“Mais uma pergunta. O que há com seu estilo de luta? É minha primeira vez vendo alguém lutar junto com sua marionete.”

“Ah… Isso é algo como um truque astuto.”

“Astuto?”

“Originalmente, eu fui criado em uma casa de guerra. Meu clã é… era habilidoso em lutar como um grupo.”

O garfo de Charl de repente parou. Algo havia capturado sua atenção.

“Controlar uma unidade militar— essa era a característica marcante do clã de marionetistas Akabane.”

Nesse momento, o olhar no rosto de Charl mudou. Ela havia percebido algo.

Na academia, havia uma pessoa a qual era habilidosa em grupo de guerra. O marionetista mais forte, o qual manejava seis autômatos tipo fêmea simultaneamente.

Contudo, Charl não disse nada. Trazendo um pedaço de vitela para sua boca, ela silenciosamente esperou-o para continuar.

Apreciando sua consideração, Raishin continuou.

“Bem, eles também haviam alguém tão sem talento como eu internamente. Apenas controlando Yaya sozinha já é um grande fardo para mim. Portanto, no lugar de uma marionete eu substituo meu próprio corpo no lugar. Felizmente, eu tenho algum conhecimento de artes marciais. Então no lugar de magia apressadamente preparada, eu confio nos meus punhos para lutar.”

“Apressadamente preparada…? Então, diga-me, Com o que se parecem os feitiços Orientais?”

“Nós não usamos feitiços ou invocações. Suimei, Shinkan, Kouen, Tenken— para colocar isso francamente, o Fuurinkazan[8]. Conceitos rudimentares de batalha em forma de palavra. No caso do meu clã, você pode pensar nele como um… código. Através do uso deles eu posso ajustar a natureza da energia mágica, a saída, e o tipo de arte mágica e a formação que eu estou transmitindo para Yaya.”

“Você verbaliza seus comandos? Isso soa como algo que somente um principiante faria.”

“Eu SOU um principiante. Eu apenas estudei seriamente marionetismo por dois anos.”

O queixo de Charl caiu.

“Estou chocada. Nesse caso, por que você quer ser o Sábio? Se você nem ao menos é um especialista em marionetismo, porque você voaria sobre todo o caminho do Oriente? Por que você deseja o trono do Sábio—”

Raishin levantou seu dedo para pará-la.

“Eu tenho vários motivos para querê-lo. Agora, eu acho que é minha vez de perguntar algumas questões.”

Ele evitou sua pergunta. Charl havia um olhar evidente de desagrado em seu rosto, mas recusá-lo não seria justo, ou então ela pensou, então ela relutantemente acenou.

“Qual é a sua relação com Felix? Onde você o encontrou pela primeira vez?”

“Você está interessado nele? Não me diga, você realmente é um hom—”

“O que você acabou de dizer? Por que você está me olhando deste jeito?”

“… Ele me chamou de longe.”

Charl corou levemente, e seus olhos caíram.

“Por que eu estava fazendo inimigo sem ao menos saber disso… não, isso está bem, certo? Eu estou mais confortável em estar sozinha, e eu não estou planejando em ficar amigável com futuros inimigos. Porém—”

Seus olhos safira enevoaram-se.

“Agir sozinha tem seus pontos bons e pontos ruins. Há um monte de gente as quais ficariam estranhamente conceituadas uma vez que elas fiquem sabendo que seu oponente era apenas um sozinho. Danificar meu armário, ou esconder minha bolsa… realmente, eles tinham muito tempo livre em suas mãos. Também, eles tinham a temeridade para fazer coisas que pessoas normais não fariam.”

Ela falou em um tom perturbada. Depois disso, sua expressão mudou em um sorriso gentil.

“Felix era um membro do comitê disciplinar, então ele cuidaria de mim.”

“Entendo. Então isso foi quando você começou a gostar dele.”

“Eu não. Pare de falar tal disparate ou queimarei você vivo!”

“Você na realidade iria ter preferido que fosse ele e não a mim neste encontro aqui agora, não é?”

“Qu—Eu—Você—”

“Ele convidou-a antes. Por que você o recusou? Tudo teria saído como você desejava.”

“… Eu não posso.”

