Owarimonogatari: Volume 3 ~Brazilian Portuguese~/Inferno Mayoi/011

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011[edit]

“Hi-yah!”

Ela me socou.

Hachikuji simplesmente me socou.

Sem ter uma corrida inicial, ainda carregando sua mochila nos ombros, ela pulou no ar e me acertou no rosto com um punho fechado.

Ela dá um soco e tanto para uma estudante do primário ao me acertar com toda sua força, o suficiente para me atirar bastante longe enquanto me seguro no rabo da cobra — eu reflexivamente aperto o rabo mais forte como uma maneira de me preparar, forte o suficiente para que eu tema poder arrancá-lo, mas, felizmente, graças a sua elasticidade(?), o rabo simplesmente cresce no cumprimento em que cambaleei para trás.

“Esse foi por mim!” grita Hachikuji, no exato mesmo momento em que ela aterrissa seus pés.

Foi por você? Então foi só um soco normal, não foi?

Os olhos de Tadatsuru se abriram — ele pode não ter sabido que ela tinha um lado tão assertivo. Imagino que ela estava se fingindo de inocente.

“O quê... Hachikuji!”

“Não se preocupe. Não machuquei meu punho.”

Hachikuji cerra e abre seus punhos.

Definitivamente não é com isso que estou preocupado.

É verdade que se você não souber a maneira adequada de se fazer um punho, provavelmente quebrará um osso se acertar alguém tão forte como ela fez — mas, sabe, este é o Inferno. Nós todos somos imortais.

Fui eu que fui socado, mas nem mesmo minha bochecha está tão dolorida assim — este é um ambiente em que você reviveria mesmo se fosse acertado por um taco de ferro, quanto menos o punho de uma estudante do primário.[1]

Mas ainda assim.

Essa é uma maneira bem banal de se colocar isto, mas esse soco ressoou mais na minha mente do que no meu corpo — não foi meu rosto que foi machucado, foi meu peito.

“Na próxima, vou acertar um pela Senjougahara-san, um pela Hanekawa-san, um pela Kanbaru-san, um pela Sengoku-san, um por cada uma de suas irmãs, um por ambos os seus pais, um pela Oikura-san e um pela Chiaraijima-san.”

“Pessoalmente, fico um pouco feliz que você se preocupe com a Oikura, quem você acabou de saber que existe, mas eu literalmente nunca ouvi falar dessa última pessoa que você mencionou. Quem é essa?”

“E então tem um pelo Oshino-san, um pelo Kaiki-san, um pela Kagenui-san...”

Hachikuji conta os nomes nos seus dedos — e então sua mão aberta volta a se tornar um punho mais uma vez.

Espera, você vai me acertar pelo Kaiki?

“Quanto a Ononoki-san... Deixe que ela mesma lhe soque quando você for ressuscitado.”

“Se eu for socado pela Ononoki-chan, não sobrará um pedaço de carne meu. Os poderes de destruição dela são literalmente de outro nível.”

“’Está tudo bem que um cara como eu volte à vida’? Que tipo de pergunta é essa?”

Enquanto ela diz isso, ela realmente me soca no estômago com seu punho fechado.

Pow, pow.

Dito isso, ela parece se segurar um pouco dessa vez... Ou talvez seja que ela somente usou sua força completa no que foi “por ela mesma”.

“Você tem sorte por ter sido eu que o ouvi choramingando desse jeito. Se tivesse sido a Senjougahara-san, ela teria tido uma recaída para quando ela era antes de ser reabilitada, e você estaria pego em uma tempestade de artigos de papelaria agora.”

“...”

Pow, pow, pow, pow.

Ela continua a me socar.

Tenho a sensação de que nós passamos do número de nomes que ela mencionou agora, mas eu apenas fico parado e a deixo me bater.

“Se fosse a Hanekawa-san... tenho certeza de que ela faria o que ela sempre faz e deixaria você esfregar os seios dela ou algo assim como encorajamento, mas não irei lhe mimar assim.”

“Espera, deixe pra lá o ‘o que ela sempre faz’, a Hanekawa não fez isso nem uma vez... Tanto pela reputação dela, quanto pela minha, você poderia, por favor, não falar disso como se fosse um antigo costume?”

Algo próximo disso pode ter acontecido, no entanto.

“O que tem de errado, Araragi-san? Você perdeu sua calma? Você está com medo de voltar à vida e passar por experiências dolorosas? Está completamente esgotado?”

Experiências dolorosas... Bem, claro, não quero passar por elas.

