Kizumonogatari ~Brazilian Portuguese~/Koyomi Vamp/005

From Baka-Tsuki
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005[edit]

Dramaturgie.

Episode.

Guillotinecutter.

São estes os nomes dos que roubaram partes do corpo de Kissshot. Pelo menos foi o que me foi dito.

Kissshot os descreveu para mim, embora tenha sido difícil de construir uma imagem mental a partir da descrição dela.

Como se ela houvesse utilizado o idioma de um país longínquo para explicar um conceito abstrato, me senti atordoado quanto a esses três homens. Ainda assim, essa foi a parte fácil, se comparada aos tópicos mais sérios que já havíamos discutido.

O homem chamado de Dramaturgie roubou-lhe a perna direita.

O chamado Episode roubou-lhe a perna esquerda.

O chamado Guillotinecutter roubou-lhe os braços.

Cada um dos três havia roubado uma parte essencial.

Eles são a razão de ela ter sido deixada em estado tão deplorável. Caso ela não houvesse sugado meu sangue, ela certamente teria morrido.

Um corpo imortal que podia ter morrido.

Este paradoxo é um com o qual a Kissshot está acostumada.

Ela havia, naquele instante, com certeza, descoberto que ia morrer.

Com o pouco de vida que lhe restava, usando aquele corpo arrebentado, deve ter sido uma tarefa árdua escapar desses três.

“Por quê?”, perguntei inadvertidamente durante a explicação dela, “Por que roubar os seus membros?”

“Eu sou uma vampira. Vós sois humanos – hmm, tu deixaste de ser um. Tu és o que eles chamam de Monstro agora.” Kissshot, definitivamente, disse.

“E é claro, eles exorcizam monstros.”

“Esses três são especialistas em exorcizar vampiros – a profissão deles é matar seres como eu. Seres especializados em exorcizar vampiros.... Tu nunca ouviste falar neles anteriormente?”

Posso ter. Devo ter.

Se havia vampiros, também havia aqueles que os combatiam.

Pensando no passado, não acho que alguma vez tenha ouvido falar neles, mas há uma chance de eu ter um resquício de memória de algo assim, de algum lugar.

“E então, precisamos derrotá-los?”

“Que tipo de besteira estás a dizer? Tens por acaso vontade de morrer? Embora seja realmente comovente que eles tenham se apossado de meus membros, eu não tenho mais nenhum poder regenerativo – nessa situação, como poderia lutar?”

“Ah, é isso...”

“Como eu disse...” Kissshot continuou o discurso de antes com naturalidade, “Eu preciso que tu enfrentes esses três homens – e que retornes com meus membros.”

“Hã?”

Eu estava sem palavras.

“Tu, tudo bem.... Não pode ser tão fácil assim, né?”

“Hmm, parece que não expliquei adequadamente para ti. Se queres voltar a ser humano, preciso ter meu poder completamente recuperado. Basicamente, preciso retornar à minha forma completa. E para isso, preciso de meus membros.”

“Mas, mas -- eu não sou bom em coisas como combate.”

Eu não fizera nada de errado, mas meu tom de voz parecia confirmar que estava inventando uma desculpa.

“Eu não sou o tipo atlético, embora não seja um completo sedentário. Meu corpo é como você pode ver, e eu nunca me meti em uma briga antes...., também, e o mais importante de tudo, eles não iriam me exorcizar?”

Eu era, naquele momento, um vampiro, também. A chance de isto acontecer era enorme. Meus oponentes eram experientes em exorcismos. Mesmo se eles me poupassem, um ex-humano, seria impossível fazer com que eles me dessem o que eu buscava – os membros de Kissshot.

“Imbecil!, a tua fraqueza só existia enquanto eras humano” Kissshot disse, farta.

“Agora tu és meu subordinado – embora tu sejas fraco, no meu estado atual tu poderias facilmente vencer-me em combate.”

“....? Mesmo você sendo uma vampira, você é fraca?”

“Não!” Ela disse, irritada com minha resposta.

De fato, ela se irritava muito facilmente.

“Baseado na minha aparência atual, tu fizeste julgamentos precipitados. Deixe-me esclarecer: entre os vampiros, eu sou do nível mais alto. Eu sou a Assassina de Kaiis.”

“Assassina de Kaiis...”

A forma atual dela dificulta pensar que ela é tão poderosa.

Além disso, o que é um “Kaii”?

Uma espécie de monstro?

Não importa.