Sua raiva desapareceu. Rapidamente perdendo seu espírito, Charl deflacionada olhou para longe.

Seu olhar caindo na escuridão do canal, ela falou em uma voz oca.

“Felix tem um tipo diferente de popularidade que você tem. Um monte de estudantes fêmeas são loucas por ele. Se boato se espalhar que eu fui em um encontro com ele…”

“Você teria desnecessariamente aumentado a quantidade de inimigos que você tem, huh.”

Ela caiu em silêncio. Não querendo pressionar o assunto ainda mais,

“Vamos mudar os tópicos. Por que você deseja se tornar a Sábia?”

“… Isso não tem nada a ver com você.”

“Não tem. Mas eu estou interessado mesmo assim.”

Charl pensou sobre isso por um momento, antes de meio suspirar sua resposta.

“Eu tenho um… sonho que eu preciso realizar.”

“Um sonho?”

Ela não respondeu. Embora seus lábios, os quais estavam pressionados firmemente juntos, estavam transbordando com uma triste determinação. Não era por fama ou status social, mas sua determinação era mais brilhante que qualquer fogo.

Deveria ser algo de grande importância para Charl. Ela provavelmente não confiava nele o suficiente para compartilhar com ele e ele sabia disso. Raishin sabia que este era o fim dessa conversa particular.

“Parece que você tem sua própria parcela justa de problemas.”

“Hmph. Eu posso dizer o mesmo sobre você.”

Charl respondeu curtamente— então ela riu ligeiramente.

Talvez ela tenha achado estranho, ou ela tenha se divertido, mas ela estava rindo.

Quando ela ria assim, Raishin não a via como uma criança violenta problemática, ou uma arrogante lady aristocrática, mas como uma perfeita garota normal.

Depois de tratá-la para três bolas de sorvete, Raishin levantou-se.

“Vamos. Antes de nós voltarmos aos dormitórios, tem algo que eu preciso comprar.”

Deixando o restaurante, eles caminharam através da cidade no passo de Charl.

Namorando as vitrines em volta da cidade, eles gastaram um longo tempo dentro de uma loja de sapato, antes de dirigirem-se de volta para a estrada que levar ia-os de volta para a academia uma vez que era quase hora de recolher.

“Obrigado por me ajudar a decidir. Eu não tinha pista quando é sobre roupas para mulher.”

Batendo levemente seu pacote da loja de sapato, ele deu a Charl uma pequena risada.

“Hmph. Eu não esperava que você tivesse tanta consideração por outros. Isso é bastante surpreendente considerando que eu pensei que você fosse um insensível, egoísta, rude e pervertido bárbaro estrangeiro.”

Isso era excessivamente longo. Contudo, ele achou que ele não podia discordar dela (salvo pela parte do pervertido), então ele não replicou.

“Ou talvez o motivo do porquê você está agitando-se sobre ela a esse ponto é por que essa garota é assustadora?”

“Hm… Eu não estou certo se assustadora é a palavra correta para isso… perigosa também seria apropriado…”

“Esse homem patético. Para ser controlado por sua autômato corre oposto à relações convencionais, você não acha?”

Embora ela estivesse insultando-o, não havia rancor real em suas palavras. Charl riu de um modo relaxado.

Eventualmente, conforme os portões da academia vieram a visão, ela disse algo inesperado.

“Sobre nossa conversa mais cedo. Quando você me deu seus motivos para me alvejar.”

“Ah… Eu pensei que eu havia lhe dito que eu próprio não me entendi.”

“Eu entendi.”

Ouvindo-a dizer algo tão inesperado, Raishin virou-se para encará-la sem pensar.

“Mesmo que seja apenas um pouquinho, mas eu acho que eu entendo. O sentimento de querer ser punido… Isso é porque eu cometi um pecado antes.”

Ele estava prestes a perguntá-la o que ela queria dizer com isso— mas então ele notou algo estranho acontecendo adiante.

“O que está errado?”

Era passado das nove. Normalmente, a essa hora a academia deveria estar pacificamente quieta.

Porém, havia algum tipo de comoção acontecendo dentro dos portões.

“O que é isso? Ei, espere um minuto— Raishin!?”

