Suzumiya Haruhi:Volume1 Capítulo4br

From Baka-Tsuki
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Capítulo 4


Que tipo de piada era essa!? Pedindo para nos encontrar às nove da manhã em pleno fim de semana! Deixando esse pensamento de lado, eu continuei pedalando forte em direção a estação, eu era mesmo incorrigível!

Sendo localizada bem no centro da cidade, a estação de Kitaguchi servia como importante terminal de metrô. Todos os fins de semana a praça logo em frente se enchia de adolescentes consumistas. As outras grandes cidades eram distantes demais, então havia muito que fazer exceto ir ao shopping perto da estação. Sempre me impressionava como as pessoas podiam viver vidas normais nesta cidade com tão pouco para ser feito.

Colocando minha bicicleta randomicamente na entrada fechada para o banco, eu corri para a catraca na entrada norte da estação. Eram cinco para as nove, mas todos já haviam chego.

Haruhi virou sua cabeça e disse.

“Você está atrasado! Será multado por isso!”

“Mas não são nove horas ainda.”

“Mesmo que você não tenha chego tarde, a última pessoa a chegar será punida. Essa é a regra!”

“Como nunca ouvi falar dessa regra antes?”

“Foi porque eu acabei de inventá-la!”

Vestindo uma camiseta de mangas compridas e uma saia curta de denim [1], Haruhi parecia muito animada.

1-[Nota do tradutor: denim é um tecido índigo que serve de base para o jeans].

“Você vai ter que pagar as bebidas de todo mundo.”

Colocando as mãos na cintura com tranqüilidade, Haruhi pareceu muito mais amigável do que seu eu carrancudo usual. Incapaz de argumentar, eu obedientemente concordei com sua ordem e guiei todos para um café próximo.


Asahina usava um vestido branco sem mangas, com uma blusa tricotada azul-clara por cima. Seu longo cabelo ondulado estava preso por uma presilha. Cada vez que ela se mexia, ele balançava levemente, fazendo-a parecer ainda mais bonita. Seu sorriso dava a ela a impressão de uma jovem dama cheia de cultura. Até mesmo sua bolsa era cheia de estilo.

Sentado próximo mim, Koizumi vestia uma camisa rosa com uma blusa por cima, assim como exibia uma gravata em um vermelho brilhante, o fazendo parecer muito formal. Tinha que admitir, mas ele parecia legal assim, alêm do mais ele era mais alto que eu.

Nagato, como sempre, continuava a usar seu uniforme de escola. Mesmo que ela se visse completamente como um membro da Brigada SOS, tecnicamente ela ainda fazia parte do Clube de Literatura. Ao ouvir todas aquelas coisas estranhas de sua boca outro dia, fiquei ainda mais preocupado com sua expressão fria. Falando nisso, por que ela está usando o uniforme no fim de semana?

Assim que os cinco do mistério entraram no café pela rotatória e sentaram em suas cadeiras, a garçonete começou a anotar nossos pedidos. Apenas Nagato estudava o menu com seriedade – sem expressão nenhuma, é claro – gastando seu tempo para escolher. Francamente, o tempo necessário para ela decidir o que beber era o suficiente para cozinhar uma tigela de ramen!

"Chá de amêndoas" - disse ela finalmente.

Não importa qual o seu pedido, afinal, sou eu quem está pagando.


Haruhi fez as seguintes sugestões:

Vamos nos dividir em dois grupos. Se algum de nós encontrar alguma coisa que pareça misteriosa, devemos contatar os outros pelo celular, para que possamos nos encontrar e discutir o que faremos em seguida. Isso foi apenas uma reunião que nos ajudará a revisar e nos preparar para desenvolvimentos posteriores.

Isso é tudo.

"Agora vamos fazer um sorteio!"

Haruhi pegou cinco palitos de dente do suporte, e usando uma caneta emprestada da garçonete, ela marcou dois deles. Então, os envolveu com os dedos para que os escolhêssemos.

Eu peguei um marcado; Asahina disse enquanto olhava para o seu palito marcado, "Hmm, que combinação, heim..."

Por alguma razão Haruhi nos encarou friamente, e esbravejou: "Kyon, escuta, isso não é um encontro! Seja sério, entendeu?"

