Date A Live - Volume 1 Completo

From Baka-Tsuki
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Ilustrações da Novel[edit]

Essas são as ilustrações da Novel incluídas no Volume 1 - Tohka Sem Saída


Prólogo: Encontro Casual -recomeço-[edit]

—Ele segurou a respiração.

Era uma cena inacreditável.

Era como se uma parte da cidade simplesmente houvesse sumido.

No seu lugar, havia uma cratera enorme que provavelmente nem um meteoro caído poderia criar.

Um grupo de figuras humanas flutuavam no céu.

Era absurdo até mesmo além de seus sonhos.

Entretanto, Shidou não havia nem notado essa anormalidade.

—Havia algo muito mais extraordinário na frente de seus olhos.


Uma garota.

Uma garota, envolvida numa luz estranha, parada lá.

"Ah—"

Envolvido pela sua voz fraca, o suspiro lentamente desapareceu.

A presença da garota era tão esmagadora, que se sobressaía de qualquer outro objeto.

Como metal, porém ainda como roupa, o vestido era feito de um material estranho que chamava a atenção.

Preso ao vestido, a saia que radiava luz era bonita o bastante para fazer alguém perder a consciência.

De qualquer maneira, a beleza da garota por si própria já ofuscava até isso.

Seu cabelo preto e longo, como uma nuvem de fumaça, tecia ao redor de seus ombros e cintura.

Sua figura, que provavelmente faria até um deus sentir inveja, foi distorcida pelo cansaço, quando ela ficou em silêncio com os lábios franzidos.

Sua visão

Sua atenção

Até o seu coração

—Nesse momento, foram roubados.

Aquilo era tão...

Excessivamente;

Anormalmente;

Intensivamente;

Lindo.


"Qual o..."

Atordoado, Shidou falou pela primeira vez.

Mesmo que minha garganta e meus olhos sejam destruídos pela blasfêmia, pensou.

A garota lentamente moveu seu olhar para baixo.

"...seu nome?"

Sua voz, carregando a dúvida vinda do fundo do seu coração, sacudiu o ar.

Entretanto.

"Eu não tenho tal coisa."

Com um olhar triste, a garota respondeu.

"..."

Nesse momento.

Os olhos dos dois se cruzaram— A história de Itsuka Shidou havia começado.


Capítulo 1: A Garota sem Nome[edit]

Parte 1[edit]

"Ahhh..."

A sensação de acordar é a pior.

Afinal, quando você acorda para ver sua irmã dançando apaixonadamente num ritmo de samba enquanto pisa por todo seu estômago, peito ou cabeça, diferente de um grupo especial de pessoas, ninguém estaria feliz.

Segunda-Feira, 10 de abril.

Ontem foi o último dia das Férias de Primavera, então hoje era dia de aula.

Enquanto esfregava os olhos turvos, Shidou declarou numa voz baixa:

"Ahh, Kotori. Minha irmãzinha fofa."

"Ohhhhh!?"

Só então ela finalmente notou que Shidou estava acordado. A irmãzinha, com o pé ainda no estômago de Shidou— Kotori, virou a cabeça enquanto ajeitava seu uniforme do ensino fundamental.

Seu cabelo comprido, separado em duas chiquinhas, balançou quando ela olhou para Shidou através de seus olhos redondos como bolotas.

Incidentalmente, mesmo tendo sido apanhada pisando em alguém no início da manhã, ela não parecia estar xingando secretamente, tipo "Merda!" ou "Fui pega!". Se alguma coisa, parecia que estava honestamente feliz por Shidou ter acordado.

Oh, e da posição de Shidou, havia uma visão deslumbrante das suas roupas de baixo.

Oh, e da posição de Shidou, havia uma visão deslumbrante das suas roupas de baixo.

Não era como se não estivesse apenas mostrando um vislumbre. Até falta de vergonha tem limites.

"O que é? Meu irmão fofo!"

Kotori respondeu, sem mostrar nenhum sinal de tirar o pé.

No caso de que esteja imaginando, Shidou não é fofo.

"Bem, saia de cima de mim. Você é pesada."

Kotori deu um aceno exagerado com a cabeça e pulou da cama.

O estômago de Shidou caiu com o impacto do golpe.

"Gfhu!"

"Ahahaha, gfhu! Ahahahaha!"

"..."

Shidou silenciosamente puxou o cobertor sobre sua cabeça.

"Ahh! Hey! Por que está dormindo de novo!?"

Kotori aumentou sua voz, balançando Shidou lentamente.

"Só mais dez minutos...”

"Não mesmo! Acorde agora!"

Depois de sentar e fazer careta por causa da tontura resultante de balançar a cabeça ainda atordoada, Shidou abriu a boca com um gemido.

"F-fuja..."

"Eh?"

"...Na verdade, eu fui infectado com o 'se eu não dormir por mais dez minutos, vou fazer cócegas na minha irmã, o também conhecido como C-Vírus..."

"O-o quê!?"

Kotori estava surpresa como alguém que houvesse acabado de encontrar uma mensagem de aliens escondida.

"Fuja... enquanto eu ainda posso me controlar..."

"M-Mas, o que você vai fazer!?"

"Não se preocupe comigo... enquanto você estiver segura..."

"Não mesmo! Irmão!"

"Gaaaaahh!"

"Kyaaaaaaaaaaaaaa!"

Shidou jogou o cobertor, movendo animadamente as duas mãos e rugindo, enquanto Kotori corria com um grito medonho.

"...Sigh"

Expirando, ele se cobriu com a coberta de novo. Olhando o horário, viu que ainda eram antes das 6.

Resmungando, subitamente lembrou-se de algo.

Com o seu cérebro meio adormecido acordando lentamente, as memórias da última noite ressurgiram.

Ambos os seus pais saíram numa viagem de trabalho ontem.

Por causa disso, Shidou foi temporariamente deixado a cargo da cozinha, e então Shidou, que era ruim para acordar, pediu a Kotori para ajudá-lo.

"Ah..."

Incomodado que pudesse ter feito alguma coisa ruim, ele rapidamente saiu da cama.

Segurando o cabelo pós-acordar e suprimindo um bocejo, Shidou se arrastou para fora do quarto.

Nesse momento, o pequeno espelho pendurado na parede chamou sua atenção.

Um garoto cuja franja estava para invadir sua visão, provavelmente porque ele não havia cortado o cabelo fazia um bom tempo, estava projetando uma aparência idiota de Shidou.

"..."

Junto com sua visão decadente, sua aparência também estava levemente degradante. Suspirando, desceu as escadas e entrou na sala.

"...Huh?"

Uma visão levemente diferente da normal o recebeu.

A mesa de madeira que estava no meio da sala, agora estava de lado, como se tivesse virado uma barricada. Atrás disso, uma cabeça com marias-chiquinhas estava tremendo levemente.

"..."

Silenciando seus passos, Shidou se aproximou do lado da mesa.

Certamente, Kotori estava sentada abraçando seus joelhos e tremendo.

"Graaaaaahh!"

"Kyaa!Kyaaaaaa!"

Quando Shidou agarrou-a pelos ombros, Kotori soltou um grito desesperado enquanto suas pernas ficaram moles.

"Calma, calma! Eu sou meu eu normal."

"Gyaaa!Gyaa...ah? I-Irmão?"

"Aham, exato."

"Você...Você não é mais assustador?"

"Está tudo bem agora. Eu sou amigo da Kotori."

"Oh, ohhhhhh."

Quando Shidou falou na sua voz de bebê, seu rosto angustiado relaxou lentamente.

Era como se ela fosse um esquilo Fox que houvesse tido seu coração aberto.

"Desculpa, desculpa. Eu vou fazer o café da manhã agora mesmo."

Depois de soltar a mão de Kotori e levantar, Shidou botou a mesa de volta ao lugar que pertencia e entrou na cozinha.

Trabalhando na grande companhia de eletrônicos que ambos construíram, os pais de Shidou frequentemente estavam longe de casa ao mesmo tempo.

Nessas horas, sempre era responsabilidade de Shidou preparar a comida, então ele já estava acostumado com isso. Na verdade, ele estava confiante de que poderia usar as ferramentas de cozinha melhor que sua mãe.

Enquanto Shidou fritava alguns ovos na frigideira, ouvia o som da TV vindo por detrás dele. Parecia que Kotori tinha se acalmado e ligado a TV.

Pensando nisso, parecia que Kotori tinha uma rotina diária de comer enquanto checava horóscopos ou rodas da fortuna.

Bem, a maioria das rodas da fortuna vinha no final dos programas principais, e que são obviamente apenas especulações. Depois de passar por todos os canais, Kotori começou a assistir o que parecia ser um programa chato de notícias.

"-Hoje de manhã cedo, no subúrbio da cidade de Tenguu—"

"Huh?"

Ao ouvir o conteúdo do programa de notícias inútil que normalmente poderia servir apenas como BGM[1A 1], Shidou levantou uma sobrancelha.

A razão era simples. Vinda da voz clara da anunciante, ele ouviu o nome de uma rua familiar.

"Nnn? É bem perto daqui. Alguma coisa aconteceu?"

Debruçando-se sobre o balcão, ele estreitou sua visão e encarou a TV.

Na tela, a imagem de uma rua que havia sido absurdamente destruída estava sendo exibida.

Prédios e ruas haviam sido reduzidos a montanhas de pedregulhos.

A devastação era como o impacto de um meteorito ou talvez a cena de um ataque aéreo.

Shidou encolheu os ombros, e soltando a respiração, disse:

"Ahhh... Então isso foi um spacequake."

Como se cansado, balançou a cabeça.

Um 'space earthquake' se refere ao fenômeno do tremor de uma grande área.

Era um termo genérico dado a explosões, terremotos, desaparecimentos e coisas do tipo, que ocorrem por motivos desconhecidos em horários e lugares aleatórios.

Isso aconteceu bem no meio da Eurásia- a região que continha países como a União Soviética, China e Mongólia desapareceu apenas numa noite.

Para a geração de Shidou, só olhar as fotos do livro texto era desagradável.

Era como se tudo sobre o chão tivesse sido raspado, deixando absolutamente nada para trás.

O número de vítimas era de cerca de 150 milhões. Foi a maior catástrofe mortal na história humana. Nos seis meses que se seguiram, incidentes similares ocorreram em uma escala menor ao redor do mundo.

Shidou não conseguia lembrar o número exato, mas foram cerca de 50.

Em terra, nos pólos, no oceano, até em pequenas ilhas, esses casos foram confirmados.

Claro, Japão não era uma exceção.

Seis meses depois do "Eurasia Sky Disaster", a região de Tokyo do Sul até a Prefeitura de Kanagawa virou um círculo de terra queimada, como se uma borracha tivesse apagado tudo.

Exatamente— isso inclui a área que Shidou está vivendo hoje em dia.

"Mas isso subitamente parou de acontecer por um tempo, certo? Por que isso voltou a ser frequente?"

"Eu me pergunto por que...?"

Com a pergunta de Shidou, Kotori, ainda encarando a TV, inclinou a cabeça.

Depois do acidente em Kanto do Sul, spacequakes não haviam sido detectados por um tempo.

Entretanto, cinco anos atrás, começando num canto da reconstruída Cidade Tenguu, esses fenômenos misteriosos começaram a aparecer aqui e ali de novo.

De qualquer maneira, a maioria deles aconteceu no— Japão.

Claro que os humanos não ficaram sentados sem fazer nada durante esses 25 anos entre esses eventos.

Começando trinta anos atrás nas áreas em que a reconstrução foi terminada, abrigos subterrâneos se espalharam numa velocidade explosiva.

Junto com o fato de que se tornou possível observar precursores de spacequakes, uma equipe de respostas á desastres, certificada pela JSDF[1A 2], foi criada.

O propósito deles é viajar pelas áreas de desastre e reconstruir as estradas e instalações destruídas, mas seu trabalho pode ser apenas descrito como mágica.

Depois de tudo, as estradas completamente destruídas podem, em um período insanamente curto, serem restauradas para como costumavam ser.

Seu trabalho foi classificado como super secreto, então nenhuma informação foi disponibilizada ao público, mas quando vê um prédio desabado ser restaurado numa noite, você não pode evitar em sentir como se tivesse visto um truque de mágica.

De qualquer maneira, mesmo se o trabalho de reconstrução pudesse ser feito realmente rápido, isso não significa que houvesse uma pequena ameaça dos spacequakes.

"Não parece que a área ao redor daqui tem tido um monte de spacequakes? Principalmente ano passado."

"..Hmm, parece que sim, huh. Talvez seja um pouco cedo..."

Kotori murmurou, enquanto apoiava a parte superior do corpo nos braços do sofá.

"Cedo? O que?"

"Nnn..., nada."

Dessa vez Shidou quem inclinou a cabeça.

Não por causa do que Kotori disse, mas sim porque a última metade da frase parecia um pouco abafada.

"..."

Silenciosamente, ele circulou em torno do balcão e andou em direção ao sofá em que Kotori estava apoiada.

"Kotori, vire para cá por um instante."

"..."

*bonk*

"Guhh!"

Kotori segurou a cabeça com as mãos e virou com um solavanco. Um barulho estranho veio da sua garganta.

Mesmo que fosse um pouco antes do café da manha, Kotori tinha seu lanche favorito, um Chupa Chups, na boca.

"Hey! Eu já não te disse para não comer lanches antes das refeições?"

"NNNnnn! NNNnnnnn!"

Levando embora o doce e trazendo um bastão, ele encontrou Kotori tentando resistir fazendo beicinho.

Shidou ficou tenso quando olhou para onde estava para bater, já que ele não queria realmente bater em alguém com essas características tão fofas.

“... Jeez. Você deveria comer seu café propriamente!"

No final, foi Shidou quem cedeu. Coçou a cabeça de Kotori e voltou para a cozinha.

"Ohh! Eu te amo irmão!"

Shidou acenou adequadamente as mãos e voltou ao trabalho.

"..Agora que penso nisso, hoje é a cerimônia de abertura do ensino médio, certo?"

"Certo~"

"Então você volta na hora do almoço... Kotori, algum pedido?"

Depois de Kotori pensar sobre isso com um "Hmmmmm", balançou a cabeça e subitamente levantou.

"Prato Infantil Deluxe!"

Essa era uma opção oferecida em um restaurante familiar próximo.

Shidou endireitou o corpo e assim deu uma reverência de desculpas.

"Isso não pode ser preparado nessa loja."

"Ehh~"

Enquanto chupava um pirulito, Kotori respondeu com uma voz insatisfeita.

Shidou deu um suspiro alto e encolheu os ombros.

"Tanto faz, não há nada que eu possa fazer. É uma ocasião especial, então vamos almoçar fora."

"OHHH! Sério?!"

"Sim. Então vamos nos encontrar no restaurante familiar de sempre depois do colégio."

Shidou disse e Kotori esfregou as mãos em excitação.

“Não volte com a sua palavra! É uma promessa! Você tem que estar lá nem que um terremoto comece, ou uma erupção vulcânica, ou um spacequake aconteça, ou o restaurante esteja ocupado por terroristas!

"Não, se tiverem terroristas lá nós não vamos comer."

"Você tem que estar lá!"

"Certo, certo, entendi."

Ouvindo Shidou dizer isso, Kotori levantou vigorosamente as mãos no ar com um "Whooooo~!"

A partir de hoje à noite, eles teriam que comer em casa por um tempo, mas era a cerimônia de abertura para os dois. Toda essa luxúria estaria ok.

Bem, quem sabe se um almoço de crianças que custa 780 yen realmente conta como luxo.

"Nnnn..."

Shidou se esticou levemente e abriu a janelinha da cozinha.

O céu estava claro. Parecia que aquele seria um dia bom.

Parte 2[edit]

Eram em torno de 8:15 da manhã quando Shidou chegou no colégio.

Depois de verificar a lista das salas posta no corredor, entrou na sala onde passaria seu próximo ano.

"Segundo ano, Classe 4, huh?"

Desde o spacequake há trinta anos, a região de Tóquio do Sul até a Prefeitura de Kanagawa— em outras palavras, a região de terra vazia criada pelo spacequake, foi reconstruída como cidades-teste, usando várias técnicas novas.

O colégio público que Shidou frequentava, Raizen High School, era um exemplo.

Cheio de facilidades para se orgulhar, aquele colégio que ninguém acreditaria que fosse público, foi construído apenas alguns anos atrás, então ainda estava em perfeitas condições. Claro, sendo um colégio construído numa área de desastres antiga, veio equipado com o mais novo tipo de abrigo subterrâneo.

Por essas razões, a taxa de requerimento era alta, então Shidou, que decidiu entrar no colégio apenas por "ser perto de casa", teve que trabalhar duro.

"Mmmm..."

Com um zumbido leve, inspecionou a sala.

Ainda havia um pouco de tempo antes da hora da aula, mas boa parte das pessoas já havia se reunido.

Haviam pessoas exultantes por estarem na mesma classe, pessoas sentadas sozinhas parecendo entediadas, e pessoas com vários outros tipos de reação... mas não parecia haver ninguém que Shidou conhecesse.

Enquanto Shidou movia sua cabeça para verificar o mapa de assentos no quadro,

"—Itsuka Shidou."

Inesperadamente, detrás dele, uma voz calma falou monotonamente.

"Huh...?"

Ele não reconheceu a voz. Curioso, virou.

Uma menina magra estava lá.

A garota tinha um cabelo que mal chegava ao ombro e um rosto que parecia de boneca.

Provavelmente não existe alguém que possa descrever melhor como "estilo-boneca".

Embora nobre como uma criatura precisamente artificial, ao mesmo tempo, seu rosto não parecia conter nenhum tipo de emoção.

"Eh...?"

Shidou rapidamente olhou ao redor da sala, e inclinou a cabeça.

"...Eu?"

Como não conseguia achar nenhum outro Itsuka Shidou por perto, ele apontou para si mesmo.

"Sim."

Sem nenhum sentimento especial, a garota imediatamente respondeu, dando um breve aceno em direção a Shidou.

"Por que você sabe meu nome...?"

Shidou perguntou, e a garota, como se confusa, inclinou a cabeça.

"Você não lembra?"

"...Uhm."

"Entendi."

Shidou hesitou em responder, e a garota, parecendo particularmente deprimida, deu um breve comentário e andou até uma carteira perto da janela.

"O que... está acontecendo, exatamente?"

Shidou coçou o rosto e franziu a testa.

No caso, parecia que ela conhecia Shidou, mas teriam eles se encontrado em algum lugar antes?

*pow*

"Gefhuu!"

Enquanto Shidou estava imerso em seus pensamentos, um tapa magnífico acertou suas costas.

"O QUE ESTÁ FAZENDO, TONOMACHI!?"

Ele imediatamente reconheceu quem era o agressor, e gritou enquanto esfregava as costas.

"Hey, você parece bastante animado, sua besta sexual Itsuka."

O amigo de Shidou, Tonomachi Hiroto, antes mesmo de ficar animado por estar na mesma sala que ele, como se para mostrar seu cabelo encerado e corpo musculoso, cruzou os braços e inclinou o corpo levemente enquanto ria.

"...Sex... O que você disse?"

"Besta sexual, seu bruto. Eu tirei meus olhos de você só por um momento e você ficou todo atirado. Quando e como você se aproximou da Tobiichi, huh?"

Envolvendo seus braços em torno da cabeça de Shidou enquanto sorria, Tonomachi perguntou.

"Tobiichi...? Quem é essa?"

"Vamos, não aja como um idiota. Agora mesmo vocês estavam conversando animadamente, não estavam?"

Tonomachi apontou o queixo para a carteira perto da janela.

E lá estava sentada a garota de antes.

Como se notando que estavam a encarando, a garota ergueu os olhos do livro, virando para olhar para eles.

"..."

A respiração de Shidou ficou presa em sua garganta enquanto desviava os olhos estranhamente.

Por outro lado, Tonomachi estava sorrindo e acenando de uma maneira excessivamente familiar.

"..."

A garota, sem demonstrar nenhuma reação particular, voltou o olhar para o livro em suas mãos.

"Aí, olhe, ela é sempre desse jeito. De todas as garotas, ela é a mais difícil, sendo comparada com a Guerra Fria, ou Mahyadedosu. Como diabos você conseguiu fazê-la falar com você?"

"Huh...? D-Do que você está falando?"

"Mentira, você realmente não sabe?"

"...Hmm, ela realmente estava na nossa sala ano passado?"

Ao Shidou dizer isso, Tonomachi segurou as mãos em uma pose "Eu não acredito nisso", fazendo uma expressão surpresa. Ele era alguém que gostava de imitar as reações dos Westerners.

"Vamos lá, cara, é Tobiichi, Tobiichi Origami. Ela é a super gênio que o nosso colégio se vangloria. Você nunca ouviu de nada sobre isso?"

"Não, essa é a primeira vez que ouço falar sobre isso... ela é mesmo tão incrível assim?"

"Nem incrível pode descrevê-la. Suas notas estão sempre nos primeiros lugares do ano, e no simulado há pouco tempo atrás, ela teve uns resultados loucos e foi direto pro topo da nação."

"Huuuh? Por que alguém assim está num colégio público?"

"Não sei. Provavelmente alguma coisa como circunstâncias familiares?"

Dando de ombros, Tonomachi continuou.

"De qualquer jeito, isso não é tudo, as notas de EF dela também estão sempre no topo, e ao mesmo tempo ela é bonita. No 'Ranking das Namoradas Mais Desejadas - Treze Melhores' do último ano, ela ficou em terceiro, eu acho. Você não viu?"

"Eu nem sabia que existia alguma coisa assim. Ou melhor, as treze melhores? Por que esse número?"

"Porque a garota que organizou isso tinha treze anos."

"...Aaah."

Shidou riu fracamente.

"Falando nisso, o 'Ranking dos Namorados Mais Desejados' chegou aos 358 melhores."

"Tudo isso!? O final dele está perto da pior colocação possível, não é? O organizador que decidiu isso também?"

"Ahh. Ele realmente não sabia quando desistir."

"Em que lugar você está, Tonomachi?"

"No 358º lugar."

"O organizador era você!?"

"Os motivos para que eu ficasse nessa colocação incluíam: 'sua paixão parece ser bem forte', 'ele parece ser peludo' e 'suas unhas devem cheirar mal'."

"Como eu pensava, esse é a pior colocação!"

"Bem, abaixo disso tem apenas as pessoas que ninguém votou. Pelo menos com pontos mínimos eu consegui vencer."

"Isso está chegando um pouco longe demais! Com um rank desses, seria melhor desistir."

"Não se preocupe, Itsuka. Você foi posto como Sr. Anônimo e ganhou um voto e o 52º lugar."

"Resposta errada!"

"Bem, outras razões incluem: 'ele não parece se interessar por mulheres' e 'para ser honesto, ele parece ser homo'."

"É um martelo de ferro trazendo morte por calúnia irracional!"

"Apenas acalme-se. Na "Escolha Fujoshi dos Melhores Casais", eu e você estamos no topo do ranking como um casal."

"EU NÃO ESTOU NEM UM POUCO FELIZ COM ISSO!"

Shidou gritou. Ele estava levemente preocupado em fazer parte do casal, em primeiro lugar.

De qualquer maneira, parecia que Tonomachi não se importava nem um pouco (ou melhor, parecia ter superado isso), quando cruzou os braços e voltou ao assunto.

"Bem, de qualquer maneira, não é exagero dizer que ela é a pessoa mais famosa do colégio. Itsuka, sua ignorância consegue surpreender até mesmo esse grande Tonomachi."

"Que tipo de personagem você está tentando ser?"

Ao Shidou dizer isso, o sinal familiar que ele tem ouvido desde seu primeiro ano tocou.

"Oops."

Agora que pensava nisso, ele ainda não tinha confirmado sua carteira.

Shidou seguiu o mapa escrito no quadro e colocou a mochila na carteira de dois lugares ao lado da janela.

Logo depois, ele notou.

"...Ah"

Como se por uma ironia do destino, a carteira de Shidou era ao lado do da pessoa no topo do ano.

Tobiichi Origami fechou e guardou o livro assim que o sinal parou de tocar.

Ela então sentou olhando diretamente para frente, com uma postura tão bonita como se medida com uma régua.

"..."

Sentindo-se um pouco estranho por algum motivo, Shidou voltou os olhos para o quadro, como Origami também havia feito.

Como se combinado, a porta da sala abriu com um estrondo. De lá, saiu uma mulher baixa usando óculos de aros finos, que andou até a mesa da professora.

Ao redor, os alunos estavam sussurrando animadamente.

"Então é a Tama-chan..."

"Ah, é a Tama-chan."

"Sério? Yeahh!"

-No geral, coisas boas estavam sendo ditas.

"Certo, bom dia á todos. Nesse ano, eu vou ser a professora de todos dessa sala, meu nome é Okamine Tamae."

A professora de estudos sociais, Okamine Tamae- apelidada por Tama-chan- falou em um ritmo lento e se curvou. Talvez tenha se curvado um pouco demais, pois os óculos escorregaram um pouco, ao que ela colocou no lugar rapidamente.

Seu rosto de criança e corpo pequeno que não podia nem passar em ser da mesma geração dos seus alunos, combinado com sua postura descontraída, tornavam-na bastante popular entre os alunos.

"...?"

No meio dos alunos animados, a expressão de Shidou endureceu.

Sentada do lado esquerdo de Shidou estava Origami, que estava encarando na sua direção intensamente.

"..."

Por um momento, seus olhos se encontraram. Shidou rapidamente desviou os olhos.

Por que ela estava encarando Shidou- não, ela poderia não estar encarando ele, havia a possibilidade de que fosse alguma coisa atrás dele, mas no momento Shidou não conseguia se acalmar.

"...O-o quê exatamente está acontecendo...?"

Ele murmurou silenciosamente, enquanto uma gota de suor descia pelo seu rosto.


Desde então, aproximadamente três horas se passaram.

"Itsuka~, você não tem nada para fazer de qualquer maneira, certo, que arranjarmos alguma coisa para comer?"

A cerimônia de abertura tinha acabado, e enquanto os alunos terminavam de arrumar as coisas e saíam da sala, Tonomachi, com a mochila pendurada no ombro, começou a conversar.

Além do período de testes, era raro a escola terminar de manhã. Aqui e ali, grupos de amigos estavam discutindo aonde ir para almoçar.

Shidou estava prestes a acenar, mas com um "ah" ele parou.

"Desculpe. Eu tenho planos para hoje."

"O QUÊ? Uma garota?"

"Ahhh, bem... sim."

"MENTIRA!"

Tonomachi fez um V com os braços enquanto levantava o joelho, fazendo uma pose parecida com o Glico[1A 3].

"O que diabos aconteceu nas férias de primavera!? Você não está satisfeito nem depois de ter sido capaz de falar com a Tobiichi, e agora fez uma promessa de almoçar com uma garota!? Nós não prometemos virar mágicos juntos!?"[1A 4]

"Não, eu não me lembro dessa promessa... e de qualquer forma, é apenas a Kotori."

Shidou respondeu, e Tonomachi deu um suspiro aliviado.

"Que merda, não me assuste!"

"Você quem tomou conclusões precipitadas."

"Meh, se é a Kotori-chan então não tem problema. Posso ir junto?"

"Mm? Ahh, acho que tudo bem..."

Logo que Shidou terminou, Tonomachi colocou os cotovelos na mesa de Shidou e falou em voz baixa.

"Hey hey, Kotori-chan está no segundo ano do ensino fundamental, certo? Estaria tudo bem em ela arranjar um namorado ou alguma coisa por agora?"

"Huh?"

"Uhum, não tem nenhum significado oculto por trás disso, mas o que Kotori-chan pensaria sobre um garoto três anos mais velho que ela?"

"...Na verdade, esquece. Não ouse vir junto."

Shidou estreitou os olhos e empurrou de volta rosto de Tonomachi, que havia chegado mais perto.

"Haha. No caso, eu não sou tão idiota a ponto de perturbar seu feliz encontro entre irmãos. Eu tento jogar seguindo as regras."

"Você sempre diz um pouco mais do que deveria."

Agarrando as bochechas, Tonomachi fez uma expressão inesperada enquanto falava.

"Mas cara, você não acha a Kotori-chan super fofa? Poder morar sob o mesmo que ela deve ser incrível."

"Se você realmente tivesse uma irmã mais nova, acho que iria definitivamente mudar de opinião."

"Ah... Você ouve muito isso. Então é verdade que pessoas com irmãs mais novas não tem esses fetiches?"

"É, elas não são garotas. São apenas criaturas chamadas irmãzinhas."

Shidou afirmou fortemente e Tonomachi sorriu timidamente.

"Esse é realmente o caso, huh?"

"Esse é realmente o caso. Se você tentar encontrar algo que não é exatamente uma garota, seria provavelmente uma irmã mais nova."

"E irmãs mais velhas?"

"..Onnashi?"[1A 5]

"Wooow, uma mulher da cidade!"

Rindo, Tonomachi respondeu.

-Nesse momento.





UUUUUUUuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu—————



"Huh!?"

A janela da sala balançou violentamente enquanto uma sirene soava desagradavelmente pelas ruas.

"O-O que está acontecendo?"

Tonomachi abriu a janela e olhou lá fora. Surpreso pela sirene, um incontável número de corvos voaram para o céu.

Os alunos que permaneceram na sala pararam de conversar e olharam fixamente, com os olhos arregalados.

Seguindo a sirene, uma voz mecânica que pausava depois de cada palavra, provavelmente para facilitar o entendimento, saiu.

"—Isso, não é, um teste. Isso, não é, um teste. O antechoque, foi, observado. A ocorrência, de um spacequake, foi prevista. Pessoas da vizinhança, por favor, movam-se para o abrigo mais próximo, imediatamente. Repito—"

Nesse instante, a sala silenciosa se encheu de arquejos dos alunos.

—Alerta de spacequake.

O palpite de todos foi confirmado.

"Oi oi... Sério?"

Tonomachi pronunciou numa voz seca enquanto suava profusamente.

De qualquer maneira, em termos de tensão e aflição, Shidou, Tonomachi e os outros alunos da sala, estavam relativamente calmos.

Pelo menos nenhum dos alunos parecia ter entrado em pânico.

Depois dessa cidade ter sido destruída severamente pelo spacequake trinta anos atrás, crianças como Shidou foram treinadas persistentemente em exercícios de evacuação desde o jardim de infância.

Além disso, aquilo era um colégio. Existia um abrigo subterrâneo que caberia todos os alunos.

"O abrigo está bem aqui. Se nós calmamente nos escondermos, então vai ficar tudo bem."

"C-Certo, está certo."

Tonomachi assentiu com as palavras de Shidou.

O mais rápido possível sem correr, eles saíram da sala.

O corredor já estava cheio com os alunos formando uma fila em direção ao abrigo.

"Tobiichi...?"

Exatamente, correndo pelo corredor com a saia esvoaçando, estava Tobiichi Origami.

"Hey! O que você está fazendo!? O abrigo é na outra direção—"

"Eu estou bem."

Origami parou por um instante, dizendo apenas isso e, mais uma vez, voltou a correr.

"Bem... o quê...?"

Intrigado, Shidou virou a cabeça e se juntou á fila de alunos com Tonomachi.

Ele estava levemente preocupado com Origami, mas talvez ela simplesmente houvesse esquecido alguma coisa e voltou para pegar.

Na verdade, mesmo que o sinal tenha sido emitido, não significava que um spacequake aconteceria imediatamente. Se ela voltasse rápido, então ficaria bem.

"A-Acalmem-se por favooor! É, assim mesmo, beeem devagaar! Lembrem se 'okashi', O-Ka-Shi! Não empurrem, não corram!”[1A 6]

Da frente da fila, a voz de Tamae ecoou, direcionada aos alunos.

Ao mesmo tempo, risadinhas saíam dos estudantes.

"...Vendo alguém que está mais afobado que eu me acalma por algum motivo."

"Ahh, eu meio que entendo o que você quer dizer."

Shidou deu uma risada leve, e Tonomachi respondeu com uma expressão similiar.

Diante de um professora que parecia completamente insegura como Tama-chan, mais do que inseguros, na verdade a tensão dos alunos parecia ter sumido.

E assim, Shidou lembrou-se de certa coisa, procurou o bolso e tirou o celular.

"Hm? O que foi Itsuka?"

"Nada. Licença por um instante."

Enquanto ignorava a pergunta, selecionou o nome 'Itsuka Kotori' na lista de contatos e discou.

Entretanto— não atendia. Todas as vezes que tentou, o resultado foi o mesmo.

"...Merda. Será que ela conseguiu evacuar?"

Se ela ainda não houvesse deixado o colégio então estaria tudo bem.

O problema era que havia a possibilidade que ela houvesse deixado o colégio e estivesse indo para o restaurante familiar.

Na verdade, deveria ter abrigos públicos por perto, então normalmente não teria problema... mas por alguma razão Shidou simplesmente não conseguia se livrar daquele sentimento sinistro.

Ignorando o fato de que o alerta já havia sido emitido, por algum motivo a imagem de Kotori esperando Shidou como um cachorrinho obediente surgiu em sua mente.

Na sua cabeça, as palavras de Kotori, "É uma promessa!" giravam e ecoavam.

"B-Bem, nós fizemos uma promessa absoluta de nos encontrarmos mesmo se um spacequake acontecesse, mas... nem ela é tão estúpida assim... Oh, certo, ainda tem isso."

O celular de Kotori devia ter um serviço de GPS instalado.

Manipulando seu celular, o GPS mostrou um mapa da cidade na tela, que tinha um ícone vermelho marcado.

"..."

Vendo isso, a garganta de Shidou travou.

O ícone que mostrava a localização de Kotori estava exatamente na frente do restaurante familiar prometido.

"Aquela idiota..."

Amaldiçoando, guardou o celular sem desligar a tela e deslizou para fora da fila de alunos.

"H-Hey, onde você está indo, Itsuka!?"

"Desculpe! Eu me esqueci de algo! Vá na frente!"

Respondendo Tonomachi enquanto ia na outra direção, ele correu em direção á entrada contra o fluxo da fila.

Desse jeito, Shidou rapidamente trocou os sapatos, e quase caindo para frente, correu para fora.

Passado o portão, ele desceu a colina em frente ao colégio.

"...Desde que a situação ficou desse jeito, nós vamos apenas avaliar normalmente...!"

Correndo o mais rápido que podia, Shidou gritou.

Espalhando-se na vista de Shidou, havia uma cena muito estranha.

Estradas sem carros em movimento, uma cidade desprovida de todos os sinais de pessoas.

Nas ruas, nos parques, até mesmo nas lojas de conveniência, não restou nem uma pessoa.

A presença das pessoas que estavam aqui alguns minutos atrás foi deixada para trás, suas figuras simplesmente desapareceram.

Era como um filme de terror.

Desde o desastre há trinta anos, aquela era a Cidade Tenguu que havia sido reconstruída cuidadosamente enquanto lidava nervosamente com os spacequakes. Ignorando as facilidades públicas, até mesmo a porcentagem de famílias normais ganhando um abrigo são as maiores do país.

Por causa da frequência dos spacequakes recentemente, as pessoas evacuaram rápido.

Mas mesmo assim...

"Porque essa idiota teimosa está esperando lá...!"

Ele soltou um grito e abriu o celular enquanto continuava correndo.

O ícone que mostrava a posição de Kotori permaneceu na frente do restaurante familiar.

Enquanto decidia qual seria a punição de Kotori, continuou mexendo os pés em alta velocidade em direção ao restaurante familiar.

Ele não estava fazendo nada como regular o passo ou alguma coisa assim. Apenas correu implacavelmente para o restaurante familiar o mais rápido que podia.

Seus pés doíam e as pontas dos seus dedos ficaram dormentes.

Sua cabeça estava atordoada, a garganta começou a colar, e um ruído podia ser ouvido de dentro da sua boca.

Entretanto, Shidou não parou. Coisas como perigo ou cansaço não entravam na sua mente, já que estava cheia com um único pensamento: o de chegar onde Kotori estava.

Mas—

"...?"

Enquanto corria, Shidou olhou para cima. Ele pensou ter visto alguma coisa se mover na borda da sua visão.

"O que são... esses..."

Shidou franziu as sobrancelhas.

Haviam três... talvez quatro. No céu, coisas que parecia com humanos estavam flutuando.

Mas Shidou imediatamente parou de ligar para isso.

O motivo—

"Uwaahhh...!?"

Shidou instintivamente cobriu os olhos.

A rua á sua frente foi subitamente engolfada com uma luz ofuscante.

Seguido por uma explosão ensurdecedora e uma onde de choque violenta, que atingiu Shidou.

"O qu-"

Shidou reflexivamente cobriu o rosto com os braços e colocou a força nas pernas, mas foi inútil.

A pressão do vento, que era como a de um tufão, soprou e tirou-lhe o equilíbrio, fazendo-o cair para trás.

"Que... O que diabos aconteceu...?"

Enquanto esfregava os olhos que continuavam piscando, ele empurrou seu corpo para cima.

"-Huh—"

Vendo a paisagem que se espalhava pela sua visão, Shidou soltou um ruído de surpresa.

Depois de tudo, a rua que estava logo na sua frente alguns momentos atrás, no breve período em que Shidou fechou os olhos— Sem deixar nada para trás, ela simplesmente 'desapareceu'.

"O-O que é isso, o que diabos aconteceu, isso é..."

Ele murmurou, em transe.

Não importa que metáfora você use, não seria uma piada.

Era como se um meteorito tivesse caído na terra.

Não, se alguma coisa, era como se tudo no chão houvesse desaparecido completamente.

A rua á sua frente havia sido raspada na forma de uma tigela rasa.

E, na esquina da rua que havia se tornado uma cratera—

Havia alguma coisa como um amontoado de metal, que subiu.

"O que...?"

Por causa da distância, não conseguia discernir os mínimos detalhes, mas— ele viu que a forma era alguma coisa parecia com o trono que um rei de RPG sentaria.

Entretanto, isso não era o importante.

Havia uma garota usando um vestido estranho, que parecia estar de pé sobre o trono com o pé no braço (do trono).

"Essa garota— porque ela está em um lugar como esse?"

Ele podia apenas ver vagamente, mas conseguia identificar o cabelo preto longo e a saia que estava radiante com um brilho misterioso. Provavelmente não estava errado sobre ela ser uma garota, entretanto.

A garota examinou casualmente a área, virando subitamente o rosto em direção á Shidou.

"Un...?"

Ela notou Shidou... Provavelmente. Era muito longe, então ele não podia dizer exatamente.

Como Shidou estava intrigado com isso, a garota se movimentou mais.

Com um movimento oscilante, ela parecia ter agarrado algo que estava crescendo detrás do trono, e lentamente foi puxando-o.

Aquilo era— com uma lâmina larga, uma espada enorme.

Emitindo um brilho ilusório como o de um arco-íris ou de uma estrela, era uma lâmina curiosa.

A garota sacudiu a lâmina e a trilha que deixou traçou um caminho tênue de luz.

E depois—

"Eh...!?"

A garota encarou Shidou, e com um braço, balançou a espada horizontalmente.

Ele instantaneamente abaixou a cabeça. Não, colocando com mais precisão, os braços de Shidou, que estavam sustentando seu corpo, perderam a força, e como resultado, a parte superior do seu corpo caiu.