Tadatsuru disse que a Gaen-san não me forçaria a participar de nenhum trabalho ridículo após eu ser ressuscitado, mas eu não acredito nisso realmente (ela tem mostrado uma aptidão incrível para usar pessoas), e mesmo que se retire a Gaen-san da equação, somente pensar na quantidade de coisas com as quais tenho que lidar após eu voltar à vida é o suficiente para me cansar.

Meus exames de entrada é uma dessas coisas, por acaso. Eu voltando à vida ou não, nessa altura, não posso chegar a tempo, e mesmo que eu chegasse, tenho certeza de que esta aventura pelo Inferno removeu todo o conhecimento que eu tinha abarrotado na minha mente para fora da minha memória.

Mas não é sobre isso.

Posso me sentir esgotado, mas eu não perdi minha calma por causa disso — se qualquer coisa, dizendo “estou cansado disso” seria um pouco mais preciso, mas também não isso.

“Vindo a pensar nisso, você disse algo no início sobre como ‘um peso tinha sido tirado dos seus ombros’. Então é isso, você não quer mais ter problemas? Você selecionará o ‘não’ na tela de continuar? Você estaria indo contra as regras do fliperama ao monopolizar o jogo?”

“Bem, não posso negar que parece que uma cadeia de tensão finalmente estalou...”

Enquanto encaro o rabo da cobra que estou apertando com minha mão — enquanto encaro o céu acima para qual ele se conecta — eu falo. Eu não acho que posso explicar adequadamente o que estou sentindo no momento, mas eu faço o meu melhor para colocá-lo em palavras.

“... E uma parte de mim se sente um pouco aliviada por ‘eu finalmente ter conseguido morrer’. Então, quando perante uma tela de continuar, é, eu hesito um pouco. Parece um pouco tarde demais, parece exaustivo...”

Ter descoberto sobre o Paraíso e o Inferno, sobre a existência de uma vida após a morte, obscureceu o sentido da vida... Não, não é bem isso também.

“Em outras palavras, você quer continuar sendo um fantasma, e apenas se estabelecer em uma posição onde pode olhar por todo mundo do céu?”

“Posição...? Não, não é nada disso.”

“Você só está dizendo isso porque não conhece a angústia do Inferno, entende. Se houvesse tempo o bastante, eu gostaria que você tentasse experimentar o Sai no Kawara por um dia. Você é realmente bem sortudo por ter a opção de voltar à vida.”

“...”

Sortudo.

Sim — é isso.

A primeira coisa que eu disse foi bem exatamente o que eu sentia.

Muito provavelmente, não é que “eu não quero voltar à vida”... Estou verdadeiramente pensando, “Está tudo bem que um cara como eu volte à vida?”.

Eu tenho o direito?

“Como dizer isso... Estou me perguntando se tá realmente tudo bem pra mim voltar à vida quando tenho certeza de que existe um monte de outras pessoas por aí que merecem isso mais do que eu. Não é que eu não queira voltar à vida, mas parece que tô interferindo, ou tomando o lugar de alguém, ou burlando o sistema... É como se eu tivesse tomando a vez de alguém quando eu não deveria.”

É assim como tudo que eu vi nesta peregrinação pelo Inferno.

Seishirou Shishirui deveria ter sido aquele a salvar a Shinobu.

Ficaria tudo bem se a Hanekawa tivesse simplesmente sido salva por si mesma — pela Black Hanekawa.

A Senjougahara tinha o Kaiki.

Apesar do que a Hachikuji falou sobre isso, até mesmo o predicamento da Sengoku poderia ter acabado como uma disputa entre amigos se eu não tivesse me envolvido — e se nem isso fosse arrasado, simplesmente deixar as coisas com as Irmãs de Fogo poderia ter levado a um final melhor.

É como o que a Kanbaru mencionou — a sensação de ser o segundo.

Tive um bom gosto disso nestes últimos seis meses.

Pode ter sido eu que interferi e levei todo o crédito.

Chamar-me de um “rebatedor substituto” pode ser muita gabação — mas a sensação de que “não precisava ser eu” tinha sido penetrada em mim.

Eu realmente penso isso.

Mesmo assim, eu sei que nunca deixaria mais alguém tomar o meu papel de salvar essas garotas — se perante a mesma situação, eu repetiria as mesmas ações, sem recuar para o meu predecessor ou o homem que estava lá primeiro. Nesse caso, antes que eu possa forçar o meu caminho e transformar poder em lei... Não consigo deixar de ter a sensação de que ser deixado para trás no Inferno pode ser o certo para mim.