Charl estava gritando atrás dele. Contudo, ele não parou. Tão rápido quanto uma ventania, Raishin arrancou-se pelo caminho, correu em direção a academia a toda velocidade.


(5)

Justamente como ele havia pensado, havia uma grande comoção acontecendo dentro dos terrenos da academia.

Mesmo embora já fosse tão tarde, os estudantes haviam juntado-se, e estavam acotovelando-se uns aos outros para obter uma melhor visão.

Na frente da multidão, uma corda com as palavras ‘Fique Fora‘ havia sido pendurada, e Raishin podia ver figuras dos membros do comitê disciplinar ocupadamente em volta, iluminados pelas lanternas.

Espiando a figura de Felix no meio da atividade, Raishin pulou a corda.

Reconhecendo Raishin, Felix sorriu para ele.

“Yo, você chegou aqui mais rápido que eu esperava.”

“Salve o sarcasmo. Qual a situação?”

“Outro autômato foi executado. Você deseja vê-lo?”

Ele acenou. Felix sinalizou outro membro na cena para assumir, e ele guiou Raishin dentro do jardim.

Por um breve momento o pior cenário possível piscou através da mente de Raishin.

Não podia ser… Não havia jeito que poderia ser…

Ele apressou seu passo. Suprimindo sua urgência em quebrar-se em uma arrancada, Raishin seguiu Felix.

Vendo através de seus pensamentos, Felix falou.

“Seu autômato não está com você nesta noite?”

“Eu fui para a cidade. Eu posso perguntá-lo o mesmo—”

De repente, uma dúvida penetrou em sua mente.

“De qualquer jeito, onde está o seu autômato? Agora que você mencionou-o, eu nunca o vi antes.”

“Obviamente, eu deixei o meu no Armário. Eu sou um membro dos rounds, você sabe— com a Festa Noturna próxima, se eu estiver para trazê-lo para cá e para lá quer queira quer não eu estarei abrindo-me para ataques de desordeiros como você.”

Era verdade. Charl havia sido atacada por um grupo de dez. Para evitar este tipo de problema, alguns participantes haviam escolhido a fácil e rápida solução de não trazer seus autômatos para fora com eles.

“Entendo. Então em vez de usar seu próprio, você estava planejando de usar o meu ao invés.”

“Não diga isto deste jeito rancoroso. Bem, eu não posso culpá-lo se você deseja pensar desse jeito. Para mim, você é—”

“Raishin!”

Alguém cortou de detrás, deixando as palavras de Felix penduradas no ar.

Uma Charl sem fôlego carregou-se até eles.

“Felix—”

“Yo, Charl. Você saiu para a cidade com ele?”

Ele era perspicaz. Mesmo embora ele não estivesse a repreendendo, Charl ainda estremeceu.

“Espere, não tenha a ideia errada, eu estava apenas—”

“Agora então, Raishin. A vítima está por aqui.”

Felix friamente a cortou, apontando em direção a sombra de um matagal.

Cercado por um número de membros do comitê disciplinar, um autômato meio destruído estava horizontalmente abaixado no terreno.

Desta vez, o corpo estava inteiro. O autômato era um modelo fêmea. Uma cicatriz indicando que o coração havia sido arrancado fora estava presente. Focando uma luz na ferida, a área havia sido parcialmente derretida, mas diferente de todos os casos até agora, havia retido sua forma consideravelmente.

A pele do autômato era negro azeviche— podia ser concluído que essa era claramente nada parecida com a da Yaya.

Olhando para a cabeça do autômato estranhamente causou uma memória a mexer-se.

Diretamente oposto a ele, havia ali um estudante chorando enquanto agarrava-se nos restos. Parecia como se ele estivesse lamentando sua morte. Olhando para seu rosto, Raishin finalmente lembrou.

Ele pertenceu ao grupo o qual havia atacado Charl ontem; o estudante o qual estava controlando a autômato Ondina. Ele imaginou se isto significava que essa era a Ondina. A condição do corpo era bastante diferente de como ele lembrava-se da última vez, e isso o desconcertou-o por um segundo.

Deveria ser mais óbvio para ele, mas a translucência do corpo era o resultado de uma arte mágica convertendo o corpo em um estado líquido. Por padrão ele era uma construção mais robusta, como esperado.

