Toaru Majutsu no Index ~Brazilian Portuguese~:Volume GT12 Capitulo3
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Capítulo 3: Um Mundo Pior Que a Morte – Soul_Hazard.
1
Ele finalmente estava vivo novamente.
Alice Anotherbible havia o convencido.
“Sensei.”
A garota de cabelo loiro e olhos azuis se recusava a soltá-lo. Ela estava agarrada a ele com um grande sorriso. Ela se escorava nele como um cachorro grande e mal treinado.
Sentir o calor humano e falar com alguém era tão maravilhoso.
(E agora que eu me acalmei um pouco, essa é uma roupa e tanto, Alice.)
Ela estava, afinal, em seu modo adulto.
Ela estava muito mais alta do que quando ele havia a conhecido. E seus peitos e sua bunda também estavam no modo adulto, muito bem, obrigado.
Essa Alice maior o incomodava.
Cada parte individual era definitivamente Alice Anotherbible. Mas ela tinha um rosto adulto. Ela parecia uma vizinha que estava na faculdade. E no espectro de mulheres jovens, ela tava mais no lado sexy da Oriana do que no lado gentil da Orsola. Aquela líder doce, mas inacessível, caminhava ao seu lado “vestida” apenas com cintos pretos amarrados de maneira complexa ao redor de seu corpo nu. No meio da rua. Não era normal.
Quando ele a viu pela última vez, ele estava acabado, tinha perdido muito sangue e estava esperando pela morte, então ele não pode focar nesse detalhe em particular. Agora ele podia.
Umm.
Será que um adolescente deveria estar vendo isso tão de perto?
Kamijou Touma olhou para o nada.
“Bem, isso realmente tá começando a parecer pecaminoso...”
“De que jeito?”
Seu coração estava disparado por ver a mesma pessoa que havia o matado, então talvez realmente fosse o fim para ele. Ele não podia mais caçoar do Azulão.
Mas ele decidiu adiar pensar sobre isso.
Por hora, eles não podia simplesmente ficar naquele beco.
Bio Secure, né? Aquele grupo ainda estava atrás dele. E mesmo sem isso, não era uma boa ideia ficar na chuva fria de janeiro por muito tempo.
E também...
“Hm, Alice? Será que você pode parar?”
“?”
Ela parecia confusa.
Com seus braços em volta do pescoço dele e sua bochecha aninhada contra ele.
Porque, como ela o fez perceber nos últimos minutos, ela parecia uma mulher branca, loira e com bastantes curvas agora. E ela estava na rua vestindo apenas cintos de couro pretos para cobrir sua nudez. Sendo franco, ela não estava vestida apropriadamente para estar em público.
Ficar com ela toda agarrada nele assim era um problema.
Não pergunte o porque! O fato de ele ser um garoto é explicação o suficiente!!
“Sensei, você acha que tem algo errado com as roupas da garota?”
“Uh, sim.”
“Então a garota vai tirar elas.”
“Pelada não! Não aqui fora!!”
Apenas depois de dizer que ele percebeu que isso significava que estaria tudo bem se eles estivessem “dentro”. Ah, não. E seus olhos estavam brilhando agora. Talvez ele tenha ensinado a lição errada.
“Quer dizer que a garota precisa de roupas novas?”
“Eu não tenho dinheiro.”
“Tah dah!! Você tá com sorte, sensei, por que esta garota achou isso!”
“M-mas que-!?”
A garota com curvas anormais estava sorrindo.
Enquanto mostrava algo em suas mãos.
“Hmm, tá escrito conjunto da Empregada Erótica Anjo Caído? Japonês é tão difícil de ler quando é uma combinação de katakana, kanji, alfabeto e kaomoji[1].”
“A garota chamada Alice nunca deve vestir isso!! ...Mas espera. Isso é estranho. A Empregada Erótica Anjo Caído seria menos reveladora?”
“???”
Ela era tão pura quanto o possível.
Mesmo que sua altura e o tamanho de seus peitos estivessem na categoria de veterana.
Você não sabe o tipo de pessoa horrível que o Kamijou-san é, Alice?
“Eu agradeceria, mas é embaraçoso, erh, ter você me abraçando enquanto você tá tão grande.”
“Hm? Então a garota pode encolher.”
“Pera, não, isso é assustador! Não me abraça com a casca vazia ainda parcialmente presa!!”
A jovem sensual se abriu ao meio e a pequena Alice dos contos de fadas surgiu. Com um sorriso. O resultado final parecia um centauro!! E o que era toda essa gosma grudenta!?
2
Elas haviam visto.
Misaka Mikoto e Shokuhou Misaki claramente haviam presenciado aquele momento.