"O qu-"

O rastro da lâmina passou pelo lugar onde estava a cabeça de Shidou.

Claro, não era uma distância que uma espada podia alcançar fisicamente.

Entretanto, ela certamente—

"...Haah—"

Com os olhos bem abertos, Shidou virou a cabeça para trás.

As casas, as lojas, as árvores á beira da estrada, os sinais e assim por diante, que estavam atrás de Shidou, foram cortados na mesma altura.

Um segundo depois, o som de destruição ecoou como um trovão distante.

"Eeek...!?"

Aquilo tinha ido além da compreensão de Shidou. Tremendo, seu coração apertou.

-Qual o significado disso?

A única coisa que ele entendeu era que se não tivesse abaixado a cabeça naquele momento, agora estaria que nem a cena atrás dele, relativamente reduzida.

"P-Pare de brincar comigo...!"

Como se puxando um corpo que houvesse sido cortado na cintura, Shidou se arrastou para trás. Assim que possível e na medida do possível, eu tenho que sair desse lugar...!

Entretanto.

"-Você também... huh"

"...!?"

Uma voz extremamente cansada saiu de cima da sua cabeça.

Sua visão, que estava um pouco atrasada, agarrou-se com seus pensamentos.

Na frente dos seus olhos, estava a garota que a um momento atrás não estava ali.

Exatamente, era a mesma garota que estava no meio da cratera agora a pouco.

"Ah—"

Intencionalmente, sua voz saiu.

Ela devia ter mais ou menos a mesma idade de Shidou, ou talvez fosse um pouco mais nova.

Dentro do seu cabelo que ia até o joelho, estava um rosto que possuía tanto beleza quanto dignidade.

No centro, um par de olhos emitiam um brilho misterioso, quase como cristais que refletiam uma variedade de cores de luz em todas as direções.

Sua roupa era bem estranha. Com a forma de um vestido de princesa, era feito com uma matéria que não podia dizer se era roupa ou metal. Além disso, suas costuras, peças internas, saia e tal, eram compostas de um filme ou luz misteriosa que não parecia mesmo ser de um material físico.

E nas mãos, estava segurando a espada enorme que devia ter em torno do seu próprio peso.

A anormalidade da situação.

A estranheza da sua aparência.

A singularidade de sua existência.

Todos eles seriam muito mais do que suficiente para capturar a atenção de Shidou.

Entretanto.

Sim, Entretanto.

O que roubou os olhos de Shidou não continham impurezas.

"smdash, smdash"

Nesse momento.

O medo da morte, até mesmo a necessidade de respirar, foram esquecidos, quando seus olhos foram pregados na garota.

Aquilo era tudo isso.

A garota era tão intensamente... linda.

"—Qual o..."

Atordoado, Shidou falou pela primeira vez.

Mesmo que minha garganta e meus olhos sejam destruídos por blasfêmia, pensou.

A garota lentamente moveu seu olhar para baixo.

"...seu nome?"

Shidou:"—Qual o..." "...seu nome?"
Garota Misteriosa:"—Eu não tenho tal coisa."

Sua voz, carregando a dúvida vinda do fundo do seu coração, sacudiu o ar.

Entretanto.

"-Eu não tenho tal coisa."

Com um olhar triste, a garota respondeu.

"---"

Foi então que os olhos de Shidou e da garota se encontraram pela primeira vez.

Ao mesmo tempo, a garota sem nome, com uma melancolia extrema, fazendo uma expressão de que estava prestes á chorar, chamou a espada novamente com um 'kachiri'.[1A 7]

"Espere, espere, espere!"

Com um pequeno som, seu tremor retornou. Shidou gritou desesperado.

Mas a garota simplesmente lançou um olhar confuso á Shidou.

"...O quê?"

"O-O que voce está planejando fazer...!?"

"Claro— matar você rapidamente."

Ouvindo a garota responder tão naturalmente, seu rosto ficou azul.

"P-Por que...!?"

"Por que..? Não é óbvio?"

Com um rosto cansado, a garota continuou.

"-Além do mais, você não veio também para me matar?"

"Huh...?"

Diante de uma resposta inesperada, a boca de Shidou caiu aberta.

"...Eu não faria isso."

A garota olhou para Shidou com uma mistura de surpresa, suspeita e confusão.

Entretanto, a garota imediatamente estreitou os olhos e desviou o olhar para longe de Shidou, virando o rosto para o céu.

Como se tivesse sido levado junto, Shidou também olhou para cima-

"O quu...!?"

Seus olhos abriram ainda mais que antes e a respiração ficou presa na garganta.

Afinal, haviam alguns humanos usando roupas estranhas voando no céu- e pra piorar, das armas nas mãos milhares de coisas parecidas com mísseis foram atiradas em direção á garota e Shidou.

"O-O Queeeeeeeeeee!?"

Instintivamente, ele soltou um grito.

Entretanto— mesmo depois de alguns segundos, Shidou permaneceu consciente.

"Eh...?"

Atônito, sua voz saiu.

Os mísseis que foram lançados do céu flutuavam imóveis no ar metros acima da garota, como se tivessem sido segurados por mãos invisíveis.

A garota deu um suspiro exasperado.

"...Esse tipo de coisa é inútil, por que eles nunca aprendem?"

Dizendo isso, a garota levantou a mão que não estava segurando a espada e a fechou.

Ao fazer isso, os incontáveis mísseis amassaram como se tivessem sido comprimidos e explodiram onde estavam.

Até mesmo a magnitude das explosões foi assustadoramente pequena. Era como se toda a energia tivesse sido sugada para dentro. Ele podia entender mais ou menos a confusão das pessoas flutuando no céu.

Entretanto, eles não pararam os ataques. Um após o outro, os mísseis eram atirados.

"-Hmpf"

A garota deu outro breve suspiro, fazendo uma cara de que parecia que as lágrimas iriam cair a qualquer momento.

Era o mesmo rosto de quando ela estava apontando a espada para Shidou antes.

"---"

Vendo essa expressão, Shidou sentiu o coração bater ainda mais forte do que quando estava prestes a perder a vida.

Que cena estranha aquela.

Quem a garota era, ele não tinha a menor ideia. Quem as pessoas voando eram, ele também não tinha a menor ideia.

Entretanto, o fato de que a garota era mais forte do que aquelas pessoas voando, ele entendeu muito bem.

E é por isso que ele pensou vagamente na pergunta:

Ela era a mais forte.

—Então porque estava fazendo aquela expressão?

"...Desapareçam, desapareçam. Tudo e todos... Simplesmente desapareçam...!"

Enquanto dizia isso, ela apontou a espada, que liberou um brilho tão misterioso quanto dos seus olhos, em direção ao céu.

Cansada, tristemente, ela ingenuamente balançou a espada.

Em um instante— o vento uivou.

"...W-Wah...!"

Uma onda de choque atingiu a área e o golpe voou em direção ao céu, ao longo do caminho da lâmina.

As pessoas voando no ar correram para evitá-lo e saíram da posição.

Mas no outro momento, de uma direção diferente, um feixe de luz com uma potência tremenda foi disparado em direção á garota.

"...!"

Ele involuntariamente cobriu os olhos.

Como o esperado, o feixe de luz parecia ter batido em uma parede invisível no ar acima da garota e parou.

Como fogos de artifício explodindo no céu da noite, espalhou-se em todas as direções, brilhando lindamente.

Entretanto, como se o feixe de luz houvesse continuado, alguma coisa pousou atrás de Shidou.

"O-O que diabos está acontecendo..."

Desde um momento atrás, Shidou não tinha sido capaz de entender nada do que estava acontecendo.

Ele sentia como se estivesse assistindo á um pesadelo.

No entanto— ao ver a figura que tinha acabado de pousar, o corpo de Shidou enrijeceu.

Estava vestindo uma máquina, ou alguma coisa assim.

Coberta de cima a baixo com uma roupa estranha, estava uma garota.

Ela carregava propulsores gigantes nas costas, e uma arma em forma de um saco de golfe nas mãos.

A razão para o corpo de Shidou ter congelado era simples. Ele reconheceu a garota.

"Tobiichi...Origami...?"

Murmurou o nome que Tonomachi falou para ele naquela manhã.

A garota com aparência excessivamente mecânica era sua colega Tobiichi Origami.

Origami lançou um olhar para Shidou.

"Itsuka Shidou...?"

Como resposta, ela chamou o nome de Shidou.

Mesmo que estivesse surpresa, sua expressão não mudou. Entretanto, era apenas um pouco, mas sua voz carregava um tom perplexo.

"...Huh? O-O que há com essa roupa—?"

Ele nem percebeu que era uma pergunta estúpida, mas naquela hora já havia dito.

Oprimido por tudo que havia acontecido, ele não sabia nem com o que deveria se preocupar mais.

Entretanto, Tobiichi rapidamente desviou o olhar de Shidou, encarando a garota de vestido.

Depois de tudo,

"-Fmph"

A garota balançou a espada do mesmo jeito de antes em direção á Origami.

Origami imediatamente pulou, esquivando da direção em que a espada foi balançada, e se aproximou da garota em uma velocidade incrível.

Da frente da arma na mão de Origami, uma lâmina feita de luz apareceu.

Focando na garota, Origami balançou a arma para baixo com toda a força.

"-ugh"

A garota uniu as sobrancelhas ligeiramente, interrompendo o golpe com a espada na mão.

—Nesse momento. Do ponto que a garota e Tobiichi cruzaram as espadas, um choque violento se formou.

Do ponto que a garota e Tobiichi cruzaram as espadas, um choque violento se formou.

"Wa-W-Waaaahhhhhhhh!?"

Com um grito lamentável, ele enrolou o corpo e de alguma forma, conseguiu resistir.

Origami foi repelida, e momentaneamente as duas foram separadas, encarando uma a outra com as armas equilibradas.

"..."

"..."

Imprensando Shidou, os olhares cortantes da garota misteriosa e de Origami se misturaram.

Aquela realmente podia ser chamada de uma situação crítica. Elas estavam num estado em que parecia que qualquer gatilho faria a luta retomar imediatamente.

"..."

Shidou, por outro lado, estava se sentindo desconfortável.

Com o suor se formando na sua testa e com o pensamento de que precisava sair daquele lugar, ele lentamente arrastou o corpo horizontalmente pelo chão.

Contudo, nesse momento, o celular dentro do seu bolso subitamente começou a tocar com uma melodia brilhante.

"——!"

"——!"

Isso se tornou um sinal.

A garota e Origami pularam do chão exatamente ao mesmo tempo, colidindo na frente de Shidou.

"Gyaaaaah!"

Diante da pressão do vento esmagadora, Shidou foi impiedosamente jogado e desmaiou após bater na parede.

Parte 3[edit]

“—Qual a situação?"

Usando uma blusa e um uniforme militar vermelho pendurado nos ombros como um manto, uma jovem entrou na ponte e fez a pergunta.

"Comandante."

O sujeito esperando ao lado do assento do capitão deu uma saudação tão perfeita quanto se aquilo fosse um livro militar.

A garota que havia sido chamada de comandante apenas deu um aceno, e então chutou os pés do cara.

"Oww"

"Pule as saudações e explique a situação."

Enquanto dizia para o sujeito que estava angustiado, ou melhor, com uma expressão extasiada, ela sentou no assento do capitão.

O sujeito se endireitou imediatamente.

"Sim. O ataque começou assim que o 'espírito' apareceu."

"AST?"

"Parece que sim.”

AST, Anti Spirit Team.[1A 8]

Usando armaduras mecânicas para caçar espíritos, capturar espíritos, matar espíritos; acima dos humanos, mas não exatamente ao nível de monstros; são tipo magos modernos.

Em outras palavras— a realidade é que mesmo estando em um nível sobre-humano, não era o suficiente para competir seriamente com os espíritos.

O poder dos espíritos era de uma magnitude diferente.

"—Nós confirmamos dez pessoas. Nesse momento eles estão seguindo um, que está envolvido numa batalha."

"Mostre-me as imagens."

Com a ordem do comandante, imagens em tempo real apareceram no grande monitor da ponte.

Em uma estrada larga em torno de duas quadras do centro, duas garotas lutando enquanto moviam armas enormes ao redor, apareceram.

Com o choque das armas, explosões de luz escaparam, o chão rachou, e prédios desabaram. Era difícil imaginar que aquela cena era parte da realidade.

"Ela é realmente boa. Mas, bem, com um espírito como oponente provavelmente não poderá fazer nada."

"É o que você diz, mas também é verdade que nós também não podemos fazer nada."

"..."

A comandante levantou o pé e com a ponta da bota, pisou no pé do sujeito.

"Guhgii!"

Ignorando o sujeito que estava fazendo uma cara extremamente feliz, a comandante suspirou silenciosamente.

"Eu entendo isso mesmo sem você precisar me dizer. Eu também estou cansada de só poder assistir."

"Então, o que você está tentando dizer é..."

"Sim. Finalmente a Mesa Redonda deu seu consentimento. O plano está começando agora."

Com essas palavras, o som dos membros da tripulação na ponte engolindo a respiração pôde ser ouvido.

"Kannazuki."

A comandante inclinou-se levemente para trás no assento, e levantou a mão direita com o segundo e o terceiro dedo mantidos em linha reta. Era como se ela estivesse pedindo por um cigarro.

"Sim, senhor."

O rapaz ligeiramente alcançou o bolso e pegou um pirulito. E rapidamente, mas cuidadosamente, removeu a embalagem.

Então, ajoelhou-se ao lado da comandante e disse "por favor, aproveite" enquanto colocava o pirulito entre os dedos da comandante.

A comandante pôs o pirulito na boca, que começou a mover-se para cima e para baixo.

"...Ahh, agora que eu lembrei, cadê a nossa importante 'arma secreta'? Ele não atende o telefone. Imagino se foi adequadamente para um abrigo?"

"Deixe-me investigar— e, huh?"

O rapaz virou a cabeça, perplexo.

"O que foi?"

"Bem, isso."

O rapaz apontou para a foto. A comandante moveu seu olhar para lá— "ah", fez um breve som.

Do outro lado da batalha entre o espírito e o membro da AST, um garoto vestindo um uniforme escolar estava espalhado.

"... Na hora certa. Vá verificar isso."

"Entendido."

O sujeito deu outra reverência de cortesia.

Referências[edit]

  1. BGM: Background Music - No caso, música de fundo.
  2. JSDF: Japan Self-Defense Force. – Força de Autodefesa do Japão. É como se fossem os militares de lá.
  3. Glico: É uma empresa que tem esse logo aqui -> Logo
  4. Existe um ditado no 2ch dizendo que se você continua virgem até os 30 anos, você vira um mágico.
  5. Onnashi: – traduzindo literalmente, “mulher da cidade”. Por outro lado, onaji significa “o mesmo”, então não se sabe em que sentido ele disse...
  6. Okashi: Um tipo de aviso para evacuação, “osanai, kakenai, shaberanai” (não empurre, não corra, não converse)
  7. Kachiri: Meio como um “clique”.
  8. Anti Spirit Team: Grupo/Equipe/Time Anti-Espíritos.


Capítulo 2: Início do Jogo deTreinamento[edit]

Parte 1[edit]

—Já faz um tempo.

Na minha cabeça, uma voz que já tinha ouvido antes ecoou em algum lugar.

—Finalmente, finalmente nos encontramos de novo, xxx.

Uma voz cheia de nostalgia, animada.

Quem é você, perguntei, mas não recebi resposta.

—Não vou abandoná-lo de novo. Eu definitivamente não vou errar de novo. E é por isso,

Aqui, a voz misteriosa foi cortada.

Parte 2[edit]

"...Haa!"

Shidou veio,

"uwahh!"

e soltou um grito.

Bem, é claro. Afinal de contas, uma mulher que ele não conhecia estava segurando suas pálpebras abertas com os dedos, enquanto jogava uma luz nos seus olhos com o que parecia ser uma lanterna pequena.

"...nn? Ele acordou."

A mulher estranha com uma cara sonolenta disse, com uma voz espaçada e indiferente.

Parecia que ela estava checando os movimentos da pupila do inconsciente Shidou, então seu rosto estava extraordinariamente perto. Ele podia sentir uma fragrância leve, provavelmente o cheiro do seu xampu.

"Q-Q-Q-Q-QUEM É VOCÊ?"

"...nn, aah."

A mulher, ainda distraída, levantou o corpo jogando tristemente a franja para o lado.

Assim que certa distância foi posta entre eles, tornou-se possível ver toda a aparência da mulher.

Ela estava vestindo algo parecido com um uniforme militar, e tinha cerca de 20 anos. Seu cabelo bagunçado, olhos decorados com grossas olheiras escuras e um urso de pelúcia coberto de cicatrizes, que o rosto por acaso estava espreitado no seu bolso do uniforme militar, eram suas características especiais.

"... Eu sou a Oficial de Análise daqui, Murasame Reine. Infelizmente o Oficial Médico saiu. — Mas não se preocupe. Mesmo que eu não tenha uma licença, posso pelo menos cuidar de alguns machucados.

"..."

Ele não podia evitar ficar preocupado.

Porque essa mulher chamada Reine parecia obviamente menos saudável que Shidou.

Na verdade, desde cedo, como se estivesse desenhando um pequeno círculo com a cabeça, seu corpo tem balançado instavelmente.

Shidou, agora com a parte de cima do corpo esticada, lembrou-se do que Reine acabou de dizer.

"—Aqui?"

Ele perguntou, olhando ao seu redor.

Shidou estava dormindo numa maca simples. Circundando, havia uma cortina branca que era usada como um divisor. Era parecido com uma enfermaria escolar.

Entretanto, o teto estava um pouco fora do lugar. Alguns tubos lisos e fiações estavam visíveis.

"Q-que lugar é esse..." "...ah, esse é o escritório médico do <Fraxinus>. Você estava inconsciente, então nós o trouxemos para cá."

"<Fraxinus>...? E eu estava inconsciente..., ah—"

Certo, Shidou tinha sido arrastado para uma batalha entre a garota misteriosa e Origami, e tinha sido nocauteado.

"... um, uhm, posso fazer algumas perguntas? Várias coisas que eu não entendo aconteceram..."

Shidou disse enquanto coçava a cabeça.

Porém, Reine não respondeu, virando silenciosamente para longe de Shidou.

"Ah—por favor, espere...”

"... Siga-me. Tem alguém que eu gostaria que você conhecesse.... Eu sei que tem várias perguntas, mas sou horrível para explicar. Se você quer algo específico, deveria perguntar à essa pessoa."

Dizendo isso, ela abriu as cortinas. Atrás delas, tinha um espaço ligeiramente grande. Havia em torno de seis camas alinhadas, e no fundo da sala algumas ferramentas médicas desconhecidas.

Reine virou-se para o que parecia ser à entrada da sala, e cambaleou na sua direção.

Ela tropeçou imediatamente, e com um bang bateu a cabeça na parede.

"! V-Você está bem?"

"...uuuu."

Ela não tinha caído. Gemendo, Reine estava encostada na parede.

"... aah, desculpe. Não tenho dormido o bastante recentemente."

"F-Faz quanto tempo desde a última vez que dormiu?"

Shidou perguntou, e Reine, depois de pensar um pouco, levantou três dedos.

"Três dias. Então é claro que você estaria com sono."

"... Talvez em torno de trinta anos?"

"As unidades são muito diferentes!"

Shidou tinha até preparado uma resposta para em torno de três semanas, mas aquela foi completamente inesperada.

E ela obviamente ultrapassava a idade que parecia ter.

"... Bem, é verdade que não consigo lembrar a última vez que dormi. Eu tenho alguma coisa tipo insônia extrema."

"E-Então é isso..."

"... Oh. Ahh, licença, está na hora do meu remédio."

Reine procurou nos bolsos, e tirou uma caixa de comprimidos.

Ela então abriu a caixa e derramou os comprimidos na boca, como se estivesse bebendo.

"Hey!"

Sem nenhuma hesitação, o monte de comprimidos na boca de Reine se foi com um crunch crunch crunch gulp e involuntariamente lançaram-se em uma rotina de comédia.

"... O que é, você é barulhento."

"Quantos você comeu?! E de qualquer maneira, que remédio era aquele!?"

"... Eram todas pílulas de sono."

"Você vai morrer! Essa não é uma boa piada!"

"... Mas eles não são realmente efetivos de qualquer maneira."

"Que tipo de corpo você tem!"

"... Bem, é doce e delicioso, então tudo bem."

"Isso não seria Ramune[1]!?"

Depois do ataque de gritos, Shidou exalou um suspiro profundo.

"... De qualquer maneira, por aqui. Siga-me."

Reine devolveu a caixa vazia para o bolso, e mais uma vez começou a andar com passos cambaleantes, abrindo a porta do escritório médico.

"..."

Shidou rapidamente colocou os sapatos esaiu da sala, seguindo-a.

"O que é isso..."

Do lado de fora da sala, havia o que parecia ser um corredor estreito.

A cor pálida das paredes e do chão estilo mecânica por alguma razão fezShidou recordar das entranhas da nave de guerra espacial que apareceu em alguma ópera espacial, ou dos corredores do submarino de algum filme.

"... O que eu estou fazendo?"

Shidou, já sem saber o que era o que, lentamente começou a mover os pés.

Confiando apenas nas costas de Reine que estava cambaleando com passos vacilantes, os passos ecoavam no corredor que parecia ter saído de um filme.

Depois de andar por um tempo.

"... É aqui."

No final do caminho, Reine parou na frente de uma porta com um pequeno painel eletrônico do lado e disse algo.

No momento seguinte, o painel eletrônico deu clique leve e a porta abriu suavemente.

"... Aqui, por favor, entre."

Reine entrou. Shidou seguiu-a depois.

"... Isso é..."

Ele viu a cena do outro lado da porta.

Para explicar em uma única frase, era como a proa de um navio. Na frente da porta que Shidou havia passado, o chão se espalhava numa forma metade oval, e posicionado no centro estava uma cadeira que parecia ser o assento do capitão.

Além disso, seguindo as escadas suavemente inclinadas dos dois lados levavam para um nível inferior, onde podia-se ver os membros da tripulação operando consoles de observação complexos. Era escuro como um todo, e os monitores espalhados aqui e ali emitiam uma luz que desagradavelmente afirmava sua presença.

"... Eu o trouxe."

Reine balançava a cabeça vertiginosamente enquanto falava.

"Bom trabalho."

O cara alto parado do lado da cadeira do capitão fez uma reverencia como um mordomo. Ele tinha cabelos ondulados e um nariz que não parecia japonês. Era um rapaz que parecia que poderia aparecer em uma novel BL[2].

"Olá. Eu sou o Vice Comandante daqui, KannazukiKyouhei. Prazer em conhecê-lo."

"O-Ok..."

Enquanto coçava o rosto, fez uma pequena reverência com a cabeça.

Por um momento, Shidou havia pensando que Reine estava falando com aquele cara.

Entretanto— ele estava enganado.

"Comandante, o Diretor de Análise retornou."

Kannazuki chamou e da cadeira do capitão que estava com as costas para eles, um gemido baixo foi ouvido, enquanto ela lentamente girou.

E então.

"—Eu te dou as boas vindas. Bem-vindo ao <Ratatoskr>."

Itsuka Kotori: "—Eu te dou as boas vindas. Bem-vindo ao <Ratatoskr>."

A voz da pessoa que era chamada de 'comandante' soava um pouco amável demais, conforme a figura de uma garota usando uma camisa militar escarlate nos ombros ficou clara na sua visão.

Seu cabelo estava preso em duas marias-chiquinhas. Ela tinha uma forma pequena, olhos redondos como bolotas e na boca um Chupa Chups.

Shidou franziu a testa. Afinal de contas, não importava como você encarasse aquilo—

"... Kotori?"

Exatamente, não importa se você vá pela aparência, pela voz, ou pela aura que a circulava, embora houvesse algumas diferenças, aquela garota era sem duvida a irmãzinha fofa de Shidou, Itsuka Kotori.

Parte 3[edit]

"—Itsuka, Shidou."

Murmurando numa voz fraca que ninguém mais poderia ouvir, seu rosto apareceu na mente de Origami.

Sem dúvida, ele era o garoto daquela vez. Não tinha como as memórias de Origami estarem erradas.

Era vergonhoso, mas eles só se encontraram daquela vez, então não tinha como ele lembrar-se de Origami. Desde que entrou no colégio, ela tentou aproximar-se dele de várias maneiras, mas todas acabaram falhando.

E agora, havia um problema ainda mais urgente.

"Por que ele estava em um lugar como esse?"

Ela não conseguia entender porque ele tinha aparecido nas ruas depois do alerta de spacequake ter soado.

Também— ele definitivamente havia visto.

Origami, no equipamento especial— e o espírito.

"Sargento Tobiichi, as preparações estão completas!"

"..."

Com a voz mecânica súbita, Origami balançou a cabeça abatida verticalmente.

Ela então se focou imediatamente no comando em sua cabeça.

O comando viajou para baixo pela fiação da roupa presa em torno do corpo de Origami, passando pelas partes propulsoras das costas e ativando o Realizer incorporado.

Envolvido no equipamento cuja forma não parecia adequada para voar, o corpo de Origami estava flutuando ligeiramente no ar.

JGSDF[3] - Base Tenguu.

No hangar situado em uma das esquinas, seguindo as instruções mecânicas, Origami pousou em sua doca pessoal como se estivesse sentando, colocando suas armas de volta nos lugares designados e finalmente, exalando um suspiro profundo, desligando todos os Realizers[4].

Ao mesmo tempo, o peso do equipamento e o stress acumulado que não tinha sentido nem um pouco há momentos atrás se abateram sobre seu corpo, tudo de uma vez.

O som de uma máquina começou detrás dela e os propulsores que carregava estavam desligados.

No entanto, tiveram de passar mais três minutos até que Origami pudesse mover-se daquele lugar.

Isso sempre acontecia após utilizar um CR-Unit . Voltando de um sobre-humano para uma pessoa normal, o corpo sentia-se anormalmente pesado.

Unidade Realizer de Combate. Geralmente chamado de CR-Unit.

Aquele era o nome dado para o equipamento tático que usava a tecnologia miraculosa, o Realizer, na qual os humanos obtiveram depois de um longo spacequake trinta anos atrás.

Ele recebia os resultados calculados pelos computadores e, distorcendo as leis da física, os manifestavam no mundo real.

Resumindo, embora tenham algumas restrições, é uma tecnologia que transforma imaginação em realidade. Tem sido chamado de sistema que pode produzir a chamada 'magia' através demodos científicos.

Ao mesmo tempo, era o único jeito dos humanos lutarem com os espíritos.

"Saia do caminho! Maca passando!"

Uma voz gritando veio da direita.

Movendo apenas os olhos, Origami notou um membro da equipe com o mesmo uniforme mecânico na maca.

"...Merda, droga, aquela vadia...! Eu juro que eu a mato...!"

O membro da equipe na maca estava segurando uma atadura encharcada de sangue na testa e murmurando amargamente insultos enquanto era levado.

"..."

Não deveria haver problemas se conseguia praguejarcom tanto vigor. Perdendo o interesse, Origami moveu o olhar de volta.

Na verdade, se o tratamento for efetuado usando um Realizer para usos médicos, enquanto não for um ferimento extremamente sério, pode ser curado num instante. Quando Origami quebrou sua perna antes, no dia seguinte ela já podia andar de novo.

"——"

Enquanto exalava um longo suspiro, Origami olhou de relance para cima.

Ela se lembrou da batalha de hoje.

—A calamidade que destruirá o mundo, espíritos.

Era uma anormalidade que sobre-humanos como Origami não podiam nem ter esperanças de eliminar.

Aparecendo do nada, espalhando destruição por capricho, eram monstros ao nível de desastres naturais.

"..."

No final, até mesmo a batalha de hoje acabou com o espírito se perdendo, porém era mais como se o espírito houvesse decidido descer as cortinas.

Perdido não significa que o espírito morreu.

Tudo o que significa, é que o espírito escapou para outra dimensão.

Embora houvesse registros em livros onde parecia que as ações dos AST expulsassem espíritos, Origami, assim como todos os outros membros envolvidos em batalhas diretas, sabia.

Os espíritos não sentem absolutamente nenhuma ameaça vinda deles, e quando os espíritos somem, era simplesmente por capricho.

"..."

Sua expressão não mudou nem um pouco.

Entretanto, Origami cerrou os dentes de trás com força.

"Origami"

A voz que veio de dentro do hangar quebrou seus pensamentos.

"..."

Silenciosamente, virou-se para encarar a voz. Seu corpo provavelmente não tinha se acostumado ainda, já que sentia que sua cabeça estava extremamente pesada.

O realizer básico equipado no uniforme de fiação, quando iniciado, pode expandir o território pessoal em alguns metros ao redor da pessoa.

Esse território é a essência do CR-Unit[5]. Como o nome diz, é um lugar onde os pensamentos do usuário podem tornar-se realidade.

Ele tinha a habilidade de suavizar qualquer ataque externo, bem como ainda permitia a falta de gravidade por dentro, para se sentir livre. Enquanto o território estiver expandido, os membros da AST podem tornar-se super-humanos.

Por isso que na volta, por um tempo após usar o CR-Unit, era difícil mover o corpo livremente.

"Bom trabalho."

Usando o mesmo uniforme que Origami, estava uma mulher em torno dos seus 20 anos, com a mão no quadril.

Usando o mesmo uniforme que Origami, estava uma mulher em torno dos seus 20 anos, com a mão no quadril.

Capitão Kusakabe Ryouko. O Oficial Comandante da AST a qual Origami fazia parte.

"Você fez bem expulsando aquele espírito sozinha. ...Eu dei o relatório escrito para Tomonara e Kagaya. O que estávamos pensando, recuando e deixando o espírito só para Origami."

"Eu não o expulsei."

Origami respondeu e Ryouko encolheu os ombros.

"Bem, tenho que reportar desse jeito para os superiores. Se não mostrarmos algum resultado, os orçamentos irão cair."


"..."


"Vamos, não faça essa cara. Eu estou te elogiando, afinal de contas. Nessa situação, onde o lugar do campeão ainda está vazio, você está se esforçando bastante. Ainda, se você não estivesse aqui, o número de pessoas que morreram a mais não seria só um ou dois."

Fuuuu, exalou a respiração.

"Mas ei," Ryouko afiou o olhar, agarrou a cabeça de Origami e virou-a em sua direção.

"Você estava um pouco fora dos limites.—Quer morrer tanto assim?"

"..."

Com seu olhar cortante ainda fixado em Origami, Ryouko continuou.

"Você realmente entende com que tipo de oponente você estava lutando aqui? Aquilo é um monstro, pelo amor de Deus. Um furacão com inteligência. —Você entende? Dentro das suas habilidades, suprimir os danos ao mínimo, dentro das suas habilidades, faça-o se perder o mais rápido possível. Esse é o nosso trabalho. Não exponha-se ao perigo inutilmente."

"—Isso está errado."

Origami respondeu enquanto olhava Ryouko diretamente nos olhos e, mais uma vez, abriu os lábios levemente.

"Derrotar os espíritos, esse é o dever do AST."

"..."

Ryouko franziu a testa.

Como capitã da AST, era suposto que entendesse o nome da Equipe Anti-Espíritos melhor do que Origami.

Por ter entendido, afirmou.

—Não podemos fazer nada além de suprimir os danos.

Entretanto, enquanto reconhecia isso, Origami repetiu mais uma vez.

"—Eu vou, derrotar, os espíritos."

"..."

Ryouko soltou um suspiro e tirou as mãos da cabeça de Origami.

"Eu não planejava ouvir o que pessoalmente acha. Pense o que quiser. —Entretanto, se parecer que você irá desobedecer algum comando no campo de batalha, será expulsa do time."

"Entendido."

Origami deu uma resposta curta, ergueu o corpo que tinha finalmente ajustado e foi embora.

Parte 4[edit]

"—Então, esse é o monstro que chamamos de espírito e aqui é a AST. Eles são a JGSDF da Equipe Anti-Espíritos. Você se meteu em uma situação bem preocupante. Se não o tivéssemos reconhecido, você teria provavelmente morrido duas ou três vezes a essa hora. Então, para a próxima—"

"E-Espere um pouco!"

Shidou aumentou a voz, tentando segurar Kotori, que tinha começado sua rápida explicação.

"O que é isto? Depois de todo o trabalho que essa comandante está tendo para dar-lhe uma explicação direta. Se for chorar, então o faça com mais dignidade. Já que é assim, eu posso ao menos dar-lhe o privilégio especial de lamber o meu pé."

Estufando o peito levemente, com um olhar que parecia estar olhando-o de cima, uma corrente de abusos que não eram estilo-Kotori saiu da sua boca.

"Se-Sério!?"

A voz cheia de alegria veio do que estava parado ao lado de Kotori, Kannazuki. Kotori instantaneamente respondeu "você não" e lhe deu uma cotovelada no plexo solar.

"Gah...!"

Vendo essa mudança, Shidou abriu a boca em surpresa.

"...Ko-Kotori... É você? Você estava segura?"

"O que é isso, esqueceu-se do rosto da sua irmãzinha, Shidou? Eu sabia que era ruim em lembrar-se das coisas, mas não esperava que fosse tanto. Talvez seja uma boa ideia reservar um lugar para você numa casa de reposo agora mesmo."

Uma linha de suor desceu pelo rosto de Shidou.

Ele beliscou a bochecha. Doeu.

A irmãzinha amável de Shidou nem conseguia parar de chamá-lo de "onii-chan'.

Coçando a parte de trás da cabeça, Shidou soltou uma voz perturbada.

"... De alguma maneira, eu estou tão confuso que é como se o interior da minha cabeça tivesse virado o Crocodile Panic[6] . Que merda está acontecendo? Ou melhor, onde estou? Quem são essas pessoas? Também—”.

Kotori, acenando com a cabeça um "ok, ok", estendeu a mão e parou Shidou.

"Acalme-se. Se eu não entender o que está perguntando, então não tem como respondê-lo."

Dizendo isso, Kotori apontou para a tela na ponte.

Ali, a garota de cabelo preto que Shidou encontrou mais cedo, assim como os seres humanos em armaduras mecânicas, estava sendo exibida.

"Uhmmm... você disse... espírito?"

Shidou perguntou enquanto coçava a bochecha. Lembrou-se da palavra que Kotori usou em sua explicação mais cedo.

Aparecendo aleatoriamente no mundo, um monstro de origens desconhecidas.

"Sim. Ela é um ser que não existia nesse mundo originalmente. Apenas por aparecer nesse mundo, não por sua própria vontade ou qualquer coisa assim, a área ao seu redor seria levada pelo vento."

Com um bang, Kotori bateu as duas mãos e depois abriu, simulando uma explosão.

Shidou fez uma careta com a mão ainda na bochecha.

"...Desculpe, a escala é um pouco grande demais, então é difícil entender."

Ouvindo isso, Kotori encolheu os ombros, "você ainda não entende depois de tudo isso?" e suspirou.

"O que estou dizendo é que esse spacequake, ou melhor, o fenômeno que chamamos assim, são efeitos causados depois que espíritos como essa garota aparecem no nosso mundo."

"O q..."

Shidou inconscientemente uniu as sobrancelhas.

Um terremoto numa área aberta. Spacequake.

Um fenômeno extremamente irracional que destrói a humanidade, no mundo.

E a razão por trás de tudo isso é aquela garota—?

"Bem... a escala de destruição varia. Poderia ser limitado, tão pequeno como alguns metros, ou tão grande como— em torno da extensão de um buraco gigante aberto no meio do continente."

Kotori fez um grande círculo com os braços.

Ela provavelmente estava falando sobre o primeiro spacequake trinta anos atrás— aquele que era conhecido como O Desastre Aéreo da Eurásia.

"A sorte estava ao seu favor, Shidou. Se a escala da explosão naquela hora fosse um pouco maior, você provavelmente teria sido desintegrado instantaneamente."

"..."

Foi exatamente como ela disse. Mesmo agora, o corpo de Shidou curvou-se de medo.

Vendo Shidou daquele jeito, Kotori fechou os olhos pela metade.

"E de qualquer forma, por que você saiu enquanto o alerta soava? Você é idiota? Queria morrer?"

"Não, não é... porque você foi, olhe pra isso."

Shidou tirou o celular do bolso e mostrou os dados da posição de Kotori. Como esperado, o ícone de Kotori estava parado em frente ao restaurante familiar.

"Hm? Ahh, isso."

Entretanto, Kotori tirou seu próprio celular do bolso.

"Ahh...? Por que você tem, isso.”

Shidoutrocou olhares entre a tela do seu próprio celular e o que Kotoricarregava, que estava bem na frente dos seus olhos. Por Kotori estar naquele lugar, ele achava que ela teria derrubado o celular na frente do restaurante.

Kotori encolheu os ombros e soltou um suspiro profundo

"Eu estava imaginando o porquê de você ter saído enquanto o alerta soava. Então essa é a razão. Quão estúpida você acha que eu seria, irmão idiota."

"M-Mas... Ehh, por que esse—”.

"Simples. O motivo é que estamos na frente do restaurante agora mesmo."

"Huh...?"

"Ok, então. Acho que seria mais rápido se eu mostrasse. —Corte o filtro."

Seguindo as palavras de Kotori, a proaescura imediatamente iluminou-se.

No entanto, não era porque as luzes ligaram. Se alguma coisa, era como se uma cortina preta que escondesse o teto tivesse sido subitamente removida.

Na verdade, o céu azul espalhava-se ao redor deles.

"O-O que é isso..."

"Por favor, não faça algazarra. A área lá fora é exatamente como você vê."

"A área lá fora é... isso."

"Mhmm. Onde estamos é exatamente 15000 metros acima da Cidade de Tenguu. Em termos de lugar, acabou coincidentemente sendo bem em torno do restaurante familiar onde planejávamos nos encontrar."

"Onde nós estamos..."

"Exato. Esse <Fraxinus> é um dirigível."

Cruzando os braços, Kotori soltou um sorrisinho *fufun*. Era exatamente como uma criança se gabando sobre seu brinquedo favorito. Não— se alguma coisa, era provavelmente mais próximo de uma mãe apresentando seu filho criado carinhosamente.

"D-Dirigível... ? O que diabos é isso. Por que você está em um lugar como esse?"

"Esse é o porquê, eu não disse para ouvir minhas explicações em ordem? Até mesmo um frango pode lembrar-se de andar três passos."[7]

"Uuuu..."

"... Entretanto, pensar que esse lugar seria encontrado através de um dispositivo de rastreamento de celular... nós deixamos isso passar completamente. Deixamos nossa guarda baixa depois de aplicar o Invisível e Evitável com o Realizer. Devemos levantar algumas contra-medidas depois."

Enquanto murmurava palavras que Shidou não entendia, Kotori colocou a mão no queixo.

"D-Do que você está falando?"

"Ahh, não se preocupe. Eu não esperava que você acompanhasse isso de qualquer maneira, Shidou. Afinal de contas, você tem um cérebro que perderia para o de um caranguejo peludo[8] em termos de preço por grama."

"..."

"Comandante. Miso de caranguejo não é feito com cérebros e sim com entranhas."

Uma gota de suor escorreu pelo rosto de Shidou quando Kannazuki disse aquilo com uma voz firme.

"..."

Kotori moveu os dedos, acenando para ele vir, e Kannazuki deu uma leve reverência.