Eu já tentei uma vez oferecer a minha vida a uma vampira lendária, e uma vez tentei morrer pela Hanekawa.

E agora que a Senjougahara foi reabilitada... ele deve ser capaz de seguir com a vida, mesmo que eu morra.

Nesse caso, talvez eu deva saber o meu lugar.

Talvez eu deva quietamente... me deixar morrer aqui.

“Você tem,” diz Hachikuji, subitamente. “Você tem o direito de voltar à vida. Você definitivamente tem esse direito. Quero dizer, olhe para todas essas coisas grandiosas que você fez! Oh, sim, eu sei de todas elas!”

“...”

“Você passou por tantas experiências dolorosas nesses seis meses em que ficamos separados, mas eu sei que você não deixaria isso lhe quebrar. Se você não deveria voltar à vida, então quem você acha que deveria? Você há de ser o primeiro na lista, de lavada! Se você continuar se lastimando por aí assim, irei criar um desgosto por você,” continua Hachikuji, e então ela toma um longo e profundo fôlego.

Ela está se preparando para dar um longo discurso.

Eu me preparo também, ficando pronto para ouvir. Não importa o quão severa, quão dura essa palestra seja, estou preparado para ouvir tudo que ela tem a dizer.

“Escute aqui, Araragi-san. O Araragi-san que eu conheço ama garotinhas, ama garotas jovens, ama garotas pequenas, ama o forro de uma saia, ama as nádegas de uma garota, ama seios grandes, ama ser tratado como lixo, ama sua irmãzinha maior, ama sua irmãzinha menor, ama damas maduras, ama garotas de topless, ama calções esportivos, ama garotas que falam como garoto, ama orelhas de gato, ama garotas esportivas, ama garotas que vestem bandagens, ama roupas íntimas, ama lamber globos oculares, ama se rastejar pelo chão e ser pisado, ama revistas pornô, ama carregar pessoas em seus ombros e ser carregado por outras pessoas, ama ser abusado por sua namorada, ama limpar o quarto de sua caloura, ama cortar os cabelos de uma garota, ama tomar banho com mais alguém...”

“Peraí, peraí, peraí, peraí, peraí só um pouco, você vai me quebrar!”

Eu não estava bem preparado para isso.

Esse cara parece um pervertido total. Ele não estaria melhor morto?

Esta deveria ser uma conversa estimulante, mas estou temendo voltar à vida mais do que nunca... É melhor ela dizer algo que revire tudo no final, ou eu nunca vou mudar de ideia.

Vamos lá, estou implorando aqui.

Contudo, traindo minhas esperanças, o que a Hachikuji diz ao fim desse longo discurso é tão direto que é quase decepcionante, ou talvez anticlimático — é uma preferência minha que é evidente, uma predileção minha que é apenas natural.

“E ele absolutamente amava estar vivo!”

Mas... isso é tudo que preciso ouvir.

Ela disse algo evidente como se não houvesse evidência.

E isso é tudo do que preciso — isso é muito.

Era tão óbvio que eu tinha me esquecido.

Eu havia triscado na morte de novo e de novo e de novo — e, apesar de estreitamente escapar dela em todas as vezes, eu tinha completamente me esquecido.

Eu tinha me esquecido — mesmo embora eu esteja sempre pensando, “Estou tão contente por estar vivo”.

Contente o bastante para aturar a vida, não importa o quanto eu me denigra, não importa o quanto eu me sinta mal por mim mesmo — e não é que eu apenas esteja sendo humilde ou algo assim.

“Você tá certa... Se eu não estiver vivo, não serei capaz de acalentar nenhuma garotinha.”

“Um, não, não era nisso que eu estava tentando chegar.”

Hachikuji se retrai, repulsada. Ela com certeza sabe quando forçar e quando recuar.

Mas acho que é apenas assim que isso é. Existindo um Paraíso ou um Inferno... isso não apaga o significado de estar vivo.

“Não acredito que disse que isso obscureceria o sentido da vida — apenas o ato de viver tem mais sentido que o suficiente por si só. Se eu gostava de estar vivo, então isso é tudo que importa. Afinal de contas, isso me deu a chance de amar tantas coisas, e tantas pessoas.”

“Isso pode parecer um pouco enganador neste contexto.”

“Hmm”, respondo, e ajusto meu aperto no rabo da cobra mais uma vez. Desta vez eu o aperto com as minhas duas mãos. Então eu me viro para Tadatsuru, que esteve pacientemente esperando que nós terminássemos, e pergunto, “Você não espera que eu escale essa coisa, né? Eu definitivamente não tenho tanta força nos braços.”