Aquela figura havia rastejado pra fora da espessa porta de metal da câmara de cremação e então corrido pra a saída do crematório.
O que foi aquilo!?
“P-pera.”
Shokuhou nas roupas de luto tensamente sorriu enquanto beliscava e puxava sua própria bochecha.
“I-isso tudo não é um sonho ruim, é?”
“Que tipo de reação antiquada é essa, Shokuhou? Sua idade real tá aparecend- wah!”
A rainha, que era especialista em controlar mentes mas não tinha sorte na hora de psicanalisar Misaka Mikoto, estendeu sua mão e cutucou a bochecha direita de Mikoto.
“Vê também, Misaka-san. Com essa bochecha fofa.”
“...”
“Ai, ai, ai, aiiiiii, isso é o meu peito! Não usa essa garra de ferro nele! Meu peito vai rasgaaaaaaaaaaaaaaaar!!!”
Misaka Mikoto estava ocupada agarrando, em silêncio, aquele pedaço de gordura com uma mão e puxando ele pra fazer um teste de durabilidade, mas isso não a ajudou a acordar do sonho e obliterar este mundo.
“Você tá exagerando. Ele não vai rasgar por causa de uma coisinha como essa.”
“Mas, hm, Misaka-san, então o que é esse som que eu tô ouvindo?”
“Idiota. Isso é só o colar de pérolas quebrando, não é grande coisa.”
“Nããão, essa roupa é alugadaaaaaaaaaa!!!”
Shokuhou tinha uma aura de “não está passando necessidade”, mas Mikoto sabia que danificar roupas alugadas significava perder uma “confiança” que não podia ser comprada.
E também, parece que a Rainha Shokuhou mostra um sorriso tenso e cheio de lágrimas quando é verdadeiramente empurrada até o limite. Essa é a lição do dia, pessoal!!
“De qualquer forma...” disse Mikoto (que havia comprado sua roupa de luto e não podia devolvê-la já que o brasão de sua família estava nela).
Shokuhou tinha um ponto.
Ela havia notado algo de errado.
Quando ela havia tocado no rosto de Kamijou Touma através da janela do caixão.
Ela havia esperado que ela estivesse seca. Afinal, havia se passado um dia inteiro desde a sua morte.
Mas ao invés disso...a pele dele estava estranhamente úmida???
(Mas sua morte foi confirmada. E já faz algum tempo, muito além do ponto onde dá pra se reviver alguém com RCP.)
“Se não estamos sonhando, o que acabou de acontecer?”
“T-talvez esteja tão frio que estamos vendo coisas?”
“Isso só se aplicaria a você, sua estúpida rainha exibicionista,” Mikoto grunhiu com uma mão na testa.
Isso não parecia um sonho artificial. ...Infelizmente, a tecnologia da Cidade Acadêmica podia criar uma versão científica de “foi tudo um sonho”, mas esse não era o caso.
Um funcionário do crematório suspirou suavemente enquanto enxugava o suor de seu rosto com um guardanapo.
Ele transpirava ansiedade e frustração.
“Q-qual o problema desse pessoal da Bio Secure?”
“(Misaka-san, já ouviu falar deles?)”
“(Nem.)”
Bio Secure.
Eles provavelmente funcionavam como uma defesa contra ameaças nucleares, biológicas e químicas. O grupo nos trajes motorizados extremamente grossos se destacava. O monge de meio-período que havia aprimorado suas técnicas de música clássica e conversação teve o clima de sua cerimônia inteiramente destruído.
A maioria dos trajes motorizados havia saído.
Eles pareciam principalmente interessados em Kamijou Touma.
Dito isso, eles também não estavam ignorando o crematório.
Os trabalhadores do crematório e os alunos do ensino médio pareciam desesperados para tentar acompanhar a situação que mudava rapidamente, mas eles não poderiam se comportar assim se entendessem a situação corretamente. A ameaça de morte era grande.
“Kihara.“
“Eu nunca ouvi falar de nenhuma Goukei.”
Eles haviam dito que a chefe deles havia chegado. Se a Bio Secure estava operando com um membro da Família Kihara no comando, Mikoto duvidava seriamente que eles eram uma organização honesta.
“P-p-perdão. Q-quando vamos poder sair daqui?”
“A gente pode ligar pra alguém? Eu queria pedir uma pizza.”
Os colegas de classe de Kamijou Touma não haviam feito nada de errado. Mas eles provavelmente não entendiam o peso do nome Kihara. Eles não estariam reclamando descuidadamente pros trajes motorizados se entendessem. É claro, se eles conseguirem se manter ignorantes, seria melhor assim, mas isso não era uma opção para a Nº 3 e a Nº 5.
