Nekomonogatari Branco ~Brazilian Portuguese~/Tigre Tsubasa/056

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056[edit]

Não estou me gabando, mas a biblioteca da cidade onde vivo era excelentemente rica em conteúdo. Considerando o tamanho da cidade, ela se orgulhava com a quantia de livros que continha e, talvez por uma queda ao tradicionalismo ou gosto do bibliotecário, suas estantes eram cheias de obras sectárias ao invés de best-sellers, dando um ar de museu ao invés de biblioteca local.

Voltando ao assunto, ainda quando o Oshino-san estava nessa cidade, eu peguei livros emprestado muitas vezes (como o Oshino-san não era residente, ele não podia criar um cartão na biblioteca).

Embora um defeito fatal existisse, pois fechava aos domingos, eu sempre passava por essa biblioteca quando era mais nova. Ainda que eu nunca tenha sentado perto de uma parede para estudar, em termos de lições necessárias da vida, poderia dizer que eu aprendi todas aqui.

Todas as coisas que meus pais não me ensinaram.

Eu aprendi nessa biblioteca.

Completamente sozinha.

Recentemente, esse lugar vem repetidamente sendo usado como local de estudo do Araragi-kun, mas mesmo quando era a vez da Senjougahara de ajudar Araragi-kun, eu ainda viria aqui.

Para ser honesta, lá pelos meus quinze anos eu já tinha lido a maioria dos livros daqui, mas por gostar da atmosfera, do ar do estabelecimento, eu viria aqui mesmo quando não tinha necessidade.

Sem mencionar que era o melhor lugar para estudar.

E mesmo não sendo "minha casa", era um dos lugares onde me sentia à vontade.

Mas claro, eu não vim aqui hoje "sem necessidade" — eu vim para fazer pesquisa.

"Olá, Tsubasa-chan."

"Boa tarde. Eu vou entrar um pouquinho."

Cumprimentando a funcionária da biblioteca que conhecia de vista, comecei pegando cinco livros que já foram úteis no passado, e me sentei numa cadeira próximo à janela que era mais ou menos o meu lugar reservado.

A tarefa de converter catálogos inteiros de livro em bancos de dados digitais, sendo feita em várias bibliotecas, não chegou aqui ainda, o que significava que teria que investigar cada livro um por um.

Eles eram todos livros que já li antes, mas nem mesmo a minha memória era perfeita e, pra começar, minha memória não poderia ser confiada nesse caso.

Afinal, eu consegui pegar coisas inconvenientes para mim e cortá-las do meu coração.

Foi isso o que eu fiz.

Como diria a mãe do Araragi-kun, eu virava meus olhos das coisas como queria.

Até os acontecimentos da Golden Week, todas aquelas coisas que fiz foram completamente esquecidas por mim, e nem mesmo agora, eu não conseguiria lembrar delas completamente — não, era mais provável que eu não quisesse lembrar delas.

Eu afastei essas dolorosas memórias e stress emocional de mim.

Eu as empurrei — para a Black Hanekawa.

... É por isso que minha memória, meu conhecimento, e até meus pensamentos não poderiam ser confiados — ainda assim, se eu queria fazer algo sobre, se eu queria continuar me esforçando banalmente, não tinha escolha senão me enterrar assim.

Linha por linha, palavra por palavra,

sem tirar meus olhos,

eu não tinha senão ler, gravar tudo em meus olhos.

"......Hmm,"

Porém, mesmo ficando até quase o horário de fechamento da biblioteca — mesmo não pesquisando só em cinco, mas sim quinze obras de especialistas, não havia um único livro que descrevia a aparição, a singularidade chamada Tigre Incendiário.

Tendo considerado até que ouvi errado, eu me encarreguei de procurar por nomes similarares — por exemplo, o Tigre Em Chamas, o que parecia bem possível vendo que ele causa fenômenos de fogo — mas não consegui (eu até achei o Tigre d'Água, mas ele era basicamente um Kappa, o que o tornava menos relevante ainda).

Hmph.

Foi com a melhor das intenções, mas ter resultados como esses foi verdadeiramente patético.

Eu acreditava completamente que poderia procurar em uma grande quantidade de referências, como o tópico sugere, assim como o Oshino-san faria... mas as coisas não correram assim tão bem.

Na verdade, seria realmente possível que houvesse uma descrição da singularidade, e eu simplesmente passar sem ver? A possibilidade de estar escrito lá, mas eu, sem querer saber, desviado os olhos —

"...Mas se eu começar a pensar assim, eu não posso confiar em mais nada."

Não.

Eu estando do jeito que estou, nada sobre minha atual estado pode ser confiado. Eu estava tentando fazer algo sobre isso — tentando ajudar no meio de uma situação dessas.

