Difference between revisions of "Toaru Majutsu no Index ~Brazilian Portuguese~:Volume1 Capitulo1"

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===Parte 6===
 
===Parte 6===
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Nesses dias, não se poderia comprar nem um gyuudon grande com apenas 320 ienes.
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"... ... ...Tamanho regular, hm?"
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As garotas que alegremente comiam um bento do tamanho de uma light novel não iriam entender, mas um garoto cansado e em fase de crescimento considerava o tamanho regular apenas um lanchinho.
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Após se despedir da garota Biri Biri, Kamijou foi a um restaurante de gyuudon para comer seu "lanchinho". Com apenas 30 ienes sobrando, ele chegou ao seu dormitório após o pôr do sol.
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O lugar parecia deserto.
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Era o primeiro dia das férias de verão e a maioria das pessoas saíram para se divertir. A construção parecia um típico edifício de apartamentos. Fileiras de portas se estendiam ao longo dos corredores. Por ser um dormitório masculino, não havia nenhuma proteção no corrimão para proteger as garotas de eventuais espiadelas por baixo de suas saias.
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As portas dianteiras, e as sacadas ao fundo, eram construídas nas partes laterais da construção.
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A entrada para o prédio possuía auto-travamento, mas a distância entre este e os prédios vizinhos era de apenas dois metros. Qualquer um poderia simplesmente invadir o dormitório pulando de prédio para outro, como Index havia feito naquela manhã.
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Kamijou entrou, passou pela despensa (também conhecida como "quarto do administrador do dormitório") e pegou o elevador. Desagradavelmente, o elevador era mais sujo e estreito que um daqueles pequenos elevadores de carga utilizados nas construções. O botão com a letra "R", indicando acesso ao terraço estava bloqueado com uma pequena placa de metal para que os Romeus e Julietas não passarem a noite lá.
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Com um soar de um "ding", o elevador parou no sétimo andar.
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Kamijou forçou a porta que lentamente abria com um som metálico e adentrou o corredor. Ele estava no sétimo andar, mas não havia vento. O clima parecia ainda mais quente e abafado do que de costume por causa do prédio vizinho estar bem próximo.
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"Hm?"
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Kamijou finalmente percebeu algo. Na frente da porta de seu quarto, estavam três robôs de limpeza. Era algo raro ver três deles juntos. Ele tinha certeza de que apenas quatro estavam designados para aquele dormitório.
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Pela maneira que estavam se movendo para frente e para trás, eles pareciam estar limpando uma tremenda sujeira. Por alguma razão desconhecida, Kamijou sentiu o cheiro do azar retornar.
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Os robôs tinham poder para até mesmo arrancar chiclete grudado no chão. Era difícil imaginar algum tipo de sujeira que daria problemas a três deles.
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Kamijou estremeceu ao pensar que talvez seu vizinho Tsuchimikado Motoharu tenha se embebedado tentando agir como um delinquente para perder sua virgindade e acabou vomitando em absurdas quantidades, utilizando a porta de Kamijou ao invés de um poste telefônico.
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"O que aconteceu...?"
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As pessoas possuem uma tendência desgraçada de querer ver coisas horríveis.
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Após dar alguns passos para frente, ele finalmente viu.
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A garota misteriosa chamada Index havia desmaiado de fome.
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"... ... ...Ah!"
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Ela não estava inteiramente visível por causa dos robôs, mas alguém vestindo um hábito de freira coberto de alfinetes estava desmaiada.
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Embora os três robôs constantemente batiam nela, Index não estava se movendo. Parecia que ela estava sendo bicada por corvos.
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Os robôs foram feitos para desviar das pessoas e outros obstáculos. Por que as máquinas falharam em confirmá-la como "humana"?
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"...Que azar."
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Se Kamijou Touma tivesse visto seu rosto no espelho, ele se surpreenderia em ver um sorriso. No fundo, ele estava preocupado. Talvez ele não acreditasse nos magos, mas era possível que alguma seita estivesse perseguindo a garota.
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Ele estava feliz por vê-la em seu estado habitual: faminta.
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Na verdade, ele estava feliz por simplesmente poder vê-la novamente.
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Kamijou então se lembrou do que ela havia esquecido: o capuz branco que estava em seu quarto. Ele achou estranho, mas Kamijou via aquele capuz como um amuleto.
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"Ei! O que você está fazendo aqui?"
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Ele a chamou e foi até ela.
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Por que a simples ação de ir até ela me faz sentir como um garoto da escola de ensino fundamental que não consegue dormir a noite antes de uma viagem da escola? Por que a cada passo que dou eu me sinto como se estivesse indo a uma loja para comprar o lançamento de um RPG aguardado? Era o que ele pensava naquele momento.
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Index ainda não o notou.
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Kamijou Touma forçou um sorriso ao ver como Index se adequava nessa situação.
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E então, ele notou que Index estava caída em uma poça de sangue.
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"...Ah...?"
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A primeira coisa que ele sentiu foi confusão, não surpresa.
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Ele não conseguiu ver isso antes porque os robôs estavam na frente. Index tinha um corte horizontal na parte inferior das suas costas. A ferida foi causada por uma espada, mas era muito reta. Parecia que alguém havia usado uma régua e um estilete para ferí-la. A ponta de seu cabelo prateado, que caía à altura da cintura, foi cortado e estava no chão, encharcado com o líquido vermelho.
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Por um instante, Kamijou não havia compreendido que aquilo era sangue humano.
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A diferença na realidade entre o momento anterior e o momento após deixou a mente de Kamijou um completo caos. Ketchup...? Será que Index estava com tanta fome que tomou ketchup antes de desmaiar? Com essa imagem agradável e errada da situação, Kamijou quase sorriu.
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Ele quase sorriu, mas não o fez.
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Não haveria como ele fazer isso.
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Os três robôs de limpeza continuavam a se movimentar, criando um tilintar. Ele estavam limpando a mancha no chão. Eles estavam limpando a substância vermelha espalhada no chão. Eles estavam limpando a substância vermelha que emanava do corpo de Index. Eles estavam sugando o sangue de Index.
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"Parem... Parem! Merda!!"
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Enfim, os olhos de Kamijou voltaram à realidade. Ele tentou retirar dali os robôs que estavam próximos a Index. Ele falhou, pois os robôs eram pesados justamente para previnir roubos e continham uma força considerável.
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Na realidade, os robôs de limpeza estavam apenas limpando a mancha de sangue. Não haviam tocado na ferida de Index. Mesmo assim, Kamijou os viu como insetos em volta de uma ferida podre.
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Ele tinha dificuldades em tentar movimentar um desses robôs pesados, imagine três. Enquanto ele tentava afastar um, os outros dois continuavam limpando a mancha.
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Ele deveria ter o poder para matar até mesmo Deus.
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Mas era incapaz de tirar esses brinquedos do caminho.
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Index estava em silêncio.
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Seus lábios pálidos estavam imóveis, ele não tinha certeza se ela estava respirando.
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"Merda! Merda!!" Kamijou gritou, confuso. "O que aconteceu? Que porra aconteceu?! Droga! Quem foi o desgraçado que te fez isso?!"
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"Hm? Nós, os magos."
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Uma voz surgiu. Ela não pertencia a Index.
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Kamijou virou-se freneticamente. Um homem estava parado ali. Ele parece ter chegado lá pelas escadas de emergência, próximas ao elevador.
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Ele era branco, tinha dois metros de altura, mas sua face dava a impressão de que ele era mais jovem que Kamijou.
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Ele tinha... 14 ou 15 anos de idade. Parecia ser estrangeiro, suas roupas... eram iguais aos hábitos dos padres. Julgando pela sua aparência, ele não tinha nada a ver com um padre.
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Kamijou sentia o odor horrível de seu perfume doce mesmo estando a 15 metros de distância dele. Seu cabelo loiro na altura do ombro era tingido de vermelho, anéis prateados brilhavam em todos os seus dedos, brincos estavam pendurados em suas orelhas, a ponta de seu celular podia ser vista em seu bolso, um cigarro aceso movia-se em sua boca, e, para completar, ele tinha uma tatuagem de código de barras embaixo de seu olho direito.
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No corredor, a atmosfera em torno daquele homem era estranha.
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Era como se a área estivesse sendo controlada por regras diferentes das que Kamijou estava acostumado. Esse estranho sentimento se espalhou pela área como tentáculos gelados.
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O que Kamijou sentia não era medo ou raiva...
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...Mas sim confusão e mal-estar. Era uma solidão desesperadora, semelhante a ter sua carteira roubada em um país estrangeiro. Esses tentáculos gelados entraram em seu corpo e congelaram seu coração. Foi quando Kamijou percebeu algo.
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''Um mago.
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Isso se tornou um mundo diferente, onde coisas estranhas como magos existem.''
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Ele podia dizer isso à primeira vista.
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Ele ainda não acreditava em magos...
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Mas, ele podia dizer que esse sujeito era residente de um lugar que estava além do mundo em que ele vivia.
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"Hm? Hm... hm... hm. Ela pegou ela de jeito." O mago olhou em volta e balançou o cigarro no canto de sua boca enquanto falava. "Eu sabia que Kanzaki havia cortado ela, mas isto é... Eu achei que não havia nada para me preocupar, pois não havia nenhum rastro de sangue..."
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O mago observou os robôs de limpeza que estavam atrás de Kamijou Touma.
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Provavelmente, Index foi "cortada" em outro lugar e conseguiu chegar lá com vida antes de desmaiar. Ela certamente havia deixado um rastro de sangue, mas os robôs de limpeza apagaram qualquer rastro.
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"Mas... por quê?"
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"Hã? Você quer dizer por que ela voltou para cá? Quem sabe? Talvez ela tenha esquecido algo. Pensando bem, ela estava com seu capuz quando eu atirei nela ontem. Será que ela perdeu em algum lugar por aqui?"
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O mago usou a palavra "voltou".
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Em outras palavras, ele estava seguindo as ações de Index o dia inteiro, E ele sabia que ela havia perdido o capuz de sua Igreja Ambulante.
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Index havia falado algo sobre os magos estarem procurando o poder mágico na sua Igreja Ambulante.
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Isso significa que os magos estavam seguindo Index detectando o poder sobrenatural na sua Igreja Ambulante. Eles iriam saber que a Igreja Ambulante foi destruída quando o "sinal" cortasse. Index havia mencionado isso também.
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Index sabia que ficaria vulnerável.
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Ela sabia, mas pareceu ter contado com os poderes defensivos da Igreja Ambulante.
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Mas por que ela voltou? Por que ela precisiva recuperar uma parte da Igreja Ambulante, que foi destruída e era inútil? A mão direita de Kamijou havia inutilizado inteiramente a Igreja Ambulante, não havia sentido em recuperar o capuz.
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''"...Então, você vai me seguir até as profundezas do inferno?"''
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De repente, ele entendeu.
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Ele nunca tocou no capuz da Igreja Ambulante que estava em seu quarto. Em outras palavras, o capuz ainda possuía poder mágico. Ela deve ter pensado que os magos poderiam rastreá-lo até o quarto de Kamijou.
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E então, Index encarou o perigo e decidiu "voltar".
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"...Sua idiota."
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Não havia necessidade de fazer isso. Foi a falta de jeito de Kamijou que havia destruído sua Igreja Ambulante, foi ele que percebeu que ela havia esquecido seu capuz no seu quarto e deixou por assim mesmo. E mais importante, Index não tinha o dever, obrigação, ou direito para proteger Kamijou.
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Mesmo assim, ela voltou.
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Kamijou Touma era um completo estranho que ela conheceu a muito pouco tempo.
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Mesmo assim, ela arriscou sua vida para impedir que ele se envolvesse em uma luta entre magos.
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"Sua idiota!!"
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O estado imóvel de Index o irritou por alguma razão.
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Antes, Index havia dito que a causa do azar de Kamijou era sua mão direita.
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Aparentemente, sua mão direita estava subconscientemente negando os poderes sobrenaturais como a proteção divina de Deus e a linha vermelha do destino.
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Se Kamijou não houvesse tocado e destruído sua Igreja Ambulante, não haveria motivo para ela retornar.
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Não. Essas desculpas não importam, ele considerou.
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Sua mão direita e a destruição da Igreja Ambulante não eram a razão para ela sentir que deveria voltar.
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Se Kamijou não tivesse desejado por uma conexão... Se ele tivesse devolvido o capuz dela naquela hora.
   