E então *pa*, o palito do pirulito que ela havia acabado foi jogado na direção dos seus olhos.

"Nuaaaaaghh!"

Apertando o olho, Kannazuki caiu para trás.

"V-você está bem?!"

Não parecia que ele estava se mexendo. Shidou levantou a voz em preocupação.

Porém, logo quando estava para correr até ele, parou.

Kannazuki, que havia caído no chão, tirou um lenço do bolso e com uma expressão em êxtase, calmamente o enrolou ao redor do palito de pirulito que Kotori havia jogado nele.

"Desculpe, eu te fiz ficar preocupado? Eu estou bem, essa é uma recompensa em nosso tipo de trabalho!"

Dizendo isso, Kannazuki instantaneamente levantou, parando perfeitamente ereto.

Que tipo de trabalho era aquele, Shidou particularmente não queria saber os detalhes.

"Kannazuki."

"Sim."

Kotori levantou dois dedos e Kannazuki tirou outros dois doces para repor e deu á ela.

"Então, voltando ao assunto. AST. Essa é uma unidade especializada em espíritos."

Enquanto falava, Kotori apontou para um grupo de pessoas que estavam sendo mostradas na tela.

"...Uma unidade especializada em espíritos... o que exatamente eles fazem?"

Ouvindo a pergunta de Shidou, Kotori levantou as sobrancelhas como se a resposta fosse óbvia.

"Simples. Se o espírito aparece, então eles voam até lá e cuidam disso."

“Cuidam disso...?”

"Essencialmente, os exterminam."

"...!"

Não era como se o que Kotori havia dito fosse uma surpresa.

Entretanto— Shidou foi assaltado por um sentimento como se seu coração estivesse sendo torcido.

"E-Exterminam...?"

"Isso."

Despreocupadamente, Kotori assentiu.

Shidou engoliu em seco. O som das batidas do seu coração estava terrivelmente alto.

Ele entendeu o que eles disseram. Espíritos. Eles certamente eram uma existência perigosa.

Mas— não importa o que, para ir tão longe a ponto de matá-los.

Subitamente, Shidou viu o rosto da garota em sua mente.


(—Afinal de contas, você não veio para me matar também?)


O significado por trás dessas palavras que a garota disse, ele finalmente entendeu.

Tanto quanto o sentido daquela expressão que parecia que as lágrimas cairiam a qualquer momento.

"Bem, se você considerar isso normalmente, tê-los mortos seria provavelmente o melhor para nós."

Aparentemente sem nenhuma emoção particular, Kotori falou.

"P-Por... quê?"

"Por que, você pergunta?"

Com uma expressão distorcida, Shidou perguntou como se estivesse gemendo e Kotori sofisticamente botou sua mão no queixo.

"Não há nada de estranho nisso, certo? Eles são monstros. Apenas por aparecerem nesse mundo, eles causam spacequakes. Eles são o veneno mais maligno e mortífero que existe!"

"Mas você não disse antes? Que os spacequakes não têm nada a ver com os desejos dos espíritos."

"Exatamente. Pelo menos, acredita-se que a explosão ao chegarem nesse mundo não é relacionada ás intenções do espírito. —Mas, há marcas de destruição e vítimas de spacequake resultadas pelas lutas com a AST depois."

"... Mas não é porque essas pessoas da AST os atacaram?"

"Bem, pode ser. — Entretanto, essa é meramente uma hipótese. Pode ser que, se a AST não fizer nada, os espíritos encantadoramente comecem suas atividades destrutivas."

"Isso... provavelmente não irá acontecer."

Kotori inclinou a cabeça em espanto com a afirmação de Shidou.

"Qual é a sua prova?"

"Alguém que destrói ruas por diversão... não faria uma expressão como aquela."

Alguma coisa como aquela era muito vaga e fraca para ser chamada de prova, mas... por alguma razão, Shidou acreditava naquilo do fundo do seu coração.

"Então, provavelmente não é de acordo com a intenção deles, certo? Mas ainda assim—"

"Estando ou não causando isso voluntariamente, esse não é o problema. Em ambos os casos, é um fato que os espíritos estão causando os spacequakes. Não é como se eu não visse aonde quer chegar, mas você não pode deixar uma existência perigosa ao nível de uma bomba nuclear sozinha, só porque sente pena dela. Hoje aquele caso terminou com apenas uma pequena explosão, mas não podemos ter certeza que da próxima vez não será um desastre ao nível do da Eurásia."

"Mesmo assim... chegar a ponto de matá-los..."

Shidou argumentou teimosamente e murmurando "Meu Deus", Kotori encolheu os ombros.

"Vocês só se encontraram por alguns minutos e, acima de tudo, era alguém que quase te matou, mas você ainda está do lado deles... Poderia ser que você tenha se apaixonado por ela?"

"N-Não mesmo. Eu estava apenas imaginando se havia algum outro jeito."

"Algum outro jeito, huh."

Ouvindo as palavras de Shidou, Kotori soltou um longo suspiro.

"Então vamos ouvi-lo, que outros jeitos você acha que existe?"

"Isso é—"

As palavras pararam.

Na sua mente, ele havia entendido completamente o que Kotori havia dito.

Uma aberração que deixava marcas profundas no mundo só por aparecer— espíritos.

Uma coisa como essa deve ser eliminada o mais rápido possível.

Entretanto, foi apenas por um momento.

Shidou testemunhou aquilo. O rosto da garota, que parecia que as lágrimas estavam para cair.

Shidou havia ouvido aquilo. A voz da garota, cheia de sofrimento.

—Ahh, isso é errado, foi o que ele havia pensado.

"...De qualquer maneira."

Da boca de Shidou, palavras começaram a fluir naturalmente.

"Se...nós não falarmos com eles propriamente nem uma vez... não saberemos."

O medo de encarar a morte diretamente naquela hora ainda estava cravado nas profundezas do seu corpo.

Era, honestamente, um medo que faria qualquer um querer escapar.

Entretanto, Shidou não podia simplesmente deixar aquela garota daquele jeito.

Porque ela é— o mesmo que Shidou.

Ouvindo as palavras de Shidou, os lábios de Kotori se curvaram em um sorriso malicioso.

Era como se ela estivesse dizendo "Eu estava esperando por essas palavras".

"Entendo.—Então, deixe-me ajudá-lo."

"Huh...?"

Enquanto a boca de Shidou pendia aberta, Kotori abriu os braços.

Reine, Kannazuki, a tripulação espalhada abaixo e ainda o dirigível —<Faxinus>, era como se ela estivesse indicando todos eles.

"Eu disse que nós vamos ajudá-lo com isso. Todo o poder do <Ratatoskr> será utilizado para apoiar Shidou."

Com um movimento elegante, Kotori botou os dedos nos joelhos.

"O qu-que você está falando? Eu não—"

"Deixe-me responder sua primeira pergunta. A sobre quem somos nós."

Como se para bloquear as perguntas de Shidou, Kotori aumentou a voz.

"Ok? Os modos de lidar com um espírito se encaixam basicamente em dois métodos principais."

"Dois...?"

Shidou perguntou. Kotori deu um aceno exagerado com a cabeça e então levantou o dedo indicador.

"O primeiro é a aproximação que a AST está utilizando. O método de exterminá-los através de um confronto de poder."

Seguindo aquilo, seu dedo do meio também levantou.

"O outro é... o método de falar com os espíritos. —Nós somos os <Ratatoskr>. Uma organização criada com o propósito de resolver os spacequakes sem matar os espíritos, através da conversa."

"..."

Shidou estreitou as sobrancelhas, pensando. Sobre o que exatamente a organização é e por que Kotori era parte de uma organização como aquela... havia várias perguntas em sua mente, mas— por agora, ele perguntou a que estava lhe incomodando mais.

"...Então, por que tal organização vai me ajudar?"

"Você entendeu tudo errado. Em primeiro lugar, a organização chamada <Ratatoskr> foi criada por causa de Shidou." "Ha, haaaa...!?"

Shidou teve uma quebra magnífica de expressão e soltou uma voz histérica.

"Espere um pouco. Agora eu estou mais confuso que antes. Por minha causa?"

"Sim. —Bem, talvez seja mais correto dizer que é uma organização para estabelecer as bases do papel de Shidou em negociar com os espíritos, com o objetivo de resolver o problema. De qualquer jeito, é uma organização que não existiria se Shidou não existisse."

"E-Espere. O que você quer dizer? Todas essas pessoas se reuniram por essa razão? Ou mais importante, por que eu!?"

Shidou perguntou. E enquanto rolava o doce dentro da boca, Kotori murmurou.

"Mm, bem, Shidou é especial."

"Isso não é uma explicação!!!!"

Incapaz de resistir, ele gritou.

Entretanto, Kotori sorriu destemidamente e deu de ombros.

"Oh, bem, você entenderá o motivo eventualmente. Não é o bastante? Eu estou dizendo que nós, todos os membros e todas as nossas tecnologias, vamos nos voltar ás suas ações. Ou— você está pensando em parar sozinho entre os espíritos e a AST sem nenhuma preparação? Você morrerá, com certeza."

Kotori revirou os olhos e falou com uma voz fria. Sem perceber, Shidou segurou a respiração.

Era como Kotori havia falado. Shidou estava apenas dizendo suas ideias e esperanças, mas não possuía nenhuma intenção de torná-las realidade.

Eram tantas as coisas que ele queria dizer que parecia que iriam transbordar de dentro da sua garganta, mas ele de alguma maneira resistiu e perguntou apenas o que avançaria com o assunto.

"...Então, para isso, o método de conversa, o que precisa ser feito particularmente?"

Um pequeno sorriso flutuou no rosto de Kotori.

"Sobre isso."

Ela então botou a mão no queixo,

"Faça o espírito— se apaixonar."

Sorrindo, ela disse aquilo orgulhosamente.

.....

Depois de um tempo.

"...O que?"

Uma gota de suor desceu pelo rosto de Shidou enquanto franzia o rosto.

"...Desculpe, eu realmente não entendo."

"Como eu disse, vire amigo dela, fale com ela, flerte com ela, namore com ela, e faça-a ficar perdidamente apaixonada."

Ouvindo Kotori falar isso como se estivesse determinado, Shidou enterrou a cabeça nas mãos.

"Uhm, e por que isso resolveria o problema dos spacequakes?"

Kotori colocou um único dedo no queixo e com um "mmmm" fez um gesto de que estava pensando.

"Se nós queremos a solução dos spacequakes sem usar a força, então nós precisamos persuadir o espírito, certo?"

"Parece certo."

"Para isso, não seria mais rápido fazer o espírito gostar deste mundo? Oh, esse mundo é maravilhoso~, se eles ficarem assim, então até mesmo um espírito não iria tumultuar aleatoriamente."

"Entendo."

"Assim, bem, não é dito com frequência? Que se você se apaixonar, então o mundo todo parece lindo. —Então, namore com ela e faça o espírito se apaixonar por você!"

"Não, tem algo errado nessa lógica."

Era óbvio que a lógica tinha ido embora pela janela. Com uma gota de suor caindo pelo rosto de Shidou, ele comentou.

"E-Eu não posso passar por uma coisa dessas..."

"Fique quieto seu frangote."

Shidou tentava expressar sua queixa, mas Kotori cobria com uma voz alta que não o deixava escolha.

"Eu não deixarei a AST matar os espíritos~, tem que haver outro jeito~, mas eu não gosto do jeito da <Ratatoskr>~ ...? Se você vai ser ingênuo então ao menos faça com moderação seu besouro. O que você pode fazer sozinho? Saiba seus próprios limites."

"Ugghh..."

"—Eu não preciso da aprovação do fundo do seu estômago. Mas se você não quer matar os espíritos... então você não tem autoridade para escolher o método."

Por algum motivo, um sorriso maligno flutuou no rosto de Kotori.

Na verdade, era como ela havia dito.

Sem nenhum poder ou suporte, mesmo que Shidou queira falar com aquele espírito de garota mais uma vez, não se tornaria realidade.

Os métodos da AST estavam fora de questão—provavelmente,até mesmo o grupo de Kotori queria iludir os espíritos por benefício próprio, já que era o único motivo que podia pensar.

Porém— era um fato que não havia outro jeito.

"..., eu entendi."

Shidou assentiu amargamente e o sorriso de Kotori preencheu seu rosto.

"—Yoroshiku. Olhando a data em que estamos, a próxima vez que um espírito aparecerá será pelo menos daqui a uma semana. Nós iremos começar a treinar amanhã."

“Huh...? Treinar...?”

Shidoupronunciou atordoado.

Parte 5[edit]

O dia seguinte chegou.

"Venha."

"Eh?"

Subitamente.

A mão de Shidou foi agarrada por Origami enquanto ele soltava uma voz confusa.

"Ah, es-espere..."

Sua cadeira caiu com um estrondo e ele foi carregado para fora da sala por Origami.

Atrás dele, a boca de Tonomachi estava escancarada, e por algum motivo, grupos de garotas estavam fazendo tumulto com um *kyaa, kyaa*.

Enquanto pensava que outro boato ia começar por aí, Shidou seguiu Origami. Bem, pelo menos é melhor do que ser tratado como o 'melhor casal' com Tonomachi, confortou a si mesmo.

11 de Abril, Terça-Feira.

Aquele era o dia após Shidou ter passado por uma estranha e irreal experiência.

No final, depois daquilo, Shidou foi levado para outra sala, onde lhe foi dada uma explicação detalhada da situação por um homem que ele não conhecia,que se arrastou até tarde da noite (honestamente, ele não lembrava realmente das ultimas partes) e depois de assinar vários formulários, ele foi finalmente autorizado a voltar para casa.

Sem mesmo tomar banho, ele mergulhou na cama. E antes que percebesse, já era de manhã.

Carregou seu corpo mole para o colégio e suportou as aulas, enquanto esfregava seus olhos sonolentos, e finalmente a última aula acabou— foi o que ele estava pensando quando, naquele momento, o incidente aconteceu.

Sem dizer nem uma palavra, Origami subiu as escadas até alcançar a porta trancada do telhado e finalmente soltou sua mão.

O barulho dos alunos saindo do colégio parecia horrivelmente longe.

Apesar de existirem pessoas a menos de dez metros de distancia, parecia que aquele era um lugar solitário e isolado.

"Eh, uhmm..."

Mesmo que ele não sentisse nada por Origami, por algum motivo ser carregado para um lugar como esse por uma garota o fez sentir-se estranho. O olhar de Shidou nadou.

Porém, sem nenhum aviso, "Ontem, por que você estava em um lugar como aquele?"

Ela falou enquanto olhava para Shidou diretamente nos olhos.

"Bem, parecia que minha irmã ainda estava nas ruas depois do alarme soar, então eu estava procurando..."

"Entendi. —Você a encontrou?"

Shidou respondeu. E com suas expressões imutáveis, nem mesmo demonstrando surpresa, Origami respondeu.

"—A-Ah... sim."

"Oh. Que bom."

Ao dizer isso, os lábios de Origami continuaram a se mover.

"—Ontem, você me viu."

"A-Ahh..."

"Não conte a ninguém."

Quando Shidou estava para afirmar, Origami disse em uma voz de comando.

Eu imagino como ela reagiria se eu respondesse "Se você não quer que todos saibam, então é melhor fazer o que eu mandar, hehehe", tal curiosidade perigosa apareceu namente de Shidou.

Mas como esperado, Shidou não tinha tanta coragem assim. Lentamente inclinou a cabeça para frente.

"Além disso, não é só eu— mas tudo que você viu e ouviu ontem. Seria melhor se você esquecesse tudo isso."

Ela estava definitivamente... falando sobre o espírito.

"Você quer dizer aquela garota?"

"..."

Origami meramente olhou para Shidou silenciosamente.

"H-Hey... Tobiichi. Aquela garota—"

Ele já tinha ouvido sobre os espíritos pelo <Ratatoskr>, mas Shidou perguntou ainda assim.

Afinal, era apenas o ponto de vista de Kotori e sua organização. Se forem pessoas como Origami que cruzam espadas com eles, pensou que teriam um modo diferente de pensar.

"Era um espírito."

Origami deu uma resposta curta.

"...E-Esse espírito, é uma má pessoa...?"

Shidou tentou fazer a pergunta.

Enquanto fazia isso, era de leve, mas pensou ter visto Origami morder os lábios.

Tobiichi Origami: "—Meus pais, há cinco anos, faleceram por causa dos espíritos."

"—Meus pais, há cinco anos, faleceram por causa dos espíritos."

"...O q—"

A resposta inesperada parou as palavras de Shidou.

"Eu não quero que tenham mais pessoas como eu."

"...Então é isso—"

Shidou botou a mão no peito.

Tentou de alguma forma acalmar os batimentos cardíacos intensos e profusos.

Entretanto, subitamente um pensamento preocupante veio a sua cabeça. Enquanto coçava a bochecha, perguntou á Origami, que estava até agora olhando diretamente para ele:

"Agora que penso nisso, Tobiichi... sobre o espírito e coisas do tipo, está tudo bem pra você falar sobre eles? Bem, mesmo que eu tenha perguntado..."

"..."

Origami ficou em silencio por um momento.

"Sem problemas."

"S-Sério?"

"Se você mantiver em segredo."

“... E se eu não mantiver?"

"..."

De novo, suas palavras pararam por um momento.

"Isso seria um problema."

"Entendo... isso seria ruim. ...Eu prometo a você, não contarei a ninguém."

Com um aceno, Origami aprovou.

No final da conversa, Origami moveu seu olhar para longe de Shidou e desceu as escadas.

"...Fuuu..."

Quando não podia mais ver as costas de Origami, Shidou encostou-se na parede e soltou um suspiro. Mesmo que eles tenham simplesmente só conversado, ele se sentiu extremamente nervoso.

"Seus pais morreram por causa dos espíritos—huh."

*Dong*, bateu a cabeça na parede e murmurou.

Os espíritos eram chamados de “a calamidade que destruirá o mundo”. Algo assim— provavelmente acontece.

"... Fui apenas ingênuo afinal de contas..."

Origami e Kotori, embora tendo direções diferentes, estavam se movendo firmemente com suas crenças.

Mas e Shidou?

As palavras grosseiras que disse á Kotori ontem, conseguiria falar as mesmas para Origami?

"..."

*Haaa*, soltou um suspiro. Ele não achava que suas ações eram um erro, mas tinha um sentimento complicado.

"Kyaaaaaaaaaaaaaaaa—!!"

Da direção do corredor, ouviu os gritos de uma estudante.

"...!? O-O que há de errado??"

Saltando apressadamente as escadas e dando uma olhada, viu que alguns alunos haviam se aglomerado no corredor.

"O-O que aconteceu?"

"P-Parece que ela é uma nova professora e... ela caiu de repente..."

Perguntei e a aluna que estava por perto respondeu apressadamente.

"Eu não entendi realmente, mas por agora vamos chamar a enfermeira—"

Quando Shidou começou a falar, a mulher caída no jaleco branco segurou sua perna.

"W-Waaaah!?"

"... Não se preocupe comigo. Eu só tropecei."

Enquanto falava, a mulher levantou lentamente o rosto que tinha sido achatado no chão.

"V-Você é...!"

Franja longa e olheiras grossas. Estava usando óculos, mas não tinha como esquecer essas características faciais.

"...Hn? Ahh, você é—"

A mulher— Oficial de Análise do <Faxinus>, Murasame Reine, lentamente se levantou do chão.

"O-O que você está fazendo em um lugar como esse...?"

"... Não consegue dizer pelo que está vendo? Virei uma professora. Particularmente, estarei ensinando física, como também tomarei a posição de professora assistente de classe da sala 2-4."

Enquanto mostrava o crachá no peito, Reine respondeu. A propósito, o urso de pelúcia coberto de cicatrizes estava pendurado no bolso do jaleco, logo abaixo do crachá.

"Não, não tinha como eu saber disso!"

Um grito— nesse ponto, Shidou notou que os olhares dos que os arredondavam estranhamente focaram-se neles.

"Ah... P-Parece que ela está bem."

Esticou a mão e ajudou Reine a se levantar.

"...Nn, obrigada."

"De nada. Vamos conversar enquanto andamos."

Dando atenção aos que estavam ao seu redor, Shidousugeriu.

Marchando ao passo de Reine, eles se arrastaram para longe.

"Uhm— Oficial de Análise Reine?"

"Nn, ahh, só Reine está bom."

"Huh?"

"...Eu também o chamarei pelo nome. Dizem que coordenação e cooperação nascem da confiança."

Reine afirmou com a cabeça algumas vezes e olhou para o rosto de Shidou.

"Uhm, você era... Shintarou, certo?"

"Longe disso!"

Não haviam nada parecido com confiança aqui.

"... Então, Shin, isso deve ter sido repentino."

"O que há com esse final esplendido? Ou melhor, você até me deu um apelido estranho!"

O grito explodiu. Entretanto, Reine continuou como se não tivesse ouvido as palavras de Shidou.

“... As preparações para o treinamento de fortalecimento na qual Kotori falou ontem foram completadas. Eu estava te procurando. Isso é perfeito, vamos proceder para a sala de preparações de física."

Qualquer coisa que Shidou dissesse seria inútil, então ele desistiu de retrucar e depois de um longo suspiro, retornou uma pergunta.

"O que exatamente eu estarei fazendo nesse treinamento? Uhm... Reine-san."

"...Hm. Eu ouvi isso de Kotori, mas Shin, parece que você nunca se relacionou com garotas antes, certo?"

"........."

—Minha irmãzinha querida, por que você está vazando a história do seu irmão com mulheres (zero) para outras pessoas?

Uma veia pulsou no rosto de Shidou e ele deu um aceno ambíguo.

"... Não é como se eu estivesse tentando te culpar. É ótimo ter morais tão firmes. ...Mas, isso não o ajudará quando você tentar seduzir o espírito."

"Ugh..."

Franzindo a testa, ele gemeu.

Foi provavelmente quando estavam passando perto da sala dos professores quando

"...Ah?"

Shidou viu uma cena estranha e parou.

"...O que há de errado?"

"Olhe para isso..."

Estavam olhando para sala em que a professora Tama-chan estava andando— e seguindo ela, uma sombra minúscula com o cabelo dividido em dois então virou.

"Ah!"

Talvez notando o olhar de Shidou, mas a expressão da sombra minúscula—de Kotori, subitamente se iluminou.

"Oniii-chaaaaaaaan!"

Instantaneamente, como se sugada em sua direção, Kotori deu um ataque surpresa no estômago de Shidou.

"Hagaa...!"[9]

"Ahahaha, você disse hagaa! Esse é o prefeito! ahahahaha!"

"Ko-Kotori...!? Por que você está nesse colégio..."

Shidou perguntou enquanto, de alguma maneira, empurrava Kotori que estava agarrada ao seu estômago.E de trás de Kotori, a professora Tama-chan correu até eles.

"Ah, Itsuka-kun. Sua irmã veio aqui, então estávamos indo avisá-lo agora mesmo."

"A-Ah..."

Dando uma boa olhada, Kotori estava usando os chinelos dos visitantes e tinha um crachá de visitante no peito, acima do seu uniforme do ensino fundamental. Parece que ela entrou no colégio depois de passar propriamente pelas formalidades.

"Oh, professora, obrigada!"

"O prazer é meu."

A professora retornou um sorriso á Kotori que estava balançando a mão energeticamente.

"Oh, que irmã mais fofa."

"Haa... éé."

Enquanto uma gota de suor descia pelo rosto de Shidou e com um sorriso amargo, deu uma resposta ambígua.

Depois de sorrir e acenar com um "tchau tchau" para Kotori, a professora saiu em direção á sala dos professores.

"...Então, Kotori."

"Huh, o quê?"

Enquanto abria seus olhos redondos, Kotori balançou a cabeça.

Aquele comportamento pertencia á irmãzinha fofa a qual que Shidou estava familiarizado.

"Você... aquelas coisas ontem à noite, como o <Ratatoskr>, ou espíritos—"

"Vamos falar disso mais tarde."

Seu tom era o mesmo de sempre, mas por algum motivo teve a sensação de algum tipo de pressão, então Shidou ficou em silêncio.

Então, detrás de Shidou, a voz quieta de Reine ecoou.

"... Você chegou cedo, Kotori."

"Mm, é porque deixei o <Fraxinus> para trás na metade do caminho."

Mesmo que tenha dito falar sobre essas coisas mais tarde, ela naturalmente falou o nome do dirigível.

Sentindo que aquilo era um pouco irracional, Shidou botou a mão na testa.

Olhando para aquilo com um sorriso despreocupado, Kotori começou a andar pelo corredor, como se para guiar Shidou.

"De qualquer jeito, hey, onii-chan. Vamos?"

Dizendo isso, Kotori puxou sua mão.

"O q...Whoa, eu entendi, então vá mais devagar."

Hoje ele tinha sido arrastado por garotas diversas vezes. Enquanto pensava vagarosamente nisso, chegaram ao destino.

"Agora, entre, entre~"

"Não diga como se fosse 'heigh-ho'!"[10]

Á pedido de Kotori, Shidou deslizou a porta.

Imediatamente a seguir, franziu a testa e esfregou os olhos.

"...Hey."

"... O quê?"

Reine respondeu ás palavras de Shidou inclinando a cabeça.

"O que é essa sala?"

A sala de preparação física não era um lugar que os alunos entravam normalmente, e na verdade, Shidou não tinha ideia do que continha.

Mas até então, ele percebeu.

—Aquilo não era a sala de preparação de física.

Afinal de contas, a visão de Shidou se encheu com um grande número de computadores, monitores e vários instrumentos eletrônicos que ele nunca tinha visto antes.

"... Eles são os equipamentos da sala?"

"Por que está respondendo com uma pergunta!? Ou melhor, antes disso, essa não é a sala de preparos físicos? O que aconteceu com o professor a cargo desse lugar!"

É verdade. Originalmente, aquela era suposta de ser o único lugar além do banheiro onde o gentil e singelo velho professor de física, Chousoka Beshiyouchi (apelidado de chapéu de pedra nato)[11], podia descansar.

Agora, a figura do professor Chousoka Beshiyouichi não podia ser vista em lugar nenhum.

"..Ah, ele. Hmm."

Reine botou a mão no queixo e deu um pequeno aceno.

"..."

"..."

"..."

"..."

Desse jeito, alguns segundos se passaram.

"...Oh, bem, mesmo que fique parado aí não vai mudar nada. Por favor, entre."

"O que vem depois do 'hmm'!?"

Que habilidade incrível de ignorar. É uma habilidade que os japoneses definitivamente deveriam aprender nos dias atuais.

Reine entrou na sala primeiro e sentou na cadeira colocada na parte mais profunda da sala.

Depois, Kotori entrou na sala do lado de Shidou.

Então, de um jeito bem casual, ela soltou o cabelo preso pelas xuxas brancas e prendeu-o de novo com as xuxas pretas que tirou do bolso.

"—Phew."

Quando fez isso, pareceu que a aura de Kotori mudou subitamente.

Ela então lentamente afrouxou a gola do uniforma e se jogou na cadeira perto de Reine com um grande thump.

E então, da bolsa que carregava, Kotori tirou o que parecia ser uma pequena capa.

Dentro, alinhados lindamente em conjunto, havia vários tipos de Chupa Chups.

Era o tão falado recipiente de doces.

Kotori escolheu um, botou na boca e deu um olhar como se estivesse vendo Shidou por cima, que ainda estava parado na entrada da porta.

"Até quando você vai ficar parado aí, Shidou? Ou você está tentando virar um espantalho? É bom você desistir. Com essa cara estúpida, não acho que você poderá espantar os corvos. Ah, mas já que é tão grosso, talvez por outro lado humanos não cheguem perto de você."

"..."

Vendo sua irmã que havia se transformado em uma rainha em um único momento, Shidou botou a mão na testa.

Ao mudar a xuxa, deve ter provavelmente causado uma troca de mentalidade.

Era como se virasse as peças do Reversi, impressionadamente como Jekyll & Hyde.[12]

"...Kotori, qual é sua personalidade verdadeira...?"

"Você está sendo bem rude. Não vai ser popular com mulheres desse jeito. —Ahh, então é por isso que você é virgem. Desculpe por ressaltar uma coisa tão óbvia."

"...Hey."

"De acordo com as estatísticas, mais da metade dos homens que chegam aos vinte e dois anos sem ter conseguido namorar uma garota continuará virgem pelo resto da vida."

"Isso significa que eu ainda tenho mais do que cinco anos sobrando! Não subestime meu futuro eu!"

"Pessoas que falam somente sobre possibilidades e quanto tempo tem de sobra, no final, a única coisa que acabam dizendo é "Me esforçarei a partir de amanhã."

"Guh..."

Percebendo que não venceria uma discussão, cerrou os dentes e fechou a porta.

"... Agora, de qualquer maneira Shin, o treinamento está para começar. Por favor, sente aqui."

Dizendo isso, Reine indicou a cadeira amassada entre as duas.

"...Okay."

Shidou já havia percebido que qualquer reclamação seria inútil, então seguiu em sua direção e sentou na cadeira.

"Agora, vamos começar imediatamente a tort...*cof**cof*, vamos começar o treinamento."

"Você acabou de dizer tortura."

"Imaginação sua. —Reine."

"...Ahh."

Reine assentiu. Por algum motivo, parecia que iria dormir ali, daquele jeito.

"... Não apenas para baixar a guarda do alvo, mas com a intenção de ganhar sua afeição, manter uma conversa é essencial. Embora possamos dar instruções de onde ir e o que dizer... se a pessoa em questão está nervosa então não vai funcionar."

"Uma conversa com uma garota... não deve ser tão difícil."

"Imagino."

Kotori subitamente segurou a cabeça de Shidou e empurrou-a com força entre os seios de Reine.

"......!?"

"...Nn?"

Reine soltou um barulho estranho.

Suas bochechas foram atacadas por uma sensação macia e quente. E seguindo isso, uma fragrância que parecia derreter seu cérebro circulou seu nariz. Shidou instantaneamente empurrou a mão de Kotori para longe e levantou a cabeça com uma sacudida.

"...O-O-O-O que você está fazendo...!"

"Hmm, isso não é bom huh."

Kotori encolheu os ombros ironicamente.

"Você entende agora, certo? Se algo como isso mexer até mesmo com seu batimento cardíaco então definitivamente não é uma boa coisa."

"Não, claramente esse exemplo é estranho, certo!?"

Entretanto Kotori não estava disposto a ouvi-lo, enquanto balançava a cabeça em desapontamento.

"Sério, você é um cherry-boy[13], huh. Oh meu deus, eu realmente pensei que você é um pouco fofo?"

"C-Cala a boca."

"...Bem, isso não é bom? É por causa disso que viemos aqui afinal de contas."

Dizendo isso, Reine cruzou os braços. Seu busto naturalmente magnífico estava ainda mais enfatizado.

Ou melhor, eles estavam 'montando' em seus braços.

"..."

Por algum motivo, olhar para eles o fazia sentir-se envergonhado, então sem perceber sua visão vagou.

—Teinar para se acostumar com garotas.

Na cabeça de Shidou, as palavras de Reine ecoaram.

Além disso, elas tornaram-se mais ou menos como evitar ser frustrado em situações eróticas... ou alguma coisa assim.

Kotori e Reine, o que exatamente estão planejando obrigar Shidou a fazer aqui—

"Engula sua saliva. É nojento."

Colocando os cotovelos na mesa, Kotori disse com os olhos semiabertos.

"...! N-não, não é isso, Kotori! E-Eu não estava..."

"...Oh, bem, porque não começamos imediatamente?"

Cortando a conversa entre Kotori e Shidou, Reine empurrou os óculos para cima.

"Haa—, e-espere, eu não me preparei ainda..."

Com a voz tremendo de nervosismo, Shidou endireitou as costas.

Sem ligar para ele, Reine murmurou "...Nn" e como a um momento atrás, trouxe o corpo em direção á Shidou.

Comparado com o caso anterior onde eles foram trazidos em contato sem nenhum aviso prévio, seu coração palpitou mais rápido.

—Ahh, o quê? O que exatamente ela vai fazer...!?"

Com o coração batendo desse jeito, ele nem conseguia se mover. Enquanto fazia uma expressão como se fosse o personagem principal de um mangá shoujo dos anos 80, Shidou fechou bem os olhos.

Entretanto, não importa quanto tempo ele tenha esperado, nada aconteceu.

Abrindo os olhos e dando uma olhada, Reine só tinha apertado o botão para ligar o monitor na mesa.

"Eh...?"

Enquanto Shidou encarava fixamente, a palavra <Ratatoskr> desenhada graciosamente apareceu na tela.

Depois, junto com uma música pop, garotas bonitas com cabelos coloridos foram mostradas em ordem, e um logo que parecia ser o título, ‘Se apaixone, meu•pequeno•Shidou', girou.

"I-Isso é..."

"...Aham. Isso é o chamado jogo simulador de encontros."

"Isso é um galge?!"[14]

Shidou soltou um grito agudo.

"Oh, o que você imaginava? Parece que só suas habilidades de fantasiar são de primeira categoria, repugnante."

Itsuka Kotori: "Oh, o que você imaginava? Parece que só suas habilidades de fantasiar são de primeira categoria, repugnante."

“...N, i-isso n...”

Se atrapalhando por causa das palavras... de alguma maneira conseguiu se acalmar limpando a garganta.

"E-Eu estava apenas imaginando se algo como isso realmente conta como treinamento..."

Silenciosamente, Kotori olhou para ele com um olhar como se estivesse vendo algo sujo.

Ele esperava que ela ao menos dissesse algo. Esse silêncio, esse silêncio é doloroso.

"...Bem, por favor, não diga isso. Essa é só a primeira parte do treinamento. Além disso, não é algo que você pode achar nas lojas, ele foi produzido por todo o <Ratatoskr>. Ele reproduz realisticamente situações que podem acontecer na realidade. Deve ser ao menos capaz de te preparar. Por sinal, é para maiores de15."

"Ahh... então não é para maiores de 18."

Shidou disse aquilo sem nenhum significado particular, e Kotori olhou para ele com um olhar beirando a pena.

"Você é o pior."

Então, Reine coçou a cabeça.

"...Shin, você não tem 16? Você não deveria poder jogar jogos para maiores de18 certo?"

"Mas isso não é sutilmente diferente do que disse um momento atrás?!"

Ele gritou, mas não parecia que nem Kotori nem Reine iriam responder;

"...Nn, então vamos começar."

"Ok, ok... vejamos."

Apesar de sentir que algo não tinha sentido algum, Shidou pegou o controle da sua mão como pedido.

Jogando um galge enquanto sua irmã e professora veem, que tipo de punição é essa?, ele pensou.

Passando o monólogo do protagonista, o jogo prosseguiu.

Então, a tela subitamente ficou preta.



"Bom dia, meu irmão! Hoje é mais um ótimo dia!"

Junto com essas palavras, uma CG fofa apareceu na tela.

Uma garota baixa, provavelmente irmã do protagonista, foi desenhada em uma estrutura inclinada.

Ou melhor, ela estava pisando no protagonista que estava dormindo.

Com a calcinha a mostra.

"Não tem como!!"

Enquanto agarrava o controle, Shidou aumentou o tom da voz.

"... O que há de errado, Shin. Algum problema?"

"Você não disse que reproduziria situações que poderiam acontecer na realidade?!"

"... Exatamente, tem algo estranho ali?"

"Estranho ou não, uma situação confusa como essa nunca... poderia..."

Parando no meio, a testa de Shidou começou a suar.

Lembrou-se que, por algum motivo, uma experiência extremamente similar parecia ter acontecido ontem de manhã.

"... O quê?"

"... Esqueça, não é nada."

Com a sensação que havia alguma coisa extremamente estranha, Shidou voltou ao jogo.

Depois que avançou um pouco o texto, algumas palavras apareceram no meio da tela.

"Huh...? O que é isso?"

"Mm, são opções. Você escolhe a próxima ação do protagonista através de um desses. Ao fazer isso, seus pontos de afeição mudarão de acordo, então tenha cuidado."

Dizendo isso, Kotori apontou para o topo do lado direito da tela. Ali, estava algo como um contador com o ponteiro no zero.

"Hmm... Entendi. Então estará tudo bem se eu só escolher um deles, certo?"

Shidou moveu os olhos do contador de pontos de afeição para as escolhas certas.

①"Bom dia. Eu te amo Ririko." Abraça amavelmente sua irmã.

②"Estou acordado. Ou melhor, você me acordou completamente." Puxa a sua irmã para a cama.

③"Te peguei, sua idiota!" Você segura a perna que está pisando em e dá uma Chave de Tornozelo.

"... O que diabos são essas três opções! Que parte disso é real?! Eu nunca fiz nenhuma dessas coisas!"

"Tanto faz, mas o tempo limite já está acabando."

"Huh...?!"

Exatamente como Kotori disse, o número mostrado embaixo das opções estava passando gradualmente.

"... Acho que terei de fazer isso."

Shidou disse como se estivesse gemendo e escolheu a mais normal entre as opções, ①.



"Bom dia. Eu te amo Ririko."

Abraço minha irmã Ririko amavelmente.

Ao fazer isso, o rosto de Ririko se enche de desprezo e ela me empurra para longe.

"Eh... hey, o quê, quer parar com isso? É grosseiro."

Os pontos de afeição caíram para menos cinquenta.

"Isso deveria ser real!"

Enquanto batia o controle nos joelhos, Shidou gritou.

"Ahhhh, você é um idiota. Mesmo que seja sua irmã, é óbvio que isso aconteceria se você a abraçasse subitamente. —Jeez, que bom que é só um jogo, se isso acontecesse na realidade, um amável buraco de ar seria aberto no estômago de Shidou."

"Então o que eu devo fazer!"

Shidou gritou sobre esse tratamento extremamente irracional e Kotori agiu como se não tivesse ouvido.

Com um suspiro, ela ligou a tela LCD na sua frente.

"Ah...? O que você está fazendo?"

"Mesmo que seja um treinamento, precisa ter um pouco de tensão."

Na tela, um cenário que ele conhecia apareceu. Era a entrada do Raizen High School.

Ali, a vista da câmera, estava um senhor de meia-idade usando o uniforme do colégio.

"... O que há com esse cara?"

"Ele faz parte da nossa tripulação."

Dizendo isso, Kotori puxou do nada algo que parecia um microfone e falou nele.

"—Sou eu. Shidou falhou na escolha. Faça."

"Huh?"

O homem na imagem curvou-se.

"Huh...? O-o quê?"

Shidou estreitou as sobrancelhas e o homem na imagem tirou um pedaço de papel do bolso. Ele então segurou-o na frente da câmera.

No momento em que viu aquilo, Shidou sentiu um choque, como se seu coração tivesse parado.

"I-Isso é—"

Vendo a reação dele, um sorriso que mostrava que estava gostando muito daquilo surgiu no rosto de Kotori.

"Exatamente. É o poema que o Shidou mais novo, afetado pelos mangás, escreveu: 'Etude, o tributo do mundo corroído."

"P...P-P-P-Por que você tem isso... ?!"

Era sem dúvida o poema que Shidou tinha escrito no seu notebook no ensino fundamental. Mas antes de entrar no ensino médio, tornou-se vergonhoso e ele deve ter jogado fora.