“Como é que aquele idiota continua envolvendo a gente nesse tipo de coisa mesmo depois de morto?”
“Não vamos assumir que essa Kihara figurona sabe o que tá acontecendo de verdade.”
Qualquer que fosse o caso, elas não podiam ficar ali.
A pergunta era se aqueles trajes motorizados as deixariam sair.
Uma mulher parada na frente do grupo de trajes motorizados era a única sem um traje.
Ela vestia um jaleco branco sobre uma blusa branca simples e uma saia justa. E ela usava uma meia-calça branca. Entretanto, a imagem geral dela estava desequilibrada pelo chapéu cobrindo seu cabelo e a grande máscara que ela usava. Ela na verdade parecia uma dentista...
“Chefe Kihara Goukei,” sussurrou um dos trajes.
Enquanto olhava para Mikoto e os outros.
“Temos duas irregularidades. Se a checagem do Bank estiver correta, aquelas são a Nº 3 e a Nº 5. Mas eu não sei o que elas estão fazendo aqui.”
Mikoto e Shokuhou tremeram numa reação silenciosa.
A mulher realmente era a Kihara.
Por que um monstro como aquele faria uma aparição agora?
Mikoto não estava nem disposta a fazer contato visual com Shokuhou. Desviar o olhar por tanto tempo assim a assustava. No pior dos casos, ela teria que lançar um ataque preventivo sozinha.
Esses eram seus pensamentos.
Então a mulher olhou para elas.
Uma voz gentil se aproximou delas por trás da grande máscara de dentista.
“Eu sou Kihara Goukei, mademoiselles. Mas sintam-se livres para me chamar de Madame Gou.”
Mikoto pensou que fosse desmaiar por um momento.
O funcionário do crematório devia saber disso, pois ele apenas desviou os olhos em silêncio.
(Francês?)
Que diabos?
Ela podia ter sido apenas peituda e atraente, mas ela tinha que tornar as coisas estranhas, né!?
Enquanto isso, um traje motorizado se aproximou.
“Chefe Kihara Goukei.”
“Oui, oui. Eu presumo que é o dono da instalação? Então permitam que nós, adultos, conversemos.”
Com um suspiro exagerado, a mulher chamada Kihara Goukei se virou para falar com o funcionário, acompanhada de trajes motorizados.
Seus olhos estavam sorrindo.
“Primeiro, eu devo perguntar. Você alega estar no comando aqui, oui?”
“Isso só pode ser brincadeira!! Eu não sei como manejar um corpo infectado com sabe-se lá o que. O crematório não está ameaçado, está? Se precisamos fazer qualquer coisa para descontaminar, é só me dizer. Eu não posso perder meu local de trabalho!!”
“Então você está transferindo a autoridade para mim. Você pode deixar tudo com a Madame Kihara Goukei☆”
Mikoto se sentiu besta por se preparar para uma luta após ouvir que isso era uma Kihara.
Entretanto...
“M-mas, Kihara-san. Por que, hm, vocês acreditaram tão rápido que um corpo havia se levantado?”
“Ora, vamos, monsieur. Não precisa ficar nervoso falando comigo. Vamos dizer que isso não é totalmente fora de questão aqui na Cidade Acadêmica. No passado, eu já vi um enxame de formigas transformarem um humano num formigueiro com o formato humano intacto, e um líquido transparente e móvel que pode cobrir um cadáver e então se esticar e contrair em resposta às frequências específicas.”
Mas que diabos?
Mikoto nunca havia ouvido falar dessas coisas.
Ela não podia imaginar de onde aquela tecnologia vinha ou pra que tipo de perversidade elas haviam sido usadas.
“Nós temos que recuperar o spécimen para que possamos inspecioná-lo e determinar o que fez com que o corpo se levantasse. Controlar os mortos não é uma technologie tão incomum. Eu devo ser capaz de explicar assim que abrir o corpo e dar uma espiadinha dentro. E assim que determinar de onde a technologie veio, eu irei encontrar o vilão responsável.”
(E-eu não gosto do jeito que ela tá dizendo isso, mas me assusta que o que ela tá dizendo faz muito sentido!!)
Mikoto se arrepiou e quase gritou.
Ela não podia deixar que a aparência fraca a enganasse.
Uma Kihara ainda era uma Kihara.
Enquanto isso, a atenção de Shokuhou em roupas de luto havia mudado para sua pequena bolsa. Especificamente, para um controle de TV nela.
“Matar a moi não vai adiantar de nada.”
Kihara Goukei sussurrou detrás de sua máscara antes mesmo que Shokuhou pudesse pegá-lo.
Ela podia ter encontrado familiares que se assustaram com o tratamento dado ao falecido.