Charl brevemente olhou para baixo para o estudante, estupefata.

Então com seus olhos queimando com um fogo feroz, ela girou em volta em seu salto.

“Espere, Charl.”

Com suas costas ainda viradas, Felix parou-a em um tom inesperadamente forte.

“Eu acho que seria melhor se você parasse de envolver-se com Cannibal Candy daqui em diante.”

“Mas—!”

“Deixe Cannibal Candy para o comitê disciplinar. Também—”

Felix virou-se para encarar Charl.

Ele não tinha seu sorriso usual em seu rosto, mas suas sobrancelhas estavam franzidas com tristeza.

“Eu entendo seus sentimentos. É lamentável, mas eu elegantemente me afastarei.”

“Eh—”

“Você escolheu Raishin em vez de mim— isso é o que você decidiu, estou certo?”

Charl endureceu-se em choque.

“Não, você entendeu tudo erra—…”

“… Ainda há trabalho para ser feito aqui. Desculpe-me, mas eu poderia pedir para você sair? Também— Eu não acho que nós devemos ver um ao outro por enquanto.”

Desanimadamente virando-se para longe, ele saiu.

Charl ficou tão pálida como um fantasma, tremendo toda.

“Que… O que eu devo fazer…”

“Ei, acalme-se.”

“Felix… me… odeia…”

“Acalme-se. Veja, é tudo apenas um grande mal entendido—”

“Deixe-me sozinha!”

Varrendo a mão de Raishin, ela correu como se ela fosse uma bala disparada de uma arma.

Seus ombros finos desapareceram na distância. Raishin podia apenas olhar em branca perplexidade para a figura dela desaparecendo. Incapaz de acreditar no que ele acabou de ver, Raishin murmurou para si.

“… Não é algo digno de chorar, certo?”

Suas palavras foram carregadas pelo vento da noite, desaparecendo como a espuma do oceano.


(6)

Raishin retornou para seu quarto, completamente insatisfeito.

“… Yaya?”

Ele cautelosamente espreitou no quarto. O quão mal emburrada ela estava?

A alternativa era que ela estivesse com raiva. De qualquer jeito, ele não estava ansioso por isso.

Contudo.

“Bem-vindo de volta, Raishin <3”

Seus pés tamborilaram no chão conforme ela correu em direção a ele, em um extremo bom humor.

“Eu fiz o jantar. Eu tenho confiança em meu cozimento esta noite.”

“Uh… O que você está falando…?”

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Refeições no dormitório eram manuseadas pela cantina. Não haviam instalações ou equipamentos para estudantes cozinharem por sua própria conta.

Seu olho vislumbrou sobre a mesa— e ele estava assustado.

“O que… que você está fazendo agora?”

“Qual o problema? Apresse-se e sente-se.”

Yaya irradiou para ele, acenando-o em direção a mesa.

Haviam vários pratos colocados ordenadamente no topo da toalha de mesa branca.

Todos eles estavam vazios.

“O que está errado com você? Saia fora dessa!”

“Ufufu, não há nada de errado comigo. Raishin, você está sendo tão estranho.”

Embora Yaya estivesse sorrindo brilhantemente para ele, seus olhos eram ocos, desprovidos de luz.

Raishin sentiu um calafrio arrepiar sua espinha.

Havia um defeito em seu processo de pensamento…!?

Não sabendo o que fazer, Raishin puxou Yaya para ele e abraçou-a fortemente.

“É minha culpa! Desculpe-me! Então por favor, retorne de volta ao normal!”

Yaya rachou, enfiando seu rosto dentro do peito de Raishin—

E então ela começou a chorar.

“Uu, Uu, Raishin é tão cruel… Mesmo que você saiba como Yaya se sente, você ainda persegue outra mulher…”

“Eu disse para me desculpar, então pare de chorar. Veja, eu trouxe algo para você.”

Ele segurou o pacote da loja de sapato. Era algo que ele havia comprado quando ele esteve fora na cidade com Charl.

Yaya olhou para ele em surpresa, então com uma mistura de expectativa e inquietação em seu rosto, houve um ruído de papel conforme ela abria o pacote.

Era um par de brilhantes, botas de amarrar pretas.