"Ok então."

Será que ela podia ler meus pensamentos? De qualquer forma aquilo era ótimo! Dancei de alegria por dentro quando vi Asahina encarando o palito marcado, corando furiosamente. Oh sim!

"Estamos procurando pelo que exatamente?" - Koizumi falou sem preocupações, enquanto Nagato bebia seu chá metodicamente.

Terminando as ultimas gotas de seu café gelado, Haruhi levemente arrumou o cabelo por detrás das orelhas.

"Qualquer coisa que pareça suspeita. Qualquer coisa ou qualquer um que aparente ser estranho. Também procurem por portais que levem para dimensões diferentes e alienígenas disfarçados de humanos."

Quase me engasguei com o chá que estava bebendo. Isso era estranho, porque Asahina estava com essa mesma expressão? È claro que Nagato permanecia como sempre.

"Entendo" - disse Koizumi.

Tem certeza que entendeu, de verdade?

"Então, tudo que temos a fazer é procurar por aliens, viajantes do tempo, e espers com poderes sobrenaturais, e suas pistas deixadas na Terra. Entendi completamente" - Koizumi disse animado.

"Correto! Você é realmente uma pessoa brilhante, Koizumi! É assim mesmo como você disse! Kyon, você deveria aprender um pouco com ele!"

Pare de alimentar o ego dela! Incomodado, eu olhei para Koizumi, que apenas sorriu de volta e abanou a cabeça.

"Certo! Vamos!"

Haruhi me entregou a conta, e saiu do café.

Acho que já disse isso várias vezes, mas tenho de dizer de novo:

"Oh cara..."


“Lembre-se, isso não é um encontro! Se eu encontrar você se divertindo com ela, eu vou te matar!”. É o que Haruhi disse, enquanto saia com Koizumi e Nagato. Nos fomos para o leste e para o oeste, respectivamente. Eu ainda não sabia pelo o que estávamos procurando.

"O que deveríamos fazer?"

Asahina olhou para mim, apertando a mala com suas mãos. Eu queria voltar para casa, mas suponho que era impossível. Então, eu pensei um pouco e disse: "Não faz sentido que fiquemos parados aqui, vamos dar uma volta."

"Ok."

Asahina andou complacentemente comigo. Ela estava hesitante quando andávamos ombro a ombro. Cada vez que acidentalmente esbarrava em mim, ela recuava timidamente. Ela parecia tão inocente assim.

Nós seguimos pelo caminho na beira do rio e nos dirigimos cegamente para o norte. Se estivéssemos um mês atrás, ainda poderíamos aproveitar o florescer das cerejeiras, mas agora, era só uma caminhada comum ao lado do rio.

Era um lugar bastante popular para se andar, então havia diversas famílias e casais caminhando por lá. Se não soubessem, achariam que somos um jovem casal, não um grupo procurando por algo misterioso.

Olhando para o rio, Asahina murmurou levemente para si.

"Essa a primeira vez que dou uma caminhada como esta!"

"O que você quer dizer?"

"... assim, com um garoto, apenas nós dois..."

"Isso realmente me surpreende. Isso significa que você nunca saiu com um cara antes?"

"Não..."

Me virei para Asahina, que tinha seus cabelos flutuando levemente ao vento, e perguntei:

"Wow! Mas com certeza deve haver um monte de garotos que já se confessaram para você, não é?"

"Uhm..."

Asahina timidamente abaixou a cabeça.

"Mas não adiantaria. Eu não posso me envolver em um relacionamento com ninguém, pelo menos não agora."

Ela ficou quieta subitamente. Enquanto eu esperava por ela, três alegres casais passaram por nós.

"Kyon-kun."

Já estava contando o numero de folhas que caiam no rio quando Asahina me chamou.

Asahina me olhou desconfortavelmente, e enquanto se imbuia de coragem, ela então disse: "Eu tenho algo para te contar."

Seus olhos redondos, e como os de um cervo revelavam sua forte determinação.


Sentamos em um banco próximo a cerejeiras e por um longo tempo Asahina não falou. Ela abaixou a cabeça e resmungou, “Por onde deveria começar? Não sou boa em explicar coisas. Talvez ele não acredite em mim.”