Vilões puros eram maus, mas pessoas boas em pânico podiam ser aterrorizantes também.
“A violência da Bio Secure é baseada num fluxograma para que ela possa continuar a funcionar não importa quem esteja infectado. Então, minha própria mort não vai impedir a equipe de agir.”
Por um lado, um cadáver se levantou e saiu andando sozinho.
Isso havia mesmo acontecido?
Mikoto havia visto e até mesmo ela achava difícil de acreditar.
Então...
“Shokuhou, você tem feito algum treino estranho enquanto eu não estava olhando? Sério, eu tô chocada que você de todas as pessoas aprendeu a importância do trabalho duro diário. Eu nunca imaginei que o dia em que o seu Mental Out alcançaria o meu cérebro chegaria.”
“Você poderia não me usar para fortalecer seu escapismo não científico!? Eu vi ele se levantar também! O que diabos tá acontecendo!?”
Shokuhou devia estar realmente em pânico, pois se agarrou em Mikoto com os olhos cheios de lágrimas. A rainha realmente havia perdido a razão se estava confiando na mesma pessoa que acabara de agarrar seu peito sem permissão.
(Hm.)
Ainda no quimono preto que não combinava nada com uma garota de 14 anos, Misaka Mikoto cruzou os braços e olhou para o teto. Quando ela se irritava vestida assim, ela parecia mais com uma esposa de um chefe da yakuza do que com uma participante de um funeral.
Algumas opções vieram à sua mente.
E a mais provável era...
“O corpo estava num estado de animação suspensa, o corpo foi trocado por um sósia vivo, ou os relatórios de sua morte eram fake news. Essas são provavelmente as únicas explicações que são física e realisticamente possíveis.”
“Você sabe que todas essas são forçadas, né!? Você viu o quão morto ele estava antes do funeral. Isso corta a animação suspensa e o sósia. Mas qualquer que seja o caso, os adultos vão fazer algo terrível com ele se não o pegarmos primeiro!!”
Depois de gritarem uma com a outra (como boas amigas?), Mikoto entrou em silêncio repentinamente.
Se eles o encontrassem...o que aconteceria a seguir?
Eles o enfiariam de volta no caixão, fechariam a tampa, o empurrariam na câmara de cremação, o queimariam e então viveriam felizes para sempre?
Parecia que, de alguma forma, isso era ignorar a mensagem.
Se ele tinha se levantado, por que não deixar ele assim? Por que não o deixar escapar?
Então, Kihara Goukei bateu palmas como se estivesse sinalizando uma mudança.
“Agora, pessoal. É hora de começarmos nossa busca pelo cadavre. Não há necessidades de complicar as coisas. Não precisamos resolver nenhum mystère complicado no mundo real. Se o pegarmos e fizermos uma autópsia, a vérité será revelada.”
“Kh.”
O corpo de Mikoto aparentemente se moveu sozinho.
Ela tinha um único alvo.
Não importava que ela estivesse vestindo um quimono. Ela apareceu atrás de Kihara Goukei tão rápido quanto um raio e colocou um braço em volta de seu pescoço.
Por algum motivo, a resposta chocada não veio de Kihara Goukei, mas de Shokuhou Misaki.
“Misaka-san, o que você tá fazendo!?”
“Eu não sei. Eu só sei que não posso os deixar fazerem uma autópsia nele sem questionar.”
E por que você não tá usando o Mental Out, Nº 5!? Não se segure por medo!!
Enquanto isso, Kihara Goukei estava completamente despreocupada.
Ela estava sendo estrangulada pelas costas, mas estava sorrindo.
“Oh, um étranglement? Eu desisto, eu desisto.”
“Cê sabe que eu sou a Nº 3 da Cidade Acadêmica, né? Se eu produzir um bilhão de volts assim, eu vou fritar seu precioso cérebro da Família Kihara. Quer ver como é ter uma inteligência padrão?”
“Agora, isso seria um destino pior que a mort.”
Kihara Goukei havia sido chamada de “chefe”. Os trajes motorizados seguiam suas ordens. Não importava o que ela dissesse, tê-la como refém devia prevenir que o Bio Secure como um todo agisse.
A mulher que falava francês sorriu.
“Certo, apenas sigam o fluxograma☆”
Mikoto ouviu um som abafado de algo se rasgando.
Mesmo que fosse esquisito, isso a lembrou de quando ela mordia uma língua de boi grossa numa refeição.
E isso não era inteiramente incorreto.
A grande máscara estava tingida de vermelho. Sangue vermelho e espesso parecia estar escorrendo da boca de Kihara Goukei. Muito sangue.
“Droga!! Por que você morderia a própria língua!?”