"Fufu, pensei que poderia ser útil algum dia, então eu o peguei."

"O, o-o-o quê você está planejando...!"

Sorrindo, Kotori deu o comando, "Faça."

"Certo."

Com uma resposta curta, o homem educadamente colocou o poema dentro do armário de sapatos mais próximo.

Desse jeito, algum aluno que chegar ao colégio amanhã acabará lendo o poema que Shidou pôs sua alma para fazer!

"O... o que você está fazendo!"

"Não faça tanta confusão, você é vergonhoso. Se errar enquanto estiver lidando com um espírito, então não terminará com algo assim. Não há dúvidas sobre o que acontecerá com Shidou, mas há também a possibilidade de sermos levados juntos. —Então, com o objetivo de te dar a sensação de tensão, botei essa penalidade."

"Isso é demais!! Ou melhor, eu não seria o único que se machucaria?!"

Shidou gritou e Reine afirmou, botando a mão no queixo.

"...é verdade, o que Shidou diz tem sentido."

"! E-Exatamente!"

Com a ajuda inesperada, o rosto de Shidou se iluminou. Porém,

"... Nesse caso, quando Shin errar uma opção nós deveríamos encarar também algum tipo de penalidade."

Dizendo isso, ela começou a lentamente tirar seu jaleco.

"Esp... o que você está fazendo?!"

"...Uh, você não estava dizendo que era injusto que fosse o único a ser envergonhado? Então quando Shin errar a escolha, eu vou tirar uma peça de roupa desse jeito."

Ela disse e sem parecer particularmente envergonhada cruzou os braços.

"Não foi isso que eu quis dizerrrr!"

"Tanto faz, continue o jogo."

Kotori impacientemente chutou a cadeira.

Com a aparência de que estava para chorar, Shidou desistiu e encarou a tela.

Mas, se as escolhas que aparecerem depois são todas como essa, ele não tinha confiança de que conseguiria passar seguramente por elas.

"Uwah, frangando e pensando como um plebeu, que vergonhoso."

"C-Cala a boca, é minha primeira vez jogando alguma coisa assim, então me dá um tempo!"

"Jeez, certo então. Só essa única vez. —Salve aqui."

"O-Ok..."

Depois de terminar de salvar, recomeçou o jogo e voltou á primeira escolha.

"..."

Com uma expressão sombria, olhou as opções... realmente não parecia haver uma escolha decente.

Mas não parecia que a ③ aumentaria seus pontos de afeição. Pelo modo de eliminação, escolheu a ②.



Estou acordado. Ou melhor, você me acordou completamente."

Acordando meio sonolento, puxei Ririko para cama e joguei as cobertas por cima dela.

"Ah..., o-o que você está fazendo!"

"Eu não posso evitar. É por causa de Ririko que chegamos a esse ponto."

"!! Não, pare! Nããããão!"

"Está tudo bem, está tudo bem, está tudo bem."

A tela ficou preta.

Os acontecimentos após isso aconteceram em um instante.

A irmã mais nova desabando em lágrimas. O protagonista sendo batido pelo pai. O som claro de algemas. O protagonista, rindo sozinho na sala escura.

Com esse CG de fundo, uma música triste, assim como os créditos, começaram a rolar.

"Que diabos foi isso!"

Incapaz de resistir, Shidou gritou.

"Se você faz algo assim subitamente, então é óbvio que vai acabar se tornando um agressor sexual."

"Então a ③ é a resposta correta?!"

Shidou reiniciou o jogo e pela terceira vez retornou a primeira escolha, selecionando dessa vez a ③.



"Te peguei, idiota!"

Torci a perna da minha irmã, dando uma Chave de Tornozelo— ou tentando.

"Ingênuo."

Curvou o corpo escapando do aperto, e desse jeito, passou a perna ao redor das minhas costas e segurou minhas pernas num esplêndido Shapshooter.

"Gwahh...?!"

Depois disso, por causa dos ferimentos sofridos, o protagonista tornou-se paraplégico e foi forçado a viver preso á cadeira de rodas. —Dessa maneira, o jogo acabou.

"Hey, não era a ① a escolha correta afinal de contas?! E normalmente sua irmã mais nova não deveria poder fazer um movimento assim!"

"Hmpf."

Assim que Shidou disse isso, Kotori segurou-o pela gola e arremessou-o no chão, instantaneamente segurando suas pernas e fazendo um Sharpshooter.

"Gah...?!"

"Hmph, gah? Pelo menos chame pela sua mãe."

Dizendo isso, ela soltou Shidou e endireitou cordialmente seu cabelo.

"H-Hey, onde você aprendeu um golpe des—"

"É uma forma de defesa pessoal para damas."

Ela disse categoricamente.

A imagem que Shidou tinha de uma dama subitamente mudou para uma lutadora musculosa profissional.

"Ugh..., e sobre isso? no final, qual é a resposta certa?"

"Jeez, você vai até pedir à criadora pela resposta?

Enquanto falava, Kotori tomou o controle de Shidou, reiniciou o jogo e procedeu até a primeira escolha.

Ela então continuou encarando silenciosamente a tela sem selecionar nada.

"...? O que você está fazendo? Se não se apressar—"

Antes de Shidou terminar de falar, o número que aparecia embaixo chegou á zero.



"Nnnn... só mais dez minutos..."

"Vamos! Acorde já!"

Desse jeito, uma conversa extremamente normal foi mostrada na tela.

O marcador de pontos de afeição não subiu nem desceu.

"O qu..."

"Você não acha que tem algo errado em escolher entre opções tão estranhas?"

Rindo desdenhosamente, Kotori devolveu o controle para Shidou.

"Farei uma exceção especial e deixarei você continuar dessa parte, então se apresse e continue. Oh, e começando da próxima escolha, haverá penalidades."

"Guh..., grr..."

Sentindo algo inexplicável, Shidou pegou o controle.

Continuando o jogo, uma professora ostentando um busto que passava de 100 centímetros apareceu na tela.

Mesmo que já fosse algo irreal, Shidou ignorou e continuou.

Então,



"Kyaa!"

Com um grito, a professora tropeçou aparentemente em nada e caiu de um jeito que o rosto do protagonista foi empurrado entre seus seios.

Como esperado, o controle foi jogado na mesa.

"Não tem como! Algo assim..."

Começou a falar, mas, de novo, Shidou sentiu um suor frio, e desanimadamente pegou o controle de volta. Ele sentiu que algo como isso, mesmo a situação sendo diferente, aconteceu algum tempo atrás.

"O que há de errado, Shidou?"

"...Nada."

Silenciosamente, continuou o jogo.

Ao fazer isso, uma escolha apareceu novamente.



①"Depois de algo assim... professora, eu estou ficando apaixonado por você." A abraça gentilmente.

② "E-esse é o deus dos seiosss!!" Segura os seios.

③"Chance!" muda para um armlock.

... Mais uma vez, nenhuma delas parecia ser sã.

"Então é igual...!"

Shidou cerrou os punhos firmemente. Esse deve seguir o mesmo padrão do anterior.

Esperando até o contador chegar a zero, como esperado, um texto apareceu na tela.



"..., kyaaaah! O que você está fazendo!? Pervertido! É um pervertido!"

A professora gritou e os pontos de afeição caíram para -80.

"O que diabos!"

Shidou gritou e Kotori meramente balançou a cabeça em desprezo.

"Se você se aproveitar dos seus seios por tanto tempo sem tentar sair, a resposta parece óbvia."

"Então o que eu deveria fazer!?"

"Você não leu o texto anterior á escolha? Ela é a orientadora do Clube de Judô, Goshogawara Chimatsuri. Você deve botá-la em modo de defesa e mover sua atenção dos peitos para a disputa."

"Como diabos eu deveria saber isso!"

"—Bem, um perdedor é um perdedor. Faça."

"Entendido."

O homem na câmera pegou um pedaço de papel do bolso novamente e mostrou para a câmera.

Nele, estava um desenho bruto de um personagem, assim como as suas configurações detalhadas.

"Is... Isso é!"

"Isso mesmo. É o manuscrito do personagem original que Shidou criou no passado."

"Gyaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah?!"

Apesar de Shidou ter soltado um grito, o homem botou o papel em um armário aleatório.

"Pare pare pare paaaaare!"

Shidou segurou a cabeça e gritou, e Reine começou a fazer movimentos farfalhantes.

"..., Reine-san!"

Ele tinha esquecido. Ela tinha dito que sempre que Shidou levasse uma penalidade, ela removeria outra peça de roupa.

Bem, por Shidou ser um aluno saudável do ensino médio, não é mentira dizer que ele não estaria feliz... mas, por algum motivo, ele estava incomodado.

Felizmente, Reine ainda estava usando várias roupas no corpo. Se ele se certificasse de não fazer nenhuma outra escolha errada, então—

"...Nn"

Exatamente quando Shidou estava pensando isso, Reine lentamente moveu as mãos pelas costas, fez algo que deu um clique, então moveu as mãos por dentro da roupa, contorceu-as um pouco e tirou o sutiã pelo pescoço.

"Você vai começar daí?!"

Shidou gritou, e Reine inclinou a cabeça para o lado.

"...Tem algum problema?"

"Não, mas você não está claramente fazendo na ordem contrária?! Ou melhor, você não precisa tirar mais nenhuma roupa!"

"...Hmm? Isso não é injusto? Eu ainda posso continuar..."

"Você só quer tirá-las, não é?!"

Shidou aumentou a voz e sua cadeira foi chutada novamente com um *gan*.

"Eu não ligo para isso, mas se apresse. Olhe, o próximo personagem já apareceu."

Dizendo isso, Kotori apontou para a tela.

"Guh..."

Sem escolha, Shidou continuou o jogo.

Dessa vez, o que apareceu na tela foi a cena de uma garota que parecia estar na mesma série do protagonista, que se chocou contra ele na esquina do corredor e caiu com as pernas em forma de M com a calcinha completamente visível.

"——!"

Enquanto procurava na memória, Shidou cerrou os punhos e disse em voz alta.

"Não tem nenhuma! Essa com certeza não aconteceu!!"

"... Sério? Mas eu acho que isso acontece inexplicavelmente..."

Isso foi o que Reine disse, mas ele definitivamente não passou por isso antes. Shidou balançou a cabeça confiantemente.

Mas sua cadeira foi chutada outra vez.

"Esse não é um jogo onde você tenta decidir qual situação é realista ou não. Faça direito. Se errar de novo na próxima escolha— isso."

Dizendo isso, Kotori mexeu no computador á sua frente.

"...Ah?"

Shidou juntou as sobrancelhas enquanto um vídeo era mostrada na tela.

—O fundo era o quarto de Shidou. Ali, estava um Shidou seminu.

"Isso... é..."

O rosto de Shidou ficou pálido.

Afinal de contas, aquilo era—

"Special•Instant Lighting Blaaaaaaaaaast!"[15]

Na imagem, Shidou fez uma pose com as duas mãos juntas na cintura e com todo o poder, subitamente as empurrou para frente.

Kotori fez uma expressão que parecia que não haver possibilidade dela apreciar nada além daquele momento.

"Exato, isso é de antigamente, quando Shidou estava cuidando da casa sozinho... *pu*, quando estava praticando seu movimento mortífero original no quarto... *kuru*, um vídeo..."

Incapaz de segurar, Kotori disse enquanto ria espalhafatosamente.

"Nãããããããããããããããããããooo—!"

Shidou soltou seu grito mais magnífico do dia.

"Kotori! Isso não! Por favor, qualquer coisa, mas não isso!"

"Fufu, é melhor você ter certeza de escolher a resposta certa da próxima vez então. ...Ahh, se você desistir no meio do caminho, eu vou botar esse vídeo em um site de vídeos."

"....."

Com uma expressão de que estava para chorar, Shidou agarrou o controle mais uma vez.





Referências[edit]

  1. Ramune: (em japonês: ラムネ) ou Lamune é uma bebida gasosa não-alcoólica do tipo soda limonada fabricada no Japão. A palavra é uma corruptela do inglês lemonade, pois tanto a soda quanto as garrafas originais eram importadas do Reino Unido.
  2. Boys Love: Filme japonês que estreiou no ano de 2006. Na cultura moderna, boys love também é usado como sinônimo de Yaoi.
  3. JGSDF(陸上自衛隊; Rikujō Jieitai): Abreviação para Japan Ground Self-Defense Force, um dos ramos do Japan Self-Defense Force, no qual significa, Força de Auto-Defesa Terrestre do Japão, assim como tem aeronáutica, marinha e exército, esse ramo é como se fosse o exército de lá.
  4. Realizer: Literalmente 'Realizador'.
  5. CR UNit: Abreviação para Combat Realizer Unit, no qual, significa, Unidade de Combate Realizadora.
  6. Crocodile Panic É um jogo, daqueles que você tem que bater na cabeça quando sair.
  7. Há um ditado que diz que frangos se esquecem das coisas após dar três passos. Então é como se ela quisesse dizer que Shidou tem uma memória tão fraca, que chega a ser pior que a de um frango.
  8. Conhecido por kegani ( ケガニ), é uma espécie de caranguejo frequentemente utilizado na culinária japonesa
  9. Mike Haggar
  10. Entre em japonês é ‘hairou’, que soa como ‘heigh-ho’, que é o que os Sete Anões costumam dizer. (Só que no Brasil eles dizem ‘eu vou’ em vez de ‘heigh ho’)
  11. Um acessório em Doraemon, que se usado, ninguém mais te notaria. Não tem nenhuma tradução oficial em inglês, mas em japonês é ‘ishikoro boushi’.
  12. Jekyll & Hyde: Musical estaduniense que virou filme, chamado no Brasil de “O médico e o monstro”. Conta sobre Jekyll, que acreditava que todos tinham seu lado bom e mau e queria provar isso. Então ele bebe uma poção que acaba criando uma “segunda personalidade”, que ele chama de Mr. Hyde. Então é como se Shidou dissesse que Jekyll (Kotori fofa) tivesse se transformado em Hyde (Kotori Comandante).
  13. É usado no Japão para denominar virgens.
  14. Para os que não sabem, galge, também conhecido por bishoujo, é um tipo de jogo em que você tem que, digamos, interagir com garotas. Tipo um harém.
  15. Explosão de luz especial instantânea!


Capítulo 3: Seu nome é......[edit]

Parte 1[edit]

"Que tal isso!"

Ainda segurando o controle com a mão esquerda, Shidou levantou seu punho cerrado em direção ao céu.

Haviam se passado dez dias, incluindo os dias de descanso, desde o início dos treinamentos depois do colégio com Kotori e Reine.

Shidou finalmente havia encontrado a tela de final feliz do jogo.

... Mas, bem, ele não queria nem contar quantas vezes suas cicatrizes antigas haviam sido expostas nesse tempo.

"... Nn, um bom tempo se passou, mas vamos dizer que a primeira fase foi concluída."

"E parece que ele encontrou todas as CGs, então acho que por enquanto é um sinal de que podemos prosseguir... Mas mesmo assim, no final isso é apenas lidar com garotas virtuais."

Olhando os créditos rolarem atrás dele, um suspiro pôde ser ouvido de Reine e Kotori.

"Bem, então, para o próximo treinamento... vamos mudar para mulheres de verdade. Estamos com pouco tempo, afinal."

"... Hm, ele vai ficar bem?"

"Está tudo bem. Mesmo que ele erre, a única coisa perdida será a confiança da sociedade em Shidou."

"Como consegue dizer isso tão casualmente?!"

Shidou estava ouvindo silenciosamente a conversa delas, mas não conseguiu se controlar e interrompeu.

"Uuggh, você estava nos bisbilhotando? Você ainda tem uns costumes ruins, huh. Seu voyeur, peeping tom."[1]

Kotori franziu a testa enquanto cobria a boca com a mão e dizia.

"Isso não é chamado de bisbilhotar ou nada do tipo se você está falando logo na minha frente!"

Shidou gritou e Kotori, com um "É, tanto faz", levantou as mãos como se para calá-lo. De alguma maneira, aquilo o fez se sentir como se ele quem tivesse dito alguma coisa esquisita.

"Então, Shidou. Sobre o próximo treinamento..."

"... Eu estou incrivelmente desmotivado, mas, o quê?"

"Vejamos... Imagino quem seria bom."

"Ah?"

Shidou balançou a cabeça para os lados enquanto Reine começava a mexer no computador a sua frente. Nas telas alinhadas em cima da mesa, várias imagens da parte de dentro do colégio apareceram.

"... Exato. Vamos com algo seguro para começar, que tal alguém como ela?"

Dizendo isso, Reine apontou para o topo direito da imagem, para a professora Tama-chan.

Por um momento, Kotori levantou as sobrancelhas—

"—Ahh, eu entendi. Tudo bem, vamos com ela."

Imediatamente um sorriso maldoso apareceu.

"... Shin. O próximo treinamento foi decidido."

"Qu-Que tipo de treinamento é esse?"

Segurando a ansiedade, Shidou perguntou e reconhecendo sua pergunta, Reine respondeu.

"... Ahh. Durante a verdadeira operação, quando um espírito aparecer, você terá que esconder esse comunicador pequeno na sua orelha e lidará com os problemas seguindo nossas instruções. Gostaríamos de tratar esse treinamento como se fosse algo real e praticar com isso uma vez."

"Então, o que eu tenho que fazer?"

"... Por ora, vá seduzir a professora Okamine Tamae."

"Huh?!"

Levantando as sobrancelhas, ele gritou.

"Algum problema?"

Como se gostando de reação de Shidou, Kotori disse enquanto sorria.

"Claro...! Não tem como eu fazer uma coisa dessas...!"

"Você terá de encarar oponentes muito piores na hora, sabia?"

"—Is-Isso é verdade, mas...!"

Shidou respondeu e Reine coçou a cabeça.

"... Acho que ela é compatível como sua primeira oponente. O mais provável, mesmo que você se confesse, é ela não vai aceitar. E também não parece que ela sairá por aí espalhando as novidades ...Bem, se você é contra isso não importa o quanto nós insistamos, então tudo bem mudar para uma aluna..."

"Uuuu..."

Uma cena indesejável apareceu na mente de Shidou. A aluna que Shidou representava foi chamada para voltar á sala e se juntou ás suas amigas. "Ei ei, Itsuka-kun acabou de tipo, se confessar para mim~" "Ehh~, sério~? Mesmo que pareça que ele não gosta de garotas, isso é bem ousado da parte dele." "Mas não tem salvação para ele~" "É, não mesmo. Tipo, ele parece super sombrio~" "Ah~, disse tudo~, ahahahaha."

... Parecia que um novo trauma havia sido criado. Em relação a isso, se fosse Tamae, então não teria chances de uma cena como aquela ocorrer. Não importa quão nova ela aparenta ser, já é uma adulta. Ela provavelmente vai ignorar isso como se fosse alguma piada.

"Então, o que você vai fazer? Na hora falhar é equivalente a morrer, então não importa qual você escolha nós planejamos dar a você apenas uma chance."

"... A professora, por favor."

Kotori então perguntou, e enquanto uma gota fria de suor descia pelas suas costas, Shidou respondeu.

"... Ótimo."

Com um breve aceno, Reine tirou um pequeno dispositivo da gaveta da escrivaninha e deu para Shidou. Ela então tirou o que parecia ser um receptor e um microfone com fones anexados e os colocou na mesa.

"O que é isso?"

"... Tente colocar isso no seu ouvido."

Fazendo o que foi dito, ele o colocou na orelha direita.

Ao ele fazer isso, Reine pegou o microfone e como se estivesse sussurrando, moveu os lábios.

"... Está prestando? Consegue me ouvir?"

"Woah!?"

A voz de Reine subitamente ecoou em sua orelha. Com um solavanco, os ombros de Shidou tremeram e ele pulou.

"... Ótimo, está conectado propriamente. O volume está bom?"

"U-Uh... sim, eu acho..."

Shidou respondeu e Reine imediatamente colocou os headphones que estavam na mesa.

"... Nn, certo. Não tem nenhum problema aqui também."

"Eh? Ela consegue captar o que eu digo? Mas não tem nada parecido com um microfone comigo..."

"...Ele vem com um microfone extremamente sensível instalado. Os sons de fundo são filtrados automaticamente e apenas é transmitido os sons importantes para nós."

"Haaah..."

Shidou suspirou de admiração enquanto Kotori tirava o que parecia ser outro pequeno dispositivo de dentro da mesa.

Com um estalar de dedos, simplesmente do nada, ele criou asas e começou a voar pelo céu como um inseto.

"O-O que é isso?"

"... Dê uma olhada."

Dizendo isso, Reine mexeu no computador á sua frente e mostrou uma imagem.

Mostrado lá, estava à sala de preparações físicas em que Kotori, Reine e Shidou estavam.

"Então isso é..."

"... Uma câmera extremamente pequena e altamente sensível. Nós o seguiremos com isso. Tome cuidado para não confundi-lo com um mosquito e destruí-lo."

"Huh... eles são incríveis."

  • boom*, sua bunda foi chutada.

"Tanto faz. Se apresse e vá logo, tartaruga estúpida. O alvo está no corredor do terceiro andar, no prédio oeste do colégio. É perto daqui."

"... Certo."

Percebendo que qualquer coisa que dissesse seria inútil, Shidou assentiu fracamente.

Se ele tentasse reclamar, havia a possibilidade delas mudarem o alvo para outra pessoa. Shidou de alguma forma moveu relutantemente suas pernas e deixou a sala de preparações físicas.

Então, olhando para a esquerda e para a direita do topo das escadas— viu as costas de Tamae no corredor.

"Prof—"

No meio da frase, sua voz parou.

Estava á uma distância que se aumentasse o tom da voz conseguiria alcançá-la... Mas ele queria evitar a atenção dos alunos ou outros professores que ainda estavam no colégio.

"... Acho que não tenho escolha."

Com um movimento claro, Shidou perseguiu as costas de Tamae.

Depois de alguns metros, parecia que ela havia notado os passos de Shidou, já que parou e virou-se.

"Oh, Itsuka-kun? O que aconteceu?"

"... E-Er..."

Mesmo que fosse um rosto que via quase todo dia, por ser tratado como um alvo a ser seduzido, seu nervosismo aumentou instantaneamente. Shidou hesitou involuntariamente.

"—Acalme-se. Não se esqueça de que isso é um treinamento. Mesmo que falhe, não vai morrer."

Na sua orelha direita, a voz de Kotori saiu.

"Mesmo que diga isso..."

"Eh? O que foi isso?"

Reagindo ao murmúrio de Shidou, Tamae inclinou o pescoço.

"Ah, não é nada."

Provavelmente ficando irritada por Shidou não ter sido capaz de continuar com a conversa de maneira alguma, mais uma vez uma voz saiu do intercomunicador.

"Que inútil. — Por ora vamos ser cuidadosos, então tente elogiá-la."

Ouvindo as palavras de Kotori, olhou para Tamae da cabeça aos pés, procurando por algo que pudesse elogiar.

... Não, espere. Shidou imediatamente desistiu da ideia. Em um livro de instruções que leu alguns dias atrás, melhor do que elogiar diretamente o visual de uma mulher, parecia que falar sobre outras coisas era melhor para continuar com uma conversa.

Nesse caso, elogiar suas roupas ou acessórios ou mais diretamente apreciar seu senso de moda é aparentemente melhor.

Se convencendo, abriu a boca.

"A-A propósito, essas roupas... são lindas."

"Eh...? V-Você acha? Ahaha, você está me fazendo ficar envergonhada."

O rosto de Tamae ficou vermelho de encanto enquanto sorria e coçava a parte de trás da cabeça.

—Ohh? Essa não é uma ótima resposta? Shidou cerrou a mão levemente.

"Sim, elas ficam ótimas em você!"

"Eh, sério?"

"Sim, e esses óculos também!"

"Ah, ahahahaha..."

"E esse livro de presença também é incrivelmente super legal!"

"Uhm... Itsuka-kun...?”

Enquanto ficava cada vez mais e mais confusa, seu rosto formou um sorriso torto gradualmente.

"Você exagerou demais, seu careca.”

Na sua orelha direita, pôde ouvir uma Kotori maravilhada.

Mas mesmo que dissesse isso, ele não tinha ideia do que dizer depois. Por um tempo, eles ficaram parados em silêncio.

"Uhmm... Isso é tudo que queria falar comigo?"

Tamae inclinou a cabeça.

Elas provavelmente achavam que não restava muito tempo, já que nesse momento uma voz sonolenta pôde ser ouvida na sua orelha direita.

"... Oh, bem. Então, por favor, apenas repita as palavras que eu disser."

Ele estava agradecido por aquilo. Shidou balançou levemente a cabeça afirmativamente, mostrando que entendeu.

E então, sem pensar nem um pouco, ele repetiu a informação exatamente como ouvia.

"Ah, professora."

"O que foi?"

"Percebi recentemente que vir para o colégio é bem divertido."

"Sério? Isso é bom, não é?"

"É... Isso começou desde que você se tornou nossa professora."

"Eh...?"

Surpresa, os olhos de Tamae se arregalaram.

"O-O que está tentando dizer, jeez. Uma informação tão repentina assim."

Shidou continuou repetindo as palavras de Reine.

"Na verdade, há algum tempo atrás eu—"

"Ahaha... isso não é bom. Eu aprecio seus sentimentos, mas, você sabe, eu sou uma professora."

Enquanto afagava o livro de presença, Tamae deu um sorriso amargo.

Como esperado de uma professora, uma adulta. Parecia que ela estava planejando rejeitá-lo sem hesitação.

"... Hm. Como devemos atacar."

Reine que estava mandando frases continuadamente, deu um pequeno suspiro.

"... Se eu me lembro, ela tem 29 anos, huh. — Então Shin, tente falar isso."

Reine deu as instruções para a próxima estratégia. Enquanto não pensava muito,

Shidou moveu seus lábios.

"É sério. Eu realmente quero—"

"Uhmm... isso vai ser um problema pra mim."

"Eu realmente quero, me casar com você!"

—Twich.

No momento em que casar saiu da boca de Shidou, o rosto de Tamae pareceu mudar levemente.

E então, depois de um breve silêncio, uma voz fraca falou.

"... Você está falando sério?"

"Eh..., ah, haa... sim."

Gaguejando por causa da mudança brusca da atmosfera, Shidou respondeu e Tamae subitamente deu um passo à frente e segurou a manga de Shidou.

Gaguejando por causa da mudança brusca da atmosfera, Shidou respondeu e Tamae subitamente deu um passo à frente e segurou a manga de Shidou.

"Sério? Quando Itsuka-kun chegar à idade em que poderá se casar, eu já vou ter 30 anos, sabia? Mesmo assim está ok? Devemos contar aos nossos pais agora? Depois que se graduar no colégio, você virá morar comigo?"

Como se fosse uma pessoa completamente diferente, seus olhos brilharam e resplandeceram, e com a respiração irregular, Tamae chegou mais perto de Shidou.

"Uh... uhm, professora... ?"

"... Hm. parece que foi efetivo demais."

Enquanto Shidou cambaleava para trás, Reine falou junto com um suspiro.

"O-O que está acontecendo?"

Com um tom de voz que não alcançaria Tamae, ele perguntou á Reine.

"... Bem, solteira, mulher, 29 anos, para alguém assim, o mundo mágico do casamento é como um feitiço mortal. Enquanto suas antigas colegas de classe começam a construir suas próprias famílias uma por uma, seus pais começam a pressioná-la, e os muros de ter 30 anos chegam mais perto dela, deixando-a numa posição bem insegura... Mas mesmo assim, ela parece um pouco desesperada demais."

Com uma voz levemente surpresa e rara, vindo dela, Reine disse.

"Is-Isso é ótimo e tal, mas o que eu faço em relação á isso...!"

"Ei, Itsuka-kun, você tem algum tempo agora? Você ainda não é velho o bastante para assinar um registro de casório, então eu e você faremos um pacto de sangue. Nós provavelmente podemos pegar emprestada, uma talhadeira da sala de artes. Não se preocupe, eu me assegurarei que não vai doer."

Avançando sobre ele, as palavras jorraram da boca de Tamae. Shidou soltou algo parecido com o som de um grito.

"Ah, ser pego mais do que isso ficaria incomodo para lidar. Você completou sua missão, então dê uma desculpa aceitável e fuja."

Shidou engoliu em seco e, depois de fazer sua mente, abriu a boca.

"De-Desculpe! Não acho que esteja pronto para ir tão longe ainda...! Por favor, aja como se isso nunca tivesse acontecido...!"

Gritando, Shidou correu.

"Ah, I-Itsuka-kun!?"

Ouvindo a voz de Tamae chamando atrás dele, continuou correndo.

"Whew~, essa professora tem bastante personalidade."

A risada despreocupada de Kotori pôde ser ouvida. Com as pernas ainda se movendo, Shidou aumentou o tom de voz.

"Não fique gozando da minha cara...! Por que você está rindo tão—"

Exatamente quando começou a falar.

"Cuidad...!?"

"...!"

Por estar focando no intercomunicador, Shidou chocou com um aluno que havia acabado de aparecer da esquina e caiu.

"... D-Desculpe, você está bem?"

Dizendo isso, ele se levantou. E...

"Eh...?!"

Shidou sentiu como se seu coração estivesse sendo apertado. Afinal de contas, lá estava àquela senhorita Tobiichi Origami.

Além disso, não era tudo. Quando ela caiu, pareceu que caiu de costas e acabou encarando Shidou com as pernas abertas numa forma de M... Era uma branca.

Ele involuntariamente desviou os olhos. Entretanto, Origami não parecia ter entrado em pânico de maneira alguma.

"Eu estou bem."

Ela disse e levantou-se

"O que há de errado?”

Então, Origami perguntou á Shidou.

Mas ela não parecia estar perguntando sobre por que Shidou estava correndo pelo corredor. Se alguma coisa— era provavelmente sobre o porquê de Shidou estar com a cabeça virada pra baixo e com a mão na testa. "... Nada, não se preocupe. Fiquei apenas chocado por me encontrar em uma situação que eu considerava definitivamente impossível..."

A última fortaleza desmoronou. As habilidades de simulação da <Ratatoskr> são de dar medo. Por algum motivo, quase parecia que o jogo foi feito bom demais.

"Entendi."

Dizendo apenas isso, Origami começou a andar pelo corredor.

Nesse momento, a voz de Kotori saiu na sua orelha direita.

"—Essa é uma oportunidade perfeita, Shidou. Vamos continuar nosso treinamento com ela."

"H-Huh?!"

"É provavelmente melhor se pudermos obter algum resultado em alguém da mesma idade, em vez de uma professora. Além disso, ela pode não ser um espírito, mas é um membro importante da AST. Você não acha que ela é uma ótima referencia? Pelo que eu sei, ela também não parece ser do tipo que sai espalhando rumores."

"Você..., está de brincadeira comigo?"

"Você não quer falar com os espíritos?"

"..."

Shidou segurou sua respiração e mordeu o lábio inferior.

Preparando-se, falou em direção á Origami.

"To-Tobiichi."

"O quê?"

Origami virou-se com uma sincronia que parecia que estava esperando que ele a chamasse.

Shidou estava levemente surpreso, mas acalmou sua respiração e abriu os lábios. De alguma forma parecia que, por causa da experiência com o caso de Tamae, ele estava muito mais calmo que antes. É isso, se ele não exagerar, não vai ter nenhum problema.

"Suas roupas, elas são bonitas."

"Uniforme escolar."

"... Verdade."

"Por que escolheu as roupas dela, seu antlion."

Mesmo que fosse só o nome de um inseto, ele sentiu como se tivesse sido tremendamente insultado. Mistério!

—É porque funcionou com a professora...! Com esse significado, balançou a cabeça levemente.

"... Devemos ajudar?"

Elas provavelmente estavam ficando impacientes, já que mais uma vez Reine ofereceu ajuda.

Enquanto continuasse se sentindo inútil, não teria confiança para ser capaz de continuar uma conversa por ele mesmo. Shidou deu um breve aceno.

Seguindo as palavras que ouvia na orelha direita, soltou sua voz.

"Ei, Tobiichi."

"O quê?"

"Eu, na verdade... Ouvi falar de você já faz algum tempo."

"Entendo."

Ainda com sentenças curtas, Tobiichi continuou com palavras inacreditáveis.

"Eu também."

"——!"

Mesmo extremamente surpreso por dentro, não pôde fazer nenhum som. Parecia que se dissesse alguma coisa além das instruções de Reine, essa paz seria quebrada imediatamente.

"—Então é isso. Estou feliz... Além disso, estar na mesma sala pelo segundo ano consecutivo me fez ficar ainda mais feliz. Por toda essa semana eu tenho olhado você durante as aulas."

Uwaah, até mesmo Shidou pensou que aquilo era perturbador. Enquanto pensava em stalkers, parecia que aquela seria a estratégia que elas seguiriam.

"Entendo." Entretanto, Origami,

"Eu tenho olhado também."

Olhando diretamente para Shidou, ela disse.

"..."

Ele engoliu em seco. Na verdade, Shidou se sentiu estranho, pois não olhou para Origami durante a aula nem uma vez.

Como se para acalmar seus batimentos cardíacos rápidos, ele repetiu as palavras que entraram no seu ouvido.

"Sério? Ah, mas na verdade, isso não é tudo. Depois da aula eu fico na sala e cheiro as roupas de ginástica de Tobiichi."

"Entendo."

Como esperando, o que seguirá isso será um *dong*, foi o que ele pensou. Mas a expressão de Origami não mudou nem um pouco.

Na verdade,

"Eu faço isso também."

".......?!"

—Faz isso com as de quem? Com as dela própria, certo? Se for isso então diga!

O rosto de Shidou se encheu de suor.

Além disso, as táticas de Reine e Kotori não se tornaram estranhas demais?

Mas, com a cabeça girando, era impossível para Shidou continuar a conversa com suas próprias palavras.

"—Sério? De alguma forma, parece que fomos feitos um para o outro."

"Sim."

"Então, se estiver tudo bem para você, sair em um encontro comigo— ou não está progredindo rápido demais, não importa como encare isso?!"

Ele não ligava mais para o treinamento nem nada. Incapaz de segurar, ele virou e gritou.

Da perspectiva de Origami, ele era apenas um estranho que tinha acabado de se confessar e que então jogou aleatoriamente um grande tsukkomi nele mesmo.[2]

"... Bem, eu não achei que você iria em frente e diria isso."

"Não foram vocês que me disseram para simplesmente dizer desse jeito?!"

Depois de gritar sua indignação, ele então suspirou e virou na direção de Origami.

Origami estava inexpressiva como sempre... Mas talvez fosse só sua imaginação, que comparado a alguns momentos atrás, só um pouco, parecia que seus olhos tinham arregalado.

"Ah, uhm, sobre isso... desculpe isso foi—"

"Eu não me importo."

"............... Huh?"

Shidou soltou um som idiota. Ele estava completamente aturdido. Sua boca abriu debilmente. Basicamente, todo seu corpo estava estarrecido.

— Espere o que é isso. O que essa garota acabou de dizer?

"O q—O quê?"

"Eu disse, eu não me importo."

"O qu-ququququququququququque?"

"Eu não me importo em sair com você."

"...?!"

Suor jorrou pelo rosto de Shidou. Ele botou levemente a mão no lado da cabeça, acalme-se, acalme-se, falou a si mesmo.

Não tem como. Se pensar nisso seriamente, não tem como. Nenhuma garota daria um

OK em sair com um garoto na qual o número de conversas que tiveram pudessem ser contadas.

... Bem, provavelmente não era impossível, mas ele definitivamente não esperava esse tipo de resposta de Origami.

—Não, espere. As sobrancelhas de Shidou se juntaram. Talvez Origami estivesse se confundindo com algo.

"Ah, aah... você quer dizer ir comigo á algum lugar, certo?"

"...:"

Origami inclinou a cabeça levemente.

"Foi isso que quis dizer?"

"Eh, ah, não... Uhm, Tobiichi, o que você acha que eu quis dizer...?"

"Eu pensei que você quis dizer um encontro."

"...!"

O corpo de Shidou estremeceu como se sua cabeça tivesse sido golpeada por um raio. Por algum motivo, ouvir a palavra "encontro" sair da boca de Origami o fez sentir-se terrivelmente imoral.

"Não, você não está errada... Mas"

"Entendi."

No momento seguinte, Shidou se arrependeu da sua decisão.

—Por que, por que ele disse alguma coisa como "você não está errada"?! Não, eu ainda posso fazer isso, eu ainda posso tornar isso um desentendimento!

Mas




UUUUUUUuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu—————


"!?"

Nesse momento, sem nenhum aviso, o alarme ecoou ao redor deles.

Exatamente no mesmo instante, Origami levantou o rosto levemente.

"—Uma emergência. Até mais."

Dizendo isso, ela virou-se e saiu correndo pelo corredor.

"E-ei—"

Dessa vez, quando Shidou chamou, ela não parou.

"O-o que eu devo fazer sobre isso..."

Logo depois, ele ouviu uma voz pelo intercomunicador.

"Shidou, é um spacequake. Por ora nós teremos que voltar para o <Fraxinus>. Volte logo de uma vez."

"E-Então, é um espírito afinal de contas...?"

Shidou perguntou e uma batida depois, Kotori continuou.

"Sim. O local indicado em que aparecerá é— aqui, no Raizen High School."

Parte 2[edit]

Eram 5:20 da tarde.

Os três que haviam entrado no dirigível <Fraxinus> que flutuava acima da cidade enquanto ficavam longe da vista dos alunos que estavam sendo evacuados, olharam para as diversas informações mostradas na tela.

Completamente diferentes em seus uniformes militares, Kotori e Reine trocavam palavras periodicamente e assentiam significadamente, mas Shidou realmente não entendia o que os números na tela significavam.

A única coisa que entendeu foi— no lado direito da tela, havia um mapa centrado na escola de Shidou.

"Entendo, mm."

Sentando no assento do capitão, trocando palavras com a tripulação enquanto lambia o Chupa Chups, Kotori levantou o canto dos lábios levemente.

"—Shidou."

"O que?"

"Eu preciso que você comece a trabalhar imediatamente. Vá se preparar."

"..."

As palavras de Kotori fizeram o corpo de Shidou enrijecer.

Bem, ele havia imaginado que isso aconteceria e que já deveria ter se preparado também.

Mas mesmo assim, ele não conseguia esconder seu nervosismo agora que era a hora de agir.

"—Você já vai deixa-lo fazer parte da batalha real, comandante?"

Parado ao lado do assento do capitão enquanto encarava a tela, Kannazuki perguntou subitamente.

"O oponente é um Espírito. Falhar é equivalente á morrer. Ele realmente teve treinamento o suf— gefu."

No meio da frase, o punho de Kotori afundou-se no plexo solar de Kannazuki.

"Questionando minhas decisões, você se tornou uma pessoa e tanto, huh, Kannazuki, Como punição, até que diga o contrário, você falará como um porco."

"O-Oink."

Por algum motivo parecendo extremamente acostumado com aquilo, Kannazuki respondeu.

Vendo aquela cena, Shidou enxugou uma gota de suor que havia surgido.

"... Mas Kotori, eu acho que Kannazuki-san tem um argumento válido..."

"Ora, Shidou, você entende a linguagem dos porcos? Como esperado de alguém ao mesmo nível deles."

"N-Não subestime os porcos! Porcos são animais inacreditavelmente incríveis, sabia?!"