Finalmente ela levantou seu rosto e começou a falar em um tom levemente envergonhado.

“Eu não sou desse tempo e era. Sou uma pessoa do futuro. Não posso dizer quando eu cheguei ou de qual plano temporal. De qualquer form,a não seria capaz disso, mesmo que quisesse. Entregar informação sobre o futuro para qualquer pessoa do passado é completamente proibido – e é por isso que antes de entrar na maquina do tempo tive que passar por um rígido condicionamento mental. Se eu tiver intenção de dizer algo que não deveria dizer, minha memória sobre aquela informação será bloqueada.”

Asahina tomou fôlego e continuou.

“Diferente da água fluindo em um rio, toda a teia do tempo é formada por diferentes planos bidimensionais.”

“Me perdi logo no começo.”

“Hmm, que tal isso, tente imaginar um desenho animado. Quando o assistimos vemos os personagens se movimentarem continuamente, mas o fato é que todos eles são criados em base de uma serie de imagens estáticas. Similarmente, o tempo é como isso, em uma versão digitalizada. Mas se usar uma serie de imagens estáticas talvez você me entenda melhor.”

"Entre um quadro temporal e outro, existem as chamadas fendas temporais. Elas existem, mesmo que sua freqüência seja próxima a zero; então, tecnicamente não há continuidade entre dois quadros temporais, A viajem no tempo é a tentativa de fazer um movimento tridimensional entre os planos temporais bidimensionais. Para mim que vim do futuro para esse plano temporal, é como adicionar um objeto extra, desenhado sobre uma imagem estática. Mesmo que tentasse mudar a historia nesta era, isto não afetaria o futuro, pois não há continuidade entre os quadros temporais. Tudo acaba ficando em seu devido plano. É como colocar algumas palavras em uma imagem estática entre outras milhares de imagens estáticas: a historia final acaba não sendo afetada, certo?"

"O tempo é diferente desse rio aqui: cada momento pertence a um plano temporal digitalizado próprio. Você está me acompanhando agora?"

Eu hesitei em colocar a mão na testa, mas acabei o fazendo. Plano temporal, digitalizado. Esses termos não diziam nada a mim, mas, viagens no tempo?

Asahina girou os pés sobre as sandálias e continuou.

"Deixe me contar a razão de eu ter vindo a esse plano temporal..."

Um casal jovem passou por nós naquele momento.

"Três anos atrás foi detectada a ocorrência de um imenso terremoto temporal. Hmm, deve ser mais ou menos três anos atrás, quando Suzumiya-san entrou no colégio. Nós ficamos chocados quando viajamos de volta para investigar, pois éramos incapazes de voltar mais longe do que isso no passado."

Essa historia de três anos atrás de novo?

"Chegamos a conclusão de que havia uma imensa falha temporal, mas não entendemos porque ela havia aparecido especificamente nesse quadro temporal. Apenas recentemente viemos a descobrir o motivo... Desculpa, eu digo recentemente para a era de que eu vim."

"... e qual é o motivo?"

A culpada não poderia ser ela, poderia?

"É por causa de Suzumiya-san."

Asahina disse as palavras que eu não gostaria de ouvir.

"Ela está localizada bem no centro da quarta dimensão. Por favor, não me pergunte o porquê, pois é convidencial, então eu não posso te contar. De qualquer forma, estamos certos de que Suzumiya-san foi quem bloqueou a passagem para voltar ao passado."

"... eu não acho que Haruhi seja capaz de fazer uma coisa dessas..."

"E nem eu. Honestamente, é impossível para um ser humano normal interferir com os planos temporais. Este é um mistério ainda não resolvido, e Suzumiya-san ainda não está ciente de que ela é a fonte de todas essas distorções e terremotos temporais. Eu vim para o lado de Suzumiya-san para que pudesse observar de perto quaisquer outras alterações nos planos temporais... Me desculpe, eu não pude achar palavras melhores para descrever isto, vamos dizer que eu estou a cargo do monitoramento."

"..." - estava sem palavras para responder.

"Você não acredita em mim, não é mesmo?"