“Gwark, gwark, gwark.”
A mulher tentou dizer algo com um sorriso, mas não dava pra entender.
E sem hesitar?
Isso era a forma extrema de uma fracote.
A verdadeira batalha começou quando ela já havia perdido. Ela sair do campo de batalha foi um simples gatilho.
Kihara Goukei. Mikoto havia encontrado com alguns membros da Família Kihara antes, mas essa mulher parecia ser irritante de uma forma diferente dos outros.
Mikoto imediatamente arrancou a máscara e enfiou uma toalha em sua boca, mas ela não tinha certeza de como tratar uma pessoa que havia mordido a língua. Um dos participantes do funeral parecia ser uma enfermeira escolar, então ela não tinha escolha senão deixar a mulher em seus cuidados.
(Ah, Deus!! Ela cortou os freios da organização bem na minha frente! Eu devia ter eletrocutado ela antes que ela pudesse dizer qualquer coisa!!)
Naquele momento, Shokuhou, cujo vestido preto fazia parecer uma bruxa má, sussurrou algo. Com sua cabeça baixa.
“Tá chovendo lá fora.”
“E o que é que isso tem a ver com-”
“Eu não sei exatamente quanto tempo faz que ele morreu, mas e se ele se molhar? Ele não vai apodrecer?”
“...”
“...”
As duas ficaram em silêncio.
E então, as duas correram para a saída.
Elas não tinham ideia da condição em que Kamijou Touma se encontrava agora. Mas se elas não o capturassem logo e o jogassem numa secadora de corpo inteiro, ou algo do tipo, ele definitivamente se tornaria uma massa horrível e sangrenta!!
3
O efeito Doppler distorceu uma sirene que passava.
Um veículo especial da Anti-Skill deve ter passado numa rua principal ali perto.
“Kh.”
Kamijou pulou pois estava vestido da cabeça aos pés com roupas brancas de enterro. Elas eram mais semelhantes à roupões de banho do que quimonos.
Aparentemente, ele era um fugitivo. Ele realmente tinha voltado à vida, então por que ele tinha que evitar as estradas e ficar com os becos? Ele não fazia ideia do que aconteceria com ele se ele fosse pego.
(D-d-d-droga, Kingsford! Tá, você cumpriu sua promessa de me tirar do inferno, mas não tinha como você ter feito mais do que o mínimo lá!? É claro que todo mundo vai entrar em pânico se um cadáver se levantar de repente depois de mais de um dia morto!!!)
A chuva de janeiro era outro problema.
Ele podia senti-la encharcando suas roupas, penetrando sua pele e roubando o calor de seu corpo. E ainda assim seus sentimentos não ficaram nublados. Era incomum que estar “congelando até os ossos” fosse mais literal do que figurativo.
Ignorando os dados científicos, ele tinha certeza que neve teria sido melhor do que isso.
“Alice, você tá bem?”
“Hm, hm♪ A garota está ótima contanto que esteja com você, sensei☆”
Sua respiração estava branca e seu corpo estava tremendo, mas a pequena Alice estava sorrindo na mesma chuva. Mesmo que seu vestido de conto de fadas tivesse mangas curtas. Ela se segurava ao braço de Kamijou pelo lado e se recusava a soltá-lo.
Ela estava toda melosa e cheia de abraços.
Mas parando pra pensar, a Súcubo de Bolonha também era uma Transcendente, mas quando ela foi ferida em Shibuya no fim do ano, ela não havia sofrido e tremido de frio?
Talvez essa fosse outra área de Alice Anotherbible que fosse incomum.
“?”
Alice inclinou sua cabeça com um sorriso cheio e uma risadinha “eh heh heh”.
A garotinha podia estar bem, mas ela estava tão encharcada que Kamijou estava preocupado em vê-la assim.
...Ele se via mais confortável com essa versão pequena dela, talvez por que ele estivesse mais acostumado com ela assim. E ele ainda não iria querer ela andando pelas ruas naquela roupa de couro preto.
Kamijou estava em roupas de enterro e Alice vestia um combo de avental e vestido tirados diretamente de um livro de histórias. Além disso, ambos estavam encharcados e sem um guarda-chuva. Kamijou estava descalço. A constituição desse país garantia muitos tipos de liberdades. Ele sabia disso, mas ele também tinha certeza de que se vestir assim em qualquer lugar além de Shibuya num dia além do Halloween faria com que as autoridades o levassem preso. E não do tipo “por que você não vem falar conosco” – do tipo que envolve algemas.
“D-d-d-de qualquer forma, eu gostaria de chegar a algum lugar quente.”
“Você tá com frio, sensei? Essa garota pode te aquecer!”