“Hmm, mesmo se você, atualmente enfraquecida, não é tão forte quanto eu... Você ainda é mais forte do que eu quando está com os poderes plenos. E ainda assim aqueles três homens conseguiram roubar os seus membros na sua forma completa?”

“Eu fui emboscada pelos três. Eu os subestimei; os subestimei por completo. Gente daquele nível.., mesmo se os três fossem combinados em um só, ainda assim não seria um oponente à minha altura.”

“Ahn....”

“Basicamente...” Kissshot suspirou, irritada, “Contanto que tu lutes contra eles um por vez, como oponentes individuais, tu deves ser capaz de lidar com todos. Honestamente, será fácil. Esse tipo de tarefa é um preço justo para te transformar em humano novamente.”

Eu, definitivamente, não fui convencido pelas palavras dela.

Decidi dar uma caminhada noturna.

Isso foi um pouco depois do sol se pôr. Finalmente pude deixar a escola abandonada. Finalmente pude confirmar minha localização.

Essa escola abandonada era quase fora da cidade na qual eu moro. Contanto, essa área não era completamente deserta nem mal desenvolvida. Eu não saberia dizer por que a escola fora abandonada. Talvez tenha perdido os alunos para o outro cursinho preparatório que surgiu na frente da estação, e então teve de fechar. Kissshot a considerou como local propício para esconderijo.

Decidi ligar pra casa.

Afortunadamente, minha irmã menor atendeu o telefone. A mais velha das duas.

“Diga a todos que estou passando as férias numa viagem de auto-descobrimento”, eu disse, secamente. Ela concordou.

Eu não havia pensado sobre isso, e demorei um pouco para notar que havia acabado de convencer minha irmãzinha de que sou o tipo de cara de sai viajando para se “auto-descobrir”. Devo parecer muito patético.

Justo quando desliguei, minha irmã menor (a mais nova) me mandou uma mensagem para o celular. Não com um celular, entende? Como elas estão no Ensino Fundamental, elas não têm celular. Ela me mandou a mensagem pelo computador da sala.

“Para onii-chan. Às vezes a gente se perde mas, quando você se acalmar, você devia pensar nas suas ações. Onde é que Tyltyl e Mytyl encontraram o pássaro azul?”[1]

...........

Havia acabado de levar um sermão da minha irmãzinha.

Receber mensagens de repreensão como esta é algo que me irrita bastante. E, pra piorar a situação, ainda gastou a bateria do telefone.

Eu me perguntava como iria recarregar meu celular.... o recarregador estava em casa, mas eu não podia voltar. Minha única opção era comprar outro na loja de conveniência.

É improvável que a escola abandonada tenha eletricidade. Minha única opção, então, era comprar uma bateria nova.

Se eu conseguisse terminar minha missão antes da bateria morrer, então melhor ainda.

“Eles não são páreos pra mim.... em minhas condições normais, eles não são páreos para mim. Eles também não são páreos para ti.”

Bem, deve ser fácil então, né?

Embora no começo eu não conseguisse acreditar que os possuía, os meus poderes vampirescos realmente existiam. Uma demonstração de minhas capacidades novas resultaria em uma viagem até a delegacia e uma noite de interrogação pela polícia local, com certeza. Mas com a área repleta de prédios abandonados? Quem iria se importar com um pouco de vandalismo?

Esse tipo de coisa.

“Mas estamos esquecendo de um detalhe importante.” Senti como se as palavras de Kissshot fossem cordas que estavam enrolando-se no meu corpo e aumentando a pressão lentamente.

“Onde estão esses homens?”, retruquei.

“Não sei.”

“Não sei, ela diz”, disse, num tom debochado.

“Preocupações supérfluas são desnecessárias e inúteis. Simplesmente vagar pela noite já será o bastante para que eles te encontrem – eles são especialistas em exorcizar vampiros, ora. Encontrar um vampiro, para eles, é tão simples quanto levantar a mão.”

“É mesmo?”

“É só esperar. Durante a noite os poderes dos vampiros ficam potencializados. Eles serão como mariposas atraídas por fogo – eles virão ao teu encontro.”

“......”

“Neste instante, eles provavelmente estão a procurar-me pela cidade inteira. Se fizeres um bom trabalho, é provável que os encontre ainda hoje.”

Kakaka. A intolerável risada da Kissshot soava estranha.

Bem, não precisar sair procurando eles é um alívio.... mas isso de eles me encontrarem com facilidade me deixa um pouco nervoso. Achei que, por não ser mais um humano comum, eu houvesse me tornado alguém difícil de rastrear.