Elas eram um pouco antiquadas, mas bem trabalhadas e elegantes.

“Quando você pisou nos trilhos da ferrovia aquela hora, seu geta ficou todo mal tratado. É difícil para você lutar vestindo-os, e há sempre o risco da alça quebrar. Então use estes por ora.”

Raishin ajudou-a a colocá-las, e Yaya sorriu alegremente.

“Um encaixe perfeito… <3”

Ela virou seus pés um par de vezes em felicidade.

Embora ela estivesse sendo um pouco demasiado exuberante, ela estava de volta ao normal. Raishin deixou escapar um suspiro de alívio.

“Yaya. Você está cometendo um engano fundamental em seu pensamento. Eu não estou atraído pela Charl ou nada do tipo, e eu não a convidei para sair porque eu estava.”

Dissipar seu engano era perigoso. Raishin cuidosamente e minuciosamente explicou-se de uma maneira fácil de entender.

“Em primeiro lugar, eu não estou interessado em pequenas garotas as quais têm que usar enchimento. Eu prefiro alguém como Shouko, uma lady com decote cheio como a deusa da colheita.”

“Como você sabe que seu peito era falso…? Também, de novo com Shouko, Shouko, Shouko… !”

Notando que Yaya parecia como se ela estivesse prestes a arrancar seu topo, Raishin rapidamente tossiu e mudou o assunto.

“Vamos deixar isso de lado por agora. E de qualquer jeito, eu saí com Charl porquê eu queria confirmar algo. É relacionado a Cannibal Candy.”

Yaya capturou-se em alguma coisa. Seus olhos alargaram-se,

“Não me diga, você suspeita de Charlotte ser Cannibal Candy?”

“A torrente de luz que Sigmund disparou deixaria para trás uma cicatriz similar ao trabalho manual de Cannibal Candy.”

Raishin estava referindo-se a unicamente lisa, cicatriz vítrea, a qual lembrava alguém lambendo um doce.

“Havia uma chance em um milhão de Cannibal Candy aparecer quando Charl e eu deixamos a academia.”

“Se ele aparecesse seria criado um álibi para Charlotte, não seria?”

“Isso está certo. E como de fato, Cannibal Candy atacou— ou então pareceu.”

“Então isso não significa que Charlotte não é culpada?”

“Não, ao contrário, apenas faz as coisas parecerem mais sombrias.”

Não importa como ele olhava para isto, parecia muito conveniente.

Até o momento, Cannibal Candy jamais havia atacado dois dias seguidos. Dessa vez, ele não esperou até meia-noite para caçar, e a ferida estava somente meia derretida. Algo parecia fora sobre isso.

O jantar desta noite havia sido fictício— uma farsa, e havia decepção escrito sobre todo ele.

Yaya não pareceu entender. Ela havia uma expressão preocupada em seu rosto enquanto ela franzia suas sobrancelhas juntas em uma careta.

“Mas Sigmund e eu estávamos ambos mantendo vigia sobre os quartos o tempo inteiro. Sem um marionetista por perto, nós não seriamos capazes de manifestar nenhuma energia mágica.”

“Há uma exceção para isso embora. Bandolls.”

Bandolls eram essencialmente máquinas vivas as quais abrigavam partes humanas dentro delas. Por causa disto, elas podiam suprir a si mesmas com energia mágica a uma certa extensão.

“Nesse caso, seu álibi não sustentaria… Então, isso significa que era realmente um encontro…?”

“Não alargue seus olhos. Sua ausência tem sentido.”

Yaya olhou para ele desconfiada. Contudo, Raishin não explicou-se, ao invés indo sobre a situação em sua cabeça.

De fato, Charl ter estado em um encontro com ele teve sentido. Graças a isso, ele era capaz de agarrar o inimigo pela cauda… Ou assim ele sentiu. Se o que ele viu justamente agora havia sido realmente o trabalho manual de Cannibal Candy—

Justo quando ele estava no meio de seus pensamentos, ele foi perturbado por uma batida inesperada em sua porta.

Do lado oposto da velha porta, a voz da mestra recepcionista podia ser ouvida, sua voz redundantemente fácil em seus ouvidos.

“Raishin. Você tem uma chamada telefônica.”