 
===Parte 7===
 
===Parte 7===

Revision as of 22:46, 4 April 2013

Capítulo 1: O Mago Chega à Torre — Garota (Ocasionalmente) Justa

Parte 1

“Você, aquariano, nascido entre 20 de Janeiro e 18 de Fevereiro, tem muita sorte no amor, no trabalho e ganhará muito dinheiro! Não importa o quão improvável as coisas fiquem, apenas boas coisas irão acontecer, então que tal jogar na loteria?! Mas mesmo sendo tão popular, não tente sair com três ou quatro garotas ao mesmo tempo♪.”

“Eu sabia que seria algo assim, mas...”

Kamijou Touma estava sem palavras em seu dormitório na Academy City que estava infernal por causa do ar-condicionado que estava quebrado. Aparentemente, um relâmpago durante a noite danificou 80% dos aparelhos eletrodomésticos. Significa que tudo que estava dentro de sua geladeira foi dizimado. Quando ele tentou comer o yakisoba instantâneo que guardou para uma emergência, ele derramou o macarrão na pia. Sem outras opções, ele decidiu comer fora, mas pisou em cima e quebrou seu cartão bancário enquanto procurava por sua carteira. Quando voltou rastejando para sua cama para chorar até voltar a dormir, ele foi acordado por um telefonema de sua professora, “Kamijou-chan, você é um idiota, então precisa de aulas suplementares♪ “

Ele pensava que os horóscopos passados na TV eram como as previsões do tempo – apenas previsões – mas ele não conseguia aguentar quando era tão diferente da realidade assim.

“Eu entendo. Mas não consigo engolir isso sem falar comigo mesmo.”

O horóscopo estava completamente errado e Kamijou nunca teve uma boa sorte. Era assim o cotidiano de Kamijou Touma. Ele acreditava que seu azar extraordinário era algo de família, mas seu pai já ganhou 100,000 ienes na loteria e sua mãe vivia ganhando bebidas extras de graça nas máquinas de venda automática. Às vezes, ele se perguntava se ele era adotado .

Para resumir: até agora, Kamijou Touma teve uma vida tão azarada ao ponto ser considerado uma piada.

Mas ele não tinha intenção de desistir devido ao seu azar.

Kamijou não contava com a sorte. Em outras palavras, ele precisava ter muita determinação.

“...Vejamos. Os problemas imediatos são o meu cartão e a minha geladeira.”

Kamijou coçou sua cabeça e olhou em volta de seu quarto. Desde que estivesse com a sua caderneta bancária, ele poderia facilmente conseguir um novo cartão. O real problema era a geladeira... ou melhor, o café da manhã. Eles chamavam de aulas suplementares, mas ele tinha certeza que seria forçado a tomar pílulas de Methuselin e pó de Elbrase para o desenvolvimento de poderes. Fazer isso com o estômago vazio não era uma boa ideia.

Trocando de roupa e colocando seu uniforme de verão, Kamijou considerou parar em uma loja de conveniências no caminho para a escola. Fazendo jus a sua posição de estudante idiota, Kamijou ficou acordado a noite anterior inteira, portanto, uma dor triturante passava pela sua mente privada de sono. Ainda assim, ele tentava pensar positivamente.

Bom, eu acho que saio ganhando se uma única semana compensar tudo o que eu perdi em quatro meses de aulas, Kamijou pensou.

Ele recuperou seu humor e murmurou, “O clima hoje está bom. Talvez eu deva arejar o meu futon.”

Kamijou então abriu a porta de tela para a varanda, onde ele esperava que o futon estivesse agradável e macio quando ele voltasse de suas aulas suplementares.

Mas na varanda no sétimo andar, a parede do prédio vizinho estava a menos de dois metros de distância.

“O céu está tão azul, mas meu futuro está um breu♪ “

Seu ânimo decaiu bruscamente. Forçar o otimismo só teve o efeito oposto. Não ter ninguém em volta para agir como homem de verdade apenas o atormentava com um sentimento de solidão.

Ele usou suas duas mãos para agarrar o futon na cama. Tudo falhou, eu tenho pelo menos deixar isso agradável e macio, ele pensou.

Enquanto pensava, ele sentiu algo ser esmagado pelo seu pé, era o pão com yakisoba que ainda estava embalado. Estava antes no seu refrigerador, então deve estar estragado.

“...Eu espero que não comece a chover esta noite.” Expressando uma má premonição que teve, Kamijou adentrou a varanda.

Ele encontrou um futon branco pendurado ali.

“?”

Embora seja um dormitório escolar, o formato era o mesmo de um apartamento de apenas um quarto, então Kamijou morava sozinho. Portanto, ninguém além de Kamijou Touma teria como deixar um futon pendurado na grade de sua varanda.

Quando olhou mais de perto, ele percebeu que não era um futon, mas sim uma garota vestindo roupas brancas.

“Hã?!”

O futon verdadeiro caiu de suas mãos.

Era um mistério. Na verdade, não tinha sentido algum. A garota estava com sua cintura pressionada contra o parapeito da sacada e seu corpo estava dobrado de tal forma que seus braços e pernas estavam balançando para baixo.

Ela tinha 14 ou 15 anos de idade. Ela parecia um ou dois anos mais nova que Kamijou. Ela deve ser estrangeira pois sua pele era branca, assim como seu cabelo... Não, o cabelo dela era prateado. Ele era bem longo, então cobria completamente sua face. Kamijou pensou que o cabelo dela deve cair à altura da cintura.

As roupas dela...

“É uma freira!”

“Hábito” era o nome do traje que ela usava? Eram as roupas que você uma freira usaria em uma igreja. Parecia um vestido longo que chegava aos tornozelos com um capuz que cobria sua cabeça. Mas os hábitos de freiras normais eram pretos, o dela era branco. Talvez feito de seda? Além disso, bordados feitos com linha dourada complementavam o hábito, tornando-o ainda mais único.

As pontas dos dedos da garota se movimentaram. Sua cabeça lentamente levantou. O cabelo prateado da freira suavemente dividiu-se como uma cortina e a sua face finalmente surgiu.

O rosto da garota era bonito. Sua pele branca e olhos verdes eram uma nova experiência para alguém que nunca saiu do Japão como Kamijou. Ela, de uma certa forma, parecia uma boneca para ele.

Mas ela era uma estrangeira e o professor de inglês de Kamijou Touma sugeriu que ele evitasse ao máximo pessoas estrangeiras. Se alguém de algum país estranho começasse a falar com ele, ele provavelmente iria acabar com a carteira vazia de alguma forma sem nem mesmo perceber.

“Eu...”

Os lábios secos da garota se moveram lentamente.

Kamijou deu um ou dois passos para trás. Ele acabou pisando no pão com yakisoba mais uma vez.

“Tô com fome.”

“...”

Por um instante, Kamijou achou que estava tão perplexo que sua mente automaticamente substituiu a linguagem estrangeira que ele ouviu com japonês.

“Tô com fome.”

“...”

“Tô com fome.”

“...”

“Quantas vezes mais eu vou ter que dizer que tô com fome?”

A garota de cabelo prateado pareceu ter ficado um pouco irritada com a (falta) de atitude de Kamijou, que estava ali, congelado.

Não. Não estou ouvindo coisas. Ela está falando japonês mesmo, ele pensou.

“Ah, hm...” ele disse enquanto olhava para a garota pendurada. “O quê? Você está dizendo que desmaiou de exaustão ou algo assim?”

“Você poderia dizer que eu desmaiei e estou prestes a morrer.”

“...”

A garota sabia falar japonês fluentemente.

“Seria ótimo se você pudesse me alimentar.”

Kamijou olhou para o pão com yakisoba esmagado e obviamente estragado em seu pé. Ele não tinha ideia do que estava acontecendo, mas sabia que era melhor não se envolver. Esperando felizmente mandar a garota para um lugar distante, ele levou o pão esmagado à boca dela. Ele tinha certeza que ela iria fugir no momento em que desse uma leve cheirada naquele odor desagradável. No entanto...

“Obrigada. Hora de comer.”

A boca dela tragou o pão junto com a embalagem... e o braço de Kamijou.

Mais uma vez, o dia de Kamijou começou com um grito e um gosto de azar.


Parte 2

"Eu acho que deveria começar me apresentando."

"Eu preferia que você começasse me dizendo por que você estava pendurada ali."

"Meu nome é Index."

"Esse claramente é um nome falso! Como assim Index? Você é o índice de um livro ou algo assim?!"

"Como você pode ver, eu sou da igreja. Isso é importante. Ah, mas eu não sou do Vaticano. Eu sou da Igreja Anglicana."

"Eu não sei o que isso significa e você vai ignorar minhas perguntas?!"

"Index não é o suficiente? Bom, meu nome mágico é Dedicatus545."

Index v01 031.jpg

"Olá? Olá? Com que tipo de alienígena eu estou falando?"

Kamijou não entendeu, então colocou seu dedo dentro de sua orelha, e Index mordeu a unha de seu polegar. Talvez seja um hábito dela.

Kamijou se perguntou por que eles estavam educadamente sentados de frente um para o outro.

Se ele não saísse logo, ele iria se atrasar para suas aulas suplementares, mas ele não poderia deixar essa estrangeira em seu quarto. Para piorar as coisas, a misteriosa garota de cabelo prateado que chamava a si mesma de Index parecia ter gostado do quarto de Kamijou.

Talvez o azar de Kamijou tenha a atraído? Ele tinha esperanças de que esse não era o caso.

"Seria ótimo se você pudesse me dar mais comida."

"Por que eu faria isso?! Eu não quero aumentar seu medidor de amor. Eu preferiria morrer do que ativar um sinalizador estranho e acabar com você no meu pé!"