Mas estou deixando de prestar atenção ao ritmo das coisas. Eu não deveria estar fazendo mais perguntas? Por exemplo, sobre o fato de eu ser um vampiro ser uma verdade incontestável?

Inconscientemente, penso sobre outro assunto. Será que posso realmente voltar a ser humano?

Será que a Kissshot não está mentindo?

Me usando para ter de volta seus braços e pernas; exigindo mais de mim além de uma refeição. Ela era o cérebro, e eu havia me tornado o corpo.

E os braços e as pernas que ela perdera.

O problema disso tudo é que ela não estava me ordenando – ela estava me ameaçando.

Eu até poderia não ter emprestado meu poder para ela.

Mas, para me impedir de considerar isso tudo como perda de tempo, ela estava usando meu desejo de voltar a ser humano para me manipular.

Eu era a isca dela. Ela devia estar mentindo...

Utilizando a promessa de me devolver a humanidade, ela desenvolvera seu plano.

“.....”

Não, ela me transformou em servo, então ela nem precisava de tantos artifícios. Não seria só uma simples ordem, então?

.....Hmmm. Não pode ser. No momento, essa garota está num estado onde não consegue usar seus poderes de vampira – e é por isto! Então se ela não mentir, ela não consegue me fazer obedecer?

Bem, não parece impossível....

Ela pode aparentar ter 10 anos, mas certamente não se pode tratá-la como uma criança. Quando ela estava em seu estado original, ela tinha cara de quem tem muito conhecimento. Ela até aparentava ter vivido por 500 anos, como ela disse. A maneira dela de pensar não é lenta de modo algum. E também, eu não havia feito nenhuma pergunta importante. Eu só consegui pensar em coisas relacionadas a voltar a ser humano, e evitei diversas outras coisas – esqueci de perguntar a ela por que ela veio até aquela pequena cidade do interior do Japão.

Monstros são realmente estranhos.

Mas vampiros não são monstros ocidentais?

Será que esses três homens foram trazidos até aqui pela Kissshot também?

“....Hmm.”

Não importa como eu pense sobre o assunto, é tudo especulativo.

O que quer que seja que ela esteja conspirando, eu, neste momento, ainda não posso confiar nela – então por enquanto eu vou obedecê-la.

A iniciativa foi toda dela.

Primeiro recupero os membros dela – depois lido com o restante.

Não importa o quão errado ela tenha me contado a história – acho improvável que os três exorcistas de vampiro sejam mentiras dela.

Então, de acordo com o que Kissshot havia dito, eu servi de isca e fui a um lugar onde não havia estradas. Naquela época, era uma intersecção de caminhos.

Achei que a vampira Kissshot Acerolaorion Heartunderblade não havia pensado direito em tudo. Embora ela houvesse vivido por 500 anos, seu jeito de pensar ainda tinha muito que melhorar.

Ela havia me dito que, se eu os enfrentasse um por vez, seria capaz de derrotá-los. Mas me perguntei: onde está a prova para essa constatação?

Ela havia sido derrotada por eles. Isso não serviria como uma evidência contrária ao que ela disse?

Meu cérebro parecia estar quebrando.

Mas já era tarde demais. Ou, talvez, exatamente na hora. Foi só um segundo antes de acontecer que me dei conta do que estava ocorrendo. Kissshot dissera que eu poderia acabar com tudo hoje se fizesse um bom trabalho.

Mas, pensando bem, eu poderia morrer ainda hoje.

Minha segunda morte.

“O que eu devo fazer?”

Primeiro, notei o que vinha pela direita.

Um gigante com mais de 2 metros, com as duas mãos segurando uma espada com lâmina curva, caminhando na minha direção. Seu vulto era enorme. Eu poderia usar os jeans dele como saco de dormir. A camisa provavelmente havia demandado cinco vezes mais tecido na confecção do que a minha. Ele usava uma faixa na cabeça para segurar o cabelo desarrumado que tinha.

Um homem feito só de músculo, com expressão gelada como pedra. Com a espada curva em mãos, ele me encarava.

Ele se adequava à descrição da Kissshot.

Esse homem é o chamado Dramaturgie.

O homem que roubou a perna direita de Kissshot.

Ele grunhiu.

E então eu percebi o homem que vinha da esquerda.

Ele era o completo oposto de Dramaturgie. Um homem esbelto caminhava em minha direção. Apesar do rosto ingênuo, ele possuía olhos afiados.