"Não... certo, porque você está me contando isso tudo?"

"Por que você foi escolhido por Suzumiya-san."

Asahina virou-se e me olhou.

"Eu não posso entrar em detalhes. Mas se estou certa, você é uma pessoa muito importante para Suzumiya-san. Existe uma razão para tudo que ela faz."

"Então Nagato-san e Koizumi são..."

"Eles são parecidos comigo, mas Suzumiya-san ainda não está ciente de que foi ela que nos trouxe para o seu lado."

"Então você sabe quem eles são?"

"Isso é informação confidencial."

"O que vai acontecer se simplesmente deixarmos Haruhi sozinha?"

“Informação confidencial."

"Já que você é do futuro, então deve saber o que vai acontecer daqui em diante, certo?"

"Informação confidencial."

"..."

"Me desculpe, eu realmente não posso lhe dizer. Especialmente agora, pois não tenho o direito de fazê-lo."

Asahina disse com um olhar penoso em seu rosto.

"Não importa se você acredita em mim; Apenas gostaria que você ficasse sabendo sobre isso."

Me lembrei de ter ouvido as mesmas coisas dentro de um apartamento quieto e tedioso.

"Me desculpe."

Vendo que eu estava em silêncio, os olhos de Asahina se tornaram depressivamente vermelhos.

"Eu estou tão arrependida, de te contar isso tão subitamente."

"Não tem problema, sério..."

Primeiro foi Nagato me dizendo que era uma Interface Humanóide viva criada por aliens, agora era Asahina afirmando ser do futuro. Como eu deveria acreditar em uma coisa daquelas? Alguém me ajude!

Quando coloquei minha mão sobre o banco, acidentalmente toquei a mão de Asahina, mesmo tendo apenas encostado em seus dedos pequeninos, ela os recuou mais rápido do que um raio, e abaixou sua cabeça.

Nós silenciosamente observamos o rio.

E o tempo passou.

"Informação confidencial."

"Asahina-san."

"Sim...?"

"Posso fingir que essa conversa nunca aconteceu? Se acredito em você ou não é uma questão que devo deixar de lado agora."

"Ok."

Um sorriso surgiu no seu rosto. E era um sorriso muito bonito.

"Da maneira que as coisas estão, essa é a melhor solução. Por favor me trate como sempre tratou. Eu conto com você."

Após dizer isso, Asahina se curvou profundamente em minha direção. Ei, não precisa ir tão longe!

"Posso perguntar uma coisa?"

"O que?"

"Por favor me diga sua idade real."

"Informação confidencial."

Asahina sorriu de maneira travessa.


Mais tarde, nós demos uma volta pelas ruas. Deixei de lado as exigências de Haruhi em não sair em um encontro, eu nunca tive a intenção de segui-las. Nós fomos olhar as vitrines das lojas no shopping, alegremente tomamos sorvete, e demos uma olhada nas barracas de presentes pelas ruas... Coisas típicas de um casal para matar tempo. Seria perfeito se apenas pudéssemos andar de mãos dadas...

Neste momento meu telefone toca: era Haruhi.

"Nos encontraremos ao meio dia, na estação aonde nos encontramos essa manhã."

Ela desligou após dizer isso. Olhei para o meu relógio, já era onze e cinqüenta. Nunca que iríamos chegar a tempo!


"Era Suzumiya-san? O que ela disse?"

"Ela disse que era para nos encontramos ao meio dia, então é melhor correr!"

Segurei a mão de Asahina, sabendo que não teríamos chances de chegar a tempo se não corrêssemos, então partimos em direção a estação. Que reação Haruhi teria se nos visse correndo assim? Eu penso. Acho que ela ficaria louca.

"Então, algum resultado?" - Haruhi nos questionou assim que chegamos.

Estávamos dez minutos atrasados, e essa foi a primeira coisa que ela nos disse assim que chegamos. Ela parecia estar bastante irritada.

"Encontraram algo?"

"Nada."

"Vocês ao menos procuraram? Não ficaram só flauteando por ai, ficaram? E então Mikuru-chan?"

Asahina balançou a cabeça.

"E o que vocês acharam?"