"Hm... isso é alguma gíria? Desculpa, mas eu não tenho ideia do que você está falando."

Ela é uma estrangeira, não deve conhecer a cultura otaku.

"Mas se eu sair agora, irei desmaiar depois de dar três passos além da porta."

"Não me venha com essa de desmaiar."

"Eu irei reunir minhas últimas forças para deixar uma mensagem antes de morrer: uma foto sua."

"O quê?"

"E, se por acaso, alguém me salvar, eu direi que eu estava encarcerada nesse quarto e que fui torturada ao ponto de desmaiar. Direi a todos que você me usou de cobaia para o seu fetiche de cosplay."

"Não ouse dizer isso! Então você sabe uma coisa ou outra sobre a cultura otaku, não é?!"

"?"

Ela inclinou sua cabeça para o lado como um gato se olhando no espelho pela primeira vez.

Ele lamentou ter deixado ela irritá-lo, sentindo-se horrivelmente enganado.

Tá, vamos lá! Pensou Kamijou.

Ele caminhou até a cozinha. Só havia comida estragada na geladeira, não custava nada alimentá-la com aquilo. O garoto percebeu que estaria tudo bem desde que a comida fosse esquentada. Ele colocou tudo na frigideira para tentar fazer algo similar a vegetais fritos.

De onde essa garota veio? Ele se perguntou.

Naturalmente, haviam pessoas de outros países na Academy City. Mas ela simplesmente não parecia ser uma habitante da cidade. Além do mais, era complicado para pessoas de fora entrarem na cidade.

A Academy City era tratada como "uma cidade constituída de centenas de escolas", mas o correto seria "um internato do tamanho de uma cidade." Era grande o suficiente para cobrir um terço de Tóquio, mas estava cercada por algo similar à Grande Muralha da China.

Não era estrita como uma prisão, mas não era um lugar onde qualquer um poderia entrar.

...Pelo menos era assim que deveria ser. Na verdade, três satélites experimentais lançados por uma escola técnica estavam constantemente monitorando a escola. Cada indivíduo que entrava ou saía da cidade era completamente escaneado e se alguma pessoa suspeita que não estivesse no banco de dados fosse detectada, a Anti-Skill e a Judgment iriam intervir imediatamente.

O relâmpago de ontem deve ter atrapalhado a detecção dos satélites, ele considerou.

"Por que você estava pendurada para secar na minha varanda?" Kamijou perguntou enquanto colocava molho de soja nos vegetais fritos.

"Eu não estava pendurada para secar."

"Então o que você estava fazendo? Você estava voando e aterrissou lá?"

"Algo assim."

Kamijou achou que era uma piada, parou de movimentar a frigideira e voltou a olhar para garota.

"Eu caí. Eu estava tentando saltar de um prédio para outro."

Prédio?

Kamijou olhou para o teto. Os dormitórios estudantis possuíam a mesma quantidade de andares e observando a varanda, poderia-se perceber que havia um espaço de dois metros entre os prédios. Era verdade que um pulo com impulso poderia bater essa distância. Mas...

"Mas são oito andares! Um passo em falso e você iria direto para o inferno."

"Sim, você nem ganha uma sepultura se cometer suicídio", disse Index. "Mas eu não tinha escolha. Era o único jeito de escapar."

"Escapar?"

"Sim." Disse Index como uma criança. "Eu estava sendo perseguida."

"..."

A mão de Kamijou que estava movimentando a frigideira parou mais uma vez.

"Eu pulei corretamente, mas fui baleada em pleno ar." A garota que chamava a si mesma de Index sorriu. "Peço perdão. Parece que eu caí na sua varanda."

Ela sorriu inocentemente para Kamijou Touma sem sinais de sarcasmo ou autodepreciação.

"Você foi baleada...?"

"Sim? Ah, mas você não precisa se preocupar, não estou ferida. Essas roupas também funcionam como barreira defensiva."

Barreira defensiva? Era à prova de balas?

A garota se virou para mostrar que não havia ferimentos ou marcas nas roupas. Kamijou se perguntou se ela realmente havia sido baleada.

O conceito de que ela estava delirando ou inventando tudo parecia mais realista.

Mas...

Havia o fato de que ela estava realmente estava pendurada na sua sacada no sétimo andar.

Se, hipoteticamente, tudo o que ela falou era verdade...

Quem atirou nela?

Kamijou deliberou.

Ele pensou sobre o quanto de determinação uma pessoa precisaria ter para pular de um prédio de oito andares para outro. Ele também considerou a sorte dela ter caído na varanda dele no sétimo andar e o fato dela ter desmaiado.

Ela disse que estava sendo perseguida.

Ele finalmente pensou no sorriso de Index ao dizer estas palavras.

Ele não sabia em que situação Index estava e não entendeu as poucas coisas que ela disse. Provavelmente ele iria apenas entender a metade se Index explicasse tudo a ele desde o começo e ainda não teria ideia de como começar a entender a outra metade.

Mesmo assim, uma verdade permaneceu.

Como um aperto no seu peito, ele finalmente aceitou a ideia de que ela caiu na sua varanda no sétimo andar quando um passo em falso poderia lançá-la direto ao asfalto.

"Comida."

Apesar de sua fluência na língua japonesa, ela não deve ter muita experiência com os pauzinhos pois estava segurando-os como se fosse uma colher enquanto excitadamente observava a frigideira.

Os olhos dela pareciam os de um gato que foi resgatado em um dia chuvoso.

"Ah..."

Kamijou colocou a (coisa anteriormente conhecida como) comida na frigideira para fazer algo parecido com vegetais fritos (envenenados). Por alguma razão, o anjo em Kamijou, que normalmente estava acompanhado do demônio Kamijou, estava se contorcendo terrivelmente ao ver a garota faminta.

"J-Já sei! Se você está mesmo com fome, que tal irmos a um restaurante ao invés de te dar essa comida horrível feita com sobras por um homem?! Nós podemos até pedir por telefone!"

"Não posso esperar tanto."

"Ah..."

"E não é horrível. Você fez essa comida para mim sem cobrar nada. Deve estar bom." Pela primeira vez, ela sorriu como uma freira.

Enquanto a dor agredia Kamijou como se seu estômago estivesse sendo torcido como uma peça de roupa molhada, Index colocou o conteúdo da frigideira na sua boca.

Mastigando.

"Viu? Está bom."

"Está?"

Mastigando.

"Foi legal você ter colocado um toque amargo para me ajudar a ganhar forças."

"Gah! Tá amargo?!"

Mastigando.

"Sim, mas não tem problema. Obrigada. Você é como um irmão maior ou algo assim."

Ela soltou um grande sorriso enquanto comia com um coração tão puro. Um broto de feijão estava preso em sua bochecha.

"...Gh... Uwaaa!"

Com uma velocidade assustadora, Kamijou pegou a frigideira enquanto Index parecia muito descontente. No entanto, Kamijou jurou em seu coração que ele seria o único a ir para o inferno.

"Você está com fome também?"

"Hã?"

"Se não estiver, eu gostaria de comer o resto."

Enquanto ele observava Index olhando para ele com um olhar desgostoso,

Kamijou recebeu uma revelação divina.

Deus disse a ele para se responsabilizar e comer o resto sozinho.

Isso não tinha nada a ver com azar, ele completamente decidiu isso por si mesmo.


Parte 3

Kamijou Touma encheu sua boca com lixo frito e sorriu.

"Mhh," resmungou a garota que chamava a si mesma de Index com um olhar de reclamação enquanto mordia um biscoito. A maneira que ela segurava o biscoito em ambas as mãos a fez parecer um esquilo.

"Tudo bem, você disse que estava sendo perseguida. Perseguida por quem?"

Após retornar de seu Nirvana, Kamijou perguntou mais uma vez sobre sua maior dúvida na história dela.

Ele não estava disposto a seguir uma garota que ele conheceu a menos de 30 minutos até as profundezas do inferno. Mas provavelmente já era tarde demais para deixar isso passar.

No fim, eu vou ter seguir as palavras da raposa, pensou Kamijou, usando um termo pessoal para manter sua bondade fingida.

Ele sabia que não iria resolver nada, mas ainda gostaria de confortar a si mesmo com com a sensação de que ele tinha feito algo para ajudar.

"Hmm..." ela disse com a garganta seca. "Quem eles eram mesmo? Talvez os Rosacrucianos ou um grupo da Stella Matutina. Eu acho que era um desses grupos, mas eu não sei o nome deles ainda. Eles não são do tipo que acham significados em nomes."

"Eles...?" Kamijou perguntou timidamente.

Aparentemente, ela estava sendo perseguida por um grupo ou organização.

"Sim," disse Index calmamente. "Uma sociedade de feiticeiros."

...

...

...

"Hã? Feiticeiros? Hã? O quê?! Isso é loucura!"

"Hã? Eu falei algo errado? Eu quis dizer magia. Uma associação mágica."

...

"O quê? Você quer dizer alguma seita? Tipo, uma seita que diz que quem não acreditar no líder irá receber uma punição divina e aí eles te dão LSD para fazer uma lavagem cerebral? Isso é bem ruim."

"...Tá brincando comigo?"

"...Foi mal, eu simplesmente não consigo aceitar essa coisa de magia. Eu posso conhecer todos os tipos de poderes psíquicos como pirocinese e clarividência, mas eu não consigo aceitar magia."

"...?"

Index parecia estar confusa.

Ela provavelmente sabia que alguém do lado da ciência não acreditaria em algo estranho desse jeito.

Entretando, a mão direita de Kamijou possuía um poder sobrenatural.

Era chamado de Imagine Breaker e poderia negar até poderes divinos vistos em mitos em um instante desde que fosse um poder sobrenatural.

"Poderes psíquicos são bem comuns por aqui. Qualquer um pode desenvolver poderes recebendo uma injeção de 'esperina' nas veias, colocando eletrodos no pescoço e ouvindo alguns sons por fones de ouvido. Tudo pode ser explicado cientificamente, então é natural aceitar isso, certo?"

"...Eu realmente não entendo."

"É normal! Completamente normal! Inteiramente normal! Três vezes não é o suficiente?!"

"...A magia também é normal."

Index emburrou como se alguém houvesse insultado seu gato de estimação.

"Hmm... Tá, vamos pegar pedra, papel e tesoura como exemplo. Espera, você conhece esse jogo?"

"...Eu acho que é da cultura japonesa, mas eu conheço sim."

"Beleza. Se você jogasse pedra, papel e tesoura dez vezes e perdesse todas, haveria algo influenciando a sua derrota no jogo?"

"...Hm."

"Não haveria, certo? Mas é da natureza humana achar que há algo por trás." disse Kamijou com pouco interesse. "Você pensaria que não haveria como perder dessa maneira. Você provavelmente iria achar que há uma regra invisível ou algo do tipo. E uma vez que você pensa assim, o que acontece quando você começa a fatorar coisas como o horóscopo?"

"...Tipo, 'vocês cancerianos são azarados, então não devem entrar em nenhuma competição'?"