Raishin deixou Yaya no quarto e foi à recepção no primeiro andar.

O telefone estava em frente ao escritório da mestra recepcionista. O receptor já estava fora de seu gancho, e Raishin o pegou.

“Me desculpe pela chamada tardia. É Lisette Norden.”

“Oh, é você. O que você deseja?”

“Você acha que eu chamaria alguém tão deplorável como você apenas por diversão?”

“… Seria melhor se você houvesse começado com isso. Então, o que você deseja?”

“Nós estamos procurando por Charlotte.”

“— O que você disse?”

“Ela deixou o dormitório grifo. Eu não sei se você sabe disso, mas ambas Charlotte e eu moramos nesse dormitório.”

“Você tem certeza que ela não está aí?”

“Se ela estivesse, eu não faria esta ligação telefônica, sua larva densa.”

“… Você está certa.”

“Eu achei que talvez ela tivesse ido para seu quarto para indultar-se em relações sexuais ilícitas.”

“Você é Yaya? Seu salto de lógica é espetacular. Pare de pular para conclusões apressadas.”

“Para você ter me insultado é uma tamanha humilhação. Você tem qualquer ideia de onde ela possa estar?”

“… Nope.”

Por um momento, ele lembrou-se do raio de luz solitário que havia caído sobre a bochecha dela.

“Se você não possui nenhum conhecimento, então você é claramente inútil. Adeus.”

Houve um clique. Ela havia pendurado.

Esquecendo-se de colocar o receptor de volta, Raishin ficou parado por um minuto. Estava Charl ainda planejando em procurar por Cannibal Candy?

Ou— Ela estava prestes a fazer algo precipitado?

(… Não. Acalme-se. Eu não posso fazer nada se eu estiver afobado.)

Se Sigmund estava com ela, então Charl seria capaz de rechaçar Cannibal Candy… ou deveria ser capaz de. Também, se Sigmund estava com ela, ele preveniria ela de fazer qualquer coisa tola.

Porém, tudo isso era supondo que Sigmund estava com ela. Se ele não estava—

“Droga, uma pessoa tão problemática…”

Ele bateu o receptor de volta no gancho, caminhando em direção a entrada. Justamente quando ele estava prestes a arrancar-se para fora da academia— ele parou como se houvesse sido acertado por um raio de um relâmpago.

Seus olhos estavam focados em alguém parado ali.

Embora ele queria abraçá-la ele não podia dizer isso na frente dela.

Seu quimono era mais no estilo de um vestido, e seu amplo peito era tão branco que quase brilhava. Como se ela estivesse escondendo sua inigualável beleza, ela havia óculos na forma de um tapa-olho sobre seu olho direito.

Com uma risada encantadora, sua voz era como um instrumento de cordas.

“Esta noite é uma noite agradável, não é boy. A lua é tão bela.”

“Shouko—”

Raishin finalmente voltou aos seus sentidos, conseguindo cuspir o nome dela.

Referências e Notas de tradução[edit]

  1. Uma espécie de árvore nativa da Europa. Wikipédia
  2. Um monstro da mitologia grega, cujo possuía cobras no lugar de cabelos e petrificava as pessoas que olhavam para ela. Wikipédia
  3. Deusa da lua e da caça na mitologia romana. Wikipédia
  4. Literalmente “Rio dos Três Cruzamentos”. Segundo a tradição budista japonesa, um rio envolto por névoa que separa o mundo dos vivos do mundo dos mortos. Wikipédia
  5. Um alimento em forma de cubo branco feito a partir de soja. Wikipédia
  6. Uma técnica culinária, geralmente usada em carnes, onde mistura-se água, sal, temperos e algum componente ácido. Wikipédia
  7. Um prato tradicional da culinária japonesa. Wikipédia
  8. Literalmente “Vento (風), Floresta (林), Fogo (火) e Montanha (山)”, é uma versão popular de um padrão de batalha usado no período feudal japonês. Mencionado no livro ”A Arte da Guerra“, consiste de quatro frases básicas: “Tão rápido quanto o vento, tão silencioso quanto uma floresta, tão feroz quanto o fogo, tão imperturbável quanto uma montanha.” Wikipédia (Eng)
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