“Alice, a gente não chegou ao ponto de ‘presos numa montanha de neve’ ainda!!”
Ele queria tempo para pensar.
Ele queria relaxar e descansar num lugar quente, mas ele sabia que seria expulso por violar o código de vestimenta se tentasse ir à uma loja de conveniência ou à uma cafeteria estando tão molhado e vestido desse jeito estranho.
Os escritórios do tamanho de cabines telefônicas estariam vazios, mas ele não achava que eles tinham sistema de aquecimento próprio. Ele podia entrar facilmente, mas ele congelaria até a morte indo até eles em janeiro enquanto ensopado.
Kamijou Touma suspirou.
O suspiro saiu branco.
A pequena Alice comeu seu hálito de maneira inocente.
Tudo podia parecer uma piada, mas ele estava numa situação razoavelmente séria.
Ele tinha que tomar uma decisão.
“Eu acho que o único lugar que restou é o meu dormitório.”
4
Enquanto a fria chuva caía, eletricidade estalou no espaço entre dois prédios.
Simplesmente adicionar chuva fria era o suficiente para mudar grandiosamente a natureza deste ataque. Ao invés de atingir um único ponto, ele cobria uma área inteira.
“Distrito 7?” Mikoto em roupas de luto olhou ao redor com ceticismo. “Tem mais desses caras da Bio Secure aqui. Quer dizer que aquele idiota tá se escondendo aqui?”
Se o cadáver(?) dele realmente estivesse correndo por aí, o que ela queria fazer?
Ela ainda não havia encontrado uma resposta para isso.
Mas ao menos ela sabia que não podia deixar as forças especiais da marca Kihara capturá-lo, cortá-lo e então incinerá-lo.
Esta era uma cidade da ciência, mas ainda existiam padrões para se dizer adeus à alguém.
Enquanto isso...
“Brrrr, tá tão frio, brrrr.”
“Por que você é tão sensível ao frio se tem tanta gordura subcutânea?”
“Porque toda a minha gordura se reuniu gloriosamente em meus peitos.”
“(Aquelas máquina de vendas ali vende dashi sob a marca de um restaurante famoso por apenas usar ingredientes naturais, mas eu posso esperar pra contar isso pra ela depois.)”
“☆☆☆Misaaaaka-saaan☆☆☆”
“Bfh!? Não se agarra em mim enquanto baba com corações nos olhos!! Você foi possuída por uma súcubo!?”
“Ahh...”
Shokuhou se recuperou após segurar seu celular na frente da máquina de vendas e pressionar a lata quente contra sua bochecha. Ela então a segurou com as duas mãos e deu pequenos goles.
E mesmo que aquela rainha idiota se preocupasse com ingredientes, parecia que ela não se importava em beber de latas e garrafas de plástico industriais. Aquela obsessão dela podia ser um simples placebo. Ela era uma idiota, afinal.
A cabeça de Mikoto se moveu para cima.
Não houve aviso.
Ela podia sentir até mesmo as menores mudanças elétricas e magnéticas. E um traje motorizado era um pedaço de equipamento eletrônico pesando mais de 300kg. Não tinha como prevenir o vazamento de eletromagnetismo invisível.
“Aqui vêm eles. Tá na hora da segunda onda.”
“Estamos no caminho certo, eu presumo?”
Sons de destruição soaram alto.
Um traje da Bio Secure partiu a parede de metal erguida numa área de construção e Mikoto arremessou uma lança de raios para atravessá-lo.
Então elas foram forçadas a correr pela cidade chuvosa.
Não havia necessidade para Shokuhou ler qualquer pensamento residual com o Mental Out.
O dano a algumas dessas áreas de construção era óbvio. Isso seria por causa dos trajes atacando, não Kamijou. Era só seguir a destruição e elas o alcançariam.
Mas tinha outro problema.
Elas ouviram um som de “gashunk!!” metálico abafado.
“Tch!! Parece que os trajes da Bio Secure também tão levando isso a sério!”
“Minha nossa, eles devem nos ver como candidatas à infectadas.”
Candidatas.
Isso significava que apenas havia uma possibilidade.
E isso era presumir que algum agente infeccioso estranho existia.
Ver um corpo se levantar não era o suficiente para aceitar imediatamente a existência de um vírus zumbi. E mesmo que ele existisse, nada indicava que ele era altamente infeccioso.
Mikoto não seria morta por causa de “talvez” e “possivelmente”.
Ela possivelmente era capaz de perfurar aqueles trajes da Bio Secure com uma Railgun disparada três vezes a velocidade do som.
Mas se ela fizesse isso com todos, ela se cansaria rápido.
Ela queria evitar ficar sem energia e desmaiar antes de conseguir encontrar Kamijou Touma.
