Wazamonogatari ~Brazilian Portuguese~/Bom Apetite, Acerola 011

From Baka-Tsuki
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011[edit]

Eu não sou um vampiro particularmente pensativo, mas até mesmo eu posso entender isto quando já morri cinco vezes. Preparar essa comida requisitará medidas drásticas.

Eu tentei ser prudente, mas, por ela ter aumentado o meu apetite, fiquei impaciente e acabei pensando somente em maneiras de matá-la — e eu não fiz absolutamente progresso algum.

Eu comecei a me sentir bastante faminto.

É difícil digerir esse dilema — especialmente com um estômago vazio — mas eu preciso mudar a minha mentalidade. (I)

Claro, eu preciso revolucionar a minha própria maneira de pensar, mas, mais do que isso, eu preciso de algum coup d’etat contra a princesa em si. Eu preciso fazer que Princesa Acerola mude.

Eu quero preservar o sabor do material base ao máximo que posso, mas é preciso de um tempo — ajustando o sabor, eu posso torná-lo mais fácil de comer. Apesar de ter ressalvas quanto a uma humana inferior ficar no castelo, meu leal servo, Tropicalesque Home-A-Wave Dog-Strings esteve fora à procura de um método de cozinhamento (sério, ele é a lealdade encarnada), porém eu não posso simplesmente esperá-lo retornar — é contra minha natureza deixar tudo nas mãos de meu subordinado.

Há alguns alimentos que não devem ser colocados juntos.

... A propósito, falando de coisas contra a minha natureza, como eu prometi a Tropicalesque, eu carregaria sozinho a responsabilidade de cuidar do meu alimento.

Eu adquiro comida humana, a cozinho em um estilo humano e a entrego no quarto que preparei para ela três vezes ao dia — deixando de lado a manhã e a noite, é infernal me levantar ao meio-dia, mas fui capaz de tolerar isso pensando nisso como um passo na receita.

Desde que eu durmo em um caixão, eu jamais usei nenhuma das camas do castelo, mas a minha responsabilidade se estendeu a até preparar a cama dela.

Fico contente que Tropicalesque esteja fora.

Cuidar galantemente de um humano não é algo que eu posso mostrar felizmente ao meu subordinado.

Mas eu preciso deixar minha comida confortável.

Seria ruim se o sabor dela diminuísse por conta do estresse de estar em um ambiente estranho.

— Nós somos mais que a habilidade de vermos nossas necessidades.

Claro, “Princesa Beleza” era bem-versada neste assunto e recusara, mas eu não sei, algo não parecia estar certo para mim.

Talvez a criação dela fosse ainda melhor do que eu imaginara.

Ela certamente tinha a habilidade para sustentar-se, porém, durante sua jornada vagante após ser expulsa de seu país (tendo o destruído) — eu não tenho dúvidas de que a única razão que uma jovem mulher poderia ter para chegar tão longe sozinha é por conta do apoio de seus arredores.

As roupas que ela veste parecem ser “tributos” de pessoas pelas quais ela passou — bem, se ela não tivesse as aceitado, talvez eles oferecessem suas vidas em troca, então Princesa Acerola não estava em posição de recusar tal intromissão.

Mas, no presente, não havia uma única pessoa neste reino para oferecê-la roupas ocidentais, então isso também era algo que eu precisava preparar para ela — a princesa pode não gostar disso, desde que ela fez viver simplesmente e frugalmente um princípio, mas eu sou do tipo de que se importa bastante com o arranjo da minha comida.

Eu pedi um vestido decisivamente lindo — embora não houvesse sentido em pedir tal vestido para alguém que parece bonita em qualquer tipo de roupa.

De qualquer forma, contrário às expectativas de Tropicalesque, eu estava fazendo um bom trabalho cuidando da minha comida.

Porém, eu tenho que fazer isto de qualquer maneira.

Mesmo que eu seja imortal.

— E então, Princesa Acerola, eu farei tu mudar tua mentalidade também.

— ... Em outras palavras, tu alterará minha mentalidade de alguma forma a fim de comer-me. É isso que estás dizendo, Suicide-Master? Entendo. — assentiu a princesa.

Ela realmente entendeu?