Haruhi ficou silenciosa. Koizumi, detrás dela coçou a cabeça, enquanto Nagato estava sem movimentos.

Depois de momentos em que ninguém dizia nada Haruhi quase urrou: "Vamos almoçar primeiro, depois a gente continua."

Você ainda quer continuar!?


Assim que almoçamos em uma lanchonete, Haruhi nos disse que era hora de fazer um novo sorteio e pegou alguns palitos de dente extras que ela furtara do café logo pela manhã. Ela estava realmente bem preparada!

Koizumi rapidamente pegou um dos palitos.

“Novamente não está marcado.”

Que dentes brancos! Eu tenho a impressão de que este cara está sempre sorrindo!

“Assim como o meu.”

Asahina mostrou o palito que ela acabara de pegar.

“E você Kyon-kun?”

“Infelizmente, o meu é marcado.”

Haruhi parecia ficar cada vez mais temperamental e avançou sobre Nagato para que ela pegasse seu palito.

No final, Nagato e eu estávamos juntos, enquanto os outros três estavam no outro grupo.

“...”

Haruhi encarou o palito não marcado, como se olhasse para quem matou seus pais, ela se virou para mim e para Nagato que estava ocupada comento seu cheesburguer, e esbravejou.

Porque você está tão brava?

“Encontre a gente em frente a estação as quatro. È melhor que ache algo até lá!”

Ela terminou sua bebida em um só gole, após dizer isso.


Assim fomos mandados para o norte e para o sul. Nós ficamos encarregados do lado sul. Antes de nos separarmos, Asahina acenou com uma de suas pequenas mãos para mim. Aquilo me fez sentir tão quente!

Agora estávamos apenas eu e Nagato. Parados tristemente em frente do ponto de ônibus.


“O que devemos fazer?”

“...” - Nagato não disse nada.

“... vamos.”

Eu avancei, e encontrei-a começando a me seguir. Acho que eu estava me acostumando a andar com ela agora.

“Nagato, sobre o que você me disse outro dia...”

“O que?”

“Estou começando a acreditar um pouco naquilo.”

“É isso?”

“É.”

“...”

Então, debaixo daquela atmosfera vazia andamos silenciosamente em torno da estação.

“Você não tem nenhuma roupa casual?”

“...”

“O que você faz nos feriados?”

“...”

“Você está feliz agora?”

“...”


Assim foi nossa conversa naquele dia.

Não havia sentido em andar por ai sem rumo, então levei Nagato para uma nova biblioteca a beira mar que foi construída ao mesmo tempo em que as autoridades preparavam a terra para a estação. Eu nunca havia estado lá dentro, pois raramente emprestava livros. De qualquer forma, achei que poderia descansar um pouco assim que entramos lá dentro, apenas para descobrir que todos os lugares estavam ocupados. Essas pessoas provavelmente não tinham mais aonde ir em seu tempo livre. Eu observava a biblioteca ao meu redor, aparentando estar um pouco perdido, enquanto isso Nagato já havia avançado sobre as prateleiras como se estivesse sonambulando. Deixe-a fazer o que gosta!

Eu costumava ler frequentemente. Enquanto estava no primário, minha mãe comprava livros ilustrados da seção infantil para eu ler. Havia todos os tipo de livros, mas eu conseguia me lembrar que todos que eu lia eram um bocado interessantes. De qualquer maneira, eu não conseguia me lembrar mais do nome de nenhum deles. Quando será que eu parei de ler? Quando ler começou a se tornar chato para mim?

Aleatoriamente, peguei um livro da estante e folheei rapidamente por algumas páginas, antes de colocá-lo de volta e pegar outro. Demoraria uma eternidade para achar um livro interessante em um mar de outros livros, isso se eu não procurasse. Pensando assim, vaguei sem rumo por entre as prateleiras.

Assim que fui procurar Nagato, encontrei-a lendo em frente a uma estante de livros grossos e de capa dura. Ela realmente devia amar livros de capa dura!