Então ela queria despistar o máximo deles possível a pé, mas...
“Anda logo, Shokuhou!! Mesmo que os saltos sejam baixos, esses calçados só tão te atrasando!! Tira eles logo!!”
“Arf, guh. M-meu vestido tá molhado de chuva e encharcou tanto que o véu tá dificultando a respiração... Gbh, por que eu fui escolher essas roupas de luto tão sensuais?”
Ainda assim, como aquele vestido foi estruturado se ela tava perdendo para Mikoto, cujo quimono era como um único tubo?
Enquanto a Nº 5 buscava ar, os dedos grossos de um traje motorizado se aproximaram dela por trás. Provavelmente atrás de seu longo cabelo loiro.
Eles estavam tentando se livrar da mais lenta primeiro?
(Eu podia abandonar ela aqui, mas ela ainda vai ser útil.)
Mikoto agarrou magneticamente uma espessa viga de aço de uma área de construção ali perto e arremessou-a diretamente no pesado traje motorizado para derrubá-lo. Era bem parecido com aquelas estacas que usavam para bater nos sinos gigantes em templos budistas.
“Heh...heh heh. Então você finalmente admite, Misaka-san? Você finalmente admite que precisa de mim? Hwa ha ha. Você finalmente admite que minha habilidade de controle humano é muito mais útil que a sua habilidade de controle de máquinas!!”
“Eu devia ter abandonado essa idiota e me prendido à parede de um prédio ou algo assim.”
Shokuhou se agarrando chorosamente à ela na chuva era realmente irritante. Ela deve ter levado a piada de Mikoto à sério.
Furioso, outro traje motorizado preparou algo em sua cintura.
Um lança-chamas.
Eles haviam recebido autorização pra usar aquilo em alvos secundários como Mikoto e Shokuhou? Ou eles haviam removido a segurança por conta própria?
Se for isso que estava acontecendo, o quão encrencado aquele idiota estava?
“...”
Faíscas branco azuladas se espalharam da franja de Mikoto.
Ela não precisava segurar uma lança de raio ou uma espada de areia de ferro.
Não importava o quanto eles eram poderosos, os trajes motorizados ainda eram dispositivos eletrônicos. Com o poder de Nº 3 de Misaka Mikoto, ela podia facilmente os desligar externamente.
Mas...
“Shokuhou, qual é a demora!? Vai logo e para o humano lá dentro!!”
“Eu tô tentando, mas tem algo de estranho com eles!!”
Os gritos chorosos de Shokuhou Misaki eram comuns sempre, mas era muito incomum quando se tratava de coisas psicológicas.
Mental Out não estava funcionando.
Isso significava que alguma coisa estava causando interferência.
(Um corpo humano tá sendo controlado com precisão sem o uso do cérebro?)
Um parasita, controle de umidade, um vírus, uma droga, estímulos elétricos, ou uma liga microscópica com memórias que reagia a certas frequências. Mikoto pensou em várias possibilidades, mas ela não estava convencida de que qualquer uma delas poderia controlar o corpo de alguém desse jeito.
De qualquer forma, o Mental Out da Nº 5 estava sendo repelido.
Essas eram pessoas incomuns que haviam recebido as bênçãos de uma Kihara.
“Porcaria, agora parece que tem zumbis dos dois lados!!”
Se ela tivesse que lidar com um grupo inteiro assim, Mikoto seria a primeira a se cansar.
Eles tinham sido projetados dessa forma intencionalmente?
Uma coleção de incontáveis pessoas comuns substituíveis era usada para derrotar indivíduos irregulares. Ao eliminar a individualidade, aquele grupo se tornava imortal. Kihara Goukei havia mordido sua língua e se retirado da luta logo no começo, mas talvez ela não tivesse interesse em se tornar especial.
Por outro lado, esse era um grupo aparentemente montado por adultos para enfrentar “corpos reanimados”.
Enquanto liberava esporadicamente correntes de 1 bilhão de volts, Mikoto se virou logo após elas chegarem na entrada de um canal pluvial após um barranco.
Ela prendeu sua bolsa em sua barriga magneticamente para liberar sua mão e então arremessou uma moeda de fliperama com o polegar.
Ela disparou uma Railgun.
O rugido do ar comprimido. O rastro laranja. Um momento depois, uma onda de choque varreu a cena e a entrada do túnel colapsou.
Ela ligou a lanterna de seu celular para poder ver.
“Isso só vai ganhar um pouco de tempo pra a gente. Um canal pluvial desse tamanho vai ter outras entradas e esses trajes podem ter força o suficiente pra cavar pelos destroços.”