“Não precisa ficar nervoso. Você ouviu que não precisa superar mais nenhuma provação para ser revivido, correto? No momento em que eu enviar o sinal, Gaen-senpai começará a puxar o rabo do lado dela, essencialmente. Você somente precisa se segurar nele e não soltá-lo — mas você só tem uma chance, então peço que tenha cuidado para não deixar suas mãos escorregarem.”

“... O que acontece se as minhas mãos escorregarem?”

É uma superfície escamosa, então parece que isso poderia acontecer muito facilmente...

“Quem sabe? Você cai, imagino. Você cairia por um fosso de chamas por 2000 anos, imagino — então aperte firme com suas duas mãos e não solte.”

“Saquei... Obrigado por toda a sua ajuda, Tadatsuru... Tadatsuru-san.”

“Oh, não há necessidade de formalidades agora. Além do mais, nada disto muda a mágoa que tenho contra esquisitices imortais. Enquanto continuar abrigando a Kiss-Shot Acerola-Orion Heart-Under-Blade... você é meu inimigo.”

“... Mesmo assim,” digo, “eu realmente te devo uma por toda a sua ajuda desta vez... Nunca imaginei que seria capaz de conversar contigo desse jeito. Se nós dois tivermos tempo novamente, gostaria de me sentar com você e ter uma conversa mais casual.”

“... Contanto que você não se importe em tê-la enquanto lutamos até a morte.”

“Claro... Hachikuji”, digo, mudando meu olhar de volta para ela. “O que você vai fazer depois disso?”

“Hm?” pergunta ela, inclinando sua cabeça e se fingindo de boba. “Quem, eu? Meu trabalho acaba aqui, então, quando eu terminar de me despedir de você, voltarei aos meus dias de empilhar pedras no leito de rio Sai no Kawara.”

“... Empilhar pedras...”

“Hahaha, por favor, não tenha pena de mim assim. Certamente não é divertido, e, para ser perfeitamente franca, parece ser algo completamente desnecessário, como se alguém estivesse sendo rigoroso demais quanto à punição aos pecados. Mas, ainda assim, embora possa não ter sido algo que fiz como uma humana, eu carrego o fardo de ter vagado ela Terra por 11 anos. Eu realizarei essa tarefa, considerando-a como meu arrependimento por isso — eu refletirei e me arrependerei. Não se preocupe. O Jizo Bodhisattva virá por mim logo em breve, e eu serei reencarnada alegremente.”

Arrependimento... Ela pode chamar isso disso, mas ela não deveria ser julgada por esses 11 anos que passou perdida. Mais do que isso, esses 11 anos devem ter sido uma experiência mais Infernal para uma garota de 11 anos de idade do que o Sai no Kawara...

“Nunca se sabe, talvez eu até seja reencarnada como a criança que você terá com a Senjougahara-san.”

“Isso parece pesado.”

“Oh, parece? Você diria que por volta das 5000 gramas, para ser exato?”

“Não, eu não tava falando do peso da criança recém-nascida...”

“Bem, se você por acaso acabar no Inferno antes que eu seja reencarnada, vamos brincar juntos novamente quando isso acontecer.”

“Não diga isso como se fosse claro que irei pro Inferno...”

Embora, já que eu já acabei aqui uma vez, isso provavelmente é algo claro. Bem, se eu definitivamente irei para o Inferno após morrer, acho que isso me dá mais motivos para ser entusiástico quanto à vida.

“Bem, então”, diz Hachikuji, balançando sua mão. “Para lhe dizer a verdade, eu gostaria de me despedir de você com um beijo novamente, mas, já que a Ononoki-san não está aqui para ajudar, receio que não posso bem alcançar a sua altura.”

“Eu te disse pra não falar disso...”

Não pode ver o olhar duvidoso no rosto do Tadatsuru? Agora ele está duvidando do meu caráter.

Não para distrai-lo disso ou algo assim, mas como se para tardiamente instá-lo, eu digo:

“Vá em frente. Envie-o quando estiver pronto. O sinal. E eu também.”

“Tudo bem. Tenho certeza de que ainda há algumas coisas que falhei em mencionar, mas você pode fazer a Gaen-senpai lhe preencher nessas depois de voltar à vida. Nesse caso, que comecemos a contagem regressiva. 10, 9...”