Se eu acreditasse na frase “Um olhar tem o poder de matar pessoas”, eu provavelmente teria morrido na hora. Era um olhar afiado, assassino.

Olhos com uma íris pequena e um uniforme branco de estudante. Ele aparentava ser jovem. Repousando contra o seu ombro estava uma cruz gigantesca que lhe ultrapassava a estatura.

Não parecia ter sido construída – parecia uma daquelas cruzes de pingente, só que aumentava em cinqüenta vezes

Era três vezes do tamanho de um homem, e provavelmente pesa mais do que três homens. Isso só pode ser brincadeira.

E a cruz não era um objeto cerimonial. Era uma arma.

O homem com a cruz gigantesca no ombro sorriu. Ele caminhou em minha direção com olhos penetrantes.

Era condizente com a descrição da Kissshot.

Esse homem era o chamado Episode.

O homem que roubou a perna esquerda da Kissshot.

“O que – o que eu deveria fazer?”

E finalmente, eu notei que havia outro atrás de mim.

Não sei quando ele havia chegado, mas o homem com roupas que pareciam ser de algum culto religioso parecia mais simples em comparação com os outros dois. O seu cabelo era espetado como um porco-espinho, e ele transpirava perigo.

Eu não consegui ver nenhuma expressão na face dele, nem sequer distinguir se seus olhos estavam abertos ou fechados. Pelo menos ele não tinha nenhuma arma, como os outros dois. Ainda assim, ele havia tirado mais da Kissshot do que os outros.

O homem com jeito de padre, sem expressão e sem nada em mãos, caminhou na minha direção casualmente.

Ele se adequava à descrição da Kissshot.

Esse homem é o chamado Guillotinecutter.

O homem que roubou os dois braços dela.

“—Eu posso acabar não fazendo nada –“

Especialistas em exorcizar vampiros.

Dramaturgie, Episode, Guillotinecutter.

Eles todos convergiram, comigo no centro.

Como a intersecção dos caminhos.

Sem escapatória – como um rato encurralado.

“Que popular, hein?”

O primeiro a abrir a boca foi o homem que carregava a cruz gigantesca no ombro, Episode.

A voz dele condizia com a sua aparência. Desleixado.

“Não é a Heartunderblade. Quem é esse cara?”

“■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■ ■■■■■■”

Me ignorando, o homem constituído só de músculo respondeu. Dramaturgie.

Mas eu não consegui entender nada do que ele disse.

Eu tive esperanças de que eles houvessem esquecido da minha presença.

“Não, Dramaturgie.”

Guillotinecutter, o homem com jeito de padre atrás de mim, falou.

Ele falou num tom aveludado.

“Se você está trabalhando aqui, pressupõe-se que você tem que usar a língua local, é lógico.”

“.........”

É claro que eu queria olhar para trás, mas não podia. Isso significaria virar minhas costas para Episode e Dramaturgie.

Guillotinecutter agiu da mesma forma que os outros dois, e, me ignorando, continuou a falar.

“Bem, mas é como você disse, Dramaturgie. Provavelmente.... não, definitivamente, esse jovem é subordinado da Heartunderblade.”

“Sério?”, Episode exclamou, incomodado.

“Eu achei que ela não fizesse subordinados!?”

“Ela pode fazê-los. Ela já teve um no passado.”

“■■■……, Nós a obrigamos a fazer. Ela certamente o fez para agir como seus braços e pernas enquanto ela se recupera.”

Dramaturgie disse, em japonês desta vez, para meu alívio.

Achei que ele fosse só a força física do grupo, mas ele foi capaz de adivinhar minha situação perfeitamente.

“Então o que isso significa?”, Episode sorriu ao dizer isso, enquanto balançava a cruz gigantesca em seu ombro.

“Tudo que podemos fazer é perguntar a esse panaca aqui sobre onde está a Heartunderblade?”

“É o que parece.”, Dramaturgie acenou com a cabeça, consentindo com Episode. Guillotinecutter também concordou.

“Vou me livrar desse guri e encontrar o prêmio de verdade – Heartunderblade.”, ele disse, espontaneamente.

Suponho que isso signifique que eles vão me deixa ir embora, né? Apostar nessa esperança era tudo que eu podia fazer naquele momento.

“Ehm.”, Guillotinecutter limpou a garganta.

“Nesse caso, o que devemos fazer? Como Episode disse, se essa criança sabe onde Heartunderblade está, ele certamente nos dará problemas.”