"Exato. Essa é a verdadeira identidade do oculto. Sorte é apenas o nosso sonho por estas regras invisíveis. Enquanto a realidade é uma patética e pura coincidência, nossos corações confundem essa coincidência com uma grande inevitabilidade. Isso é o ocultismo."

Index franziu a testa, mas então disse, "Então você não simplesmente negou tudo isso sem pensar."

"Sim. E é por eu ter pensado seriamente sobre o assunto que eu posso ver por que essas histórias velhas não prestam. Eu não consigo acreditar em magos de um livro infantil. Se nós pudéssemos ressucitar os mortos gastando um pouco de MP, ninguém estaria desenvolvendo outros poderes. Eu simplesmente não consigo acreditar no sobrenatural que não possui conexão com a ciência."

Ele achava que as pessoas achavam poderes psíquicos estranhos e misteriosos porque eram ignorantes. O fato de que estes poderes poderiam ser explicados cientificamente era comum naquela cidade.

"...Mas magia existe."

Muito provavelmente a magia era como um pilar sustentando o coração dela, parecido com o Imagine Breaker de Kamijou.

"Tá, tanto faz. Então, por que eles estavam te perseguindo?"

"Magia existe."

"..."

"Magia existe!"

Parecia que ela queria forçá-lo a acreditar nisso.

"Então o que é 'magia'? Você consegue atirar fogo de suas mãos sem ter passado pelo nosso Curriculum? Se sim, eu gostaria de ver. Talvez eu acredite em você."

"Eu não tenho poderes mágicos, então não posso fazer isso."

"..."

Kamijou se sentiu como se ele tivesse encontrado um esper que afirmou que não conseguiu dobrar uma colher porque a câmera de segurança do local havia o distraído.

Mas um sentimento complexo preenchia o coração de Kamijou.

Ele insistia que o oculto não existia e que magia era algo ridículo, mas ele não sabia absolutamente nada sobre o Imagine Breaker que residia na sua mão direita. Como o poder funcionava, e o que estava acontecendo que ele não podia ver? A Academy City estava no topo do mundo no desenvolvimento de poderes, mas até seu System Scan falhou em analisar o poder de Kamijou. Consequentemente, ele foi classificado como Level 0.

Além disso, esse poder não apareceu como resultado de uma intervenção científica. Ele possui este poder desde seu nascimento.

Ele insistia que o oculto não existia e mesmo assim, ele era uma parte do sobrenatural que ignorava as regras.

Ele recusava a ridícula ideia de que magia poderia existir simplesmente porque haviam coisas estranhas no mundo.

"...Magia existe."

Kamijou suspirou.

"Tá certo. Em prol do seu argumento, vamos supor que magia exista."

"Em prol do argumento?"

"Se existe mesmo," continuou Kamijou, ignorando-a. "Por que eles estão atrás de você? Tem algo a ver com a maneira que você está vestida?"

Kamijou estava se referindo ao hábito extravagante que ela estava vestindo, feito de seda pura e com bordados dourados. Em outras palavras, "É algo relacionado a igreja?"

"...É porque eu sou a Index."

"Hein?"

"Eles devem estar atrás dos 103,000 grimórios que eu possuo."

...

...

...

"...Eu não entendi."

"Por que você parece perder a motivação sempre que eu explico algo?"

"Hm, vamos continuar. Eu não sei o que grimórios são, mas eu imagino que sejam livros, como dicionários."

"Sim. O Livro de Eibon, A Chave Menor de Salomão, Unaussprechlichen Kulten, Cultes des Goules, e o Livro dos Mortos são bons exemplos. O Necronomicon é tão famoso que possui várias falsificações, então não é muito confiável."

"Não, na verdade eu não me importo com os conteúdos."

Ele queria complementar dizendo, "porque tudo é um monte de besteiras mesmo", mas segurou sua língua.

Ele então perguntou, "Onde estão esses 100,000 livros?"

Ele não quis voltar atrás naquele ponto, cem mil livros eram o suficiente para encher uma biblioteca.

"Você quer dizer que você tem a chave para onde eles estão armazenados?"

"Não." Index balançou sua cabeça. "Todos os 103,000 grimórios estão comigo."

"Como é? Você não vai me dizer que esses livros não podem ser vistos por idiotas, não é?"

"Você não poderia os ver mesmo se não fosse um idiota. Não teria sentido se qualquer pessoa pudesse vê-los."

As palavras de Index eram tão irreais que Kamijou pensou que ele estava sendo ridicularizado. Ele olhou em volta, mas não viu nenhum livro velho que pudesse ser um grimório. Haviam apenas revistas de jogos, mangás, e o seu dever de casa que ele havia jogado em um canto.

"...Ahhh."

Ele tentou de verdade escutá-la, mas Kamijou já estava no seu limite.

Ele começou a se perguntar se ela estava imaginando tudo. Se ela pulou de um prédio de oito andares, escorregou, e caiu na varanda dele por causa de um delírio, ela não era alguém com quem Kamijou gostaria de se envolver.

"Acreditar em poderes psíquicos mas não acreditar em magia não faz sentido." Index disse com um beicinho. "Esses poderes científicos são tão bons assim? Não é certo zombar das pessoas só porque você possui um poder especial."

...

"Bom, sim." Kamijou deu um pequeno suspiro. "Eu concordo. Não é certo. É errado pensar que você está acima dos outros só porque consegue fazer uns truques."

Kamijou olhou para sua mão direita.

Raios ou fogo não iriam sair dela. Não iria disparar nenhum raio de luz ou causar uma explosão, e nenhuma marca estranha iria aparecer no seu pulso.

Entretando, sua mão direita poderia negar qualquer tipo de poder sobrenatural, desprezando sua origem ou tipo.

"Bem, para as pessoas que vivem nessa cidade, os poderes que elas têm são parte de suas personalidades, então você deveria ser um pouco mais tolerante em relação a algumas delas. Na verdade, eu sou um esper, também."

"É mesmo, idiota? Hmph. Você pode dobrar uma colher com sua mão ao invés de deixarem bagunçar o seu cérebro para esse fim."

"..."

"Hmph, hmph. O que há de tão ótimo sobre um cara que pôs de lado seu tom natural para colorir-se artificialmente? Hmph."

...

"...Você se importa se eu calar sua boca junto com essa sua arrogância ridícula?

"D-De qualquer modo, você disse que é um esper, mas o que você pode fazer?"

"Hmm, bem..."

Kamijou não tinha certeza do que dizer.

Era incomum Kamijou explicar sobre sua mão direita para os outros. Além do mais, por ser relacionado a poderes sobrenaturais, não poderia ser explicado se o outro lado não conhecesse o sobrenatural ou o psíquico.

"É essa minha mão direita. E no meu caso, não foi doping. Eu tenho esse poder desde que nasci."

"Entendo..."

"Se eu tocar com a minha mão direita, qualquer tipo de poder sobrenatural será negado. Desde bolas de fogo, Railguns, ou até mesmo poderes divinos."

"Ahn?"

"Por que sua expressão parece a de uma pessoa que viu uma pedra milagrosa em uma revista?"

"Mas... você nem sabe o nome de Deus, ainda sim afirma que pode negar os milagres Dele." Index colocou o dedo em seu ouvido enquanto ria com desdém.

"Kh... I-Isso é idiotice. Eu odeio ser zoado por uma garota mágica falsa que diz que magia existe mas não consegue provar."

Os murmúrios da alma de Kamijou chatearam Index.

"E-Eu não sou falsa! Magia existe!"

"Então me mostre algo, Halloween girl! Você não vai acreditar no meu Imagine Breaker até eu destruir algo com a minha mão direita mesmo. Vamos lá!"

"Tudo bem, eu irei!" Index jogou suas mãos para o alto em sinal de aborrecimento. "Aqui! Estas roupas! É uma barreira defensiva de alta qualidade chamada Igreja Ambulante!"

Index abriu seus braços para mostrar o hábito.

"Igreja Ambulante? O quê? Isso não faz sentido! Não é legal ficar usando esses termos incompreensíveis como 'Index' e 'barreira defensiva, sabe?! Explicar algo significa tornar esse 'algo' entendível para uma pessoa de uma forma simples. Você não entende isso?!"

"O quê?! Como ousa dizer isso se você nem faz questão de tentar entender o que eu falo?!" Index balançou seus braços demonstrando raiva. "Certo, ver para crer, não é? Pegue uma faca na cozinha e me acerte no estômago!"

"Te acertar?! Isso não vai acabar numa história no noticiário dizendo 'tudo começou com uma discussão banal' ou algo assim?"

"Ah, você não acredita em mim." Os ombros de Index subiram e desceram enquanto ela respirava fundo. "Essa roupa possui os requerimentos mínimos para criar uma igreja, ou seja, é uma igreja em forma de roupa. A forma como a roupa é tecida, a forma como os fios são costurados, a forma como os bordados a decoram... É tudo calculado. Uma faca não irá conseguir causar um arranhão."

"Tá certo. Que idiota iria concordar em te esfaquear? Essa pessoa teria que ser um delinquente juvenil sem precedentes."

"Dá pra parar de tirar sarro de mim? Essa é uma cópia exata do Sudário de Turim, um tipo de tecido usado pelo santo que foi apunhalado pela Lança de Longino. É algo parecido com um abrigo nuclear. Ela reflete ou absorve qualquer ataque, seja ele físico ou mágico. Eu te disse que fui baleada, certo? Bem, haveria um buraco gigante em mim se não fosse a Igreja Ambulante. Entende agora?"

Cala a boca, idiota, Kamijou pensou furiosamente.

Os valores que mediam a apreciação de Kamijou por Index caíram rapidamente enquanto ele observava as roupas dela com menosprezo.

"...Hmm. Então ele seria dizimado se eu tocasse com a minha mão direita?"

"Sim, mas apenas se esse seu poder for real. Hahaha!"

"Perfeito!!" gritou Kamijou segurando o ombro de Index.

Como se ele tivesse segurado uma nuvem, ele sentiu o impacto ser estranhamente absorvido por uma esponja macia.

"Espera... hã?"

Kamijou esfriou sua cabeça e pensou.

E se tudo o que Index disse fosse verdade, mesmo sendo altamente improvável, e essa Igreja Ambulante foi mesmo costurada com poder sobrenatural?

Negar esse poder sobrenatural iria rasgar as roupas dela?

"Haaaaaaaaaa?!"

Kamijou gritou por causa de sua repentina premonição de que ele pudesse estar finalmente subindo alguns degraus em direção a fase adulta. Mas...

...

...

...?

"Eh? ...Hã?"

Index v01 051.jpg

Não aconteceu nada.

Droga, não me faça preocupar por nada, ele pensou aliviado.

Kamijou não conseguiu aguentar.

"Viu? Onde está esse tal de Imagine Breaker? Nada aconteceu. Ha! Ha!"

Index colocou suas mãos na cintura e inchou seu peito de satisfação.

Mas logo após, as roupas dela caíram como um laço de um embrulho de presente.

O hábito dela rasgou completamente, se tornando simples pedaços de pano.