"Eu sei disso. Eles amam limpeza e são fortes. Dizem até que eles são mais inteligentes do que cachorros. E é por isso que, com o maior respeito ao meu competente subordinado Kannazuki e ao meu ilustre irmão Shidou, que eu os chamo de porcos. Porco. Seu porco."

"...Guuu."

Não soava como se ela estivesse usando aquilo como uma denominação respeitável.

Porém, Kotori provavelmente entendeu boa parte da pergunta de Kannazuki e da ansiedade de Shidou. O palito do seu pirulito apontou para cima e ela acenou para a tela.

"Shidou, você é bem sortudo, sabia?"

"Eh...?"

Seguindo o olhar de Kotori, olhou para a tela.

Como esperado, números de significados desconhecidos flutuavam na tela, mas— no mapa á direita, notou alguma coisa diferente de antes.

Dentro do colégio de Shidou havia um único ícone vermelho e cercando-o, milhares de ícones amarelos estavam sendo mostrados.

"O vermelho é o espírito e os amarelos são da AST."

"...e qual é a sorte nisso?"

"Olhe para a AST. Vê como eles não se moveram nem um pouco?"

"Ah... parece mesmo."

"Eles estão esperando o Espírito sair."

"Por quê? Eles não vão entrar?"

Shidou inclinou a cabeça e Kotori deu um longo encolher de ombros.

"Pelo menos pense antes de falar. Eu estou tão envergonhada, até o mofo é levemente mais inteligente que você."

"C-Como ousa!"

"OS CR-Units não foram criados para lutas em lugares pequenos, para começar. Mesmo que expanda o território, existem muitos obstáculos e os corredores são estreitos, então a mobilidade vai decair definitivamente dentro do prédio, sem contar que nossa visão também é obstruída."

Dizendo isso, Kotori estalou os dedos. Como se respondendo ao comando, a imagem na tela mudou para uma visualização em tempo real do colégio.

Um buraco em forma de tigela apareceu no pátio do colégio e cercando-o, a calçada e até mesmo parte do colégio foram destruídos. Era exatamente o que Shidou havia testemunhado naquele outro dia.

"Depois de ter aparecido no pátio, parece que resolveu entrar no prédio semi destruído. Não é sempre que você tem uma sorte dessas, porque agora você poderá falar com o espírito sem nenhuma interferência da AST."

"... Ohhh, eu entendi."

Ele entendeu a lógica.

Entretanto, as palavras de Kotori levaram Shidou á considerar algo, enquanto estreitava os olhos.

"... Se o espírito houvesse aparecido do lado de fora como normalmente faz, como eu deveria me aproximar?"

"Esperar pela AST ser completamente destruída ou se meter no meio da batalha, alguma coisa assim."

"..."

Shidou entendeu muito melhor que antes como deveria estar agradecido pela situação.

"Nn, então vamos embora logo? — Shidou, você não tirou o intercomunicador, certo?"

"Ah, sim."

Tocou a orelha direita. Como esperado, o intercomunicador que esteve usando há pouco tempo atrás ainda estava equipado.

"Ok, então. A câmera irá segui-lo, então se estiver com problemas faça um sinal e bata no intercomunicador duas vezes."

"Mm... eu entendi. Mas, bem..."

Shidou estreitou os olhos e olhou na direção de Kotori e Reine, que estava no seu próprio posto na parte mais baixa da ponte.

Pelas sugestões durante o treinamento, eles eram membros de suporte bem desesperados.

Provavelmente adivinhando o que ele estava pensando pela sua expressão, Kotori formou um sorriso destemido.

"Não se preocupe Shidou. Existem várias pessoas confiáveis na tripulação do <Fraxinus>."

"S-Sério?"

Com uma expressão duvidosa, Shidou respondeu e Kotori jogou a capa com um floomp e levantou-se.

"Assim como,"

E então com vigor, ela apontou para um dos integrantes da tripulação na parte mais baixa da ponte.

"Tendo experimentado o casamento cinco vezes, Romance Master●<Bad MarriageTired Too Early>Kawagoe!"

"Mas isso significa que ele se divorciou quatro vezes, não!?"

"Ostentando grande popularidade com a Filipina nas lojas á noite, <Presidente> Mikimoto!"

"Isso é completamente através de apelação para o dinheiro, não é!?"

"Todos os seus rivais do amor encontraram desgraça um por um. A 2AM Woman●<Nail KnockerStraw Doll> Shiizaki!"

"Ela definitivamente tem alguma maldição!"

"O Homem Com Cem Esposas•<Dimension●BreakerPerson Who Surpasses The Dimensions> Nakatsugawa!"

"Elas são noivas com uma apropriada dimensão z, certo!?"[3]

"Por causa do seu amor profundo, agora a lei não permite que ela esteja á menos que 500 metros daquele que ama•<On Probation> Minowa!"

"Por que só tem pessoas assim aqui!?'

"... Todos eles, juntos como uma tripulação tem uma habilidade certamente real."

Da parte baixa da ponte, a voz balbuciante de Kotori pôde ser ouvida.

"M-Mesmo que diga isso..."

"Tanto faz, se apresse e saia logo. Se o Espírito sair, então a ATS virá como um enxame."

Shidou já tinha começado a protestar quando Kotori vigorosamente chutou a bunda dele com um *bong*.

"...ow, s-sua..."

"Está tudo bem, não precisa se preocupar. Já que é Shidou, mesmo que morra uma ou duas vezes, pode começar imediatamente um novo jogo."

"Não brinque comigo, o que você acha que eu sou um encanador?"[4]

"Mamma Mia.[5] Um irmão que não acredita na irmã vai se tornar infeliz, sabia?"

"Não quero ouvir isso de uma irmã que não quer ouvir o irmão."

Junto com um suspiro, Shidou disse e obedientemente andou em direção á porta da ponte.

"Boa sorte."

"Yeah."

Na direção de Kotori que levantou seu polegar, ele acenou com a mão levemente como resposta.

Seu coração ainda estava batendo rápido, mas— ele simplesmente não iria deixar aquela chance passar.

Destruí-los, fazê-los se apaixonar, ou salvar o mundo.

Ele não estava considerando essas coisas grandiosas nem um pouco.

Era só que— ele queria falar mais uma vez com a garota.


O transporte parado na parte mais baixa do <Fraxinus> usava aparentemente um realizer para transportar/receber coisas instantaneamente, enquanto a trajetória não estivesse sendo bloqueada por nada.

Primeiro ele tinha a sensação parecia com enjoo, mas depois de algumas vezes ele ficou mais ou menos acostumado com aquilo.

Depois de confirmar que o que o rodeava havia mudado do <Fraxinus> para a sombra dos fundos do colégio, Shidou balançou a cabeça levemente.

"Então agora, primeiro eu deveria—"

Assim que começou a falar, suas palavras pararam.

Era porque, como alguma piada maldita, a parede do prédio em frente aos olhos de Shidou havia desaparecido, e ele estava olhando para a parte de dentro.

"Olhando realmente para isso, é inacreditável..."

"Bem, perfeito, entre no prédio por aí."

Do intercomunicador preso na sua orelha direita, a voz de Kotori foi ouvida.

Shidou murmurou "...Entendido" enquanto coçava a testa e entrou no prédio do colégio. Se ele perdesse muito tempo, o Espírito poderia voar para fora e antes disso, também existia a possibilidade que Shidou pudesse ser descoberto pela AST e fosse posto em 'proteção'.

"Agora, vamos nos apressar. O sinal do espírito está três andares acima e a escada está atrás de você, na quarta sala da frente."

"Entendido..."

Shidou respirou fundo e subiu as escadas.

Menos de um minuto depois, parou em frente á sala especificada.

Sem abrir a porta ele não podia confirmar a pessoa que estava lá dentro, mas só de pensar que havia um Espírito ali, fez seu coração tocar como um barulho de alarme.

"Eh— essa é... a sala 2-4. Não é a minha sala?"

"Ora, é mesmo. Isso não é conveniente? Você não pode dizer que tem uma vantagem de localização, mas é provavelmente muito melhor que algum lugar completamente novo para você."

Kotori disse. Mas na verdade não havia muito tempo desde que ele havia entrado naquela série, então não é como se ele já estivesse realmente familiar com aquilo.

De qualquer maneira, ele deveria contatar o espírito antes que suas fantasias começassem a agir. Shidou engoliu em seco.

"... Ei, boa noite, o que você está fazendo em um lugar como esse?"

Com uma voz baixa, ele repetiu o cumprimento incontáveis vezes.

Convencendo-se, Shidou abriu a porta da sala.

O estado da sala, iluminado pelo por do sol, foi projetado em suas retinas.

"——"

Um momento passou.

As palavras leves que tinha preparado em sua mente desintegraram-se completamente.

"Ah—"

A quarta fileira contando da frente, segunda coluna contando do lado da janela— exatamente na cadeira de Shidou, a garota de cabelo preto usando o vestido estranho estava sentada com um joelho levantado.

Seus olhos que emanavam um brilho ilusório e estavam meio abertos, encarando o quadro, aturdida.

Com metade do corpo iluminado pelo por do sol, a garota era, na extensão de roubar as habilidades de pensar por um momento de qualquer um que olhá-la, misteriosa.

Entretanto, aquela cena que estava perto da perfeição foi imediatamente desfeita.

"—Nu?"

A garota notou a invasão de Shidou, já que abriu os olhos completamente e olhou na sua direção.

"...! E-ei—"

Enquanto tentava se acalmar, Shidou levantou a mão... ou estava para.

—Hyun

Viu a garota balançar a mão casualmente e um raio de luz preta escovou a testa de Shidou.

Um momento depois, a porta da sala que a mão de Shidou estava se segurando, assim como a janela do corredor atrás dele, foram destruídos com um grande barulho.

"...!?"

Vendo aquilo vir subitamente, congelou instantaneamente no lugar. Tentou tocar a testa e um filete de sangue estava escorrendo.

Entretanto, ele não estava nem permitido de ficar parado.

"Shidou!"

A voz de Kotori sacudiu seus tímpanos até doerem.

Enquanto fazia uma expressão sombria, a garota balançou o braço acima da cabeça. Abaixo á palma da sua mão, havia o que parecia ser manchas redondas de luz que radiavam preto.

"Esper..."

Mais rápido que o tiro, correu para detrás da parede e escondeu seu corpo.

Um laser instantâneo, um raio de luz que queimou através do lugar onde Shidou estava parado, explodindo através das paredes externas do prédio do colégio e estendeu-se até o lado de fora.

Mesmo após isso, raios de luz negra foram atirados continuadamente.

"E-espere! Eu não sou seu inimigo!"

Do corredor que havia se tornado bem mais ventoso, soltou sua voz.

Parecia que as palavras de Shidou haviam chegado á ela já que as linhas de luz pararam de ser atiradas.

"...Haa, será que posso entrar...?"

"Pelo que posso ver, ela não está preparada para atacar. Se ela quisesse, deveria ser fácil explodir a parede junto com Shidou. —Por outro lado, perder tempo e irritá-la não é uma coisa boa. Vamos entrar."

Shidou murmurou, como se falando consigo mesmo, e Kotori respondeu. A câmera provavelmente já havia entrado na sala.

Engolindo a saliva, Shidou parou na frente da entrada da sala que agora estava sem porta.

"..."

A garota estava encarando-o intensamente. Como se imaginando de onde um ataque viria, o olhar estava cheio de dúvida e precaução.

"A-Acalme-se por o—"

Levantando as duas mãos para mostrar que não tinha hostilidade, deu um passo dentro da sala.

Porém,

"—Pare."

Ao mesmo tempo, a voz fria da garota saiu— *pshh*, o chão a frente do pé de Shidou foi queimado por um raio de luz. Shidou congelou seu corpo rapidamente.

"..."

A garota rapidamente olhou para Shidou da cabeça aos pés e abriu a boca.

"Quem é você?"

"...Ahh, eu sou—"

"Espere um pouco."


Quando Shidou estava para responder, por algum motivo Kotori o parou.

A tela na ponte do <Fraxinus> estava mostrando a imagem do espírito, a garota coberta com o vestido feito de luz.

A tela na ponte do <Fraxinus> estava mostrando a imagem do espírito, a garota coberta com o vestido feito de luz.

Seu rosto charmoso, decorado com um olhar cortante, estava virado em direção ao lado direito á câmera— em direção á Shidou.

Ao redor dela, estavam diversos parâmetros começando com as palavras 'níveis de afeição'. Reine estava usando o realizer para analisar/numerar e mostrar o estado mental da garota.

Junto com o Al criado no <Fraxinus>, a conversa entre os dois estava sendo mostrada em texto sem atraso no topo da tela.

Á primeira vista, parecia exatamente como o jogo que Shidou usou para treinar.

Membros selecionados da tripulação estavam encarando a cena do galge mostrada no gigante monitor com uma seriedade absoluta.

Era uma cena extremamente surreal.

Então— Kotori subitamente levantou a sobrancelha.

"Quem é você?"

No momento que o Espírito disse essas palavras á Shidou, a tela piscou, e uma sirene ecoou na ponte.

"Is-Isso é—"

No meio da voz confusa de alguém da tripulação, uma janela apareceu no meio da tela.

① "Eu sou Itsuka Shidou. Vim para salvá-la!"

② "Sou só um ser indefeso que está de passagem, por favor, não me mate."

③ "Antes de perguntar o nome de alguém, diga o seu próprio."

"Uma escolha—"

O palito do pirulito de Kotori levantou.

O realizer para análise que Reine estava usando junto com o Al do <Fraxinus> detectavam as mudanças em coisas como os batimentos cardíacos do Espírito ou tênues ondas cerebrais e instantaneamente mostra possíveis padrões de respostas na tela.

O número de vezes que elas eram mostradas era limitado para apenas quando o estado mental do Espírito se tornava instável.

Em outras palavras, com a decisão certa, poderia ganhar pontos com o Espírito.

Entretanto, se errasse—

Kotori imediatamente aproximou a boca no microfone, parando Shidou de responder.

"Espere um pouco."

"——?"

O som, como de a respiração sendo presa, pôde ser ouvido pela caixa de som. Ele estava definitivamente imaginando por que Kotori havia o parado ali.

Eles não podiam deixar Shidou esperando para sempre. Kotori virou em direção á tripulação e comandou.

"Escolham a opção que acham ser a certa! Dentro de cinco segundos!"

Todos de uma vez, os membros da tripulação começaram a mexer nos computadores perante eles. Os resultados daquilo imediatamente apareceram na tela em frente à Kotori.

O mais popular era— o número ③.

"—Parece que todos nós temos mesma opinião."

Kotori disse e a tribulação assentiu em uníssono.

"① parece ser a escolha óbvia á primeira vista, mas enquanto o oponente tiver dúvidas de que nós sejamos o inimigo, dizer alguma coisa como essa só pareceria suspeita. E também parece um pouco repugnante."

Parado ao seu lado, Kannazuki disse.

"... ② está fora de questão. Ao dar a possibilidade dele poder escapar, iria acabar com tudo."

Depois, da parte de baixo da ponte, Reine falou.

"Exatamente. Nesse ponto ③ tem sentido lógico, e se tudo ocorrer bem, talvez nós até possamos controlar a direção da conversa."

Kotori deu um breve aceno e mais uma vez puxou o microfone.


"...E-ei, o que você acabou de dizer..."

Parando sua sentença enquanto exposto ao olhar da garota, Shidou estava parado no meio de uma atmosfera indesejável.

"... Perguntarei novamente. Quem é você?"

A garota disse, como se irritada, os olhos ainda mais cortantes.

Então, nesse momento, a voz de Kotori finalmente alcançou sua orelha direita.

"Shidou. Consegue me ouvir? Responda exatamente como eu disser."

"O-ok."

"—Antes de perguntar o nome de alguém, diga o seu primeiro."

"—Antes de perguntar o nome de alguém, diga o seu primeiro. ... O qu"

Assim que disse isso, o rosto de Shidou ficou pálido.

"O- o que você me fez dizer..."

Entretanto, já era tarde demais. No momento que ouviu a voz de Shidou, a expressão da garota distorceu e dessa vez levantando os dois braços, criou bolas de luz.

"..."

Ele rapidamente se jogou no chão, se arrastando para a direita.

Um momento depois, uma bola de luz preta foi jogada no lugar em que Shidou estava parado. Um gigante buraco abriu no chão que parecia continuar por todo o segundo e primeiro andar.

"...Uwaa..."

"Ehh, isso é estranho."

"Não é isso que devia estar dizendo... , você está tentando me matar...?"

Respondendo á Kotori que parecia estar genuinamente confusa, Shidou levantou o corpo enquanto segurava a cabeça.

Então—

"Essa é a última vez. Se você não tem nenhuma intenção em responder, irei tratá-lo como inimigo."

Do topo da mesa de Shidou, a garota disse. Frustrado, Shidou imediatamente abriu a boca.

"E-Eu sou Itsuka Shidou! Eu sou um aluno daqui! Não tenho nenhuma intenção hostil!"

"..."

Shidou falou enquanto levantava os dois braços. E com um olhar de suspeito, a garota desmontou da mesa de Shidou.

"—Fique desse jeito. Atualmente, você está dentro do meu alcance de ataque."

"..."

Mostrando que entendeu, Shidou acenou enquanto mantinha sua postura.

Com passos lentos, a garota se aproximou de Shidou.

"...Nn?"

Então, inclinando o corpo levemente, encarou o rosto de Shidou por um tempo e com um "Nu?" levantou as sobrancelhas.

"Ei, nós não já nos encontramos uma vez antes...?"

"Ah... ahh, esse mês— acho que dia dez. Na cidade."

"Ohh."

Como se lembrando, a garota bateu as mãos levemente e então voltou á postura anterior.

"Lembrei agora. Você é aquele que disse aquelas coisas estranhas."

Vendo que um pouco da severidade desapareceu do olhar da garota, o nervosismo de Shidou diminuiu por um momento.

Entretanto,

"Gi...!?"

Apenas um momento depois, a franja de Shidou foi agarrada e seu rosto foi forçado a virar para cima.

A garota inclinou a cabeça como se para olhar nos olhos de Shidou enquanto deixava seu olhar vagar.

"...Se eu me lembro bem, você disse que não tinha intenção de me matar? Hmph— já passei por isso. Diga-me o que você quer. Está planejando me atacar pelas costas depois que baixar a minha guarda?"

"..."

Shidou levantou as sobrancelhas levemente, cerrando com força os dentes de trás.

Não era porque ele tinha medo da garota.

As palavras de Shidou— Eu não vim para matá-la; a garota não iria acreditar nem um pouco em palavras como aquelas.

Ela tinha sido exposta a um ambiente onde ela não podia acreditar em ninguém.

Ele se sentiu mal e não pode se segurar.

"—Os seres humanos..."

Involuntariamente, Shidou soltou a voz.

"... não são todos que querem te matar."

"..."

Os olhos da garota aumentaram enquanto tirava a mão do cabelo de Shidou. E então, por um breve momento, com um olhar questionador, ela olhou para o rosto de Shidou e então abriu os lábios um pouco.

"... É mesmo?"

"Ahh, é mesmo."

"As pessoas que conheci, todos disseram que eu devia morrer."

"Não tem como... mesmo."

"..."

Sem dizer nada, a garota moveu as mãos para trás.

Ela fechou os olhos pela metade e franziu os lábios— fazendo uma expressão que dizia que ainda não podia acreditar no que Shidou estava dizendo.

"... Então eu vou perguntar. Se você não tem nenhuma intenção de me matar, então para que propósito você está aqui agora?"

"Uh, é porque— umm."

"Shidou."

Assim que Shidou começou a gaguejar, a voz de Kotori ecoou na sua orelha direita.


"—Outra escolha, huh."

Kotori lambeu os lábios, olhando para as opções mostradas no meio da tela.



① "É claro que eu vim para encontrá-la."

② "Tanto faz, isso não importa, certo?"

③ "É apenas uma coincidência."

O mostrador á sua frente instantaneamente juntou as opiniões dos membros da tripulação. ① era o mais popular.

"Bem, depois de ver a ultima reação, ②, é provavelmente impossível. —Shidou, por ora, somente diga que você veio para encontrá-la."

Kotori falou na direção do microfone e, mostrado na câmera, Shidou abriu a boca enquanto se levantava.

"F-Foi para encontrá-la."

A garota fez uma cara inexpressiva.

"Me encontrar? Por que?"

No momento que a garota inclinou a cabeça e disse isso, as opções apareceram mais uma vez na tela.



① "Eu estou curioso em relação á você."

② "Para que nós pudéssemos amar um ao outro."

③ "Tem algo que gostaria de perguntar á você."

"Nn... o que deveríamos fazer?"

Kotori esfregou o queixo e o mostrador á sua frente indicou a ② como resposta.

"É melhor entrarmos com um ataque direto aqui, comandante. Mostre á ela a masculinidade dele!"

"Se não disser claramente, ela não irá entender!"

Da parte de baixo da ponte, as vozes da tripulação ressoaram.

"Bem, provavelmente está tudo bem. ① ou ③ iria provavelmente levar á outra pergunta como resposta. —Shidou. Vá com a ②, para que pudéssemos amar um ao outro."

Ela disse seu comando em direção ao microfone. Nesse momento, os ombros de Shidou começaram a tremer.


"Ah... é, você sabe."

Recebendo a ordem de Kotori, as palavras de Shidou hesitaram e seus olhos nadaram.

"O quê, não pode dizer? Ou simplesmente apareceu na minha frente sem motivo? Ou é—"

Os olhos da garota mais uma vez começaram a parecer perigosos. Shidou rapidamente se defendeu com as mãos e soltou a voz.

"Para que... nós pudéssemos... amar um ao outro?"

"..."

No momento em que Shidou disse isso, a garota cruzou as mãos uma sobre a outra e estendeu-as horizontalmente.

Em um instante, logo acima a cabeça de Shidou, a lâmina de ar passou— cortando pela a parede da sala e saindo. Vários tufos do cabelo de Shidou foram cortados e flutuaram no ar.

"Uwaa...!?"

"... Não quero ouvir suas piadas."

Fazendo uma expressão extremamente melancólica, a garota disse.

"..."

Shidou engoliu em seco.

Nesse momento, o medo que tinha sentido logo agora desapareceu e seu coração bateu rápido.

—Ahh, era essa, era aquela expressão.

Aquela expressão, que Shidou desprezava tanto.

Como se considerando que não pudessem ser amados de maneira alguma, uma expressão que mostrava a perda de fé no mundo.

Inconscientemente, a garganta de Shidou apertou.

"Eu vim... com a intenção... de conversar com você."

Shidou disse— e parecendo não entender seu significado, a garota levantou as sobrancelhas.

"... O que você quer dizer?"

"Simplesmente isso. Eu. quero. conversar. com você. Não me importo sobre o que. Mesmo que você não queira e simplesmente me ignore, tudo bem. Mas eu só quero que você saiba uma coisa. Eu não—"

"Shidou, acalme-se."

Como se para avisá-lo, Kotori disse. Entretanto, Shidou não podia ser parado.

Afinal de contas, até agora, a garota não teve ninguém que estenderia a mão á ela.

Afinal de contas, com apenas uma frase, ela podia estar em uma situação completamente diferente, mas a pessoa que diria á ela aquela frase não existiu lá.

Para Shidou, ele teve o pai, a mãe e até Kotori.

"Eu não— vou negar sua existência."

Shidou deu um passou pesado á frente, e como se para pronunciar claramente cada palavra, disse.

"..."

A garota levantou as sobrancelhas e desviou seus olhos de Shidou.

E então, depois de um breve silêncio, ela abriu a boca com um crack.

"...Shidou. Você disse que era Shidou?"

"—Sim."

"Você realmente não vai negar minha existência?"

"Sim."

"Sério, sério?"

"Sério, sério."

"Sério, sério, sério?"

"Sério, sério, sério."

Shidou respondeu sem pausar, e a garota passou a mão no cabelo e levantou, enquanto soltava o que parecia ser um espirro, virando a cabeça de volta.

"—Hmpf."

Levantando as sobrancelhas e formando uma expressão sarcástica, ela cruzou os braços.

"Quem você está tentando enganar com isso, baaka, baaka."

"Como eu disse, eu—"

"... Mas sabe do quê."

Enquanto fazia uma expressão complicada, a garota continuou.

"Eu não sei que tipo de intenções você tem, mas você é o primeiro humano que eu posso ter uma conversa apropriada. ...Você deve ser de algum uso, para conseguir mais informações sobre esse mundo."

Dizendo isso, ela fungou mais uma vez.

"...H-huh?"

"Estou dizendo que eu não me importaria se é somente para conversar com você. Mas é só para ganhar informações. Mm, isso é muito importante. Informação é muito importante."

Enquanto falava— era apenas um pouco, mas a expressão da garota parecia um pouco mais suave.

"É-É mesmo..."

Coçando o rosto, Shidou respondeu.

Com isso... Bem, por enquanto, o primeiro contato podia ser tratado como um sucesso.

Enquanto Shidou ficava lá, perplexo, a voz de Kotori soou na sua orelha direita.

"—Bom trabalho. Apenas continue desse jeito."

"A-Aahh..."

Então, a garota começou a lentamente circular a sala com passos largos.

"Mas tente apenas fazer uma ação suspeita. Eu vou abrir um túnel de ar no seu corpo."

"...Ok, entendi."

Ouvindo a resposta de Shidou, a garota lentamente deixou seus passos soarem na sala.

"Shidou."

"O-O quê?"

"—Então, eu vou perguntar. O que exatamente é esse lugar? É a primeira vez que vejo um lugar assim."

Dizendo isso, ela andou em volta enquanto cutucava o topo das mesas.

"Ehh... ahh, é um colégio—uma sala, bem, um lugar aonde alunos da mesma idade que eu vão para estudar e aprender. Nós sentamos nessas mesas, desse jeito."

"O quê?!"

Os olhos da garota arregalaram com a surpresa.

"Todas essas ficam cheias de humanos? Não brinque comigo. Deve ser alguma coisa em torno dos quarenta."

"Não, essa é a verdade."

Enquanto dizia isso, Shidou coçou a bochecha.

Quando a garota aparece, o alerta de evacuação já teria sido soado nas ruas. Os únicos humanos que a garota já viu eram provavelmente somente a AST. Eles provavelmente também não tinham tantas pessoas assim.

"Ei—"

Quando estava para chamar o nome da garota— as palavras de Shidou ficaram presas na sua garganta.

"Nu?"

Provavelmente notando o estado de Shidou, a garota franziu as sobrancelhas.

E então, depois de colocar a mão no queixo por um momento como se pensando,

"...Entendi, para conversar com alguém isso é necessário, huh."

Desse jeito, ela assentiu,

"Shidou. —Do que você quer me chamar?"

Ela disse, sentando em um dos lugares próximos.

"...Huh?"

Sem entender o que ela quis dizer, ele perguntou.

Cruzando os braços com um "hmpf", ela continuou num tom arrogante.

"Me dê um nome."

"..."

Depois de um breve silêncio.

—Tão sérioooo!!

Shidou gritou no seu coração.

"E-Eu!?"

"Sim. Não tenho planos de falar com ninguém mais, de qualquer maneira. Não deve ter nenhum problema."


"Uwahh, outro problema difícil apareceu."

Sentando no assento do capitão, Kotori coçou o rosto.

"...Hmm, o que devíamos fazer?"

Da parte de baixo da ponte, Reine acenou como se respondendo aquilo.

Na ponte, nem a sirene tocou nem apareceram as escolhas na tela.

Se o Al simplesmente mostrasse escolhas aleatórias na tela, teriam demais para mostrar.

"Acalme-se Shidou. Não se apresse e diga algum nome estranho."

Dizendo isso, Kotori levantou e aumentou o tom de voz na direção da tripulação.

"Pessoal! Pensem imediatamente em nomes para ela e enviem para o meu terminal!"

Ao dizer isso, ela deixou o olhar cair para o mostrador. Alguns membros da tripulação já haviam enviado nomes.

"Ahem... Kawagoe! Misako não é o nome de uma das suas ex-mulheres!?"

"D-Desculpe, não pude pensar em mais nada..."

Da parte de baixo da sala de controle, uma voz masculina desculpando-se pôde ser ouvida.

"...Jeez, vejamos... Urarakane? Kimimoto, como se pronuncia isso?"

"Kurarabell!"

"Eu o proíbo de ter um filho pelo resto da sua vida."

Ela apontou para o membro da tripulação que havia falado.

"Desculpe! Meu filho mais velho já está no primário!"

"Filho mais velho?"

"Sim! Eu tenho três!"

"E por sinal, quais são os nomes deles?"

"Do mais velho ao mais novo, Pureblue, Fullmonty e Seraphim!"

"Mude os nomes deles em uma semana e vá embora do distrito escolar deles."

"Precisa ir tão longe assim!?"

"Pense sobre os sentimentos de uma criança que recebeu um nome desses, seu careca duplo."

"Está tudo bem! Recentemente todo mundo anda fazendo o mesmo!"

''*Gong Gong*'', um som abafado soou na ponte.

Shidou estava provavelmente batendo no intercomunicador.

Olhando para a tela, a garota estava com os braços cruzado e batendo o cotovelo impacientemente.

Kotori olhou rapidamente para a tela. Não havia nada que pudesse ajudar. *Haaa* soltou um suspiro.

Seus subordinados não tinham absolutamente nenhum senso. Desapontada, Kotori balançou a cabeça.

Olhou para a bela aparência da garota. Alguma coisa que caberia muito bem seria algo elegante e refinado á moda antiga. Sim, alguma coisa como—

"Tome"

"Tome! Seu nome é Tome!"

Assim que Shidou disse isso, um raio de luz vermelho puro brilhou na sala de controle e um barulho alto *pii pii* começou tocar.

"Padrão verde, descontentamento!"

Um dos membros da tripulação gritou enquanto parecia em pânico.

Nesse momento, o mostrador de pontos de afeição mostrado na tela rapidamente caiu.

Seguindo isso, na frente dos pés de Shidou mostrados na tela, *zugagagagagagagagan!*, as pequenas bolas de luz rapidamente foram jogadas como uma metralhadora.

"Nuwahhhhhhh!?"

"...Kotori?"

Reine questionou.

"Huh? Isso é estranho. Pensei que era um ótimo nome á moda antiga."


"... Não sei por que, mas pareceu que você estava zombando de mim."

A garota disse enquanto veias pulsavam na sua testa.

"...!D-desculpe... espere um pouco mais."

Pensando calmamente naquilo, Tome estava claramente fora de questão. Enquanto agachado e olhando para a fumaça subindo do chão, Shidou cursou sua própria linha de pensamento. Desculpa á todas as senhoras da nação, mas aquele não era um nome para uma garota daquele tempo.

Além do mais, em primeiro lugar, ele nunca havia considerado que viraria um padrinho através de um encontro tão súbito. Não importa o quanto ele tentasse suprimir seus batimentos cardíacos, quando pensou nisso sua visão começou a girar.

Entretanto, não tinha como ele poder subitamente pensar em um nome de garota.

Nome, nome, nome... Passou mentalmente todos os nomes de garota que conhecia.

Mas não tinha muito tempo. Enquanto fazia isso, o rosto da garota parecia descontente.

"——To-Tohka."

Da boca do conturbado Shidou, saiu o nome.

"Nu?"

"O-O que... achou dele?"

"..."

Depois de um momento de silêncio—

"Oh, bem. É melhor que Tome."

Olhando aquilo, Shidou deu um sorriso amargo rígido e coçou a parte de trás da cabeça.

Afinal de contas, era tudo porque seu primeiro encontro foi no dia dez de Abril. Um nome simples.[6]

"...O que estou fazendo..."

"Disse alguma coisa?"

"Ah, não, nada..."

Balançou a mão rapidamente. A garota parecia levemente curiosa, mas não prosseguiu com aquilo.

Imediatamente, ela correu em direção a Shidou.

"Então— Tohka. Como se escreve?

"Ahh, é desse jeito—"

Shidou foi até o quadro, pegou um pedaço de giz e escreveu "十香".

"Hmm."

Com um breve aceno, a garota imitou Shidou e tracejou no quadro com o dedo.

"Ah, se não usar o giz então as palavras..."

Começou a dizer, mas parou. O lugar em que o dedo da garota tocou desapareceu sem deixar rastros e grosseiramente as duas palavras 十香 permaneceram.

"O que foi?"

"...Nada."

"Ok."

Dizendo isso, a garota encarou as palavras que escreveu por um momento e deu um breve aceno.

"Shidou.

"O-O quê?"

"Tohka."

"Eh?"

"Tohka. É o meu nome. Isso não é maravilhoso?"

"Ah, ahh..."

Aquilo era de alguma forma... Constrangedor. De várias maneiras.

Desviando levemente os olhos, Shidou coçou a bochecha.

Entretanto a garota— Tohka, mais uma vez moveu os lábios.

"Shidou."

... Até mesmo Shidou entendeu as intenções de Tohka.

"To-Tohka..."

Shidou chamou aquele nome e parecendo satisfeita, os cantos dos lábios de Tohka inclinaram para cima.

"..."

Seu coração saltou.

Agora que pensava nisso, era a primeira que via o sorriso de Tohka.

Então, naquele momento,

"——..."

Subitamente, o prédio do colégio foi encarado com uma explosão tremenda e começou a tremer.

Ele instantaneamente apoiou o corpo com a mão no quadro.

"O-O que di...!?"

"Shidou, se jogue no chão."

Na sua orelha direita, a voz de Kotori ecoou.

"Eh...?"

"Rápido."

Sem saber o que era o que, Shidou fez o que foi mandado e deitou no chão.

No momento seguinte, *gagagagagagagaga—* um barulho alto ecoou, quebrando o vidro das janelas todas de vez e abrindo incontáveis buracos de bala na parede de trás.

Era como a cena de uma batalha da Máfia.

"O que diabos...!"

"Parece que é um ataque vindo de fora. Provavelmente tentando atrair o Espírito para fora. —Ahh, ou talvez é só para fazer o prédio do colégio desmoronar e assim se livrar dos lugares onde o Espírito poderia se esconder."

"O qu... isso é um absurdo...!"

"—Mas ainda assim, está fora das minhas expectativas. Eles vindo com uma tática agressiva dessas."

Então, Shidou levantou o rosto.

Tohka tinha uma expressão que parecia exatamente a mesma de quando estava lidando com Shidou mais cedo, olhando para fora das janelas quebradas.

Desnecessário dizer, balas eram inúteis contra Tohka, mesmo fragmentos de vidro quebrado não poderiam tocá-la.

Entretanto, o rosto parecia retorcido de dor.

"—Tohka!"

Sem perceber, Shidou gritou aquele nome.

"..."

Com um arranque, o olhar de Tohka moveu do lado de fora para Shidou.

Mesmo agora, sons esmagadores de balas estavam tocando, mas o ataque na sala de aula da classe 2-4 parou momentaneamente.

Enquanto protegia a si com as mãos mesmo para evitar os ataques, levantou o corpo.

Então, Tohka melancolicamente abaixou os olhos.

"Se apresse e fuja Shidou. Se ficar comigo vai ser atingido pelos seus queridos humanos."

"..."

Shidou estava em silencio e engoliu em seco.

Ele realmente tinha que fugir. Mas—

"Você tem duas escolhas. Fugir ou ficar."

Ouviu a voz de Kotori. E depois de hesitar um pouco,

"... Como posso fugir numa hora dessas..."

"Você é um idiota."

"... Diga o que quiser."

"Isso foi um elogio. —Vou te dar uma ótima dica. Se não quiser morrer, então fique o mais próximo possível do Espírito."

"...Certo."

Formando uma linha reta com os lábios, Shidou sentou-se em frente aos pés de Tohka.

"Huh—?"

Os olhos de Tohka esbugalharam.

"O que está fazendo? Se apresse e—-"

"Eu sei disso...! Mas agora é a hora da nossa conversa. Não se preocupe com alguma coisa assim. —Você quer informações sobre o nosso mundo, certo? Se é algo que eu possa responder, então não importa quantas perguntas tenha, eu responderei todas."

"...!"

Tohka fez uma cara surpresa por um momento e então sentou, encarando Shidou.

Parte 3[edit]

"——"

Com o corpo coberto pelo uniforme de fiação, Origami estava segurando uma metralhadora gigante com as duas mãos.

Preparando-se e apertando o gatilho, incontáveis números de fragmentos de bala foram espalhados pelo prédio do colégio.

Pelo seu território ter expandido, ela não podia sentir muito bem o recuo, mas era originalmente uma metralhadora de raios gigante que eram montadas em naves de guerra. Encarando o bombardeio de todas as direções, o prédio do colégio gradualmente se tornou cheio de buracos.

Entretanto— aquele não era o equipamento anti-Espírito que usava o realizer. Era apenas um simples equipamento para destruir o prédio e forçar o espírito a sair.

"—E então? O Espírito já saiu?"

Vinda através do intercomunidador dentro do capacete, a voz de Ryouko pode ser ouvida.

Ryouko estava logo ao lado de Origami— mas no meio do tiroteio sua voz não podia alcançá-la.

"Ainda não posso confirmar."

Sem parar o ataque, ela respondeu.

Enquanto atirava com a própria arma, Origami arregalou os olhos e passou através do prédio do colégio que estava quase desmoronando.

Havia uma distância em que normalmente ninguém poderia ver nada, mas a Origami de agora, com o território expandido, podia até ver as palavras no papel pregado no quadro de avisos ao lado do prédio.

Então— Origami cerrou os olhos levemente.

Sala 2-4, a sala de Origami.

Devido aos ataques, a parede de fora havia sido destruída completamente— então ela viu a figura do alvo, o Espírito.

Entretanto—

'Nn? Esse é—"

Ryouko disse com uma voz duvidosa.

Afinal de contas, dentro da sala, outra figura além do Espírito, um humano, que parecia com um garoto, foi confirmada. -Provavelmente um aluno que estava atrasado na fuga.

"Qu-quem é esse. Está sendo atacado—?"

Enquanto estreitava as sobrancelhas, Ryouko falou.

Porém, como se não tivesse ouvido, Origami continuou encarando a sala.

Ela sentiu que a figura do garoto ao lado do Espírito era familiar.

"——!"

Os olhos de Origami arregalaram.

Afinal de contas— aquele garoto era o colega de classe de Origami, Itsuka Shidou.

"—Origami?"

Do lado dela, Ryouko chamou-a com uma voz intrigada.

Entretanto Origami não respondeu, simplesmente deu um comando na sua cabeça.

Um comando para o realizer cercar o seu corpo, para a velocidade mais rápida.

"O que está fazendo, Origami!?"

"—É perigoso. Por favor, evite agir aleatoriamente por si própria."

Como esperado, eles notaram a anormalidade. As transmissões de Ryouko e da tropa ao seu redor vieram todas ao mesmo tempo.

Mas Origami não podia ser parada. Ela imediatamente derrubou a metralhadora, pegando a mais próxima espada laser anti-Espírito <No Pain> da cintura e saiu em direção ao colégio.

Parte 4[edit]

Dentro de uma sala encarada com uma chuva de balas, olhando e falando com uma garota.

...Obviamente, aquela foi a primeira vez que teve uma experiência daquela na vida. Provavelmente por causa do poder de Tohka, inúmeras balas, como se evitando eles dois, dirigiam-se ao prédio do colégio.