Finalmente, após ver um homem que lia seu jornal levantando-se de sua cadeira, eu fui até lá e me sentei, carregando uma 'novel' [2] randomicamente escolhida. Era impossível tentar ler um livro que nunca pretendera ter lido. Momentos depois, me encontrei sonolento, e acabei adormecendo. 2-[Nota do tradutor: Light novel é o termo usado para designar livros cujos textos são acompanhados por ilustrações no estilo mangá/anime, normalmente tendo como público alvo adolescentes e adultos jovens. Exemplos dele são Suzumiya Haruhi, Shakugan no Shana e Zero no Tsukaima].

Então, repentinamente o meu bolso de trás vibrou.

“WHOA!?”

Eu saltei assustado. Quando vi todos olhando para mim, me lembrei que estava em uma biblioteca. Limpei a baba do meu rosto e corri para fora, atendendo a ligação no meu celular, que estava no modo de vibração.

“Seu idiota! O que você está fazendo!?”

Um som ensurdecedor rugiu através do meu ouvido. Graças a isso despertei de minha sonolência.

“Você sabe que horas são?”

“Desculpe, eu acabei de acordar!”

“O que!? Seu imbecil!”

Você é a pessoa menos qualificada para me chamar de imbecil!

Olhei para meu relógio e já era quatro e meia. Ela disse para nos encontrarmos as quatro!

“Venham pra cá agora! Te dou trinta segundos!”

Pare de ordenar coisas impossíveis de serem cumpridas!

Após Haruhi indelicadamente desligar na minha cara, eu botei o telefone de volta no meu bolso e voltei à biblioteca. Aonde encontrei Nagato ainda parada lá, lendo o que parecia ser uma grossa enciclopédia.

O seguinte foi um pouco complicado. Tomou-me um bom tempo tentando mover Nagato – que parecia ter se enraizado naquele local – então tivemos que ir até o guichê para preencher um formulário para alugar o livro. Durante todo aquele tempo eu ignorei todas as chamadas de Haruhi.

Quando voltamos à estação, com Nagato carregando um pesado livro de filosofia como um tesouro conhecido, escrito por um autor estrangeiro cujo nome era muito difícil de se pronunciar, as três pessoas que nos esperavam tiveram três reações diferentes. Asahina, aparentando exaustão, sorriu com um suspiro de alivio; Koizumi levantou seus ombros como um idiota; enquanto Haruhi gritava como se tivesse tomado um prato de sopa fria.

“Você está atrasado; pague a conta!”

Vou ter que agradar vocês de novo?


Finalmente, acabamos nossa atividade ao ar livre, após gastar todo nosso tempo e o meu dinheiro.

“Estou tão cansada! Suzumiya-san anda tão rápido que tive que me esforçar muito para acompanhá-la.” - Asahina me falou assim que fomos embora, e murmurou no meu ouvido - “Obrigada por ouvir o que tinha a dizer hoje.”. Após isso ela abaixou a cabeça e sorriu timidamente.

Será que todas as pessoas do futuro sorriem tão elegantemente?

“Então, até mais!” Asahina acenou e foi embora. Koizumi deu um tapa leve em meu ombro e disse: “Foi divertido hoje! Como posso dizer? Suzumiya-san é realmente uma pessoa interessante. É uma pena que não pude estar com você hoje, talvez na próxima vez.”

Após Koizumi partir com seu sorriso irritante, descobri que Nagato já havia ido embora.

Sobrara apenas Haruhi olhando para mim.

“O que você esteve fazendo hoje o dia todo?”

“Hmm, o que eu estava fazendo hoje?”

“Você não vai ir embora assim!”

Ela parecia estar realmente furiosa.

“Ah é, e você? Achou alguma coisa interessante?”

Haruhi mordeu os lábios sem dizer nada. Se não a parasse ela iria morder até seus lábios até eles sangrarem.

“Bem, eles não são tão descuidados a ponto de deixar você descobri-los em apenas um dia.”

Vendo-me tentar melhorar seu humor, Haruhi afastou seus olhos rapidamente.

“Vamos ter uma reunião amanhã, na escola.”

Haruhi se virou e andou até a multidão, sem olhar para trás.

Com a sensação de poder finalmente ir para casa, eu retornei ao banco, apenas para descobrir que minha bicicleta havia sumido, sendo substituída por uma placa no poste dizendo: “Sua bicicleta foi guinchada como resultado por estacionamento ilegal.”



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