Eu pensei que essa dona de grande beleza, impiedosamente abatendo pessoas por onde ela vai, poderia ter caído em desespero, mas essa mulher certamente tinha mais força mental do que isso — por outro lado, poder-se-ia até mesmo dizer que sua dureza é o que tornou o problema tão ruim quanto está.

Há um perigo de ela se tornar insossa.

— Neste momento, acredito ter tentado de tudo ao meu poder, entretanto, Suicide-Master. Precisamente, o que está envolvido no ato de se mudar a mentalidade de alguém?

— Isto foi o que o meu subordinado disse antes; em vez de chamar suas circunstâncias atuais de um resultado da maldição da bruxa, seria mais preciso dizer que é o resultado de tua própria beleza. Então, nós devemos focar nossos esforços não na maldição da bruxa, mas na tua beleza em si.

— .......?

Por conta de sua atitude modesta, era difícil dizer se Princesa Acerola estava legitimamente consciente de sua própria “beleza” em primeiro lugar, e não parecia que o que eu estava dizendo estava a alcançando.

Ou talvez eu simplesmente tivesse dado uma explicação porca.

Mas eu preciso que ela entenda.

Eu a farei consciente.

Esta receita contém alguns passos extremamente complicados, está em um nível completamente diferente do que pisar nas costas de Tropicalesque.

— Essencialmente, Princesa Acerola, estou dizendo para parar tua beleza de encantar humanos e fazê-los sacrificar suas preciosas vidas, tu precisas parar de ser bela.

— ... Ainda assim, isso não resolve o problema, resolve? Não é muito diferente da ideia de desistir da vida e cometer suicídio.

Ela realmente fala com franqueza.

Sem nenhum medo quaisquer diante de um vampiro.

Claro, ela está correta.

E essa solução não era a minha verdadeira intenção também, se, como um resultado de mudar sua mentalidade, Princesa Acerola pudesse rejeitar sua atitude modesta e consideração, sua nobreza e bondade inatas, e seu senso de ética... então não haveria mais nenhum abate.

As pessoas não morreriam.

Ela não continuaria a destruir nações.

Contudo, não penso que essa solução era a que Princesa Acerola desejava, e não é a solução que eu queria também — tal receita não faria uso completo do sabor do material cru.

Acabaria alterando o sabor.

— Bem, escute, Princesa Acerola. Realmente não há nenhuma necessidade de renunciar tua beleza, tudo que tens de fazer é fingir fazer tal. É uma questão de arranjo e decoração.

O que vem a seguir é crítico.

— Fin... gir?

— Pelo que eu ouvi, a causa para tudo isto foi que as pessoas eram seduzidas pela tua beleza exterior, e ninguém focava em como tu eras por dentro, correto? É por isso que tu foste até a bruxa que fizera com que ninguém fosse seduzido por tua aparência, porém, em vez disso, todos fossem enfeitiçados pela tua beleza interior. Não és verdade? Claro, não estou te dizendo para jogar fura tua beleza interior.

Seria impossível, de qualquer forma, mesmo que eu dissesse a ela para fazê-lo.

Se ela pudesse fazer isso, não teríamos nenhum problema em primeiro lugar.

A única possibilidade, então, é um ato realizado desde tempos ancestrais: mudar sua mentalidade.

Eu não podia controlar o meu apetite, e Princesa Acerola não podia controlar sua pureza e nobreza — isso está bem, tudo bem.

Isso por si só está bem.

Porém.

— Porém, mesmo que tu não possas mudar como tu és por dentro, tu deves ser capaz de mudar o teu comportamento.

— Falas de... comportamento?

— De maneira simples, estou falando sobre agir como uma ‘má pessoa’.

Fingindo ser pior do que se realmente é.

— Dê um fim a essa maneira elegante de falar, essa maneira graciosa de se levar, agora mesmo, não é como se tu estivesse mudando a essência de tua beleza, então não deve ser um problema.

— ......

Princesa Acerola pressionou seus dedos contra os lábios em consideração.

Ela parecia estar em pensamento profundo, mas, implacável, eu apontei: “Isso não é nada bom”.

— De agora em diante, quando quer que estejas pensando sobre algo, faça-o com os braços cruzados. Não ponha tua mão nos teus lábios. Mas não é como se isso mudasse o que tu estás a pensar, certo? O gesto é diferente, mas seus pensamentos não mudam de modo algum.