Não faço ideia de onde ele tirou ela — ou talvez fosse apenas uma parte da sua troca de trajes — mas Tadatsuru começa a balançar uma onusa para frente e para trás com a sua contagem regressiva.[2]

Quando ele faz isso, começa a parecer menos que isto seja um fio de uma aranha sendo pendurada do céu e mais como se eu estivesse prestes a fazer algum tipo de bungee jump reverso. Talvez, em vez de segurá-lo em minhas mãos, eu devesse tido o prendido na minha cintura.

Bem, acho que, dependendo da maneira que você diz os números, uma contagem regressiva pode ser um tipo de ritual de purificação também[3]...

“8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1... Ignição.”

Por algum motivo, ele faz isso soar como um código para o lançamento de um foguete no final — e, na realidade, eu começo a ser puxado direto para cima com uma quantidade de ímpeto comparável. Eu realmente quase deixo minhas mãos escorregarem. Minhas pernas se balançam inutilmente abaixo de mim. Isso imediatamente me faz me lembrar do “Unlimited Rule Book” da Ononoki-chan. Ou melhor, acho que é precisamente por causa disso que me tornei mais ou menos acostumado a essa sensação, porque através disso... sou capaz de suportar o choque de ser puxado para cima.

Eu o suporto.

E nesse momento, tenho a sensação de que meus olhos se encontram com os da Hachikuji.

“... Ah.”

Ela está se despedindo de mim com um sorriso. Ela parece satisfeita, como se tivesse realizado o que planejava fazer. Ela terminou seu trabalho — mas, espera, seu “trabalho”?

Ela disse que estava fazendo isso de graça.

Deixando de lado a maneira em que ela disse isso, isso basicamente significa que ela ajudou com a minha ressurreição mesmo embora não houvesse absolutamente nada nisso para ela. Não é como se isto fosse ajudar ela a voltar à vida.

É, isso mesmo.

Hachikuji disse que eu era o primeiro na lista de pessoas que deveriam voltar à vida — e, pelo menos, deixando a Hachikuji de lado, eu irei voltar à vida.

“Ha...”

Com isto, quantas vezes já foram?

Quantas vezes eu terei que dizer adeus a Mayoi Hachikuji agora?

“Ha... Hachikujiii...!”

No momento em que penso nisso, eu estendo minhas pernas. Minhas duas pernas.

Eu realmente não pensei em nada ao fazer isso, e eu não tive nenhum entendimento estendido disso — não é que eu tenha refletido sobre a história do fio da aranha e decidido agir ao contrário dela.

Se eu tivesse que dizer algo...

É que as minhas pernas ficaram um pouco mais longas.

“Hã? Agh, aghhh!”

Hachikuji grita.

Qualquer um gritaria se seu torso fosse subitamente pego num ataque em pinça, sendo uma garotinha ou não — ainda mais se fosse pego num bungee jump reverso direcionado aos céus distantes.

E então, com uma garota de marias-chiquinhas que carrega uma mochila gigante enrolada em minhas pernas, sou puxado em direção ao céu. Antes que eu perceba, o Templo Kita-Shirahebi e a cidade que conheço se tornam tão pequenos que é como se eu estivesse olhando para um mapa aéreo.

“Oh, Araragi-kun, mais uma coisa!” Uma voz vem do chão bem abaixo.

É a voz de Tadatsuru — não posso mais vê-lo, mas, por algum motivo, ainda posso ouvir sua voz. Ou o volume de sua voz ultrapassa em muito o de uma pessoa normal, ou isso é graças a ele ser meio-humano, meio-demônio.

“Mais uma coisa — de mim! Deixe-me lhe contar o nome da pessoa que pediu que eu exterminasse você e Kiss-Shot Acerola-Orion Heart-Under-Blade!”

Apertando a cobra branca com as minhas duas mãos e segurando uma garotinha com as minhas duas pernas, eu escuto aquele nome. Ele ecoa estranhamente, quase como em algum tipo de efeito Doppler.

“Ougi... Ougi Oshino...”

Notas do Tradutor[edit]

  1. Esta provavelmente é uma referência ao mangá Reiketsu no Hoozuki, uma história sobre um demônio que governa todos os diferentes níveis do Inferno. O demônio titular pode ser normalmente encontrado empunhando um taco de ferro.
  2. Uma onusa é uma varinha de madeira usada em rituais xintoístas com várias flâmulas de papel em ziguezague penduradas nela.
  3. Rituais de purificação xintoístas envolvem cânticos ou orações que usam um japonês mais arcaico e poético.


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