“Arf. Por que você...parece ficar mais viva...quando é hora de lutar?”
A Nº 5 parecia pronta para cair no chão, então Mikoto agarrou seu braço e continuou a andar.
Haviam menos dicas ali comparadas aos sinais de destruição nas áreas de construção, mas o radar de micro-ondas de Mikoto conseguia escanear a poeira detalhada no chão e qualquer vestígio de água enquanto Shokuhou podia ler pensamentos residuais.
Então elas podiam buscar por sinais ao longo do caminho.
Ou elas deveriam ter sido capaz de fazer isso...
“Espera,” disse Shokuhou por reflexo. “O que é isso?”
“Parece que algo aconteceu aqui.”
Não era que não havia sinais.
Havia até demais.
Em resumo, algo tinha explodido. O que quer que tenha acontecido, nada havia escapado ileso.
Sem nada, as pequenas pistas podiam mostrar o caminho, mas agora era o oposto. Como o celofane vermelho posto sobre um conjunto de problemas, havia pistas demais em todos os lugares para dizer qual delas era a certa.
Mikoto, a lutadora física entre elas, falou com cuidado.
“O vergalhão derreteu. Essa explosão foi mais quente do que o gás de cidade. Será que foi uma chama de oxiacetileno?”
A explosão havia sido poderosa, mas isso significava que a trilha acabava aqui.
Para onde Kamijou Touma havia ido neste mundo frio e chuvoso?
Eventualmente...
“Hmm,” grunhiu Shokuhou, girando seu controle remoto como uma arma.
Ela podia estar solitária.
Ela estava focando num capacete de traje motorizado semelhante a um balde.
Ela parecia estar lendo algo lenta e profundamente.
“Bio Secure. Especialistas em resolver problemas da Cidade Acadêmica sem que o Presidente do Conselho saiba. Mas então eles mandam a conta pra a corporação ou laboratório responsável com uma porcentagem do dano estimado que o problema teria causado se não fosse resolvido.”
Mikoto não estava nem surpresa.
Ela tinha desistido de esperar algo que sequer lembrasse decência dos adultos da Cidade Acadêmica.
“Bem, se uma corporação deixa uma bactéria ou uma liga que reanima corpos mortos escapar da área segura, eles podem facilmente falir. Então não é surpresa que existem especialistas em limpar a bagunça antes que descubram.”
Aí, Mikoto franziu a testa.
“Mas eles mandam a conta depois de resolver o problema? Sem nenhum senso de ameaça, eu esperaria que esses adultos imorais tentassem dar calote.”
“E o chefão da Cidade Acadêmica pode mesmo ser enganado tão facilmente? Eu esperaria que as habilidades de furtividade deles não fossem tão efetivas quanto eles pensam. Se bem que os sistemas de monitoramento parecem ter ficado mais relaxados ultimamente.”
Bio Secure possivelmente tinha mais do que isso.
Diferente das crianças usuárias de habilidade, os adultos que se fortaleciam com armas de última geração confiavam na vantagem numérica.
“...”
Diversos helicópteros de ataque Seis Asas não tripulados voaram por cima delas.
Mikoto seria capaz de controlar eles à força...mas ela tinha medo de fazer isso na cidade. Se ela cometesse um deslize os controlando, eles podiam cair.
E mais do que aquela ameaça direta, a garota de 14 anos em roupas de luto falou.
“Eu sinto que eu tô esquecendo alguma coisa.”
“Ah, você ‘sente’, é? Você tá vendo suas memórias em ordem cronológica, eu presumo? SE não, você pode profetizar o fim do mundo o quanto quiser.”
“Ou é algo que aconteceu por trás dos panos sem eu saber? Tem uma chance de ter algo nessa cidade que eu só consegui espiar com o canto dos olhos.”
Era como tentar pegar em nuvens.
Ou será que não?
Essas coisas aconteciam na mesma cidade, não importa o quão grande ela fosse.
Pra começar, ela ainda não sabia como aquele garoto havia morrido. Talvez tivesse alguma explicação ali sobre como ele voltou à vida.
“Eu não acho que temos muito tempo.” Shokuhou em roupas de luto suspirou um pouco estressada. “Vamos encontrar um pouco de água e comida. Ingredientes são importantes. Eu preferiria não comer gelatinas, blocos ou outros produtos químicos.”
“A gente nem sabe se aquele idiota tá vivo ou morto.”
Mikoto em roupas de luto mordeu o lábio e abaixou a cabeça.
“Não tem como eu comer nada.”
Notas de Tradução
- ↑ Kaomoji (顔文字/Caracteres de Rosto) é um método de representar expressões faciais no texto com caracteres que surgiu na década de 80. Ex: (❤//ω//❤).