O capuz permaneceu intacto, ele deve ser um item isolado. Ficar apenas com a cabeça coberta fez tudo parecer ainda mais doloroso.

A garota congelou ainda com suas mãos na cintura e seu peito inchado com satisfação.

Para resumir, ela estava completamente nua.


Parte 4

Aparentemente, a garota que chamava a si mesma de Index tinha o hábito de morder as pessoas quando estava irritada.

"Ai... Você me mordeu todo. Você é um mosquito?"

"..."

Ele não recebeu nenhuma resposta.

Index estava nua e enrolada em um cobertor. Ela sentou com suas pernas dobradas para trás enquanto tentava, inutilmente, retornar suas roupas à sua forma original unindo as peças do hábito com alfinetes.

"...Hm, princesa? Talvez eu esteja sendo um pouco presunçoso, mas eu tenho uma camisa de botões e uma calça que você pode vestir."

"..."

Ela olhou para ele com olhos de cobra.

"...Hm, princesa?"

"O quê?" Ela respondeu quando ele a chamou mais uma vez.

"Eu não tive culpa por isso ter acontecido."

A resposta que ele recebeu foi um despertador voando na sua direção.

"Ah!" Kamijou gritou logo antes de um travesseiro gigante também ser arremessado em sua direção.

Para deixar a situação ainda mais ridícula, um videogame portátil e um rádio pequeno também foram jogados.

"Como você consegue falar normalmente comigo após aquilo ter acontecido?!"

"Ah, não! Foi um evento que mudou a vida deste velho, também. Mas você, por outro lado, é jovem!"

"Você está brincando comigo... Uhhhh!!"

"Beleza... Desculpa, desculpa! Não morda o vídeo que eu aluguei, sua idiota!"

Kamijou Touma curvou-se com ambas as mãos para a frente como se fosse uma parte de alguma brincadeira.

No fundo, Kamijou sentiu um aperto que esmagava seu coração após ter visto uma garota nua pela primeira vez.

Entretanto, Kamijou Touma não demonstrava isso.

...Era o que ele pensava, mas ele se surpreenderia se visse sua expressão no espelho.

"Acabei."

Enquanto triunfantemente soprou o ar pelo seu nariz, Index exibiu o hábito de freira que ganhou sua forma original após aquele trabalho de "faça você mesmo" infernal.

Dezenas de alfinetes brilhavam no hábito de freira.

"..." Suor.

"Ahn, você vai vestir isso?"

"..." Silêncio.

"Você vai vestir essa coisa estranha?"

"..." Lágrimas.

"No Japão, nós chamamos isso de 'cama de agulhas'."

"...Uuuuhhhhh!!"

"Tá, eu entendi!" Kamijou se desculpou enquanto curvou-se para frente com força.

Enquanto isso, Index olhava para ele como uma criança que sofreu Bullying e estava prestes a morder o cabo de alimentação da televisão. Seria ela um gato desobediente?

"É claro que eu vou vestir! Eu sou uma freira!!"

Enquanto Kamijou estava incerto se isso fazia sentido, Index começou a se vestir dentro do cobertor. A cabeça dela era a única coisa visível e seu rosto estava vermelho como uma bomba.

"Ah, isso me lembra de quando nós tínhamos que nos trocar na escola para as aulas de natação."

"...Por que você está me olhando? Pelo menos vire-se para o outro lado."

"Isso importa? Comparado ao que aconteceu antes, ver você se trocando não é tão provocante."

"... ... ..."

Index parou de se mover, mas Kamijou não pareceu ter notado. Ela começou então a se mover dentro do cobertor novamente. Ela estava tão concentrada no que estava acontecendo lá dentro que não notou o chapéu parecido com um capuz cair de sua cabeça.

O quarto ficou com uma atmosfera desagradável, como o interior de um elevador em silêncio.

A mente de Kamijou estava distraída, mas o termo "aulas suplementares" surgiu.

"Ah! É mesmo! As aulas suplementares!" Kamijou olhou para o relógio em seu celular. "Hm... eu tenho que ir para a escola, o que você vai fazer? Se você ficar aqui, eu posso te dar a chave."

A opção de simplesmente chutá-la do quarto desapareceu da mente dele. Já que o hábito de Index, a Igreja Ambulante, reagiu ao Imagine Breaker, ela claramente possuía alguma conexão com o sobrenatural. Isso significa que nem tudo o que ela disse era mentira.

Era possível que ela havia caído da cobertura do prédio porque estava sendo perseguida por magos. Era possível que ela realmente teria que continuar com esse pega-pega mortal.

Era possível que feiticeiros de um livro infantil ou algo tão louco quanto isto estivessem realmente na cidade onde poderes científicos eram desenvolvidos.

E, mesmo se tudo isso se fosse falso, ele simplesmente não queria abandonar Index.

"...Tudo bem. Eu vou embora."

Contudo, Index levantou-se e fez um anúncio dramático. Ela então passou por Kamijou como se fosse um fantasma e não pareceu ter notado que o capuz dela havia caído. Mas, se ele tentasse pegá-lo, ele iria ser rasgado em pedacinhos.

"A-Ah..."

"Hm? Não, não é isso. Se eu ficar, eles virão atrás de mim. Você não quer que seu quarto seja destruído, não é?"

Essa resposta o deixou sem palavras.

No momento em que Index lentamente saiu pela porta, Kamijou foi atrás dela. Ele queria fazer algo, então verificou sua carteira e encontrou apenas 320 ienes. Ele correu atrás de Index para dar a ela o pouco que tinha, mas seu dedo menor do pé golpeou a moldura da porta na velocidade do som enquanto tentava sair.

"Bh... Ah! Ahhhh!!"

Kamijou segurou seu pé e deixou escapar um grito estranho. Index virou-se assustada. Conforme Kamijou se contorcia por causa da dor, seu celular caiu de seu bolso. Quando ele percebeu isso, a tela de LCD do celular atingiu o chão e ele ouviu o estalo de um golpe fatal.

"Uhhh! Que azar!"

"Eu diria que foi falta de jeito, não azar," disse Index com um pequeno sorriso. "Mas se esse Imagine Breaker é real, talvez seja inevitável."

"...O que você quer dizer?"

"Isso é relacionado ao mundo da magia, então eu duvido que você irá acreditar em mim," disse Index. "Mas se a proteção divina de Deus e o fio vermelho do destino existem, então essa sua mão direita não negaria tudo isso?" Index exibiu o hábito de freira cheio de alfinetes e adicionou, "O poder dessa Igreja Ambulante era uma benção de Deus, apesar de tudo."

"Espera. Sorte e azar são questões determinadas por probabilidades e estatísticas. O que você está falando é completament-...!"

Logo que disse isso, o dedo de Kamijou tocou a maçaneta e levou um choque pela eletricidade estática.

"O quê?!" ele gritou enquanto seu corpo contraiu reflexivamente.

A maneira estranha que seus músculos se moveram causou uma cãibra em sua panturrilha direita.

"...!!"

A agonia o deixou incapacitado por 600 segundos.

"...Irmã?"

"Sim?"

"...Explique."

"Não ha muito a explicar," disse Index como se isso fosse óbvio. "Se o que você disse sobre sua mão direita é real, então meramente possuí-la já é o suficiente para negar o poder da sorte continuamente."

"...Você quer dizer o que eu acho que você quer dizer?"

"Apenas por tocar o ar, sua mão direita continua te dando mais e mais azar♪."

"Aaaaaaaahhhh!! Q-Que azaaaaaar!!" Kamijou não acreditava no oculto, mas coisas que eram relacionadas ao seu azar eram diferentes. Em todo caso, nada que havia relação com o acaso acabava bem para Kamijou Touma. Chegava ao ponto de ele ter sentido que o universo inteiro conspirava contra ele.

Enquanto isso, uma freira branca pura olhava para ele com o sorriso da Virgem Maria. Nos olhos dela estava o que as pessoas chamam de "olhar convidativo".

"Talvez o seu azar tenha nascido encravado neste poder♪?" A freira sorridente trouxe lágrimas aos olhos de Kamijou e ele finalmente percebeu que essa conversa não o levaria a lugar algum.

"E-Espera! Você tem para onde ir? Eu não sei em que situação você está, mas você pode se esconder aqui se esses magos estão por perto."

"Se eu ficar aqui, os inimigos virão."

"Como você pode ter tanta certeza? Se você ficar no meu quarto e não chamar a atenção, acho que não terá nenhum problema."

"Isso não é verdade." Index apontou para suas roupas. "Essa Igreja Ambulante funciona usando poderes mágicos. A igreja parece chamar de 'poderes divinos', mas é a mesma energia. Simplificando, o inimigo parece estar procurando pelo poder mágico na Igreja Ambulante."

"Por que você usa essa coisa se ela pode ser rastreada?"

"Eu já te disse, é uma barreira defensiva de alto nível, lembra? Embora sua mão direita tenha a rasgado em pedaços."

"..."

"Embora sua mão direita tenha a rasgado em pedaços."

"..."

"Embora sua mão direita tenha a rasgado em pedaços!!"

"Eu já pedi desculpas, então não comece a chorar. Mas o Imagine Breaker destruiu essa Igreja Ambulante, certo? Não significa que ela não pode mais ser rastreada?"

"Mesmo se esse fosse o caso, eles iriam saber que a Igreja Ambulante foi destruída. Como eu disse antes, é uma barreira de alto nível. É como uma fortaleza. Se eu fosse o inimigo, eu iria aparecer quando essa fortaleza fosse destruída."

"Espera um segundo. É mais uma razão para eu não deixar você ir. Eu ainda não acredito no oculto, mas se alguém está atrás de você, eu não posso deixar você simplesmente ir." Index olhava para ele fixamente. Com aquele olhar, ela realmente parecia uma garota normal.

"...Então, você vai me seguir até as profundezas do inferno?"

Ela deu um sorriso desolador que deixou Kamijou sem palavras por um instante. Index usou palavras gentis para deixar implícito, "Não venha comigo."

"Não se preocupe. Eu não estou sozinha. Se eu escapar até a igreja, eles irão me acolher."

"...Hmm. Onde fica essa igreja?"

"Em Londres."

"É muito longe!"

"Hm? Ah, não se preocupe. Acho que há algumas filiais no Japão." Ela respondeu enquanto a extremidade de seu hábito flutuava.

"Uma igreja? Acho que há uma na cidade."

O termo "igreja" fazia lembrar um salão para casamento grande, mas os exemplos no Japão eram bem pobres. Primeiramente, a cultura japonesa tinha pouco a ver com o Cristianismo. Além disso, um país propenso a tantos terremotos carecia de construções históricas. As igrejas que Kamijou havia visto eram edifícios pré-fabricados com cruzes no topo.

"Ah, mas não pode ser qualquer igreja. Tem que ser a vertente britânica da qual eu pertenço."

"?"