Mas mesmo assim, ver balas passarem na frente dos seus olhos não era uma experiência que tinha todo dia. Ele sentiu como se pudesse ser atingido á qualquer movimento, então Shidou ficou completamente parado enquanto continuava com a conversa.

Os tópicos da conversa não eram nada especiais.

Tohka fazia perguntas que nunca teve a chance de fazer á ninguém e Shidou respondia.

Apenas essa troca simples era o suficiente para Tohka dar um sorriso satisfeito.

Exatamente por quanto tempo eles conversaram— quando dentro da orelha de Shidou, ele ouviu a voz de Kotori.

"—Os números estabilizaram. Se possível, tente perguntar também Shidou. Nós realmente precisamos da informação dos Espíritos."

Ouvindo isso, Shidou pensou um pouco e então abriu a boca.

"Ei— Tohka."

"O que foi?"

"Exatamente... que tipo de ser é você?"

"Mu?"

Tohka franziu as sobrancelhas com a pergunta de Shidou.

"—Não sei."

"Não sabe? ..."

"É verdade. Não há nada que possa fazer sobre isso. —Não sei a quanto tempo foi, mas eu subitamente nasci aqui. Minhas memórias são distorcidas e vagas. Não tenho a mínima ideia de coisas tipo que tipo de ser eu sou."

"S-Sério...?"

Shidou disse enquanto coçava a bochecha e Tohka soltou um "hmpf" cruzando os braços.

"É assim que é. Eu subitamente nasci nesse mundo e naquele momento o grupo mecha mecha já estava voando no céu."

"Gru-Grupo mecha mecha...?"

"Aquelas pessoas irritantes que ficam voando ao meu redor."

Parecia que estava falando da AST. Involuntariamente, Shidou deu um sorriso torto.

Então, do intercomunicador, um som eletrônico claro, como o som de quando você acerta uma pergunta de um quiz soou.

"É a sua chance Shidou!"

"Huh...? O quê?"

"O medidor de estado do espírito já está acima de 70. Se quiser fazer seu movimento então agora é a hora."

"Fazer meu movimento... o que eu devo fazer?"

"Nn, verdade. Por agora... tente convidá-la para um encontro?"

"Huh...!?"

Ao ouvir as palavras de Kotori, Shidou acidentalmente aumentou o tom de voz.

"Nn, o que foi, Shidou?"

Respondendo á voz de Shidou, Tohka olhou para ele.

"——! Não se preocupe com isso."

"..."

Mesmo que ele tenha tentado disfarçar rapidamente, Tohka encarava Shidou com um olhar curioso.

"Convide-a logo. O melhor jeito de criar intimidade é sair completamente desse jeito afinal de contas."

"...Mesmo que diga isso, no momento em que ela aparecer, haverá a AST..."

"Essa é ainda mais a razão. Da próxima vez que ela aparecer, eu deixarei para você escapar com ela para um prédio grande. O aquário, o teatro ou uma loja de departamento, qualquer coisa está boa. Se tiver algum estabelecimento subterrâneo então é ainda melhor. Se fizer isso, então a AST provavelmente não entrará diretamente."

"...M-mm.”

"O que você estava murmurando algum tempo atrás? ...! Um plano para me eliminar!?"

"E-Errado, errado! É um mal-entendido!"

Ele rapidamente parou Tohka, que os olhos esbugalharam e bolas de luz apareceram no topo dos dedos.

"Então me conte. O que estava falando?"

"Guh..."

Gemendo enquanto uma gota de suor descia pelo rosto de Shidou, uma voz apressando-o ecoou na orelha direita de Shidou.

"Vamos, apenas aceite logo. Encontro! Encontro!"

Nesse momento, os membros da tripulação na ponte também estavam estimulados, já que do outro lado do intercomunicador, um estrondo que parecia ser um encantamento de encontros pode ser ouvido.

"En•con•tro"

"En•con•tro"

"En•con•tro"

"Argh, eu já entendi!"

Shidou desistiu e gritou.

Na verdade, não é que não tenha entendido os motivos de Kotori, ele sabia que era importante se organizar para o próximo encontro... Mas, bem, você sabe, ele estava levemente envergonhado.

"Ei, Tohka."

“Nn, o que foi? ’’

"U-uhm... d-da próxima vez."

"Nn?"

"Vo-você não quer... ir á um encontro comigo?"

Tohka fez um rosto inexpressivo.

"O que é um encontro?"

"I-isso é..."

Por algum motivo ele se sentia realmente envergonhado, já que evitou o seu olhar e coçou a bochecha.

Então, nessa hora, na sua orelha direita, a voz de Kotori soou levemente alta.

"—Shidou! AST está em movimento!"

"Huh...!?"

Numa voz que até Tohka á sua frente podia ouvir, Shidou não se importou e exclamou.

Em um instante— de fora da sala, Origami apareceu.

"——!"

Em um instante, as emoções de Tohka escureceram e ela estendeu sua mão naquela direção.

Então, sem perder uma batida, da máquina bruta na sua mão, uma espada de luz apareceu assim que Origami correu até Tohka.

Faíscas parecidas como as de uma oficina de soldagem espalharam-se pelo lugar.

"Ku—"

"—Que cruel!"

Tohka soltou um berro, balançando Origami com a mão e parando a espada de luz.

"..."

Cerrando levemente os dentes, Origami foi jogada para trás. —Mas ela imediatamente corrigiu a postura e parou graciosamente na parede cheia de buracos de bala.

"Tch— É você de novo."

Balançando levemente a mão que parou a espada de luz, Tohka disse, como se cheia de ódio.

Origami olhou para Shidou, então soltou um suspiro como se estivesse aliviada.

Entretanto ela imediatamente aprontou a arma desconhecida e atirou um olhar frio em direção á Tohka.

"..."

Vendo seu estado, Tohka olhou de relance para Shidou, e então empurrou o calcanhar no chão abaixo dos seus pés.

"—<Sandalphon King of Slaughter>!"[7]

Instantaneamente, o chão da sala inchou, e na sua frente, o trono apareceu.

"O qu..."

"Shidou, recuar! Deixe o <Fraxinus> te pegar de uma vez. Se possível, tente sair com os dois!"

Shidou estava aturdido, quando ouviu o grito de Kotori.

"Mesmo que diga isso..."

Tohka pegou a espada detrás do trono, e empurrou na direção de Origami.

A onda de choque gerada pegou o corpo de Shidou facilmente, que foi jogado do lado de for a do colégio.

"Uwahhhhhhh!?"

"Ótimo!"

Ao mesmo tempo em que a voz de Kotori soou, o corpo de Shidou foi cercado por uma sensação de leveza.

Enquanto sentia uma sensação estranha de estar flutuando, Shidou foi levado pelo <Fraxinus>.




Referências[edit]

  1. Peeping Tom: é alguém que espia outras pessoas em situações íntimas; a mesma coisa que voyeur. Segundo o Google, surgiu da lenda da Lady Godiva. Ela foi obrigada a cavalgar nua pelas ruas, contanto que todos os moradores fechassem as casas até que ela passasse. Mas diz a lenda que uma única pessoa resolveu olhá-la (Peeping Tom) e ficou cego por causa disso.
  2. Parte da comédia japonesa onde a regra é simplesmente criticar o outro.
  3. Dimensão z é a 3ª dimensão, vindo depois do x e y.
  4. Referindo-se ao Mario
  5. Novamente, slogan do Mario.
  6. Tohka/Touka/Tooka é a pronúncia tanto de 十香 quanto de 十日,sendo que o último significa o décimo dia do mês.
  7. Sandalphon: é um arcanjo presente nas mitologias judaica e cristã.O nome Sandalphon parece ter vindo do hebraico, mas sua origem não é certa. Possivelmente ela veio do grego sandalion, que significa "sandália"; sendo assim "aquele que usa sandálias".


Capítulo 4: Encontro Surpresa[edit]

Parte 1[edit]

"Bem, sim, normalmente eles fecham os colégios para alguma coisa assim..."

Shidou andou pela rua íngreme que se estendia na frente do colégio enquanto coçava a parte de trás da cabeça.

Aquele era o dia seguinte após ter nomeado o Espírito Tohka.

Shidou foi para o colégio como sempre, e ao ver o portão rigorosamente fechado e o prédio do colégio reduzido á uma pilha de destroços, suspirou com a sua idiotice.

Ele estava lá quando o colégio havia sido destruído, então qualquer um presumiria que seria fechado... mas quando encarou um cenário tão irrealista daquele, era possível que sua mente inconscientemente tenha desprendido-se da realidade.

Além disso, ele havia passado toda a noite anterior em uma reunião com os outros, revendo o vídeo de sua conversa com Tohka e refletindo sobre isso, então sua capacidade mental deve ter caído pela falta de sono.

"Ahh... Acho que pelo menos deveria fazer algumas compras então."

Soltando um único suspiro, virou para a direção contrária ao caminho de casa.

Era verdade que os ovos e o leite haviam acabado, então simplesmente voltar diretamente para casa não pareceria tão estranho.

Havia um sinal de "Não Entre" na frente da rua.

"Oh, a rua está fechada... ?"

Mas mesmo que o sinal não estivesse lá, estava claro como o dia que a rua estava inutilizável.

O chão de asfalto havia se tornado uma bagunça, o concreto estava todo desintegrado e até mesmo o prédio de inquilinos havia desabado.

Parecia que uma guerra havia acontecido aqui.

"—Ah, isso é..."

Ele se lembrou daquele lugar. Era parte da zona de spacequake onde ele conheceu Tohka pela primeira vez. Parecia que as forças de reparação não haviam lidado com aquilo ainda, já que a cena desastrosa continuava a mesma da de dez dias atrás.

"......"

Quando se lembrou da aparência da garota na sua mente, soltou um breve suspiro.

—Tohka.

O Espírito— a garota que gerou aquele desastre— que não tinha nome até ontem.

Ontem, depois de conversar com ela por muito mais tempo do que nunca, a premonição de Shidou foi confirmada.

Aquela garota realmente possuía uma quantidade de poder inimaginável.

Até o ponto onde todas as organizações do mundo concordariam que ela fosse uma ameaça.

A cena exposta antes era a prova daquilo.

Uma coisa dessas realmente não podia ser largada por si só.

"...dou..."

Mas ao mesmo tempo, não havia como ela usar aquele poder irresponsavelmente, como um monstro impiedoso e descuidado.

"Ei, Shidou..."

...Bem, esses pensamentos estavam girando na sua cabeça, então antes que percebesse, acabou andando de volta para os portões do colégio.

"...Pare de me ignorar!"

"—Huh?"

Uma voz soou— do outro lado da área fechada.

Shidou inclinou a cabeça, confuso.

Como se dividindo o ar gelado, era uma voz bonita.

Era parecida com uma voz que já tinha ouvido em algum lugar... Para ser mais específico, no dia anterior no colégio.

... Era uma voz que ele não esperava ouvir em uma hora e lugar daqueles.

"U-Umm—"

Shidou focou o olhar naquela direção enquanto comparava a voz que havia acabado de ouvir com suas próprias memórias.

E então, seu corpo congelou.

Ela estava bem à frente dos seus olhos.

Uma garota estava levemente inclinada no topo de uma montanha de destroços, vestindo um vestido que claramente não se encaixava com o seu redor.

"T-Tohka!?"

De fato, a não ser que a mente ou os olhos de Shidou estivessem pregando uma peça nele, a garota era sem dúvida o Espírito que havia encontrado no colégio no dia anterior.

"Então você finalmente notou, ba~ka, ba~ka."

O rosto da garota, lindo o bastante para dar calafrios na espinha de qualquer um, estava tingido de descontentamento.

Ela chutou a pilha de destroços com um *thump* e se aproximou de Shidou ao longo do asfalto quase intacto.

Provavelmente por estar no seu caminho, Tohka chutou o sinal de 'Não Entre' com um grunhido e parou na frente de Shidou.

"O-O quê você está fazendo, Tohka...?"

"...Nu? O que quer dizer?"

"Por que está em um lugar como esse...!?"

Shidou olhou para trás dele enquanto gritava, chamando a atenção do vizinho que estava passeando com o cachorro.

Ninguém estava se refugiando em algum abrigo. Isso significa que nenhum alarme de spacequake soou.

Basicamente, aquilo significava que nem a <Ratatoskr> nem a AST havia percebido nenhum antichoque antes do Espírito aparecer.

"Mesmo que me pergunte o por que..."

Entretanto, a própria pessoa não parecia ligar nem um pouco para essa estranha situação. Ela então cruzou os braços, como se não soubesse motivo do porque que Shidou estava fazendo tanta confusão sobre aquilo.

"Não foi você quem me convidou, Shidou? Para... um encontro."

"O qu—"

Os ombros de Shidou estremeceram com sua declaração descuidada.

"V-Você se lembra...?"

"Hm? O que foi, você acha que eu sou uma idiota ou algo do tipo?"

"Não, não foi isso que quis dizer..."

"—Hmph, tanto faz. O que é mais importante, Shidou, vamos logo nesse tal de encontro. Encontro encontro encontro encontro."

Tohka continuou repetindo 'encontro encontro' numa só entonação.

"E-Eu entendi! Eu já entendi, então pare de repetir essa palavra!"

"Eh, por quê? ...Ah, Shidou, não me diga que você tirou vantagem por eu não saber o que significava e me ensinou uma palavra indecente e obscena?"

Com as bochechas vermelhas, Tohka levantou as sobrancelhas.

"—! E-Eu não fiz isso! É uma palavra completamente pura!"

Shidou falou enquanto coçava a bochecha.

Era mais ou menos mentira. Desde que os humanos foram concedidos, era uma palavra que poderia ser extremamente impura.

Shidou virou com um olhar inconfortável.

As mulheres estavam sorrindo, olhando para ele como se estivessem vendo alguma coisa encantadora.

Bem, havia também alguma dúvida misturada no olhar, por causa da aparência estranha de Tohka.

"...Nu?"

Tohka parecia ter notado os olhares também. Escondeu-se atrás de Shidou e observou-as intensamente.

"...Shidou, quem são elas? Inimigas? Devo matá-las?"

"Hu... Huh!?"

Os ombros de Shidou tremeram assim que Tohka deixou escapar pensamentos tão perigosos sem aviso.

"Não, não, não, por que está dizendo isso? Elas são só mulheres comuns."

"O que está falando, Shidou? Esses olhos brilhantes flamejando... não parecem com de aves de rapina? É impossível elas não estarem mirando em mim. ...Elas podem causar problemas mais tarde se as deixarmos continuarem vivas. Acho que seria melhor matá-las antes que isso aconteça."

... Bem, é verdade que seus olhos estavam brilhando, mas...

Em primeiro lugar, ele teria que começar um novo tópico de conversa.

"Não se preocupe. Eu não te falei? Existem vários humanos que não vão te atacar."

"...Hmph."

Mesmo que Tohka ainda não tivesse baixado sua guarda, pelo menos parou de parecer como se estivesse pronta para lutar á qualquer momento.

"Tanto faz. Então, sobre o tal encontro—"

"V-V-Vamos para algum outro lugar primeiro. Ok?"

Shidou disse para Tohka, que continuava impassível e foi embora ás pressas.

"Nu. Ei, Shidou, onde estamos indo!?"

Tohka seguiu logo atrás dele, e elevou a voz em descontentamento enquanto andava ao seu lado.

Junto com Tohka, Shidou entrou em um beco deserto e finalmente soltou um suspiro, aliviado.

"Então, você finalmente se acalmou. Sheesh, você é estranho. O que exatamente há de errado?"

Tohka estreitou os olhos em desapontamento.

"Tohka... o que aconteceu depois de tudo ontem?"

Havia um monte de coisas que queria perguntar, mas a primeira coisa que saiu da sua boca foi essa.

Os lábios de Tohka se moveram com um olhar sério.

"Nada na verdade, foi o mesmo de sempre. Eu balancei minha espada que não cortaria nada, atirei com o meu canhão que não acertaria em nada. — E finalmente, meu corpo simplesmente desapareceu."

"... Desapareceu?"

Shidou inclinou a cabeça, confuso.

Pensando nisso, Kotori e os outros também tinham um palpite desses, mas não entendiam nem um pouco como isso acontecia.

"É simplesmente a passagem desse mundo para um lugar diferente."

"A-Alguma coisa assim existe? ...Que tipo de lugar é esse?"

"Eu não sei."

"...O quê?"

Shidou franziu as sobrancelhas com a resposta.

"No momento em que vou para lá, eu entro naturalmente num estado parecido com o sono. Pelo que consigo lembrar, parecia como se eu estivesse flutuando em um lugar escuro. — É como se caísse no sono."

"Então você vem para esse mundo quando acorda?"

"Não é bem assim."

Tohka balançou a cabeça e continuou.

"Em primeiro lugar, eu nunca pude escolher quando vir para cá. Eu simplesmente sou mandada aleatoriamente e fico presa desse lado. Bem, acho que é como ser acordada á força."

"......"

Shidou segurou a respiração.

Ele entendeu que o spacequake acontecia quando o Espírito aparecia nesse mundo, mas se o que Tohka disse fosse verdade, então não era por vontade própria que eles apareciam.

Nesse caso, não seriam os spacequakes iguais á acidentes?

Forçar a responsabilidade em Tohka— nos Espíritos— é irracional demais, não importa como encare isso.

Nesse momento, mais uma pergunta passou pela cabeça de Shidou.

Havia uma parte daquela história de Tohka que não se encaixava muito bem.

"... O que quis dizer com 'pôde'? Hoje é diferente?"

"......"

As bochechas de Tohka tremeram, a boca inclinou em uma carranca e ela desviou o olhar para um monte de destroços.

"Hmph, c-como se eu soubesse."

"Responda-me direito. Pode ser alguma coisa realmente importante."

Mas Shidou continuou pressionando.

Se Tohka veio para esse mundo por si própria hoje, então esse deve ser o motivo de não ter ocorrido nenhum spacequake.

Mas por algum motivo, as bochechas de Tohka estavam levemente rosadas e seu olhar, afiado.

"Você é tão persistente. Essa conversa já acabou."

"Não, mas—"

Shidou começou a falar, mas Tohka bateu com um pé no chão.

O asfalto em que havia pisado instantaneamente se iluminou e feixes de luz radiaram dele.

"Whoa...!?"

Quando a luz tocou Shidou, espalhou-se em fogos de artifício, crepitando.

"—Vamos, apresse-se e diga o que encontro significa." Tohka disse impacientemente.

"...Gah."

Contra esse tom de voz intransigente, Shidou não podia fazer nada além de ficar em silêncio.

Se perguntasse mais alguma coisa, iria acabar em um raio de luz igual á ontem.

Shidou passou um tempo murmurando consigo mesmo antes de falar.

"... É quando um garoto e uma garota saem e se divertem juntos... eu acho."

"Então é isso?"

Tohka o encarou, como se assombrada com o quanto decepcionante aquilo era.

"S-Sim..."

Mesmo que tenha dito aquilo, ainda estava perturbado porque também nunca havia ido á um encontro.

Quer dizer, sabia de algumas coisas que viu em mangás e doramas, mas essa era a extensão do seu conhecimento.

Mas Tohka cruzou os braços acima do peito.

"... Então, basicamente, você estava dizendo ontem que queria se divertir comigo, os dois juntos?"

"... B-Bem... sim... eu acho."

Por algum motivo aquilo era 20% mais vergonhoso quando dizia claramente. Respondeu enquanto coçava estranhamente a bochecha.

"Entendo."

A expressão de Tohka se iluminou levemente enquanto acenava e deu um passo largo para fora do beco.

"E-ei, Tohka—"

"O que, Shidou? Nós não estamos indo nos divertir?"

"—! Você está bem com isso...?"

"Você não disse que queria?"

"Ah... Bem, é verdade, mas..."

"Então vamos. Ou então eu posso acabar mudando de ideia." Tohka disse enquanto voltava a andar.

E então, Shidou percebeu uma questão importante.

"T-Tohka! Essas roupas suas não vão funcionar...!"

"O quê?"

Os olhos de Tohka arregalaram em surpresa quando Shidou disse isso.

"O que exatamente há de errado com meu traje? Essa é minha armadura e o meu território. Não vou tolerar seus insultos."

"Você se sobressai demais desse jeito...! Até a AST vai descobrir!"

"Nu."

Parecendo notar que aquilo seria mesmo problemático, Tohka fez uma expressão desagradável.

"O que devo fazer então?"

"Bem, você tem que trocar de roupa, mas..."

Uma gota de suor desceu pela bochecha de Shidou. Não havia nenhuma roupa feminina ali e levá-la até a loja também seria complicado.

Além disso, sua carteira não estava assim tão cheia.

Enquanto ele escaneava seu cérebro tentando achar alguma ideia, Tohka falou impacientemente.

"Que tipo de roupa seria bom? Simplesmente me diga isso."

"Eh? Ah..."

Mesmo que perguntasse que tipo, ele não poderia pensar em nada assim de uma hora pra outra.

Mas, nesse momento, um uniforme familiar passou no canto da sua visão.

"Ah..."

Uma aluna que ele não reconhecia passou pela rua com uma cara sonolenta.

Era provavelmente uma aluna que, por algum motivo, também perdeu o aviso de que a escola estava fechada, exatamente como Shidou.

"Tohka, ali. Roupas daquele tipo provavelmente serviriam."

"Nu?"

Tohka olhou na direção que Shidou estava apontando e botou a mão na cintura.

"Hmm, entendi. Então isso serviria huh?" disse Tohka.

Ela levantou levemente o dedo indicador e o médio da mão direita juntos.

Então, uma bola preta de luz apareceu da ponta dos seus dedos, apontando na direção da aluna.

"Espere, o que você acha que está fazendo!?"

Afobado, Shidou segurou a mão de Tohka.

Nesse momento, o tiro de fotosfera dos dedos de Tohka roçou no cabelo da garota e bateu na parede atrás dela.

Um lento *thunk* soou e pequenos fragmentos da parede se espalharam ao redor.

"Eek...!?"

Os ombros da garota tremeram com aquela cena e ela olhou freneticamente ao seu redor.

Mas, como se concluindo que era por estar meio sonolenta, balançou a cabeça, confusa, e foi embora.

"O que está fazendo? Você me fez errar."

"Não é isso que deveria estar dizendo!!!!! Essa é minha fala!"

"Eu ia atordoar a garota e levar suas roupas, mas..."

Tohka inclinou a cabeça como se perguntando o que havia de errado com aquilo.

Shidou soltou um suspiro profundo do fundo do seu estômago e colocou a mão na testa.

"Ouça, Tohka. Você não pode atacar as pessoas. Simplesmente não pode."

"Por que não?"

"... Você não fica incomodada quando a AST te ataca? Escute-me — você não devia fazer coisas que as pessoas não vão gostar."

"...Hmpf."

Os lábios de Tohka estreitaram em desacordo quando Shidou disse aquilo.

Em vez discordar com o que ele disse, parecia que ela estava chateada com o jeito que ele havia falado com ela, como se estivesse falando com uma criança.

"...Eu entendi. Terei isso em mente." Tohka disse em consentimento, com aquela expressão.

Em seguida, levantou levemente o rosto como se lembrando de algo e disse, "—Parece que é inevitável. Vou ter que lidar com minhas roupas eu mesma, de alguma forma."

Com isso, estalou os dedos.

Assim que fez isso, o vestido que usava começou a dissolver no ar... Ou parecia, mas então, como se sendo reposto, partículas de luz se aglomeraram ao seu redor, colando em torno do seu corpo e formando uma nova silhueta.

Depois de alguns segundos, Tohka estava lá, usando o mesmo uniforme do Raizen High School que aquela garota estava usando.

"O...O-O que é isso?"

"Eu abandonei meu traje e criei uma nova roupa. Só vi de relance, então pode estar faltando os detalhes, mas isso não deve ser um problema." Tohka disse enquanto cruzava os braços com um 'hmph'.

Shidou gritou e Tohka balançou as mãos como se dizendo 'entendi, entendi'.

"Mais importante, onde estamos indo?"

"S-Sobre isso—"

Shidou tocou a orelha direita, como se procurando por ajuda.

Então, ele finalmente notou. Naquela hora, Shidou não tinha nenhum intercomunicador na orelha.

E é claro, não havia nenhuma câmera voando por aí.

De qualquer modo, a tripulação do <Fraxinus> de Kotori não detectou a presença de Tohka.

Em outras palavras, eles estavam completamente sozinhos.

Shidou se sentiu um pouco tonto.

A pressão fez seu estômago doer.

Havia uma diferença enorme quando Kotori e Reine não estavam atrás dele para dá-lo um aviso decente.

"O que há de errado, Shidou?"

"...Nada."

Shidou suspirou profundamente algumas vezes e começou a andar rigidamente. Pouco depois, Tohka falou.

Tohka: "—Shidou. Você está andando rápido demais. Vá um pouco mais devagar."
Shidou: "...A-Ah, desculpe..."

"—Shidou. Você está andando rápido demais. Vá um pouco mais devagar."

"...A-Ah, desculpe..."

Ajustou seus passos depois de isso ter sido apontado. Seus passos eram diferentes para começo de conversa, então era simplesmente natural que Shidou acabasse indo na frente... Era de alguma forma um sentimento estranho.

Aquilo certamente era como devia andar junto de alguém.

Para Shidou que nunca havia ido á lugar nenhum com uma garota na vida, era uma sensação nova (por sinal, Kotori saltando e fazendo cambalhotas na frente de Shidou não podia ser usado como referência.)

Pensando nisso— Shidou deu uma olhada para Tohka andando atrás dele.

O que ele viu não era um monstro que poderia dividir o céu e a terra com o balance de uma espada, mas mais uma garota normal.

Quando deixaram o beco e entraram numa rua larga com várias lojas alinhadas uma ao lado da outra, Tohka estreitou as sobrancelhas e olhou nervosamente ao seu redor.

"...O-O que há com o número de pessoas aqui. Elas estão planejando uma guerra!?"

Parecia que ela estava surpresa com o número incomparavelmente maior de carros e pessoas do que estava habituada a ver. Enquanto remanescia alerta em todas as direções, Tohka disse com uma voz séria.

Então, da ponta dos dedos de ambas as mãos, um total de dez bolas de luz apareceram. Shidou rapidamente parou-a.

"Como eu disse! Não tem ninguém querendo tirar sua vida aqui!"

"...Sério?"

"Sério."

Shidou então disse, e Tohka olhou ao seu redor cuidadosamente mais uma vez, extinguindo as bolas de luz por hora.

Então— inexplicavelmente, o cuidado que tingia o rosto de Tohka desapareceu.

"Huh...? Ei, Shidou, que cheiro é esse?"

"...Cheiro?"

Fechou os olhos e cheirou ao seu redor, e como Tohka havia dito, uma fragrância persistia no ar.

"Ahh, é provavelmente daquilo."

Dizendo isso, ele apontou para a padaria à direita.

"Ooohh."

Falando somente isso, Tohka encarou naquela direção.

"...Tohka?"

"Nu, o que foi?"

"Quer entrar?"

"......"

Shidou perguntou e as pontas dos dedos de Tohka se contorceram enquanto sua boca curvava em uma carranca. Então, com um instante miraculoso, *guururu*, o estômago de Tohka roncou. Parecia que até mesmo Espíritos ficavam com fome.

"Se Shidou quer entrar então eu vou ter que ir junto."

"...Eu quero entrar. Eu realmente quero entrar."

"Se é isso então eu não tenho escolha!"

Excessivamente animada, Tohka respondeu e triunfantemente abriu a porta da padaria.


-


"......"

Escondendo-se nas sombras das paredes, Origami encarou fixadamente o casal conversando na frente da padaria, e sem a expressão mudar nem um milímetro, soltou um breve suspiro.

Ela havia ido ao colégio somente para descobrir que estava fechado, e voltando para casa encontrou Shidou andando com uma aluna.

Só isso já era uma situação extremamente séria. Como uma amante, ela silenciosamente começou a persegui-los.

Entretanto— havia um problema ainda maior que aquele.

A aluna, Origami a reconheceu.

"—Espírito."

Sussurrou silenciosamente.

Isso mesmo. Monstro. Anormalidade. A calamidade que iria destruir o mundo.

A coisa que não era humana, a qual o time de Origami devia aniquilar, estava usando um uniforme e andando ao lado de Shidou.

"......"

Mas se pensasse calmamente naquilo, uma coisa daquelas não era possível.

Antes do Espírito aparecer, como repercussão, um terremoto de níveis anormais seria detectado. Não tinha como a quadra de observação da AST houvesse perdido aquilo.

Mas, no caso do alarme de spacequake ter soado como no dia anterior, também deveria ter alcançado Origami.

Origami tirou o celular da mochila e abriu-o. Não havia nenhuma mensagem.

Nesse caso, aquela garota não era o Espírito afinal de contas, mas simplesmente alguém que tinha uma aparência muito parecida.

"...Não tem como esse ser o caso."

Silenciosamente, seus lábios se moveram. Não havia como Origami se esquecer do rosto do Espírito.

"......"

Origami apertou alguns botões do celular, abrindo a lista de contatos e ligando para um dos números.

Então, "— AST, Sargento Mestre Tobiichi. A-0613."

Deu sua posição e código de identidade. E então foi direto ao assunto.

"Mande para mim uma máquina de observação."

Parte 2[edit]

"Ah, Reine~ Se você não quer isso então eu quero."

"...Nn, ok. Vá em frente."

Kotori estendeu o garfo e enfiou na framboesa do prato colocado na frente de Reine. Ela então lentamente trouxe o garfo à boca, saboreando a sensação doce e azeda.

"Mmm, yum. Por que você não gosta disso, Reine?"

"...Não é azedo?"

Dizendo isso, Reine acabou com o chá de maçã cheio de açúcar em um gole.

Naquele momento, elas duas estavam em um café, na Avenida Tenguu.

Kotori estava usando xuxas brancas e seu uniforme escolar, enquanto Reine usava um cutsew levemente colorido e jeans.

Kotori tinha ido á escola como sempre, mas, por causa do spacequake de ontem, a escola de Kotori havia sofrido alguns danos, então estava fechada.

De alguma maneira, ir diretamente para casa depois disso parecia estranho de algum jeito, então ela chamou Reine para um lanche agradável.

"...Oh, é a oportunidade perfeita, então me diga."

Reine abriu a boca como se lembrando de algo.

"O~quê?"

"...Desculpe, essa é uma questão tão básica, mas Kotori, por que você escolheu ele como negociador com os Espíritos?"

"Mm..."

Ouvindo a pergunta de Reine, Kotori franziu as sobrancelhas.

"Promete não contar a ninguém?"

"... Prometo."

Em voz baixa, Reine acenou. Vendo isso, Kotori consentiu e respondeu. Murasame Reine era uma mulher que entenderia qualquer coisa que dissesse.

"Na verdade, eu não sou parente de sangue do meu irmão. É uma armação bem parecida com um galge."

"...Hm?"

Sem parecer nem surpresa ou achando graça, Reine inclinou a cabeça levemente. Ela rapidamente entendeu as palavras de Kotori e fez uma pose que parecia perguntar 'o que isso tem a ver com a minha pergunta?'.

"É por isso que eu te amo, Reine~"

"......"

Reine tinha uma expressão mistificada.

"Não se preocupe~. ...Então, continuando. Eu imagino quantos anos eu tinha, foi numa idade que eu nem me lembro, mas onii-chan foi abandonado pela sua mãe verdadeira e nossa família o adotou ou alguma coisa assim. Foi há tanto tempo que eu não me lembro direito, mas parece que ele era bem problemático quando pegamos ele. Era ao nível em que parecia que ele poderia simplesmente se suicidar."

"......"

Por algum motivo, as sobrancelhas de Reine moveram-se em surpresa.

"O que há de errado?"

"...Nada, por favor, continue."

"Nn. Bem, não havia nada que pudéssemos fazer sobre isso. Para alguém que não tinha nem dez anos, uma mãe era uma existência absolutamente essencial, então para o meu irmão, aquilo era provavelmente um acontecimento maior, que negava completamente a sua existência. — Mas, bem, parecia que depois de alguns anos, sua condição se estabilizou."

Exalando audivelmente, ela continuou.

"Provavelmente por causa disso, onii-chan se tornou estranhamente sensitivo em relação ao desespero dentro das pessoas."

"...Desespero?"

"Mm. Alguma coisa tipo várias pessoas rejeitando alguém— alguém que pensa que nunca será amado por mais ninguém. Bem, basicamente como ele era antes. Se houver alguém com uma expressão melancólica, mesmo que seja um completo estranho, ele provavelmente iria ajudá-lo sem pensar duas vezes."

E é por isso, seus olhos disseram enquanto encaravam para baixo.

"Então eu pensei 'se é ele'. — O único que eu podia pensar que poderia animar o espírito era onii-chan."

Kotori então disse e Reine falou “...Entendo." e abaixou os olhos.

"...Mas o que eu quero ouvir não é esse tipo de motivo emocional."

"......"

Com as palavras de Reine, as sobrancelhas de Kotori moveram-se em surpresa.

"Então o que quer dizer?"

"...É irritante quando você dá uma de desentendida. Eu não acredito que você não tenha entendido. — O que exatamente ele é?"

Reine era a melhor analisadora da <Ratatoskr>. Usando seus realizers especializados, não importava a estrutura do material, mas através da distribuição de temperatura e cálculo de ondas cerebrais, ela podia captar muito bem as sutilezas das emoções de alguém.

—Até mesmo os poderes escondidos e características dentro de alguém.

Kotori deu um suspiro audível.

"Bem, no momento em que deixei onii-chan com Reine eu meio que sabia que isso iria acontecer~"

"...Ahh, desculpe mas eu o analisei um pouco. ...pensei que era estranho envolver uma pessoa normal nessa estratégia sem nenhum motivo sólido."

"Mm, eu não ligo, na verdade~. Eventualmente isso seria algo que provavelmente todos saberiam, de qualquer maneira~"

Junto com o som de uma porta abrindo e da voz da garçonete dizendo "Bem-vindos", Kotori encolheu os ombros.

Ela então pegou o canudo enfiado dentro do copo na sua frente e bebeu o resto do suco de Mirtilo em um gole.

Então—

"Puufghfghghhfgh!?"

Vendo o casal que havia acabado de entrar na loja, sentando-se na mesa atrás de Reine, o suco que havia bebido que estava na sua boca foi jogado com uma força incrível.

"......"

De alguma maneira parecia que o casal não havia notado, mas Reine, sentada á frente de Kotori, não estava protegida do impacto. Desprotegida, ela foi recoberta. Bem, basicamente ela ficou encharcada.

"Desculpa, Reine..."

"...Nn."

Silenciosamente, Kotori se desculpou, e como se nada tivesse acontecido, Reine pegou um lenço do bolso e secou a mão.

Silenciosamente, Kotori se desculpou, e como se nada tivesse acontecido, Reine pegou um lenço do bolso e secou a mão.

"...O que foi, Kotori?"

Respondendo a pergunta de Reine, Kotori apontou silenciosamente para detrás de Reine.

"...?"

Reine se virou — e subitamente, parou de se mover.

Alguns segundos depois, sua cabeça lentamente virou para sua postura original, enquanto levava o chá de maçã á boca.

Então, *pffft*, ela jogou o chá na direção de Kotori.

"...Isso foi surpreendente demais."

Talvez aquele fosse o jeito de Reine mostrar sua agitação.

Mas era o esperado. Afinal de contas, atrás de Reine o irmão de Kotori, Itsuka Shidou, estava sentado junto com uma garota.

E isso não era tudo. A dita garota era aquela que o grupo de Kotori chamava de calamidade, o Espírito.

"Ehhhh... o que está acontecendo?"

Kotori secou o rosto com o lenço que Reine havia passado à ela enquanto perguntava com a voz baixa.

Por sinal, o lenço de Reine tinha uma imagem de um urso estampado bem no meio. Por causa das manchas do suco de mirtilo e do chá de maçã, ficou com uma aparência parecida com o de um Kikaider[1].

Ela procurou nos bolsos e olhou no celular. Não havia mensagens da <Ratatoskr>. Isso significa que eles não haviam notado nenhuma perturbação de onde o Espírito havia aparecido.

Mas, aquela era sem dúvidas o Espírito, Tohka. Não tinha como existir garotas tão bonitas assim.

"Tem alguma maneira do Espírito aparecer sem que nós notássemos?"

"...Quais as chances de ser alguém que somente se parece muito?"

Kotori pensou por um momento sobre as palavras de Reine.

Mas imediatamente balançou a cabeça.

"Se esse é o caso, então onii-chan estaria saindo com uma garota comum. Se você me perguntasse se isso ou um Espírito aparecer silenciosamente é mais aceitável... então com uma margem bem pequena, seria a última."

"...Entendi."

Aquele era um comentário bem severo, mas Reine aceitou prontamente.

"...Mas se esse é o caso, então é problemático. Eu imagino se Shin pode lidar com o Espírito sozinho."

"Nn..."

Então, enquanto colocavam as mãos sobre a boca e sussurravam, ouviram a conversa dos dois que estavam sentando atrás de Reine.

"Huh, então está tudo bem em simplesmente escolher o que comer desse livro?"

"Sim, isso mesmo."

"Pão de cogumelo. Não tem nenhum pão de cogumelo?"

"Uhh, acho que isso é meio... Ou melhor, você não continuou comendo isso na padaria?"

"Quero comer de novo. Que merda aconteceu com esse triturador... a dependência poderosa... se isso fosse liberado imprudentemente no mundo então o resultado seria catastrófico... pessoas ficariam tremendo, com sinais de abstinência e sem dúvida começariam uma guerra pelos cogumelos."

"Impossível."

"Grr, tanto faz. Vamos começar a descoberta de um novo sabor."

"Sim Sim... ma eu só tenho 3000 yenes sobrando."

"Nu? O que é isso?"

"Estou dizendo que por você ficar comprando coisas para comer, meu dinheiro está desaparecendo!"

"Muu, esse é um mundo difícil. Bem, então, acho que não tem outro jeito. Espere um pouco. Vou arrecadar alguns fundos."

"Es...espere! O que você está planejando fazer!?"

Ouvindo aquela conversa, Kotori deu um longo suspiro.

Tirando as xuxas pretas do bolso, prendeu o cabelo.

Era o jeito de Kotori mudar sua mentalidade. Agora, Kotori havia se transformado da irmãzinha fofa de Shidou pra o modo Comandante.

Então, abrindo o celular, conectou-se com a <Ratatoskr>.

"...Ahh, sou eu. É uma emergência. — Inicie com o código estratégico F-08•Operação<Feriado de Tenguu>. Todos os tripulantes, em suas posições imediatamente."

Ouvindo isso, o rosto de Reine se contorceu.

Esperando até a chamada de Kotori terminar, aumentou a voz.

"...Tem certeza disso, Kotori?"

"Sim. Essa é uma situação em que não podemos dar á ele nenhum comando. Não tem outro jeito."

"...Entendo. Já que é assim— então é parte da Rota C. ...Hmmm, então já vou indo. Vou negociar com as lojas antes do tempo."

"Por favor."

Dizendo isso, Kotori tirou um Chupa Chups do bolso e colocou na boca.

Parte 3[edit]

"......"