“Deixa comigo”, Episode gargalhou.

“Eu vou destruí-lo por completo!”

“Não, eu o farei”, Dramaturgie o interrompeu. “Eu sou o mais adequado para o trabalho. Sou o mais experiente.”

“Eu não me importo de fazer isso também”, Guillotinecutter, entediado, expressou sua opinião, “Vocês dois devem estar cansados.”

“E-Ei!”, Episode gaguejou, “Não seja tão altruísta!”

Me recompus, e sem me virar nem encarar nenhum deles, rugi em desafio.

“O que, o que vocês estão dizendo? O que querem dizer com esse papo de me exorcizar? Eu sou só um humano? Vocês vão me matar?!”

“.......”

“.........”

“.........”

Pelo menos, consegui um momento de silêncio.

Será que minhas palavras haviam chegado até eles? De qualquer maneira, elas só fariam isso. Minhas palavras os alcançariam; o sentido delas, não.

Ninguém retrucou.

“Então é o mesmo de sempre.” Dramaturgie disse de repente.

“O mais rápido vence!”, disse Episode.

“Muito bem. Uma competição de igual para igual, decidida pela habilidade de cada um.”, disse Guillotinecutter.

E então, esses especialistas em exorcismo de vampiros, esses três homens, quase no mesmo instante, se jogaram contra mim.

Eu conseguia ver cada um deles com meus novos olhos de vampiro. Conseguia enxergar no escuro com esses olhos superiores. Mas, embora eu diga ter sido capaz de ver, ainda assim não sabia o que devia fazer.

O que eu devia fazer neste tipo de situação?

“Hm....ahahahahahaha!”

Provavelmente fiz a coisa mais estúpida que podia ter feito naquele momento. Instantaneamente, cobri minha cabeça com as mãos e me agachei no chão. Desisti de atacar, mas acabei não me defendendo, também.

Não.

É claro que isso vai acontecer.

O que foi que eu não consegui entender?

Eu tinha as piores características possíveis para ser protagonista de um anime, mangá ou light novel.

Um estudante do Ensino Médio normal disposto a lutar contra um bando de especialistas em exorcismo de vampiros?

O que é isso? Combate Psíquico Estudantil?[2]

Como eu poderia vencer?

E daí se consigo quebrar paredes de concreto?

E daí se meus pulos melhoraram e se consigo me mover mais rapidamente?

O que eu podia fazer com esses poderes?

Eu nunca havia me metido numa briga porque nunca tive nenhum inimigo! Não estou acostumado a situações assim!

Droga! Eu já havia desistido da minha vida uma vez, dando ela para a Kissshot. Então por que eu devia valorizar essa não-vida?

“-----------“

.................!

.........., ..............

Percebi que já estava esperando por um longe tempo. Não importa por quanto tempo eu ficasse agachado ali, estava claro que os ataques deles não iriam me atingir.

Será que eles ficaram com medo? Será que por causa do meu comportamento ridículo eles ficaram entediados e resolveram ir embora? Isso era impossível, quem eu queria enganar? Eles não tinham medo de mim.

Eu lentamente ergui minha cabeça dos meus joelhos.

“.....Ha, ha.”, escutei essa risada despreocupada.

“Sacudindo espadas e derrubando tudo por aí com uma cruz? Vocês devem ter energia demais para causarem tanto barulho numa área residencial!”, disse a pessoa que havia parado as espadas com as mãos nuas. Usando somente o dedo indicador, o dedo do meio e o mindinho da mão direita, ele havia segurado as lâminas de Dramaturgie. E então ele parou a cruz de Episode usando nada além do pé direito. Por último, ele ergueu a mão esquerda, e Guillotinecutter deixou de se mover.

Quem raios é esse cara? Só um adulto aleatório passando por aqui?

Apoiado só numa perna, impedindo o movimento de todos, ele disse.

“Alguma coisa boa aconteceu?”





  1. Referência ao anime de 1980 Maeterlinck no Aoi Tori: Tyltyl Mytyl no Bouken Ryokou baseado na peça de teatro "O Pássaro Azul", de Maurice Maeterlinck
  2. Suponho que Combate Psíquico Estudantil (School Psychic Battle na versão em inglês) seja ou a definição do Koyomi sobre um gênero de mangá shounen ou uma tentativa de criar um título imaginário para a sua situação atual transformada em mangá, pois não encontrei nenhuma referência que se encaixe à tradução do inglês.


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