"Hm, há vários tipos de Cristianismo." Disse Index com um sorriso. "Primeiro, há a distinção entre os Católicos antigos e os Protestantes. E embora eu esteja do lado dos Católicos, há várias versões deles, também. Por exemplo: a Igreja Católica Romana no Vaticano, a Igreja Ortodoxa Russa sediada na Russia, e a Igreja Anglicana com sua sede na Catedral de São Jorge, na Inglaterra."

"...O que acontece se você acidentalmente ir para a igreja errada?"

"Eles iriam me rejeitar." Disse Index ainda sorrindo. "A Igreja Ortodoxa Russa e a Igreja Anglicana existem principalmente dentro de seus próprios países. Igrejas Anglicanas são raras no Japão."

"..."

As coisas estavam sombrias.

Seria possível que Index havia tentado ir de igreja em igreja antes de desmaiar de fome? Como ela deve ter se sentido após ter sido rejeitada por cada igreja que visitou?

"Não se preocupe. Eu só preciso continuar até achar uma Igreja Britânica."

"..."

Por um instante, Kamijou pensou sobre o poder na sua mão direita.

"Ei! Se você estiver com problemas, pode aparecer por aqui se quiser."

Isso era tudo o que ele podia dizer.

Ele tinha o poder para matar até mesmo Deus e isso era tudo o que ele podia dizer.

"Claro. Eu virei se estiver com fome."

O sorriso dela era tão perfeito que Kamijou não podia dizer nada em resposta.

Em seguida, um robô de limpeza passou perto de Index.

"Hyah?!"

Aquele sorriso perfeito sumiu em um instante. Index pulou e tropeçou para trás. Com um som de baque, sua cabeça bateu na parede atrás dela.

"Uma coisa estranha apareceu de repente!"

Index estava com lágrimas nos olhos, mas esqueceu completamente de passar a mão na parte de trás de sua cabeça que foi atingida.

"Não é nada estranho. É apenas um robô de limpeza."

Kamijou suspirou.

Seu tamanho e forma eram similares aos de uma lata de lixo grande. Tinha pneus pequenos na parte inferior e um esfregão circular rotativo similar aos limpadores de rua. Também possuía câmeras para desviar de pessoas e outros obstáculos. Eles eram odiados por garotas que usavam minissaias.

"...Eu vejo. Eu ouvi falar que o Japão era uma nação líder em tecnologia, mas eu não sabia que vocês conseguiram criar Agathions mecanizados."

"Olá?" Kamijou pareceu estar um pouco assustado com a impressão errada que Index teve. "Essa é a Academy City. Essas coisas estão por toda a cidade."

"Academy City?"

"Sim. É uma cidade criada na região oeste de Tóquio, onde o desenvolvimento havia diminuído. Ela tem esse nome porque há centenas de escolas de ensino fundamental, médio e superior por aqui." Kamijou suspirou. "Oitenta por cento dos habitantes são estudantes, todos os edifícios de apartamentos que você vê são dormitórios estudantis."

Ele omitiu o fato de que poderes eram desenvolvidos juntamente com os estudos.

"É por isso que essa cidade é um pouco estranha. A cidade está cheia de experimentos de universidades, como a eliminação automática de resíduos de cozinha, as turbinas eólicas, e os robôs de limpeza como este. Graças a tudo isso, nosso nível de cultura tecnológica está 20 anos a frente de qualquer outro lugar."

"Hmm." Index cuidadosamente examinou o robô. "Então todas essas construções são parte da Academy City?"

"Sim. Eu acho que é melhor você sair da cidade se você está procurando por uma Igreja Anglicana. Todas as igrejas por aqui são provavelmente instituições de ensino de teologia ou psicologia analítica."

"Hm."

Index acenou e colocou a mão em sua cabeça.

"Ah! Meu capuz sumiu?!"

"Você finalmente notou? Ele caiu agora a pouco."

"Ahn?!"

Por "a pouco", Kamijou quis dizer quando ela estava se vestindo no cobertor, mas Index pareceu ter confundido com quando ela tropeçou para trás após ser surpreendida pelo robô de limpeza.

"Ah, eu sabia! Aquele Agathion elétrico!" Ainda enganada, ela correu atrás do robô de limpeza.

"...Ah, o que está acontecendo?"

Kamijou olhou para a porta de seu quarto onde o capuz de Index estava e então para o corredor. Index não podia mais ser vista. Não houve despedidas.

Com aquele olhar, eu tenho a sensação que ela sobreviverá mesmo se o mundo for destruído, ele pensou.

Ele não tinha provas disso, era apenas a sensação que ele tinha.

Parte 5

"Certo, eu fiz um folheto para vocês. Vocês devem seguí-lo nas aulas suplementares."

Mesmo após ter passado muito tempo naquela classe, Kamijou ainda não acreditava.

A professora da Classe 7 do primeiro ano, Tsukuyomi Komoe, era uma professora ridícula que era tão baixinha que apenas a cabeça dela podia ser vista quando ela ficava atrás de sua mesa.

Aquela garotinha era um dos sete mistérios da escola: com 1,35m de altura, havia uma lenda dizendo que não foi permitida a entrada dela em uma montanha-russa por segurança.

"Eu não vou pedir para vocês pararem de conversar, mas eu preciso que vocês escutem o que eu digo. Eu me esforcei bastante fazendo um questionário, se vocês não se saírem bem, serão punidos com a lição de Adivinhação."

"Sensei, você não joga poker vendado nessa lição?! Isso é parte do Curriculum para Clarividência! Eu ouvi falar que você não pode ir embora até vencer 10 vezes seguidas, apesar de não conseguir ver suas próprias cartas. Nós não ficaríamos aqui até amanhã de manhã jogando?!" protestou Kamijou.

"Ah, mas Kamijou-chan, você não tem créditos de desenvolvimento o suficiente. Fará a lição de Adivinhação de qualquer jeito."

"Uh," Kamijou perdeu as palavras quando encarou o sorriso de vendedor da professora.

"...Hm. Entendo. A Komoe-chan acha você tão fofo que ela não consegue se conter, Kami-yan." disse o representante de classe Aogami Pierce, que estava sentado ao lado de Kamijou.

"...Você sente malícia vindo das costas daquela professora enquanto ela alegremente se estica toda para conseguir escrever na lousa?"

"O quê? Qual o problema em ser repreendido por uma professora tão fofa por falhar em um questionário? Ser fisicamente abusado por uma criancinha como essa te garante altos pontos de experiência, Kami-yan."

"Eu sabia que você era um lolicon, mas você é um masoquista também?! Você não tem salvação!!"

"Haha! Não é que eu goste de lolis! É que eu 'também' gosto de lolis!"

Kamijou quase gritou "Você é onívoro?!", mas foi interrompido.

"Vocês dois aí! Se disserem mais uma palavra, irão participar do Ovo de Colombo."

O Ovo de Colombo se tratava em manter um ovo de pé em uma mesa sem nenhum apoio. Os espers especializados em psicocinese conseguiam realizar a tarefa após se concentrarem ao ponto de suas veias do cérebro quase explodirem. Era um desafio extremamente difícil pois o ovo iria quebrar se a psicocinese fosse forte demais. Se você não pudesse completá-lo, iria ficar preso na escola até o sol nascer.

Kamijou e Aogami Pierce olharam para Tsukuromi Komoe sem respirar.

"Tudo bem?"

O sorriso dela era assustador.

Embora Komoe-sensei amasse ser chamada de "fofa", ela ficaria incrivelmente irritada se fosse chamada de "pequena".

Entretanto, ela não se importava em ser desprezada pelos outros estudantes. Isso era algo quase inevitável na Academy City. A cidade era uma verdadeira Terra do Nunca onde mais de 80% da população eram estudantes. A oposição aos professores era dura comparada à uma escola normal. E mais importante, a "força" de um estudante era baseada em suas habilidades acadêmicas e seu poder.

Os professores eram aqueles que "desenvolviam" os estudantes, mas os professores em si não possuíam poderes. Alguns, como os professores de Educação Física e orientadores pareciam ser de exércitos estrangeiros, pois conseguiam treinar monstros de Level 3 com seus próprios punhos. Mas seria cruel esperar isso de uma professora de Química igual a Komoe.

"...Ei, Kami-yan."

"O que foi?"

"Você ficaria excitado se fosse repreendido pela Komoe-sensei?"

"Eu não sou você! E cala essa boca, idiota! Se nós formos obrigados a fazer aquela parada do ovo sendo que nós não temos psicocinese, vamos ficar as férias de verão inteiras aqui! Então cala essa boca cheia de dialeto de Kansai falso!"

"Falso... N-N-Não é falso! Eu sou realmente de Osaka!"

"Fica quieto. Eu sei que você é de uma região cultivadora de arroz. Eu estou de mau humor, então não me irrite."

"E-Eu não sou não! A-Ahhh! Eu amo takoyaki."

"Pare de tentar fingir! Não me diga que você irá começar a trazer takoyaki para o lanche só por causa disso?"

"Do que você está falando? Nem todas as pessoas de Osaka comem apenas takoyaki, certo?"

"..."

"Certo? Acho que sim... não, espera... é, eu acho. O que foi, Kami-yan?"

"Sua máscara está caindo, sr. Kansai Falso." disse Kamijou antes de suspirar e olhar para fora da janela.

Ele sentiu que deveria estar ao lado de Index ao invés de estar nessa aula suplementar sem sentido algum.

A Igreja Ambulante que ela vestia reagiu à mão direita de Kamijou. Mas isso não significava que ele tinha que acreditar. Provavelmente a maioria das coisas que Index disse eram mentiras. E mesmo se não fossem, ela deve ter confundido algum fenômeno natural com o oculto.

Mesmo assim...

Eu acho que o peixe que foge sempre parece ser grande, ele ponderou.

Kamijou suspirou novemente. Se a alternativa era ficar preso em uma sala de aula sem ar-condicionado, entrar em um mundo de mágica, fantasia e espadas era melhor. E de brinde ainda haveria uma heroína bonitinha.

"..."

Kamijou lembrou do capuz que Index havia esquecido em seu quarto.

Ele não conseguiu devolvê-lo para ela. Mas ele não achava que era incapaz de devolvê-lo. Mesmo se Index tivesse desaparecido, ele provavelmente iria encontrá-la se ele seriamente procurasse por ela. E mesmo se ele não fizesse isso, ele ainda poderia sair pela cidade procurando por ela com o capuz na mão esquerda.

Quando ele pensou sobre isso, percebeu que ele queria algum tipo de conexão. Ele havia sentido que ela iria voltar para pegá-lo um dia.

Pois aquela garota branca havia mostrado a ele um sorriso tão perfeito...

Ele sentiu que ela iria desaparecer como uma ilusão se ele não deixasse alguma conexão com ela.

Ele estava com medo.

...Ah, então é isso, ele concluiu.

Após pensar bastante poeticamente, Kamijou finalmente percebeu algo. Ele não odiava a garota que caiu na sua varanda. Ele gostava dela o suficiente para que a ideia de nunca mais a vê-la o deixasse com uma pontada de arrependimento.

"...Ah, droga."

Ele estalou sua língua. Ele queria impedi-la de partir.

Pensando bem, o que eram esses 103,000 grimórios que ela mencionou?