Comparando os números escritos no recipiente da sua mão com o que continha na sua carteira, Shidou suspirou. Ele não tinha muito sobrando, mas felizmente era uma quantidade que podia pagar pelo menos.

"Vamos Tohka."

"Nn, já?"

Tohka disse e começou a imaginar. Shidou rapidamente levantou como se estivesse com pressa. Ela não estava mais emanando aquela hostilidade dura aos clientes ao redor. Parecia que havia se acostumado completamente com pessoas ao seu redor.

Por ora, Shidou estava aliviado, enquanto colocava o recipiente junto com os três papeis de conta que acabaram com 90% do seu dinheiro restante na bancada.

"Gostaria de pagar, por favor."

Shidou disse em direção ao empregado parado atrás da bancada—

"...!?"

Franziu as sobrancelhas e deu um passo para trás.

Era porque, o empregado que estava parado lá era...

"...Obrigado pela preferência."

Ele reconheceu a mulher com olheiras fundas sob o olho que parecia excessivamente sonolenta.

"O-O-O-O..."

"Nn? O que há de errado, Shidou, um inimigo!?"

Tohka virou o rosto agitado em direção ao visivelmente afobado Shidou.

"N-não, não é isso..."

Negou debilmente a pergunta de Tohka.

Então, Shidou encarou a trabalhadora usando um uniforme extremamente fofo com um urso de pelúcia sentado no seu ombro, os olhos sonolentos brilhando.

No momento pensou ter sentido um olhar como se dissesse 'se contar á alguém que eu trabalho aqui, eu vou te matar', mas ele logo percebeu que tinha um significado diferente.

"...Aqui está seu troco e recibo."

Durante o tempo em que Shidou ficou chocado, Reine havia rapidamente completado a transação. Ela passou o recipiente de volta enquanto batia na superfície.

No topo do recipiente, 'Nós vamos ajudá-lo. Continue o encontro naturalmente' estava escrito.

Em outras palavras, o olhar agora a pouco era para Shidou continuar o encontro sem deixar Tohka descobrir que eles se conheciam... provavelmente.

"N-Não se preocupe."

Shidou disse para Tohka enquanto colocava o recipiente no bolso.

O olhar afiado de Reine voltou ao seu olhar distraído.

Ela então pegou um único pedaço de papel colorido da gaveta de registro e deu para Shidou.

'...Isso é um bilhete de rifa para o distrito de compras. Assim que sair da loja, seguirá na rua e virará à direita, chegando ao local do sorteio. Se você quiser, por favor, visite."

Além disso, para explicar o local de forma detalhada, a última parte foi dita claramente.

Shidou coçou a bochecha. Em vez de 'se você quiser', ela estava provavelmente dizendo para definitivamente usá-lo.

Provavelmente funcionaria mesmo se ela não enfatizasse aquilo.

"Shidou, o que é isso?"

Porque Tohka estava examinando a rifa com um interesse intenso.

"Você quer ir?"

"Você quer ir, Shidou?"

"...Sim, eu não posso esperar para ir."

"Então vamos."

Tohka saiu animadamente da loja com passos largos.

Depois de dar uma leve reverencia á Reine, Shidou foi atrás dela.


-


"—Bom trabalho, Reine."

Escondida na sombra da bancada, Kotori levantou depois de confirmar que os dois haviam saído da loja.

"...Eu não consigo me acostumar com isso, obrigada."

Reine levantou a bainha do uniforme excessivamente cheio de babados e disse com uma voz monótona.

Aquele era o código estratégico F-08•Operação <Festival de Tenguu>.

<Ratatoskr> havia considerado todas as possibilidades e as agruparam em 1000 códigos estratégicos. Aquela era uma das possibilidades.

No caso do Espírito escapar do monitoramento e se encontrar diretamente com Shidou— a tripulação do <Fraxinus> iria se misturar com as pessoas nas ruas e ajudar Shidou das sombras.

Por esse motivo, a tripulação havia passado no mínimo um mês aprendendo como agir.

"Fica bem em você. Bem fofa."

Enquanto lambia um pirulito Kotori disse, e então tirou imediatamente o celular e chamou um número.

"Ahh, sou eu. Eles acabaram de deixar a loja. ... Mmmm, seja o mais natural que conseguir. Se estragar com tudo eu vou ser obrigada a esfolá-lo.”

Transmitindo concisamente, a informação e a penalidade, desligou.

"O segundo grupo parece estar de pé. — Vamos ver, devemos voltar para o <Fraxinus>. Mesmo que a gente não consiga alcançá-los pela voz, devemos pelo menos assistir o vídeo."

"...Sim, vamos fazer isso."

Ouvindo as palavras de Reine detrás dela, os cantos da boca de Kotori curvaram para cima.

"Agora— que a nossa batalha do encontro comece."


-


"Uhm, rifa... acho que é isso."

Quando Shidou e Tohka saíram da loja e andaram pela rua, viram um espaço com uma mesa grande e uma roda grande de loteria colocada na mesa.

Havia dois homens usando happi[2] , um parado ao lado da roda de loteria e dando os vencedores. Atrás dele, coisas que pareciam ser os prêmios como bicicletas e sacos de arroz estavam alinhados. Já havia algumas pessoas na fila. "..."

Shidou coçou a bochecha.

Ele só se lembrava fracamente... Mas além dos homens usando happi, parecia se lembrar de ver o rosto dos clientes da fila no <Fraxinus> também.

"Oooh!"

Mas não tinha como Tohka se importar com alguma coisa assim. Agarrando o bilhete da rifa que recebeu de Shidou (ou melhor, como parecia que ela realmente queria aquilo, ele entregou à ela), seus olhos brilharam.

"Vamos entrar na fila."

"Mm."

Então, Tohka assentiu e eles entraram no final da fila.

Vendo os clientes na frente rodarem a roda, os olhos e a cabeça dela giraram junto.

Rapidamente, a vez de Tohka chegou. Imitando os clientes antes dela, Tohka deu o bilhete para o trabalhador e colocou a mão na roda da loteria. Olhando bem, o trabalhador era o <Bad Marriage Tired Too Early> Kawagoe.

"Eu simplesmente tenho que rodar essa coisa?"

Dizendo isso, ela girou a roda da loteria. Alguns segundos depois, uma bola vermelha de consolação caiu da roda.

"...Que pena, Vermelho é hora d—"

Quando Shidou começou a falar, Kawagoe tocou o sino em sua mão.

"Primeiro prêmio!"

"Oooh!"

"H-huh...?"

Shidou enrugou as sobrancelhas, mas... Vendo um outro trabalhador atrás de Kawagoe pegar um marcador vermelho e pintar a bola de outro ao lado de 'primeiro lugar' no quadro de prêmios, parou de falar.

"Parabéns! Primeiro lugar é um par de bilhetes complementares para a Terra dos Sonhos!"

"Ooh, o que é isso, Shidou!"

"...Um parque temático? Eu não ouvi falar disso, na verdade..."

Shidou respondeu duvidosamente para Tohka que havia recebido os bilhetes, eufórica.

Imediatamente, Kawagoe aproximou o rosto e sem hesitar, "Tem um mapa desenhado no bilhete, então definitivamente visite-o! Você devia ir agora mesmo!"

"...C-certo..."

Dando um passo para trás como se se sentindo pressionado, olhou para o fundo do bilhete. Certamente havia um mapa ali. E era extremamente próximo dali.

"Sempre houve um parque temático por aqui...?"

Shidou inclinou a cabeça, mas, oh, bem, era um comando da <Ratatoskr>. Devia haver alguma coisa lá.

"...Quer dar uma olhada, Tohka?"

"Mhmm!"

Tohka estava cheia de entusiasmo, então também devia ir lá e ver.

O lugar era mesmo perto. Do local da rifa, eram uns cem metros, descendo a viela. Os dois lados ainda estavam alinhados com prédios, não era um lugar onde alguém pensaria que um parque temático seria construído.

Porém—

"Oooh! Shidou! Tem um castelo! Nós vamos lá!?"

Tohka expressava mais ansiedade que nunca antes, enquanto apontava para frente.

Enquanto pensava que aquilo era ridículo, Shidou olhou do fundo do bilhete para frente.

"..."

Instantaneamente, Shidou congelou no lugar.

Certamente, mesmo que pequeno, havia um castelo estilo faroeste. Na placa, estava cristo 'Terra dos Sonhos'.

...E embaixo disso, estava escrito 'Descansar•Duas horas 4000 yenes ~ Ficar•8000 yenes~'.

Em outras palavras, era um motel que apenas adultos podiam entrar.

"E-Estamos indo embora, Tohka...! Eu acidentalmente entrei na esquina errada!"

"Nn? Não é isso?"

"Sim, isso mesmo. V-vamos."

"Não podemos parar aqui também? Eu quero entrar."

"...! N-nãnãonão. Hoje não! Certo!?"

"Muuu... certo."

Ele se sentia mal por desapontar Tohka, mas aquele lugar era impossível, afinal de contas. Shidou virou o olhar para Kotori, que estava provavelmente assistindo tudo pelo céu e voltou.


-


"Francamente, percorrer tudo até lá só pra dar meia-volta? Que completo frangote, até mesmo para o meu irmão."

Sentando no assento do comandante do <Fraxinus>, Kotori encolheu os ombros com um suspiro.

"...Oh, bem, o que você esperava? Fazer isso subitamente é cruel."

Sentando na parte mais baixa da ponte, Reine disse enquanto mexia no computador.

Os números mostrados na tela da sua análise estavam muito mais estáveis que ontem. Mesmo não sendo o suficiente para serem considerados amantes, os números mostravam que Tohka pensava em Shidou como um amigo confiável.

Bem, é por isso que tentaram um padrão levemente drástico.

"Mesmo que eles não fossem até o final, mesmo que fosse algo como um beijo, então não teria dado em xeque-mate." Dizendo isso, o palito do pirulito girou e ela exalou com o nariz.

"...O que devemos fazer agora."

"Nn, vejamos. Vamos com a 'união' e ‘caminho sem volta’."

"Haa... haa."

Mesmo que não tenham corrido, ele estava misteriosamente com falta de ar. Enquanto saíam numa rua com várias lojas e prédios alinhados, acalmou o passo.

"Não está se sentindo bem, Shidou?"

"Não, não é isso..."

"Então o que há de errado?"

Tohka inclinou a cabeça e perguntou.

"... por um momento, meus pensamentos alcançaram minha irmã, no céu."

"No céu?"

Fazendo uma expressão levemente surpresa, Tohka disse.

"Ahh. Ela tem sido uma irmã bem fofa..."

E pensar que ela tem aquela personalidade dupla, suspirou.

"Entendi..."

Vendo Tohka subitamente exalar uma aura solene, Shidou percebeu subitamente. O jeito que estava falando agora a pouco foi como se Kotori houvesse morrido.

"Ahh, não é isso, Tohka. É—"

As palavras de Shidou pararam.

"Por favor, pegue um."

Subitamente, uma garota segurou um pacote de edição de bolso na frente dos seus olhos.

Alcançou sua mão e aceitou, e a garota deu um leve aceno e saiu.

"Shidou? O que é isso?"

"Ahh, isso é chamado de edição de bolso—"

Dizendo isso, Shidou retorceu o pescoço.

As edições de bolso dados nas ruas eram normalmente de propagandas. Entretanto, na embalagem dessa, além de uma imagem de um casal segurando as mãos e da frase 'Se está feliz então deem as mãos', não havia mais nada. Era algum tipo de organização religiosa?

Então, enquanto pensava, da loja de eletrônicos do seu lado direito, ouviu uma voz que reconhecia de algum lugar. Nas várias sessões de televisão na frente da loja, um programa estranho estava sendo mostrado.

"O qu...!?"

Shidou estreitou as sobrancelhas e soltou um som.

Havia vários comentadores em um set como de um programa de informações que passavam de manhã, mas cada e todos eles eram rostos que ele lembrava do <Fraxinus>.

"Alguém que não segura as mãos no primeiro encontro não é bom afinal de contas."

"É mesmo. Se você é um homem, então pelo menos isso é óbvio."

"......"

Então, enquanto Shidou ficava em silêncio, os casais ao seu redor aumentaram em um nível sobrenatural.

O que era melhor, todos eles estavam segurando as mãos intimamente e dizendo periodicamente 'segurar as mãos é legal!' ou ‘é como se o nosso coração estivesse conectado!’ e coisas parecidas, como se de propósito.

Sentindo-se levemente enjoado, Shidou colocou a mão na testa.

—Provavelmente era aquilo afinal de contas.

Deu um longo suspiro.

Depois de um tempo, Shidou colocou a edição de bolso no bolso e tentou acalmar seus batimentos cardíacos, virando-se o olhar para Tohka.

'E-ei, Tohka..."

"Nn, o quê?"

Tohka inclinou a cabeça interrogativamente. Shidou engoliu em seco e cerrou a mão.

"Uhm, quer... segurar as mãos?"

"Mãos? Por quê?"

Sem nenhuma má vontade, como se uma marca de questão pura tivesse flutuado, Tohka perguntou.

De alguma maneira, aquilo parecia mais vergonhoso do que ser rejeitado diretamente.

"...Você está certa. Eu imagino por que."

Na verdade, não era algo que podia explicar. Enquanto olhava para longe, Shidou puxou sua mão—

"Nn"

—para longe, mas a mão de Tohka se segurou na de Shidou.

"..."

"Nuu? Que cara é essa. Foi você quem disse para darmos as mãos, Shidou."

"A-ahh."

Balançando a cabeça levemente, começaram a andar.

"Mm, isso não é ruim, segurar as mãos."

Dizendo isso, Tohka sorriu e apertou levemente mais forte.

"...S-sim."

Ele percebeu que só por tocar a pequena, macia e levemente gelada mão, seu rosto ficou naturalmente vermelho.

Tanto quanto pôde, tentou evitar pensar sobre o sentimento enquanto andava e pensava sobre outra coisa.

Então, depois de andar por um tempo, viu um sinal preto e amarelo na frente que simbolizava uma área de construção.

Homens usando capacetes estavam ocupados trabalhando.

"Mm... não podemos passar por aqui, huh. Oh, bem, vamos..."

Shidou virou para a direita, mas por todo o caminho havia um sinal de não entre colocado.

"Ah?"

Enquanto pensava que aquilo era suspeito, relutantemente virou para o caminho que veio.

Mas, nessa hora, o caminho que haviam acabado de vir estava bloqueado com um sinal.

"......"

Não importa o quê, aquilo era sobrenatural demais. Shidou piscou para os rostos dos trabalhadores.

Com certeza, ele reconheceu alguns dos rostos. Eram a tripulação do <Fraxinus>.

Sem palavras, Shidou virou em direção à ladeira e olhou para a rua que se estendia à esquerda.

A única rua que podiam pegar era aquela.

"...Então estão nos dizendo para ir por aqui, huh."

"Nu? O que há de errado, Shidou?"

"Não, nada... Por ora, vamos tentar ir por aqui?"

"Mm, certo."

Enquanto fazia uma expressão como se só andar daquele jeito era divertido, Tohka afirmou.

"Agora então, vamos Shidou!"

"C-certo..."

De um jeito estranho, Shidou andou na direção do caminho à esquerda.

Referências[edit]

  1. Kikaider: é um personagem de mangá, tokusatsu e anime criado pelo mangaka Shotaro Ishinomori.
  2. Happi: é um revestimento tradicional de origem japonesa, geralmente feito de algodão marrom ou índigo, e impresso com um dinstintivo.


Capítulo 5: Impiedoso MatadorSandalphon[edit]

Parte 1[edit]

Eram seis da tarde.

Os raios de sol da noite se espalhavam pelo grupo de prédios em frente à Estação Tenguu, pintando-os de laranja.

Em um pequeno parque que tinha uma ótima visão daquele brilhante cenário, duas pessoas, um garoto e uma garota, estavam andando.

Não havia nada de mais no garoto. Ele era apenas um aluno normal do ensino médio.

Porém, a garota—

"...Fuuu"

Kusakabe Ryouko lambeu os lábios enquanto apertava os olhos.

"Tem uma correspondência de 98,5%. É realmente alto demais para ser uma coincidência."

Espíritos.

Desastres que destruiriam o mundo.

Garotas que transformaram ilhas em terras desoladas há 30 anos e causaram um incêndio enorme há 5 anos, e estavam na mesma categoria das piores calamidades.

Entretanto, a figura que estava refletida na retina de Ryouka naquele momento era simplesmente aquela garota fofa.

"Permissão para atirar?"

Silencisamente— por outro lado, uma voz extremamente fria foi lançada na direção das costas de Ryouko.

Ela não virou. Era Origami.

Equipada com o mesmo uniforme de fiação e unidades de propulsores que Ryouko, sua mão direita segurava o rifle Anti-Espírito que era da mesma altura que ela. <Cry•Cry•Cry>.

"...Ainda não. Continue em modo de espera. Os superiores ainda devem estar discutindo."

"Entendido."

Não parecendo aliviada nem desapontada, Origami acenou.

Agora parados a um quilômetro do perímetro do parque, Ryouko e os outros membros da AST, dez no total, se dividiram em cinco pares.

O fato de que havia duas pessoas era um dos motivos para se moverem em pares.

Cada vez mais longe das áreas urbanas do que do parque, estavam em uma área plana em desenvolvimento. Durante o dia havia fileiras de caminhões e guindastes e tal, mas à essa hora já havia se aquietado.

Algumas horas atrás, quando foi decidido que a garota que Origami havia descoberto era um Espírito, a permissão para operar as CR-Units foi dada imediatamente.

Entretanto, pessoas como o Ministro de Defesa e o Chefe da Equipe ainda estavam em uma reunião sobre o plano de ação.

A questão principal era se iriam atacar ou não.

Por ser uma aparição sem que o spacequake fosse detectado, o alarme de spacequake não soou.

Aquilo significava que nenhum morador evacuou, então se o espírito ficasse furioso agora, haveria sérios danos.

Por outro lado, seria ruim provocar o Espírito soando o alarme agora. Era uma situação séria.

Porém—

"Essa é uma boa oportunidade."

Origami, com sua voz monótona de sempre, disse.

Era como Origami havia dito, havia uma chance.

Porque naquela hora, o Espírito não tinha o traje[1] manifestado no corpo.

O escudo exterior que, como território de Ryouko, fechava e tornava o Espírito a forma de vida mais poderosa e irrevogavelmente invencível, não estava atualmente envolvido ao redor do seu corpo.

Se fosse naquela hora, teria uma chance que o ataque deles alcançasse-a.

Mas aquela era mais do que uma possibilidade e naquela hora o necessário era um jeito certo de desferir um golpe fatal com apenas um tiro.

Aquele era o motivo do porque Origami estava segurando o rifle especial Anti-Espírito.

O usuário soltava um grito, a trajetória soltava um chiado e o alvo soltava os espasmos da sua morte.

Esse, era o <Cry Cry CryC C C>.

Sem o território expandido, o recuo quebraria o pulso do atirador, aquela era uma arma alucinante.

Entretanto, Ryouko não imaginava que haveria um incidente que seria necessário aquela arma.

"...Os superiores evasivos já deviam ter dado permissão para atacar nessa situação."

"Seria problemático se não dessem."

Ryouko disse e Origami respondeu imediatamente.

"...Bem, esse é o caso se estiver em questão. Mas, a importância de 'O Espírito fez um tumulto depois da permissão de atacar ser dada, porque não pôde ser lidada com um tiro' contra 'O Espírito fez um tumulto aleatoriamente mas nós não tínhamos ideia que havia aparecido~' é bem diferente quando o problema traz responsabilidades."

"Isso é irritante, mas é assim que eles tomam as decisões."

"Bem, existem várias pessoas que se importam mais com suas posições do que com a vida de um monte de outras pessoas."

Dizendo isso, ela encolheu os ombros.

A expressão de Origami não mudou nem um pouco, mas por algum motivo parecia que estava desapontada.

Então— nessa hora, uma voz misturada com outros barulhos alcançou o ouvido de Ryouko.

"Sim, sim, esse é o ponto alfa, qual a decisão fin— eh?"

Ryouko esbugalhou os olhos com a informação que foi passada pelo seu receptor.

"—Entendido."

Dizendo apenas isso, terminou a conexão.

"...Estou surpresa. Eles deram permissão para atirar."

Honestamente, aquilo era meio inesperado. Ela esperava completamente que fosse outro comando, o de ficar em modo de espera.

Espere—ontem, o comando de atacar a escola também foi um movimento agressivo que não seria dado normalmente. Havia provavelmente algum remanejamento nas pessoas superiores.

Oh, bem, Ryouko só tinha que fazer o seu próprio trabalho. Especificadamente, logo agora era— dizer ao membro com a maior chance de sucesso para apertar o gatilho.

"—Origami, você atira. Dentre o pessoal de agora, você é a mais adequada. Fracasso não vai ser tolerado. Termine isso definitivamente com um tiro."

Em direção à essas palavras.

"Entendido."

Como esperado, Origami respondeu sem nenhuma emoção.

Parte 2[edit]

No parque tingido pelo pôr do sol, Shidou e Tohka eram os únicos que podiam ser vistos.

De hora em hora, o som dos carros e os gritos dos corvos podiam ser ouvidos à distância, mas era um lugar pacífico.

“Ohh, essa vista é incrível!”

Desde algum tempo atrás, Tohka estava inclinando-se na grade e apreciando as ruas coloridas pelo anoitecer da cidade de Tenguu.

Seguindo a rota que a tripulação do <Fraxinus> os guiou habilmente (?), eles chegaram naquele parque com uma ótima vista da cidade, assim que o sol começou a se por.

Não era a primeira vez que Shidou ia ali. Era mais um tipo de lugar secreto que ele gostava.

A pessoa que escolheu esse lugar como destino foi, bem... Provavelmente Kotori.

“Shidou! Como isso se transforma!?”

Tohka apontou para o trem distante e perguntou com os olhos brilhando.

“Infelizmente um trem não se transforma.”

“Ah, então é do tipo de combinação?”

“Bem, ele realmente se junta com outros.”

“Ohhhh”

Tohka deu um aceno estranhamente satisfeito e então virou para encarar Shidou, colocando o peso na grade.

Tohka, com o pôr do sol se prolongando no fundo, era indescritivelmente linda, como se fosse um quadro.

“—Sério.”

Como se mudando o assunto, Tohka estendeu um “Nnnnn”.

Então, subitamente, seu rosto se esticou em um sorriso despreocupado.

“É bem legal, essa coisa de encontro. Eu realmente, uhm, me diverti muito.”

“......”

Aquele era um ataque inesperado. Mesmo não podendo ver, suas bochechas estavam provavelmente vermelhas.

“O que há de errado? Seu rosto está vermelho, Shidou.”

“...É o pôr do sol.”

Dizendo isso, olhou para baixo.

“Sério?”

Tohka inclinou-se na direção de Shidou e como se olhando para cima, olhou para ele.

“——“

“Como eu pensei, está vermelha. É algum tipo de doença?”

À uma distância em que ele podia sentir sua respiração, Tohka disse.

“N... n-não é isso...”

Desviando os olhos— dentro da cabeça de Shidou, a palavra, encontro, ficou girando.

Por causa dos mangás e filmes ele tinha o conhecimento.

Se um casal visita um lugar incrível como aquele no final do encontro, então provavelmente—

Naturalmente, os olhos de Shidou moveram-se na direção dos lábios macios de Tohka.

“Nu?”

“—!“

Tohka não havia dito nada, mas ele sentiu como se ela tivesse visto através dos seus pensamentos sórdidos e novamente desviou os olhos andando para trás.

Secando o suor da testa com a manga, Shidou rapidamente olhou para o rosto de Tohka.

Dez dias atrás e de novo ontem, a expressão melancólica no seu rosto havia desvanecido um pouco. Exalando um breve suspiro pelo nariz, deu um passo para encarar Tohka novamente.

“—Viu? Teve alguém que tentou te matar?”

“...Nn, todos foram gentis. Honestamente, até agora eu não posso acreditar direito.”

“Ah...?

Shidou torceu o pescoço e Tohka deu um sorriso seco com um ar de auto desprezo.

“Que existem vários humanos que não me rejeitam. Que não negam minha existência. —Aquele grupo mecha-mecha... uhh, como eles se chamavam. A...?”

“Você quer dizer AST?”

“Sim, eles. Parecem mais realista para mim se todos na rua fossem seus subordinados e estivessem trabalhando juntos para me enganar.”

“Ei ei...”

Aquilo era sem dúvidas uma resposta absurda, mas... Shidou não podia rir daquilo.

Porque para Tohka, era normal.

Continuar sendo rejeitada era normal.

Aquilo era tão— triste.

“...Então eu também seria um peão da AST?”

Shidou perguntou e Tohka balançou a cabeça vigorosamente.

“Não, Shidou é, uhm... definitivamente alguém que os familiares foram ameaçados e sequestrados.”

“O-O que há com esse papel...”

“... Por favor, não me deixe pensar que você é um inimigo.”

“Eh?”

“Nada.”

Perguntando, dessa vez foi Tohka quem virou para longe.

Como se mudando a expressão à força, ela esfregou o rosto com as mãos e então virou de volta.

“—Mas sério, hoje é um dia extremamente, extremamente significativo. Que o mundo é tão gentil, tão divertido, tão lindo... eu não podia nem imaginar antes.”

“Entendo—“

Os lábios de Shidou racharam em um sorriso.

Entretanto, como se respondendo à expressão de Shidou, Tohka enrugou as sobrancelhas enquanto um sorriso seco surgia.

“Os pensamentos daquele pessoal— da AST, eu meio que entendo agora.”

“Eh...?”

Shidou estreitou as sobrancelhas de uma maneira questionadora enquanto Tohka fazia uma expressão levemente triste.

Era apenas um pouco diferente da expressão melancólica que Shidou odiava— mas era uma expressão tingida com um sentimento levemente triste, que só de olhar parecia que torceria o coração de qualquer um.

“Todas as vezes... que venho para esse mundo, destruo parte de alguma coisa tão incrível assim.”

“———“

A respiração de Shidou travou.

“M-Mas isso não tem nada a ver com sua própria vontade, certo...!?”

“...Nn. Ao aparecer, os efeitos disso, eu não consigo controlar.”

“Então-“

“Mas para os moradores desse mundo, a destruição resultada não muda. Os motivos para a AST tentar me matar, eu finalmente... entendi.”

Shidou não pôde responder imediatamente.

O olhar triste e Tohka fez com que seu peito apertasse tanto que não conseguia respirar direito.

“Shidou. É melhor se— eu não existisse, afinal de contas.”

Dizendo isso— Tohka sorriu.

Não era um sorriso inocente que havia visto de relance hoje ao meio-dia.

Era como um paciente doente percebendo que o final estava próximo— um sorriso fraco e doloroso.

Com um gole, engoliu a saliva.

Inconscientemente sua garganta ficou seca. Sentindo uma dor fraca como se a água permanecesse na sua garganta, de alguma maneira conseguiu abrir a boca.

“Não é... assim...”

Com o objetivo de botar mais força na sua voz, cerrou os punhos levemente.

“Quer dizer... não teve nenhum spacequake hoje, certo!? Deve ter alguma coisa diferente do comum...! Se pudermos descobrir o que é...!”

Porém, Tohka balançou a cabeça lentamente.

“Mesmo que agente estabeleça desse jeito, isso não muda o fato de que a hora em que sou transportada aqui é aleatória. O número de aparecimentos provavelmente não vai cair.”

“Então...! Daria tudo certo se você simplesmente não voltasse para aquele lado de novo!”

Shidou gritou e Tohka levantou a cabeça, esbugalhando os olhos.

“Alguma coisa assim— não é...”

“Você já tentou!? Pelo menos uma vez!?”

“...”

Tohka franziu os lábios e caiu em silêncio.

Enquanto pressionava o peito, como se tentando suprimir as palpitações irregulares, Shidou mais uma vez encharcou a garganta com saliva.

Era algo que disse no calor do momento, mas— se alguma coisa como aquilo era possível, então o spacequake não aconteceria novamente.

De acordo com a explicação de Kotori, as ondas de energia de quando o Espírito é transportado da outra dimensão para esse mundo causava o spacequake.

Assim, se Tohka fosse puxada aleatoriamente para esse mundo sem respeitar sua própria vontade, então ela também podia ficar aqui desde o início.

“M-Mas, você sabe, tem várias coisas que eu não sei.”

“Alguma coisa assim, eu vou ensinar a você tudo isso!”

Às palavras de Tohka, uma resposta imediata.

“Eu precisaria de uma cama e coisas para comer.”

“Eu... vou fazer algo quanto a isso!”

“Coisas devem acontecer inexplicavelmente.”

“Se isso acontecer então, vou pensar nisso!”

Por um breve momento, Tohka afundou no silêncio e então abriu a boca levemente.

“...Está mesmo tudo bem se eu viver?”

“Sim!”

“Está tudo bem se eu ficar nesse mundo?”

“Sim!”

“... O único que diria isso é Shidou, somente você. Não importa se é a AST ou até mesmo os humanos, eles definitivamente não aceitariam um ser tão perigoso estar no ambiente de convívio deles.”

“Como se eu fosse saber disso...!! O quê que tem a AST!? O quê que tem as outras pessoas!? Tohka! Se eles te rejeitarem, então mais importante do que todos eles juntos, eu vou aceitar você!”

Ele gritou.

Encarando Tohka, Shidou estendeu sua mão firmemente.

Encarando Tohka, Shidou estendeu sua mão firmemente.

“Balance! Por ora— só isso está bem...!”

Tohka olhou para baixo.Por alguns instantes, afogou-se no silêncio como se estivesse pensando, e então lentamente levantou o rosto e estendeu a mão.

“Shidou—“

Então.

O momento em que suas mãos se tocaram.

“---“

Os dedos de Shidou tremeram subitamente.

Ele não sabia por que, mas— sentiu um frio extraordinário.

Como se uma língua áspera estivesse lambendo todo o seu corpo, um sentimento indesejável.

“Tohka!”

Involuntariamente, gritou aquele nome.

E antes que Tohka pudesse responder.

“...”

Com ambas as mãos, empurrou Tohka o mais forte que podia.

A esbelta Tohka não conseguiu ficar de pé com o ataque súbito, já que rolou para trás como em um mangá.

Nem mesmo um instante mais tarde.

"—————Ah”

Em algum lugar entre seu peito e estômago, Shidou sentiu um impacto tremendo.

“O- O que você está fazendo!?”

Coberta de areia, Tohka reclamou, mas era difícil responder aquilo.

Ele não conseguia responder.

Era difícil de manter até mesmo sua consciência e postura.

De qualquer jeito, alguma coisa, parecia errada.

“Shidou?”

Tohka disse aturdida.

Procurando pelo motivo, moveu a mão direita, tremendo para o lado.

Alguma coisa estava estranha.

Afinal de contas, não havia nada, al—————

“Ah—“

Através da visão reforçada pelo território, Origami ouviu esse som vazar da sua garganta enquanto assistia a figura de Shidou desintegrando.

Por alguns instantes seu corpo enrijeceu, enquanto ela jazia no chão liso que estava preparado para a construção de novos prédios, segurando o rifle anti-Espírito <Cry Cry CryC C C> preparado.

Alguns segundos mais cedo.

Origami ligou o realizer no <Cry Cry CryC C C>, aplicou uma barreira ofensiva na bala especial que estava carregada, travou perfeitamente e apertou o gatilho.

Não havia possibilidade de errar.

—Se Shidou não tivesse empurrado o Espírito.

A bala que Origami havia atirado— no lugar do Espírito, cortou através do corpo de Shidou.

“———“

Dessa vez, nenhum som saiu.

Ela podia dizer que seu dedo, o que apertou o gatilho, estava tremendo minuciosamente.

Afinal de contas, agora mesmo, eu simplesmente, Shidou—

“—Origami!”

“——“

A voz de Ryouko a trouxe de volta para seus sentidos.

“Você pode se arrepender depois! Eu vou repreendê-la até a morte mais tarde! Mas por ora—“

Falando apenas isso, Ryouko olhou de relance para o parque com medo.

“Apenas pense em não morrer...!”

“Shidou...?”

Ela chamou o nome dele, mas não recebeu resposta.

Era o esperado. No peito de Shidou, havia um buraco gigante até maior que a mão estendida de Tohka.

Sua cabeça estava confusa, ela não entendia.

“Shi—, dou”

Tohka se agachou ao lado da cabeça de Shidou e cutucou sua bochecha.

Não houve resposta.

A mão que estendeu na direção de Tohka momentos atrás estava completamente echarcada de sangue.

“U, wa, aaa, aaaa—“

Alguns segundos depois, seu cérebro começou a entender a situação.

...Ela reconheceu o cheiro de queimado que os envolvia.

Era o cheiro do grupo que sempre tentou matar Tohka— a AST.

Era um tiro bem certeiro. Provavelmente— aquela garota.

Se ela recebesse um tiro no seu estado atual sem a armadura, até mesmo Tohka não sairia ilesa.

Muito menos se fosse o completamente indefeso Shidou.

“———"

Tohka sentiu uma tontura terrível enquanto colocava a mão sobre os olhos de Shidou, que ainda estavam encarando o céu e lentamente fechou suas pálpebras.

Então, tirou a jaqueta do uniforme que estava usando e gentilmente cobriu o cadáver de Shidou.

Instável, Tohka levantou e virou o rosto na direção do céu.

—— Ahh, Ahhh.

Era impossível. Era impossível afinal de contas.

Por um momento— Tohka havia pensado que estaria tudo bem em morar naquele mundo.

Se Shidou estivesse lá, então talvez as coisas tivessem funcionado, foi o que pensou.

Seria provavelmente complicado e embaraçoso, mas eles conseguiriam fazer aquilo, pensou.

Porém.

Ahh, porém,

Era impossível afinal de contas.

Esse mundo— foi escolhido para rejeitar Tohka afinal de contas.

E isso era pelos mais baixos e piores significados imagináveis—!

“— <Heavenly Raiment•TenthAdonal Melech>...”

Do fundo da sua garganta, o nome saiu. Raiment. O absolutamente mais forte, o território de Tohka.

Instantaneamente, o mundo, cantou.

O cenário ao seu redor achatou e distorceu, enrolando-se ao redor do corpo de Tohka e gerou a forma de um traje cerimonioso.

E então uma membrana brilhante tornou-se e saia e a parte de dentro do traje— a calamidade havia descido.

  • Rangido, rangido*

O céu rachou.

Como se expressando o descontentamento de Tohka, que subitamente fez seu traje se manifestar.

Tohka moveu o olhar levemente para baixo.

Em um monte que era plano como o topo de uma montanha que havia sido cortada, estava as pessoas que haviam acabado de atacar Shidou.

As pessoas à qual não seria suficiente simplesmente matá-las, estavam lá.

Tohka empurrou o calcanhar no chão.

Instantaneamente, o trono que armazenava a espada gigante apareceu de lá.

Com um estrondo, Tohka pulou do chão, parando no braço do trono e tirou a espada do fundo.

Então.

“Aaaaa”

Sua garganta tremeu.

“Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa"

Como se o céu estivesse tremendo.

"AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA———!!"

Como se o chão rugisse.

Parecia que ela estava entorpecendo o cérebro, como se tentando desgastar-se para baixo.

“Como ousa.”

Seus olhos umedeceram.

“Como ousa como ousa como ousa como ousa como ousa como ousa.”

Tohka botou força na mão que segurava a espada e matou a distância na frente dos seus olhos.

“O q—!?”

“———“

Sem dar nem tempo para piscar, Tohka moveu-se para o monte que estava vendo algum tempo atrás.

Na frente dela, havia uma mulher com os olhos abertos em choque e uma garota com uma expressão inexpressiva.

Ao mesmo tempo em que via aquele rosto desprezado e odiado, Tohka gritou.

“<Sandalphon> — [The Last SwordHalvanhelev]!!”

Imediatamente, rachaduras correram do trono que Tohka estava pisando, enquanto caía aos pedaços.

Então, as várias peças do trono ligaram-se na espada que Tohka estava segurando, aumentando ainda mais o tamanho da silhueta.

Com um comprimento superior à 10 metros, uma espada excessivamente acima do tamanho.

Entretanto, Tohka deu uma balançada leve e então desceu na direção das duas mulheres.

A luz saindo da espada cresceu ainda mais intensa e em um instante arrastou-se pelo chão, junto com a linha estendendo-se da espada.

No momento seguinte, uma explosão tremente invadiu a área ao redor.

“O q...!”

“—Gu”

Pulando para a esquerda e para a direita na hora certa, as duas soltaram a voz cheia de medo.

Mas era de ser esperado. Afinal de contas, com apenas um ataque, Tohka dividiu a superfície plana da área em duas metades ao longo do seu comprimento.

“Seu..., monstro—!”

A garota alta gritou, balançando algo como uma espada não refinada em direção à Tohka.

Mas não havia como aquela coisa alcançasse Tohka, com seu traje equipado. Só por direcionar seu olhar naquela direção, ela disparava o ataque.

“Impossível—“

O rosto da garota estava tingido de desespero.

Mas sem mostrar nenhum interesse nela, Tohka olhou na direção da outra garota.

“—Ah, ah. É você, é você.”

Silenciosamente, seus lábios abriram.

“O meu amigo, meu melhor amigo, Shidou, quem o matou, foi você.”

Tohka disse isso e só levemente, mas pela primeira vez, a expressão da garota distorceu.

Entretanto, algo assim não importava nem um pouco.

Uma existência que podia parar Tohka com [The Last SwordHalvanhelev] materializada não existia naquele mundo.

Olhando para a garota com olhos manchados de pura escuridão, ela calmamente enlouqueceu.

Olhando para a garota com olhos manchados de pura escuridão, ela calmamente enlouqueceu.

“— Matar destruir  matar   apagar matar  todos. Morra acabemorra pereça  morra  .”

Parte 3[edit]

“Comandante...!”

“Eu sei. Pare de fazer barulho. Você não é um macaco na época de acasalamento.”

Enquanto rodava o doce pela boca, Kotori respondeu ao seu subordinado em pânico.

Ponte do <Fraxinus>. No monitor central, o Shidou caído estava com o corpo completamente acabado, assim como o Espírito, a batalha de Tohka, estava sendo mostrada.

Ela conseguia entender a agitação na tripulação.

A situação era esmagadoramente, absolutamente, devastadoramente sem esperança.

O alerta de spacequake havia começado a soar finalmente, mas antes dos moradores evacuarem completamente, a batalha ente Tohka e a AST havia começado.

O único ponto positivo daquilo era que aquele era um lugar em construção não ocupado— mas um único ataque de Tohka acabaria facilmente com aquele otimismo.

Um poder transcendente destrutivo que tinha feito Tohka até agora parecer fofa em comparação.

Apenas um ataque dividiu a construção expandida em dois, no meio de um abismo profundo.

Além disso— a morte súbita de Shidou, que era suposto de ser a arma final do <Fraxinus> .

O grupo de Kotori foi colocado na pior situação imaginável.

Ainda,

“Bem, faltou um pouco de elegância, mas acho que nosso cavaleiro tem permissão para prosseguir. Eu não conseguiria ficar para assistir se a princesa fosse atingida agora à pouco.”

Em um tom não muito sério, Kotori disse e o palito do pirulito moveu.