— B-Braços cruzados...?

Princesa Acerola parecia confusa, como se ela nunca cruzara os braços antes, se eu pudesse ter tudo que eu quisesse, faria ela pensar sentando de pernas cruzadas em cadeiras, ou jogando-se em uma cama, mas eu não deveria mirar tão alto tão cedo.

Bem, não que isso seja muito a se pedir em primeiro lugar.

Eu só tenho que trabalhar de maneira constante no que ela é capaz de fazer.

— De agora em diante, eu prepararei vestidos com designs mais espalhafatosos para ti também e não use talheres para refeições, coma com tuas mãos nuas.

— M-Mãos nuas?

Julgando pela reação dela, parecia que ela não podia acreditar nisso, mas, tentando prevalecer sobre ela, pressionei-a ainda mais.

— Dependendo da tua perspectiva, comer refeições usando somente uma faca afiada pode ser ainda mais barbárico.

Minha persuasão é a única coisa que deu certo.

Bem, o que é barbárico versus o que não é barbárico é uma questão de cultura local, uma questão de aparências — e estou dizendo que a aparência em si é um ponto focal.

Um ponto tão focal que faria uma marca de grelha.[1]

Como ela é vista — como ela vê.

— M-Mas, Suicide-Master. Eu...

— Pare de ser tão elegante quando tu falas. Sempre que usar esse estilo real e majestoso, imagine que um milhão de pessoas morreram, de agora em diante, fale como uma pessoa normal.

— N-Normal? Ah... Então o meu modo de falar há de mudar também... Criando frases em uma maneira mais arrogante, mais desagradável...

Princesa Acerola assentiu com um olhar fervoroso em seu rosto.

Se ela está tendo ideias sozinha, seu entendimento foi mais rápido do que eu esperava.

Essa velocidade de entendimento por si só era um problema, e ela não deveria fazer tal rosto pensativo de agora em diante, mas, de novo, eu não deveria tentar mudar tudo de uma vez, vamos primeiro mudar o que somos capazes de mudar.

Devagar e constante, em passos de bebê.

— Eu não estou dizendo que tu se tornes uma má pessoa, e eu penso que manchá-la com maldade é completamente impossível, independentemente. Não estou dizendo para que tu faças qualquer coisa que tu não possas fazer. Então, finja ser má, para dizer isto de outra maneira, tu deves se tornar uma dessas pessoas que ‘são boas na verdade’.

Sua beleza exterior não podia mais obscurecer sua beleza interior — foi essa a maldição da bruxa, o dom da “Princesa Beleza”.

Então, se ela renuncia somente sua beleza exterior, enquanto preserva esse interior, podemos ser capazes de burlar a regra das maldições e dons ao mascarar sua beleza interior.

Se eu tenho de dizer.

É como embrulhar algo em papel antes de assá-lo.

Princesa Acerola não tem de matar mais pessoas do que ela já matou.

E eu posso matá-la.

Mas é uma hipótese que vale a pena testar.

Que vale a pena verificar — poderia chamar isso de degustar para ver se há veneno.

É possível que nós estejamos fazendo algo tão divertido que não podemos olhar um ao outro diretamente, mas estamos totalmente sérios.

— Eu entendo. Er, eu saquei.

Com determinação tremenda, Princesa Acerola arqueou suas costas — é provavelmente a primeira vez em sua vida que ela fez tal pose dominadora.

— De agora em diante, eu me esforçarei, digo, eu vou tentar me comportar e parecer o mais vulgar possível. O máximo que eu puder. Suicide-Master, eu seguirei o seu exemplo!”

— ......

Essa última parte foi bastante desnecessário, mas eu reconheço o seu esforço. Agora que nós chegamos aqui, deve ser bom mudar esse nome fofo e elegante que é Princesa Acerola também.

Não parece que ela irá reclamar, então eu hei de pensar em um nome apropriado para colocá-la no menu — em frente da princesa ansiosa, na fraca luz de esperança que eu não havia visto havia muito tempo, foi isso que eu pensei.

Notas do Tradutor[edit]

  1. A palavra para "ponto focal" em japonês é 焦点 (shouten), que contém o kanji para carbonizar/queimar e também é usado na palavra "marca de grelha" (焦げ目).


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