Index havia dito que o grupo, uma associação mágica (algo como uma corporação), estava atrás dela porque queria esses 103,000 grimórios. E aparentemente, Index fugiu com esses 103,000 grimórios em sua posse.

Não era uma chave ou um mapa para onde estes livros estão armazenados.

Quando Kamijou perguntou onde estes livros estavam, ela simplesmente disse, "Bem aqui." Mas Kamijou percebeu que não havia nenhum livro com ela. Mesmo se houvesse, o quarto de Kamijou não era grande o suficiente para conter 100,000 livros.

"...O que está acontecendo?"

Kamijou inclinou a cabeça para o lado, confuso. A Igreja Ambulante de Index reagiu ao Imagine Breaker, portanto suas palavras não eram um completo delírio. Mas...

"Sensei? Kamijou-kun está olhando as saias esvoaçantes das garotas do time de tênis pela janela!"

O dialeto de Kansai forçado de Aogami Pierce revirou o foco de Kamijou para a sala de aula.

"..."

Komoe-sensei ficou em silêncio.

Ela deve estar em choque por "aquele" Kamijou Touma-kun não estar prestando atenção na lição. Ela parecia uma garota de 12 anos de idade que descobriu a verdade sobre o Papai Noel.

Logo que esse pensamento chegou a sua mente, Kamijou Touma foi o alvo de olhares hostis de seus colegas de classe que desejavam proteger os direitos humanos daquela criança.


Embora sejam aulas suplementares, eles ficaram presos lá até o horário em que todos os estudantes deveriam sair da escola.

"...Que azar." Kamijou resmungou olhando as turbinas eólicas que brilhavam ao pôr do sol.

Qualquer tipo de vida noturna era proibida, então o último ônibus e trem na Academy City partiam logo após os estudantes saírem das escolas.

Kamijou perdeu o último ônibus. Ele estava caminhando no distrito comercial que não parecia terminar nunca. Um robô de segurança passou por ele enquanto isso. Também era uma lata grande com rodas e funcionava como uma câmera de segurança ambulante. Eles originalmente eram versões melhoradas de cães robóticos, mas crianças iriam começar a persegui-los se continuassem naquela forma. Por essa simples razão, os robôs da cidade tinham o formato de tambor.

"Ah, aí você está, seu imbecil! Espera... espera! Você! Eu estou falando com você! Pare!!"

Kamijou estava olhando para o robô de segurança. Ele estava se lembrando de como Index correu atrás do robô de limpeza, e finalmente percebeu que uma voz estava chamando por ele.

Ele se virou para ver o que estava acontecendo.

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Ela era uma garota que estava na escola secundária, com cabelos castanhos à altura dos ombros que brilhavam como uma chama vermelha ao pôr do sol, mas sua face estava ainda mais vermelha. Ela vestia uma saia cinza plissada, uma blusa de manga curta e um suéter de verão. De repente, ele percebeu quem ela era.

"Ah, é você de novo, Biri Biri."

"Não me chame de Biri Biri! Eu tenho um nome! É Misaka Mikoto! Por que você não aprende isso?! Você me chama de Biri Biri desde que nós nos vimos pela primeira vez!"

Desde que nós nos vimos pela primeira vez...? Kamijou tentou relembrar. Ah, sim!

Quando eles se encontraram pela primeira vez, ela estava cercada por delinquentes como no outro dia. Ele tinha pensado que eles estavam atrás da carteira dela e firmemente bancou o Urashima Tarou.

Mas, por algum motivo, a garota foi quem ficou irritada, dizendo, "Cala a boca! Não se intrometa na luta dos outros! Biri Biri!" Kamijou bloqueou as faíscas dela com sua mão direita e ela respondeu com, "Hã? Por que não funcionou? E que tal isso? Hã?" Uma coisa levou a outra, e assim a relação atual deles se concretizou.

"...Hã? O quê? Eu não estou triste, então por que estou chorando, mãe?"

"Por que você está com um olhar tão distante?"

Kamijou estava exausto das aulas suplementares e decidiu não pensar muito em como lidar com a Biri Biri.

"A garota perplexa olhando para Kamijou é a garota Railgun de ontem. Ela está tão frustrada por perder uma luta que voltou até Kamijou para pedir revanche."

"Para quem você está explicando isso?"

"Ela tem muita determinação e odeia perder, mas na verdade é uma pessoa solitária e está encarregada de cuidar do animal de estimação da classe."

"Não adicione coisas estranhas ao cenário!!"

A garota, Misaka Mikoto, agitou seus braços e toda a atenção foi chamada para ela. Não era tão surpreendente, o uniforme de verão que ela vestia era o uniforme da Escola Secundária Towiwadai, uma das 5 escolas mais prestigiadas na Academy City. Por algum motivo, as garotas explosivas e refinadas da Tokiwadai pareciam se destacar mesmo em uma estação de trem na hora do rush.

"O que você quer, Biri Biri? E por que você está usando seu uniforme durante as férias de verão? Você precisa de aulas suplementares?"

"Ah... Cala a boca."

"Você ficou preocupada com o coelho de estimação da classe?"

"Eu já te disse para parar com isso! Hoje eu vou fazer você se contorcer como pernas de sapo com eletrodos ligados! Prepare-se!"

"Eu acho que não."

"Por que não?!"

"Porque eu não sou responsável pelo animal de estimação da minha classe."

"Você... Chega de zombar de mim!"

A garota pisou forte no chão.

Nesse exato momento, um ruído violento veio dos celulares das pessoas passando por ali. A transmissão a cabo do distrito comercial foi cortada e um barulho horrível saiu do robô de segurança.

O som crepitante de eletricidade estática saiu do cabelo da garota. Aquela Level 5, que disparava Railguns com seu poder, sorriu como uma besta.

"Hmph. Como foi isso? Será que mudou essa sua mente covarde? ...Mgh!"

Para tentar cobrir sua boca, a mão de Kamijou Touma cobriu totalmente o rosto dela. "C-Cala a boca." ele sussurou. "Por favor, fica quieta! Os celulares de todas as pessoas aqui foram fritos e elas não parecem felizes! Se descobrirem que a gente fez isso, eles irão nos fazer pagar, e eu não tenho ideia de quanto isso vai custar!"

Devido ao seu encontro recente com a freira de cabelo prateado, Kamijou rezou com todas suas forças para o Deus cujo Kamijou só pensava sobre no Natal.

Suas preces devem ter sido ouvidas, pois ninguém se aproximou de Kamijou e Mikoto.

Graças a Deus, ele disse, diminuindo sua apreensão.

Kamijou soltou um suspiro de alívio... enquanto continuava a sufocar Mikoto.

"Mensagem. Erro Nº 100231-YF. Ondas eletromagnéticas ofensivas detectadas. Defeito no sistema detectado. Por se tratar de um possível terrorismo cibernético, evite usar aparelhos eletronicos."

Imagine Breaker e Railgun hesitantemente se viraram.

Um segundo depois, o robô de segurança disparou um alarme altíssimo.


Naturalmente, eles fugiram.

Ambos entraram em um beco, chutaram um balde de plástico sujo, e assustaram um gato negro enquanto continuavam a correr.

Pensando bem, eu não fiz nada de errado, ele pensou. Por que eu estou correndo com ela?

Mesmo pensando assim, ele continuou correndo. Apesar de tudo, ele ouviu falar que esses robôs de segurança custam 1.2 milhões de ienes cada (aprox. R$30,000).

"Uhhh, que azar. Por que eu sempre sou pego em coisas relacionadas a ela?"

"O que você quer dizer com isso?! E o meu nome é Misaka Mikoto!"

Eles finalmente pararam de correr em um beco longe do local do evento anterior. Um dos prédios alinhados deve ter sido demolido pois havia uma área retangular aberta ali. Parecia um bom lugar para jogar basquete.

"Cale-se, Biri Biri! Você destruiu todos os meus eletrônicos com aquele ataque ontem! O que você quer após isso ter acontecido?!"

"Foi sua culpa por ter me irritado!"

"Eu não entendo por que você ficou tão brava! Eu não encostei um dedo em você!"

Após isso, Mikoto atacou Kamijou com seu arsenal completo, mas Kamijou negou tudo com sua mão direita. Desta vez, os ataques dela não terminaram com uma Railgun. Suas investidas variaram, reunindo areia de ferro para criar uma espada de ferro parecida com um chicote, enviando ondas eletromagnéticas poderosas para danificar orgãos internos ou até mesmo atrair um relâmpago do céu para atacar.

Mas nada disso foi páreo para Kamijou Touma.

Desde que houvesse uma origem sobrenatural, Kamijou Touma poderia negar.

"Você continua atacando e se cansando! Não use seus poderes tanto para depois me culpar por você não ter energia o suficiente para continuar, Biri Biri!"

"...!" Mikoto começou a ranger seus dentes. "Isso não contou. Não contou! Você não me atacou, então é um empate!!"

...

"...Tá. Você venceu. Te socar não vai consertar meu ar-condicionado."

"Ahh...! Espera! Leve isso a sério!!" Mikoto gritou enquanto agitava seu braço.

Kamijou suspirou.

"Você quer mesmo que eu leve isso a sério?"

"Ah..." Mikoto congelou.

Kamijou abriu e fechou seu punho. Misaka Mikoto começou a soar frio com essa simples ação. Ela congelou, não conseguiu nem mesmo dar um passo para trás.

Mikoto não sabia o que o poder de Kamijou era. Então, para ela, Kamijou era um terror desconhecido que selava todas as cartas da sua manga sem nem mesmo ofegar.

Não era surpreendente. Kamijou Touma resistiu os ataques de Misaka Mikoto por duas horas seguidas sem sofrer um arranhão. Era natural para ela se perguntar se ele estava levando a sério.

Kamijou suspirou e desviou seu olhar.

Mikoto finalmente deu alguns passos para trás.

"...O que seria isso se não azar?" Kamijou ficou chocado ao ver o quão assustada ela estava. "Primeiro os eletrônicos do meu quarto foram dizimados, depois uma garota afirmando ser uma maga apareceu, e agora essa esper Biri Biri."

"Maga...? O quê?"

"..." Kamijou pensou por um momento. "É... É isso o que eu queria saber."

Normalmente, Mikoto gritaria, "Você tá brincando comigo?! Seu cérebro é tão estranho quanto esse poder?!" e então iria "Biri Birizar". Mas naquele dia, ela só poderia pular de susto.

O que era toda essa coisa de magia? Kamijou se perguntou.

Kamijou se lembrou do que aconteceu naquela manhã. A freira branca realmente usou aquela palavra, mas agora que ele pensou novamente, aquele termo era realmente removido da realidade.

Eu me pergunto por que eu não senti isso quando Index estava por perto, ele considerou.

Havia algo misterioso que fez magia se tornar algo mais acreditável?

"...O que eu estou pensando?" murmurou Kamijou enquanto ignorava completamente Misaka Mikoto que estava tremendo como um cachorrinho.