Se nada poderia ser confiado, então eu poderia sim sentir essa desconfiança.

Se a biblioteca não foi de grande ajuda, eu poderia pesquisar na internet, mas para ser honesta, eu estava relutante em tentar essa aproximação. A Internet era um excelente meio para conseguir fatos que ocorrem no agora, mas havia erros demais quando se procurava por informações do passado.

Mais precisamente, ela era fraca em termos das singularidades.

Ainda assim, eu posso ainda conseguir algum tipo de pista, e uma vez que não tinha nenhum outro plano, não havia sentido em manter um preconceito contra a informação digital — era uma aproximação que o Oshino-san, que não gostava de maquinário, seria incapaz de fazer, afinal.

Como estava dentro da biblioteca, meu celular estava desligado, mas talvez eu pudesse tentar pesquisar assim que saísse.

Tendo decidido, fui retornar todos os livros que eu peguei. Eu não sabia o quão corretas minhas memórias estavam, mas essa tarefa era simples, já que consegui memorizar o local de cada livro dessa biblioteca.

"Está sozinha hoje, Tsubasa-chan?"

No caminho, outra funcionária, não a que me cumprimentou, disse isso. Ela já viu o Araragi-kun comigo muitas vezes antes, então foi isso que ela provávelmente quis dizer com a pergunta. Ela parecia achar que eu e o Araragi-kun éramos um casal, e, bem, o Araragi-kun não parece ter percebido, então não tentei corrigí-la.

"Sim, estou sozinha hoje."

Como dito anteriormente, eu estive sozinha aqui muitas vezes, mas pelo jeito eu não chamava muita atenção (aos olhos dessas pessoa, ao menos).

"Hmm. Bem, está quase na hora de fecharmos, você já terminou de pesquisar?"

"Sim, terminei."

Não houve resultados, mas eu definitivamente terminei na questão da pesquisa.

A funcionária olhou os livros que eu carregava e devolvia às prateleiras, e disse, "parece pesado."

"Acredito que uma vez que os livros digitais se popularizem, pessoas não terão mais que se preocupar com esse peso. Bom, se chegar a esse ponto, acredito que até a necessidade de bibliotecas estará em questão."

"Eu não sei. Acho que ficará tudo bem por enquanto, até os livros nunca passarem de uma imagem computadorizada. Livros são livros, com peso e tal... livros não são achatados, e sim tridimensionais. Mesmo que livros digitais fiquem populares, assim como um coletor de estatuetas nunca diria 'só ter as fotos já é o suficiente', são as características físicas que fazem um livro, acho."

O pensamento da digitalização dos livros era ridículo.

Seria melhor considerar livros e livros digitais da mesma maneira que se considera livros e filmes — não uma transição, mas sim uma nova espécie.

"Bem, assim espero."

Como se ela não quisesse entrar em uma discussão profunda com uma colegial, a funcionária riu levemente, olhando para os títulos dos livros que eu carregava,

"Você se interessa por fantasmas?"

e me perguntou, parecendo mistificada.

Bem, eles certamente não pareciam livros que uma delicada garota colegial se dedicaria a ler, então pelo jeito era algo realmente mistificante. As funcionárias mais experiente já sabiam dos meus (indiscriminados) gostos na leitura, mas a que estava em minha frente era uma novata.

"Sim, de certa forma — é para um trabalho escolar."

Claro, eu não podia explicar tudo, então desviei da pergunta com uma vaga, desinteressante reposta.

"Nesse caso, tem uma coisa na seção de Novos Livros sobre isso. Você já leu?"

"Não — ainda não."

Agora que ela mencionou, eu não chequei lá.

"Provavelmente não há tempo de ler agora, mas você pode levá-lo."

"Sim, acho que farei isso."

Embora dissesse isso, minha expectativas eram baixas.

Seria simplesmente muito conveniente que a informação sobre a singularidade que eu pesquisava estivesse no último livro que estava prestes a passar batido — mas de novo, como diz o ditado, não custava tentar.

Eu peguei o livro recomendado e saí do biblioteca.

"...Hm? Espere um instante. Um... novo livro, huh."

Novo Livro — novas espécies.

Quando coloquei o livro que peguei em minha bolsa, de repente me ocorreu que — espere, não, seria estranho dizer que ocorreu a mim.

A Gaen-san tinha dito desde o comecinho, afinal.

A singularidade que eu mesmo nomearia de —

"Se não houve nenhuma pista, até mesmo depois de toda essa pesquisa... então e se, como a Black Hanekawa, esse tigre fosse um nova espécie de singularidade —"


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