Os membros da tripulação lançaram um olhar temeroso na direção daquela Kotori.

Mas não tinha como culpá-la. Agora mesmo ela havia perdido o irmão.

Entretanto dentre eles, apenas Reine e Kannazuki demonstravam reações diferentes.

Reine estava monitorando a batalha de Tohka, colhendo dados, como se tudo estivesse normal.

Porém, Kannazuki estava em um estado diferente. Seu rosto estava tingido de vermelho e baba estava vazando da sua boca.

Olhando para aquilo, ele tinha uma cara como se estivesse pensando algo do tipo “Ahh... abrindo um buraco tão grande no meu corpo... *contorce contorce*. Não seria incrível? Tenho certeza, tenho certeza que seria incrível. M-mas se eu morrer, então não tem propósito.”

“Francamente.”

“Hauu!?”

Kotori deu um pontapé na canela de Kannazuki e levantou.

Então, ela fez um “hmpf” com o nariz e com os olhos meio fechados anunciou.

“Parem de ficar vadiando por aí e voltem ao trabalho. Não tem como esse ser o final de Shidou, certo?”

Aquilo era verdade.

A partir de agora, era o verdadeiro trabalho de Shidou.

“C-Comandante! Isso é...!”

Um dos membros da parte mais baixa da ponte estava olhando para o lado esquerdo da tela— para algo no parque que estava sendo mostrado e soltou uma voz cheia de surpresa.

“—Está aqui.”

Mudando a posição do doce, sua boca retorceu em um sorriso.

Na figura, deitado no parque, coberto pelo uniforme escolar, Shidou estava sendo mostrado, mas— aquele uniforme escolar, subitamente começou a queimar.

Não era porque estava desaparecendo por ter sido criado por um Espírito e nem por causa de que os raios de sol começaram um incêndio.

Isso é porque, o que estava queimando não era o uniforme.

O uniforme queimou e caiu, revelando o corpo lindamente santificado de Shidou.

E então, os membros da tripulação do <Fraxinus> mais uma vez soltaram sons de surpresa.

“A-A ferida está—“

Isso mesmo, a ferida. A parte que havia virado um enorme buraco estava queimando.

As cinzas irromperam até que o machucado de Shidou não pudesse mais ser visto—então cessou gradualmente.

E então, depois das chamas terminarem, ali existia o corpo de Shidou restaurado perfeitamente.

E então—

Nn........queeeeeeeeeeeeeeeeeeeente!?

Vendo que o fogo que ainda estava fumegando no seu estômago, pulou.

Batendo no estômago com um olhar afobado, extinguiu o fogo.

-H-huh? Eu estou... por quê?

A ponte eclodiu.

“O q...Comandante, isso é—“

“Eu não disse? Se Shidou morrer uma ou duas vezes, ele pode imediatamente começar um novo jogo.”

Enquanto lambia os lábios, Kotori respondeu à sua tripulação.

A tripulação simultaneamente lançou um olhar questionador, mas ela ignorou.

“Recuperem-no imediatamente. – O único que pode parar a garota é Shidou.”

Parte 4[edit]

—Ele não entendeu.

Enquanto batia no estômago repetidamente, Shidou enrugou as sobrancelhas.

Havia um buraco enorme no blazer e na blusa que estava usando e sua gravata havia sido arrancada pela metade.

Mas naquela hora Shidou não dava nenhuma atenção à sua aparência vergonhosa.

Havia algo mais que ele tinha que direcionar sua atenção.

“Por que— eu estou vivo...?”

Mais uma vez tocando o estômago, murmurou.

Algum tempo atrás ele havia tido um mau pressentimento e subitamente empurrou Tohka.

No momento seguinte, um buraco abriu no seu estômago— e ele desmaiou.

Na verdade, havia um buraco em suas roupas e as manchas de uma boa quantidade de sangue permaneceram. Não parecia ser um sonho.

"Oh certo— Tohka...!"

Aquele ataque estava sem dúvidas mirando em Tohka.

Como será que Tohka está...? Olhou ao redor do lugar, procurando por ela.

Então, de um monte até mesmo mais alto do que o parque em que Shidou estava, uma luz preta foi atirada—— seguindo isso, o som de uma explosão tremenda e de uma onde de choque espalhou-se.

"Uwahh...!?"

Pego de surpresa tombou no chão, empurrado pelo vento.

"O-O que...!"

Enquanto soltava um grito, olhou na direção daquele lugar— o corpo de Shidou enrijeceu.

A cena que viu, comparada com a de antes de perder a consciência, tornou-se algo completamente diferente.

Naquela direção havia a área de construção, assim como montanhas e de modo que não haviam sido tocadas desde que a paisagem mudou 30 anos atrás—

Aquelas coisas haviam sido destruídas disparadamente como se tivessem sido atingidos por um ataque aéreo.

Não— era levemente diferente. Se qualquer coisa, era como se uma espada gigante tivesse cortado-as incontáveis vezes deixando para trás uma quantidade de arestas afiadas.

"O que..."

Enquanto murmurava estupefato,

"Nuahhh...!"

Shidou sentiu seu corpo ficar leve.

Não era a primeira vez que tinha aquela sensação. Era o sistema de transferência do <Fraxinus>.

Na hora em que Shidou compreendeu aquilo, sua visão já havia mudado do parque no monte para a parte de dentro do <Fraxinus>.

"Por aqui!"

O membro da tripulação do <Fraxinus> que estava esperando falou em voz alta.

"H-Haa..."

Ainda levemente confuso, Shidou foi conduzido até a ponte.

E quando chegou à ponte,

"—Como foi a sensação de acordar, Shidou?"

No assento do capitão na parte mais alta da ponte, com o palito de um Chupa-Chups se movendo, Kotori falou.

"...Kotori."

Shidou bateu levemente na orelha que estava zumbindo e franziu as sobrancelhas.

"... Eu não consigo entender direito a situação. O que aconteceu exatamente?"

"Nn, Shidou foi atacado pela AST, então a princesa explodiu e foi matar a AST."

Dizendo isso, gesticulou para que ele olhasse para cima diagonalmente— para a tela gigante na ponte.

"O qu..."

Lá havia Tohka, balançando a espada gigante e cortando as montanhas, assim como a imagem da AST atacando de volta.

Não— aquilo não era algo que podia ser chamado de atacar de volta.

Nem um dos ataques que a AST soltou com o espírito intenso atingiu Tohka.

Por outra mão, as balançadas de Tohka, sejam ataques diretos ou até mesmo apenas uma onda de choque, jogavam facilmente os assistentes para longe quebrando sua formação, como se o território deles não existisse.

Era esmagadoramente unilateral— a marcha de um rei.

"Ela está completamente desesperada. Parece que ela não conseguiu tolerar Shidou ser morto."

Dizendo isso, Kotori encolheu os ombros.

"..., O que isso quer dizer...! Oh, certo! Antes de tudo, por que eu estou vivo!?"

Shidou gritou e Kotori sorriu como se obviamente soubesse de algo.

"Bem, vamos falar disso mais tarde. Agora tem outra coisa que você precisa fazer."

Olhando para a imagem de Tohka, Kotori disse.

"Outra coisa— para fazer?"

"Sim. Não queremos que acidentes aconteçam por causa do Espírito."

"..., Isso é obvio, não é!?"

Shidou gritou e Kotori estreitou os olhos como se estivesse se divertindo.

"Sim, esplêndido, Sr. Cavaleiro. —Agora vamos. Temos que parar a princesa."

Kotori olhou para longe de Shidou ao dizer isso e aumentou a voz.

"Vire o <Fraxinus> ao contrário! Mova para a frente de batalha! Traga a suspensão para dentro de um metro!"

"Entendido!"

Vários membros da tripulação que pareciam com timoneiros responderam em unissonância.

Então, junto com um som de tensão, o <Fraxinus> balançou levemente.

"Ko-Kotori!"

"Nn, o que foi Shidou?"

"Você disse para parar Tohka— alguma coisa assim é possível!?"

"O que está dizendo? Não é se isso é possível, é se você vai fazê-lo, Shidou."

Kotori levantou as sobrancelhas, com um olhar estupefato.

"E...Eu!?"

"Claro. Quando você vai se convencer. —É impossível para qualquer um além de Shidou."

"C-Como exatamente eu...!"

Enquanto uma gota de suor descia pelo rosto, Shidou perguntou, e Kotori tirou o Chupa-Chups da boca.

E então, com um sorriso travesso flutuando no rosto,

"Você não sabe? Só há um jeito de salvar a princesa que foi amaldiçoada."

Dizendo isso, franziu os lábios e beijou o doce.

Parte 5[edit]

A situação era a pior possível.

Os dez membros da AST em espera já estavam todos na batalha, mas sem se importar em atingir o Espírito, não podiam nem ter esperança de se aproximar.

Não— até antes disso, ninguém além de Origami nem entrou no canto da percepção do Espírito.

Afinal de contas— não existem leões que andam se preocupando com formigas.

"Uwaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhh—!!"

Soltando um rugido com uma voz chorosa molhada em lágrimas, o Espírito balançou a espada gigante para baixo.

"..."

Origami engatou os propulsores, torcendo o corpo e escapando no céu, evitando o ataque.

Mas— a onda de choque provocada pela pressão da espada invadiu seu território e agrediu o corpo de Origami.

"Guh—"

Por um segundo, ela se descuidou.

"—AAAAAAAAHHH!"

O Espírito rugiu.

Então, com todo o seu poder, ela girou os ombros e a espada cortou pelo ar, mais uma vez balançando na direção de Origami.

"—Origami!!"

Ryouko gritou. Mas—era tarde demais.

A espada do Espírito tocou o território de Origami.

—Em um instante.

"———"

Origami percebeu que seu julgamento havia sido ingênuo.

Ela havia tentado adivinhar a potência aproximada pela onda de choque mas— ela estava errada. O poder era claramente de outro mundo.

Deixa pra lá, comparando aquilo consigo mesma, mesmo considerando apenas uma estratégia, seria blasfêmia; o martelo de ferro do rei tirano.

Em termos de tempo, era meramente 1.5 segundos.

Seu território.

Ostentando supostamente um poder absoluto, a fortaleza de Origami.

"————"

Sem nenhum som, sem nenhuma voz, ela foi esmagada.

O corpo de Origami foi arremessado do céu para o chão.

"Aa"

"Origami!"

A voz de Ryouko parecia estar longe.

Provavelmente desde que o território havia sido liberado, a sobrecarga em seu cérebro parecia ter atenuado ligeiramente, mas no lugar disso todo o seu corpo doía intensivamente. Não havia apenas um ou dois ossos quebrados. Sangue encharcava o uniforme de fiação das feridas que ela nem sabia onde estavam, criando uma sensação desagradável. Sua cabeça subitamente ficou pesada como se lembrasse da gravidade, movendo-se um pouco.

Na sua visão nebulosa, a figura do Espírito parada no céu era a única coisa que podia ver claramente. Segurando a espada com uma expressão extremamente triste, a figura de uma garota tremendamente pequena.

"———É o fim."

O Espírito levantou a espada e parou.

Cercando o espírito, incontáveis pontos de luz apareceram, cada um soltando um brilho preto e convergiram na lâmina da espada, como se fossem sugados.

Sem mesmo nenhuma explicação, ela entendeu.

Aquele era o ataque com toda a força por detrás do Espírito.

Se ela recebesse aquilo no seu estado atual, sem seu território, então morreria sem dúvidas. Ela tinha que escapar de algum jeito.

Porém, seu corpo estava pesado e doía, como se ela nem pudesse tentar se mover.

Ryouko e os outros membros da AST já estavam incapacitados de lutar. Não havia nada existente que pudesse parar o Espírito.

O Espírito colocou o poder na mão segurando a espada.

Então— naquele momento.

"TooohkaaaaaaaaaaaaaaAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAaaaaaa—!!"

Do céu.

Até mesmo mais alto que o Espírito.

Aquele grito foi ouvido.

"Eh—"

Mesmo que a ameaça à sua vida fosse iminente, Origami ainda assim soltou aquela voz atônita.

Afinal de contas, o grito era do garoto que Origami havia atirado algum tempo atrás.

"A princesa está voando, huh... então, Shidou, vamos descer aqui. Paraquedas? Você não precisa de alguma coisa assim. Não estamos tão alto e de qualquer modo, quando se aproximar dela, nós vamos suspendê-lo no ar. —Ahh, uun, não se preocupe, não se preocupe. É limitado apenas para diretamente abaixo do <Fraxinus>. ...Eh? Se você sair do curso? Mmm... bem, haverá uma linda flor florescendo no chão, embora seja uma vermelha e brilhante."

Depois de contar à Shidou sobre 'o jeito de parar Tohka', Kotori olhou para o monitor enquanto dizia aquilo. E depois riu.

"E-espere! Já vai ser difícil o bastante, por que ...!"

"Bem, você sabe, se o índice de sucesso vai ser em torno do mesmo, então não é óbvio que a maneira mais aproveitável seja melhor?"

"Você vai ser a única aproveitando isso!!!!!"

"Tão irritante. Segurem ele."

"Sim!"

Kotori disse, e de algum lugar dois homens musculosos apareceram e seguraram as duas mãos de Shidou.

Desse jeito, Shidou foi puxado.

"Ahh, maldita, é melhor lembrar-se disso, Kotoriii!"

"Tanto faz. Eu vou lembrar então tenha uma boa viagem."

Ouvindo aquela voz, Shidou foi carregado para uma escotilha posicionada na parte mais baixa do invólucro,

"Boa sorte."

Nem mesmo tendo tempo para protestar, foi jogado no céu.

"Gyahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh—!?"

Um vento feroz assaltou o uniforme escolar envolvido ao redor do seu corpo assim como a carne do seu rosto.

Uma sensação inacabável de gravidade zero. Agora ele não tinha mais medo de coisas como montanha-russas.

Então— tão assustado que parecia que sua consciência voaria para longe, Shidou viu uma única sombra.

"—!"

Estendendo suas pernas para estabilizar, capturou a garota na sua visão turva.

E então.

"TooohkaaaaaaaaaaaaaaAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAaaaaaa—!!"

Com toda a força que conseguia juntar, gritou aquele nome.

Nem mesmo uma batida depois, a gravidade que puxou seu corpo dissipou a sensação de ausência de peso.

Era provavelmente o suporte da <Ratatoskr>. Não mudava o fato de que ainda estava caindo, mas se fosse daquele jeito—

"———"

Tohka parecia ter notado a voz de Shidou; sem balançar a espada gigante, olhou para cima.

Suas bochechas e o topo do seu nariz estavam vermelhos e seus olhos estavam encharcados. Era uma aparência extremamente inconveniente.

Seus olhos encontraram os de Tohka.

"Shi-dou...?"

Como se ainda não compreendesse a situação, Tohka murmurou.

Com a velocidade da descida diminuindo gradualmente, Shidou colocou as mãos nos dois ombros de Tohka. Com a ajuda de Tohka parada no meio do ar, ele finalmente parou.

"E-ei... Tohka."

"Shidou... é, v-você, mesmo...?"

"Ahh... Sim, eu acho."

Shidou disse e os lábios de Tohka estremeceram.

"Shidou, Shidou, Shidou...!"

"Mhm, o q—"

Quando começou a responder, o canto da visão de Shidou se encheu com uma luz intensa.

A espada que Tohka havia parado na metade do golpe soltava um brilho puramente preto que transformou o ambiente ao seu redor em escuridão.

"O- O que é isso..."

"...! Oh não...! O poder está—"

Ao mesmo tempo em que Tohka estreitava as sobrancelhas, uma luz saiu da espada como um raio, perfurando a terra.

"To-Tohka, o que é—"

"Eu não consigo mais controlar a [The Last SwordHalvanhelev]...! Temos que liberar isso em algum lugar...!"

"Onde é algum lugar!?"

"———"

Sem dizer nada, Tohka olhou para o chão.

Seguindo o olhar, notou Origami deitada lá, parecendo que podia morrer à qualquer momento.

"...! Tohka, você...! N-Não atire lá!"

"E-Então o que você quer que eu faça? Ela já alcançou seu estado crítico!"

Mesmo enquanto dizia aquilo, a espada que Tohka segurava estava atirando correntes de luz preta ao seu redor. Como uma metralhadora, o bombardeio contínuo furava a terra.

Então, nessa hora, Shidou lembrou-se das palavras de Kotori.

"...Tohka. U-Uhm, acalme-se e me escute."

"O que foi!? Essa não é hora—"

"É sobre isso! A possibilidade de fazer alguma coisa sobre isso... provavelmete... está aqui!"

"O que quer dizer!? O que devo fazer!?"

"A-Aahh. Uhm—"

Porém Shidou não conseguiu deixar aquilo sair da boca imediatamente.

Afinal de contas, o método que Kotori havia dito à ele era tão incompreensível e ilógico e fora do contexto—

"Rápido!"

"...!"

Shidou se convenceu e abriu a boca.

"É-É, uhm...! Tohka! Me b-beije...!"

"—O quê!?"

Tohka estreitou as sobrancelhas.

Mas era de se esperar. Naquela hora urgente ele disse uma coisa daquelas. Era inevitável que ela tomasse aquilo como uma piada de mau gosto.

"D-Desculpe, simplesmente esqueça. Vamos pensar em alguma outra—"

"O que é um beijo!?"

"Huh...?"

"Diga rápido!"

"...Um b-beijo é, uhm, você junta dois lábios—"

No meio das palavras de Shidou.

—Sem nenhuma hesitação, Tohka pressionou seus lábios rosados nos de Shidou.

"—————!?"

Seus olhos esbugalharam o máximo que puderam enquanto ele soltava um som abafado.

Os lábios de Tohka eram tão macios e tão úmidos e tinham até um cheiro doce que ao sentir e tocar fizeram seu cérebro gritar inferno e paraíso.[2] Que beijos tem gosto de limão é uma mentira. O beijo de Tohka tinha gosto do parfait que tinha comido no almoço.

Uma batida depois.

—Rachaduras formaram na espada de Tohka que se elevou em direção ao céu, e então desintegrou-se, dissolvendo no ar.

Seguindo isso, a película de luz que formava a parte de dentro do vestido que envolvia o corpo de Shidou assim como sua saia desapareceram, como se tivesse rebentado.

"O q—"

Tohka soltou uma voz cheia de espanto.

"...!?"

Mas até mesmo mais surpreso estava Shidou.

Não era pelas roupas e espada de Tohka desaparecerem. Ele havia ouvido falar disso por Kotori, mesmo que ainda duvidasse um pouco.

Se alguma coisa era porque Tohka falou enquanto eles ainda estavam se beijando, então o lábio que estava em contato se contorceu, fazendo com que ele entrasse em algum tipo de estado caótico que não podia ser expresso pelo vocabulário de Shidou.

—O corpo de Tohka ficou mole, caindo em direção ao chão.

Na consciência turva de Shidou, enquanto hesitava levemente, abraçou Tohka antes do seu corpo cair. Fracamente. Timidamente.

Com as cabeças para baixo, os lábios e corpos unidos, os dois desceram.

O traje de Tohka se transformou em partículas de luz, deixando para trás um rastro.

Aquilo podia ter sido uma cena de uma fantasia.

Entretanto, Shidou não tinha espaço para se preocupar com aquilo.

Caindo lentamente enquanto apoiava Tohka— com seu corpo embaixo, pousaram no chão.

Continuaram sobrepostos daquele jeito por um tempo,

"Pwua...!"

Como se respirando, os lábios de Tohka se separaram e ela levantou o corpo.

"D..., d-d-d-d-d-desculpe Tohka! Me disseram que esse era o único jeito...!"

Shidou imediatamente pulou quando Tohka afastou-se do seu corpo, pulando para trás e ao mesmo tempo envolvendo seu corpo, terminando com um salto dozega[3] maravilhoso.

Bem, pra ser preciso, Tohka foi quem beijou, mas de alguma maneira ele sentiu como se aquele não fosse o problema.

Entretanto, vários segundos passaram, mas ela não pisou na cabeça de Shidou nem o amaldiçoou.

"...?"

Pensando que aquilo era estranho, levantou a cabeça.

Tohka estava simplesmente sentada ali com um olhar misterioso no rosto, tocando o lábio com o dedo.

Ou melhor, antes disso—

"Pwua...!?"

O rosto de Shidou ficou vermelho como se ele estivesse para ter um sangramento nasal e ele endureceu-se.

Com o traje desmoronando em pedaços, Tohka estava em um estado seminu que era embaraçoso só de olhar.

"—!"

A reação de Shidou pareceu ter feito Tohka notar aquilo. Ela rapidamente cobriu o peito.

"N-N-N-Não Tohka, eu estava apenas—"

"N-Não olhe, idiota...!!"

Mesmo não sabendo o significado do beijo, parecia que ela tinha um senso normal de constrangimento. Corando, Tohka encarou.

"De-Desculpe...!"

Afobado, fechou os olhos.

"Isso não é bom! Você está bisbilhotando, não está!?"

"E-Então o que devo fazer...!"

Shidou disse e depois de alguns instantes, todo seu corpo sentiu uma sensação morna mais uma vez.

"Eh—"

Involuntariamente, seus olhos fechados abriram. Na frente dos seus olhos estavam os cabelos puramente pretos de Tohka e seus ombros nus. O ponto era— seus corpos juntaram-se confortavelmente.

Na frente dos seus olhos estavam os cabelos puramente pretos de Tohka e seus ombros nus.

"...Agora você não pode ver."

"A-Aahhh..."

Está mesmo tudo bem? Enquanto pensava aquilo e incapaz de mover o corpo, parou firme daquele jeito.

Depois de um tempo.

"...Shidou."

Tohka soltou uma voz enfraquecida.

"O que foi?"

"Você vai... me levar em um encontro novamente...?"

"Sim. Algo assim eu te levo à qualquer hora."

Shidou afirmou enfaticamente.


Referências[edit]

  1. O termo oficial que denomina a armadura do Espírito é ‘AstralDress’ (VestidoAstral), mas como soa estranho foi adaptado no inglês como ‘raiment’ e no português como ‘traje’
  2. Não faço ideia de onde veio essa expressão. Pesquisando no Google, obtive apenas resultados sem noção.
  3. Uma maneira japonesa formal de se curvar, nesse caso, foi usada como um profundo pedido de desculpas.


Epílogo: Vida com um Espírito[edit]

Parte 1[edit]

"—Isso é tudo."

O lugar era a sala de comunicações especiais do <Fraxinus>, onde apenas a Comandante Kotori podia entrar.

Encarando a mesa redonda colocada no centro da sala escura, Kotori concluiu seu relatório. O relatório em relação à captura e recuperação do Espírito.

Ao redor da mesa redonda, a respiração de cinco pessoas, no total, incluindo Kotori, podia ser ouvida.

Mas— o único no <Fraxinus> era Kotori. Os outros membros estavam participando do encontro através dos alto-falantes colocados na mesa redonda.

"... Então isso significa que o poder dela é a coisa real, huh."

Em uma voz levemente abafada, um bicho de pelúcia feio com cara de gato sentado do lado direito de Kotori falou.

Bem, a voz na verdade vinha do alto-falante logo á frente do bicho de pelúcia, mas do ponto de vista de Kotori era como se o gato feio quem estivesse falando.

Já que os outros não recebiam uma transmissão em vídeo dela, era algo que Kotori fez arbitrariamente.

Por causa disso, a sala mais profunda do <Fraxinus> tornou-se um espaço estranhamente parecido com uma fantasia. Era quase como se fosse uma festa louca do chá de Alice no País das Maravilhas.

"Foi por isso que eu disse: se é Shidou, então vai funcionar.”

Kotori cruzou os braços orgulhosamente e nessa hora, o rato com um rosto choroso ao seu lado esquerdo falou calmamente.

"—Tendo somente suas próprias alegações, não há credibilidade o suficiente. Afinal de contas, você não pode esperar que nós acreditemos facilmente no poder de auto ressurreição... ou na habilidade de absorver o poder do Espírito."

Kotori encolheu os ombros.

Oh, bem, não havia nada que pudesse fazer sobre aquilo.

Configurar os vários dispositivos de observação e análise para confirmar as habilidades de Shidou levou— cerca de cinco anos.

"E sobre o estado do Espírito?"

Dessa vez a voz veio do lado do gato feio, de um cachorro azul com uma cara extremamente estúpida, com baba pendendo no rosto.

"Nós estamos monitorando seu estado desde que foi recuperada pelo <Fraxinus>— e seu estado está completamente estável. Nem mesmo um chiado no tempo-espaço foi detectado. Exatamente quanto do seu poder ainda continua com ela precisa ser analisado detalhadamente, mas pelo menos não é em um nível em que 'só por existir vai destruir o mundo'."

Kotori disse, e três dos quatro bichos de pelúcia seguraram a respiração de uma vez.

"Então, pelo menos nesse estado atual, Espíritos podem existir nesse mundo sem problemas?"

Com uma voz claramente animada, o gato feio falou. Kotori encarou aquilo com repugnância enquanto respondia calmamente 'sim'.

"Além disso, seria difícil para ela desaparecer na outra dimensão com seus próprios poderes."

"—Então, e sobre o estado dele? Ele absorveu aquilo tudo do poder do Espírito. Alguma coisa anormal aconteceu?"

Dessa vez, o rato choroso perguntou.

"Até agora, nenhuma anormalidade foi detectada, nem em Shidou nem no mundo."

"Como? Eles são calamidades que destruirão o mundo! Selar esse poder dentro de um humano e nada anormal acontecer..."

O cão estúpido estabeleceu.

"Não tivemos permissão de usá-lo porque foi concluído que nenhum problema surgiria?"

"... O que exatamente é ele? Com uma habilidade assim... é como se ele fosse um espírito."

Não era só a cara do bicho de pelúcia, ele realmente era um idiota. Kotori suspirou dentro do coração e abriu a boca respeitosamente.

"—Sua habilidade de reviver é como eu expliquei anteriormente. Quanto à habilidade de absorção, nós ainda estamos investigando."

Kotori disse, e por um momento os bichos de pelúcia ficaram em silêncio.

Então alguns segundos depois, o bicho de pelúcia que não havia falado até agora, um esquilo segurando uma noz, falou tranquilamente.

"—De qualquer maneira, bom trabalho, Comandante Itsuka. Você obteve resultados brilhantes. Espero grandes feitos de você no futuro."

"Afirmativo.”

Pela primeira vez, Kotori endireitou a postura e colocou a mão no peito.

Parte 2[edit]

"...Fwaaah."

Desde aquele incidente uma semana passou e já era Segunda.

No prédio do colégio completamente reconstruído pelas Forças de Restauração, um número considerável de alunos já havia se aglomerado.

No meio de todos eles, Shidou suspirou distraidamente.

—Naquele dia.

Shidou havia desmaiado imediatamente depois do que aconteceu, e ao abrir os olhos, encontrou a si mesmo deitado na enfermaria do <Fraxinus>.

Então ele passou por diversos testes naquela instalação— mas desde que ficou inconsciente, não teve nenhuma oportunidade de dar uma olhada em Tohka. Mesmo que tenha pedido para falar com Tohka, a única resposta que recebeu foi que ela estava submetida a exames, então, até o final, ele não foi capaz nem de olhar para ela.

"...Ahh."

Como se os dez dias agitados que houvessem passado desde encontrar Tohka fossem um sonho, os dias simples e normais eram— para ser honesto, ele se sentia tão vazio e impotente, que era como se estivesse morrendo.

Porém... havia uma coisa, uma outra coisa que cultuavam ainda mais os pensamentos de Shidou.

Naquele dia. Shidou definitivamente havia trocado um beijo com Tohka.

Naquele momento, o traje que Tohka vestia havia derretido e desaparecido— e ao mesmo tempo, ele sentiu como se alguma coisa morna fluísse dentro do seu próprio corpo.

—Que sentimento era aquele?

"..."

Silenciosamente, ele tocou os lábios.

Três dias já haviam se passado, mas ele sentia como se aquela sensação ainda continuasse. Shidou corou levemente.

"...Isso é seriamente repugnante. O que você está fazendo, Itsuka?"

"! T-Tonomachi. Se você está aí, então dê algum sinal de presença."

Ouvindo aquilo subitamente, Shidou retornou a cabeça à sua postura original.

"...Eu dei, uma quantidade normal de vezes. Na verdade, eu até chamei você. Se me deixar ficar solitário eu vou morrer, sabia?"

Dizendo isso, escarranchou na carteira vazia da frente e empurrou os cotovelos na mesa de Shidou.

"Não, eu não sabia. De qualquer jeito, volte pro seu lugar. A chamada vai começar logo."

"Está tudo bem. Tama-chan vai chegar um pouco atrasada de qualquer jeito."

"Jeez... ela ainda é nossa professora. Você deveria parar com esse apelido, soa como se fosse um gato ou uma foca."

"Haha, é fofo, então não está tudo bem? Mesmo que a gente tenha alguns anos de diferença, ela está completamente na minha zona de ataque."

"Ahh... então peça ela em casamento. Ela provavelmente irá aceitar."

"Huh? Do que você está falando?"

Então, naquele momento, a porta da sala abriu com um estrondo e os ombros de Shidou balançaram levemente.

—Instantaneamente, a sala começou com o zumbido.

Mas aquilo era esperado. Afinal de contas, a Tobiichi Origami havia vindo para o colégio enrolada completamente com bandagens.

"...!"

Ele não conseguiu evitar em perder o fôlego.

Usando um Realizer, a maioria dos ferimentos podia ser curada imediatamente. Mas por terem passado três dias e ainda ter continuado com tantas bandagens assim, deve ter sido um ferimento e tanto.

"......"

Com todos os olhares da sala acumulados em Origami, ela andou na direção de Shidou com passos vacilantes até parar bem na frente dele.

"H-hey, Tobiichi, que bom que você está be—"

Começou a falar estranhamente, mas subitamente Origami desapareceu do campo de visão de Shidou. Um momento depois, Shidou percebeu que Origami estava dando uma profunda reverência.

"T-Tobiichi...!?"

A sala ficou barulhenta e todos os olhos se acumularam em Shidou e Origami.

Mas, como se não se importasse com nada daquilo, Origami continuou.

"—Desculpe. Mesmo que não seja algo que possa ser resolvido com uma simples desculpa."

Pelo que tinha ouvido mais cedo— o ataque que mirava Tohka havia sido atirado por Origami. Ela estava provavelmente se desculpando por aquilo.

"O qu... Itsuka, você fez algo à Tobiichi... ?"

"Claro que não! Se eu fizesse então não seria eu quem deveria estar se desculpando!?"

Shidou respondeu a Tonomachi, que estava enviando um olhar suspeito.

De qualquer maneira, não tinha como explicar a situação em detalhes. Shidou encarou Origami novamente.

"E-Eu te desculpo, então por ora levante a cabeça..."

Shidou disse e, inesperadamente, Origami levantou-se obedientemente.

"Mas—"

Então, logo depois, ela puxou a gravata de Shidou.

"—!?"

Sem mudar nem um pouco a expressão fria, Origami aproximou o rosto.

"Nada de traição."

"......Huh?"

Começando com os de Shidou, os olhos de todos que assistiam as ações de Origami tornaram-se pontos. Como se houvesse combinado o sincronismo, o sinal que indicava o início da aula tocou.

Enquanto encaravam Origami e Shidou com interesse, os alunos retornaram aos seus próprios lugares.

Entretanto, Origami continuou encarando intensamente o rosto de Shidou.

Então, a deusa da salvação apareceu.

"Booooom dia, pessoaaal. A aula vai começar."

Abrindo a porta, professora Tama-chan entrou na sala.

"...? T-Tobiichi-san, o que está fazendo?"

"..."

Origami olhou silenciosamente para Tamae, então soltou a gravata de Shidou e voltou para seu lugar. Que, por sinal, era bem ao lado de Shidou. Ele não podia dar um suspiro de alívio.

"C-certo, todos já se acalmaram?"

Sentindo a agitação da sala, Tamae disse numa voz excessivamente alegre.

Então, bateu as mãos como se lembrando de algo e acenou para si mesma.

"Oh, certo, antes da lista de presença, eu tenho uma surpresa! —Entre!"

Dizendo isso, ela chamou na direção da porta que apenas ela havia passado.

"Mm."

Então— como se respondendo aquilo, aquela voz foi ouvida.

"O qu..."

"—"

Ao mesmo tempo, os maxilares de Shidou e Origami caíram.

"—Eu fui transferida para essa sala a partir de hoje, meu nome é Yatogami Tohka. Prazer em conhecê-los."

Vestindo um uniforme escolar, Tohka entrou com um sorriso gigante no rosto;

Encarando aquela beleza que podia fazer os olhos de qualquer um doerem só por olhar, a sala ficou barulhenta mais uma vez.

Ignorando os olhares, Tohka pegou um pedaço de giz e com uma escrita ruim escreveu apenas as palavras "Tohka" no quadro. Ela então balançou a cabeça, como se estivesse satisfeita.

"Por... você, por que você..."

"Nu?"

Tohka virou-se para encarar a origem da voz. Ela emitia um brilho estranho, um brilho ilusório.

"Ohh, Shidou! Eu senti sua falta!"

Ela então chamou o nome de Shidou em voz alta e pulou para o lado direito da cadeira de Shidou— exatamente onde Origami estava parada momentos atrás.

Mais uma vez, Shidou tornou-se o centro das atenções da sala.

Murmúrio, murmúrio. De todos ao seu redor, teorias de relacionamento entre eles dois, assim como a conexão do que aconteceu com Origami antes, pode ser ouvido.

Suor formou-se na testa de Shidou enquanto falava em uma voz baixa o bastante para que os outros alunos não pudessem ouvir.

"T-Tohka...? Por que você está aqui?"

"Nn, os exames e tal já acabaram. —Acontece que mais de 99% do meu poder desapareceu."

Seguindo o exemplo de Shidou, Tohka disse em voz baixa.

"Bem— acabou bem para mim. Eu não posso mais fazer o mundo chorar só por existir. Então, bem, sua irmã fez um monte de coisas."

"M-Mas e seu sobrenome...?"

"Qual era o nome dela...? Aquela mulher sonolenta deu pra mim."

"Jeez.."

Shidou coçou a cabeça e deitou na mesa.

Ele estava feliz que Tohka agora podia ser livre, mas provavelmente havia outros jeitos de fazer as coisas.

Mas, com um olhar inocente,

"O que há de errado, Shidou? Você parece pra baixo. —Ahh, será que é porque você se sentiu só quando eu fui embora?"

Ela falou aquilo completamente séria.

Em um volume alto o suficiente para as pessoas ao redor ouvirem.

A agitação na sala alcançou seu clímax.

"O que... não fale alguma coisa estranha assim."

"Hmpf, que frio. Embora você estivesse procurando por mim tão freneticamente antes."

Dizendo isso, colocou as mãos nas duas bochechas e deu um olhar envergonhado.

"—!?"

Ele sabia que a atmosfera havia mudado. Havia até pessoas mandando mensagens das sombras de seus lugares. Desse jeito, não demoraria muito até que todos no colégio soubessem o nome de Shidou. Shidou tentou novamente em voz alta.

"N-Não, Tohka! D-Dizer isso desse jeito fará com que todos entendam errado!"

"Nu? Você está dizendo que foi um desentendimento? Mesmo que tenha sido minha primeira vez..."

"—,......!?"

—Ataque crítico. Kotori e Reine provavelmente tenham ensinado para ela algumas coisas desnecessárias.

Ignorando as ordens da professora, a sala ficou frenética.

Então imediatamente— Tohka moveu o rosto para a direita.

"Eh...?"

Na frente dos olhos aturdidos de Shidou, algo parecido com uma caneta passou horizontalmente pelo ar em uma velocidade incrível.

"Uwah!?"

Surpreso, olhou para sua origem. Ali, ainda na postura como se houvesse acabado de jogar a caneta, estava Origami, com um olhar frio.

"...Nu?"

"..."

Tohka e Origami. Seus olhares cruzaram.

"Nu, por que diabos você está aqui?"

"Essa é a minha fala."

Aquilo imediatamente se tornou uma situação crítica.

—Entretanto, elas duas não pareciam que iam lutar ali.

Mas é claro. Um lado perdeu quase todo o poder e o outro estava sem o equipamento e machucada.

"O-okay! Vamos acabar com isso agora! Okay!? Não lutem!"

Professora Okamine rapidamente se colocou entre elas e de algum jeito conseguiu acalmar a situação.

Porém.

"Agora, o lugar de Yatogami-san será—"

A professora começou a procurar pelo lugar de Tohka, mas

"Não é necessário. —Saia."

Tohka deu um olhar cortante ao aluno ao lado de Shidou— do lado oposto de Origami.

"E-eeek!"

Diante aquela pressão, a aluna caiu da cadeira.

"Nn, obrigada."

Dizendo isso, Tohka sentou calmamente e olhou na direção de Shidou.

Mas ao fazer isso, encontrou não o olhar de Shidou, mas sim o de Origami.

"..."

"..."

As duas silenciosamente encararam uma a outra.

Shidou estava extremamente feliz que Tohka podia continuar morando naquele mundo. Ele até se sentia grato por Kotori e sua tripulação, que haviam feito muito.

Aquilo podia ser sem dúvidas chamado de o melhor resultado possível.

Mas aquilo era...

"Uuuuuuugh..."

Inundado de olhares estranhos de ambos os lados, Shidou segurou a cabeça.

Palavras do Autor[edit]

Prazer em conhecê-los, já faz um tempo, aqui quem fala é Tachibana Koushi. Contraditório.

Date●A●Live se adequou aos seus gostos?

Minha primeira ideia para essa série foi 'não seria meio que surreal se membros de uma organização secreta, composto só de pessoas sérias, jogassem um galge?'.

Algo como: uma beleza de duas dimensões é mostrada na tela grande da ponte, o comandante, com suor descendo pelo rosto, faz uma escolha, a garota dá uma má resposta e "O... o que...!?" beep, beep! Emergência, emergência! alguma coisa assim. Aguente Rodry! Os pontos de afeição só caíram um pouco! Médico! Mééédico!

Com isso como base, experimentando todos os sabores, esse foi o resultado. Seria legal se você gostasse.

Não foi decidido quantos volumes ele terá, mas eu vou continuar. A próxima página deve conter uma prévia, então, por favor, dê uma olhada.

Além disso, minha outra série ‘Soukyuu no Karma' também está em continuação, então se esse trabalho chamou sua atenção, seria legal se você desse uma olhada nele.

Então, esse trabalho foi feito através do trabalho duro de várias pessoas.

Primeiro seria definitivamente o ilustrador, Tsunako-san. Eu já estava admirado pelo estágio do desenho dos personagens. O que há com tanta qualidade assim. É seriamente num nível onde eu queira fazer tudo isso ser publicado.

Se essa história vender, então talvez essa chance venha... certo? hmm (pisca).

Começando com meu editor e incluindo todos envolvidos, obrigado pelo trabalho duro.

Eles fizeram realizar o fato elementar de que um livro não pode ser feito apenas por uma pessoa.

Mais do que tudo, eu gostaria de oferecer meus maiores agradecimentos à você, que pegou esse livro.

Bem, então, depois vem... uhm, vamos nos encontrar de novo no segundo volume disso e no oitavo volume de Karma.

Tachibana Koushi