Ele cortou seus laços com Index e o mundo em que ela vivia. O mundo era bem grande e era improvável encontrá-la em uma coincidência. Pensar sobre magos não tinha sentido.

Apesar disso, ele não conseguia tirar aquilo da sua mente.

Ele ainda tinha o capuz que ela havia esquecido de manhã.

Essa conexão continuava irritando as bordas de sua mente.

Nem mesmo Kamijou sabia por que ele estava pensando nisso.

Afinal, ele possuía o poder para matar até mesmo Deus.

Parte 6

Nesses dias, não se poderia comprar nem um gyuudon grande com apenas 320 ienes.

"... ... ...Tamanho regular, hm?"

As garotas que alegremente comiam um bento do tamanho de uma light novel não iriam entender, mas um garoto cansado e em fase de crescimento considerava o tamanho regular apenas um lanchinho.

Após se despedir da garota Biri Biri, Kamijou foi a um restaurante de gyuudon para comer seu "lanchinho". Com apenas 30 ienes sobrando, ele chegou ao seu dormitório após o pôr do sol.

O lugar parecia deserto.

Era o primeiro dia das férias de verão e a maioria das pessoas saíram para se divertir. A construção parecia um típico edifício de apartamentos. Fileiras de portas se estendiam ao longo dos corredores. Por ser um dormitório masculino, não havia nenhuma proteção no corrimão para proteger as garotas de eventuais espiadelas por baixo de suas saias.

As portas dianteiras, e as sacadas ao fundo, eram construídas nas partes laterais da construção.

A entrada para o prédio possuía auto-travamento, mas a distância entre este e os prédios vizinhos era de apenas dois metros. Qualquer um poderia simplesmente invadir o dormitório pulando de prédio para outro, como Index havia feito naquela manhã.

Kamijou entrou, passou pela despensa (também conhecida como "quarto do administrador do dormitório") e pegou o elevador. Desagradavelmente, o elevador era mais sujo e estreito que um daqueles pequenos elevadores de carga utilizados nas construções. O botão com a letra "R", indicando acesso ao terraço estava bloqueado com uma pequena placa de metal para que os Romeus e Julietas não passarem a noite lá.

Com um soar de um "ding", o elevador parou no sétimo andar.

Kamijou forçou a porta que lentamente abria com um som metálico e adentrou o corredor. Ele estava no sétimo andar, mas não havia vento. O clima parecia ainda mais quente e abafado do que de costume por causa do prédio vizinho estar bem próximo.

"Hm?"

Kamijou finalmente percebeu algo. Na frente da porta de seu quarto, estavam três robôs de limpeza. Era algo raro ver três deles juntos. Ele tinha certeza de que apenas quatro estavam designados para aquele dormitório.

Pela maneira que estavam se movendo para frente e para trás, eles pareciam estar limpando uma tremenda sujeira. Por alguma razão desconhecida, Kamijou sentiu o cheiro do azar retornar.

Os robôs tinham poder para até mesmo arrancar chiclete grudado no chão. Era difícil imaginar algum tipo de sujeira que daria problemas a três deles.

Kamijou estremeceu ao pensar que talvez seu vizinho Tsuchimikado Motoharu tenha se embebedado tentando agir como um delinquente para perder sua virgindade e acabou vomitando em absurdas quantidades, utilizando a porta de Kamijou ao invés de um poste telefônico.

"O que aconteceu...?"

As pessoas possuem uma tendência desgraçada de querer ver coisas horríveis.

Após dar alguns passos para frente, ele finalmente viu.

A garota misteriosa chamada Index havia desmaiado de fome.

"... ... ...Ah!"

Ela não estava inteiramente visível por causa dos robôs, mas alguém vestindo um hábito de freira coberto de alfinetes estava desmaiada.

Embora os três robôs constantemente batiam nela, Index não estava se movendo. Parecia que ela estava sendo bicada por corvos.

Os robôs foram feitos para desviar das pessoas e outros obstáculos. Por que as máquinas falharam em confirmá-la como "humana"?

"...Que azar."

Se Kamijou Touma tivesse visto seu rosto no espelho, ele se surpreenderia em ver um sorriso. No fundo, ele estava preocupado. Talvez ele não acreditasse nos magos, mas era possível que alguma seita estivesse perseguindo a garota.

Ele estava feliz por vê-la em seu estado habitual: faminta.

Na verdade, ele estava feliz por simplesmente poder vê-la novamente.

Kamijou então se lembrou do que ela havia esquecido: o capuz branco que estava em seu quarto. Ele achou estranho, mas Kamijou via aquele capuz como um amuleto.

"Ei! O que você está fazendo aqui?"

Ele a chamou e foi até ela.

Por que a simples ação de ir até ela me faz sentir como um garoto da escola de ensino fundamental que não consegue dormir a noite antes de uma viagem da escola? Por que a cada passo que dou eu me sinto como se estivesse indo a uma loja para comprar o lançamento de um RPG aguardado? Era o que ele pensava naquele momento.

Index ainda não o notou.

Kamijou Touma forçou um sorriso ao ver como Index se adequava nessa situação.

E então, ele notou que Index estava caída em uma poça de sangue.

"...Ah...?"

A primeira coisa que ele sentiu foi confusão, não surpresa.

Ele não conseguiu ver isso antes porque os robôs estavam na frente. Index tinha um corte horizontal na parte inferior das suas costas. A ferida foi causada por uma espada, mas era muito reta. Parecia que alguém havia usado uma régua e um estilete para ferí-la. A ponta de seu cabelo prateado, que caía à altura da cintura, foi cortado e estava no chão, encharcado com o líquido vermelho.

Por um instante, Kamijou não havia compreendido que aquilo era sangue humano.

A diferença na realidade entre o momento anterior e o momento após deixou a mente de Kamijou um completo caos. Ketchup...? Será que Index estava com tanta fome que tomou ketchup antes de desmaiar? Com essa imagem agradável e errada da situação, Kamijou quase sorriu.

Ele quase sorriu, mas não o fez.

Não haveria como ele fazer isso.

Os três robôs de limpeza continuavam a se movimentar, criando um tilintar. Ele estavam limpando a mancha no chão. Eles estavam limpando a substância vermelha espalhada no chão. Eles estavam limpando a substância vermelha que emanava do corpo de Index. Eles estavam sugando o sangue de Index.

"Parem... Parem! Merda!!"

Enfim, os olhos de Kamijou voltaram à realidade. Ele tentou retirar dali os robôs que estavam próximos a Index. Ele falhou, pois os robôs eram pesados justamente para previnir roubos e continham uma força considerável.

Na realidade, os robôs de limpeza estavam apenas limpando a mancha de sangue. Não haviam tocado na ferida de Index. Mesmo assim, Kamijou os viu como insetos em volta de uma ferida podre.

Ele tinha dificuldades em tentar movimentar um desses robôs pesados, imagine três. Enquanto ele tentava afastar um, os outros dois continuavam limpando a mancha.

Ele deveria ter o poder para matar até mesmo Deus.

Mas era incapaz de tirar esses brinquedos do caminho.

Index estava em silêncio.

Seus lábios pálidos estavam imóveis, ele não tinha certeza se ela estava respirando.

"Merda! Merda!!" Kamijou gritou, confuso. "O que aconteceu? Que porra aconteceu?! Droga! Quem foi o desgraçado que te fez isso?!"

"Hm? Nós, os magos."

Uma voz surgiu. Ela não pertencia a Index.

Kamijou virou-se freneticamente. Um homem estava parado ali. Ele parece ter chegado lá pelas escadas de emergência, próximas ao elevador.

Ele era branco, tinha dois metros de altura, mas sua face dava a impressão de que ele era mais jovem que Kamijou.

Ele tinha... 14 ou 15 anos de idade. Parecia ser estrangeiro, suas roupas... eram iguais aos hábitos dos padres. Julgando pela sua aparência, ele não tinha nada a ver com um padre.

Kamijou sentia o odor horrível de seu perfume doce mesmo estando a 15 metros de distância dele. Seu cabelo loiro na altura do ombro era tingido de vermelho, anéis prateados brilhavam em todos os seus dedos, brincos estavam pendurados em suas orelhas, a ponta de seu celular podia ser vista em seu bolso, um cigarro aceso movia-se em sua boca, e, para completar, ele tinha uma tatuagem de código de barras embaixo de seu olho direito.

No corredor, a atmosfera em torno daquele homem era estranha.

Era como se a área estivesse sendo controlada por regras diferentes das que Kamijou estava acostumado. Esse estranho sentimento se espalhou pela área como tentáculos gelados.

O que Kamijou sentia não era medo ou raiva...

...Mas sim confusão e mal-estar. Era uma solidão desesperadora, semelhante a ter sua carteira roubada em um país estrangeiro. Esses tentáculos gelados entraram em seu corpo e congelaram seu coração. Foi quando Kamijou percebeu algo.

Um mago.

Isso se tornou um mundo diferente, onde coisas estranhas como magos existem.

Ele podia dizer isso à primeira vista.

Ele ainda não acreditava em magos...

Mas, ele podia dizer que esse sujeito era residente de um lugar que estava além do mundo em que ele vivia.

"Hm? Hm... hm... hm. Ela pegou ela de jeito." O mago olhou em volta e balançou o cigarro no canto de sua boca enquanto falava. "Eu sabia que Kanzaki havia cortado ela, mas isto é... Eu achei que não havia nada para me preocupar, pois não havia nenhum rastro de sangue..."

O mago observou os robôs de limpeza que estavam atrás de Kamijou Touma.

Provavelmente, Index foi "cortada" em outro lugar e conseguiu chegar lá com vida antes de desmaiar. Ela certamente havia deixado um rastro de sangue, mas os robôs de limpeza apagaram qualquer rastro.

"Mas... por quê?"

"Hã? Você quer dizer por que ela voltou para cá? Quem sabe? Talvez ela tenha esquecido algo. Pensando bem, ela estava com seu capuz quando eu atirei nela ontem. Será que ela perdeu em algum lugar por aqui?"

O mago usou a palavra "voltou".

Em outras palavras, ele estava seguindo as ações de Index o dia inteiro, E ele sabia que ela havia perdido o capuz de sua Igreja Ambulante.

Index havia falado algo sobre os magos estarem procurando o poder mágico na sua Igreja Ambulante.

Isso significa que os magos estavam seguindo Index detectando o poder sobrenatural na sua Igreja Ambulante. Eles iriam saber que a Igreja Ambulante foi destruída quando o "sinal" cortasse. Index havia mencionado isso também.

Index sabia que ficaria vulnerável.

Ela sabia, mas pareceu ter contado com os poderes defensivos da Igreja Ambulante.

Mas por que ela voltou? Por que ela precisiva recuperar uma parte da Igreja Ambulante, que foi destruída e era inútil? A mão direita de Kamijou havia inutilizado inteiramente a Igreja Ambulante, não havia sentido em recuperar o capuz.

"...Então, você vai me seguir até as profundezas do inferno?"

De repente, ele entendeu.

Ele nunca tocou no capuz da Igreja Ambulante que estava em seu quarto. Em outras palavras, o capuz ainda possuía poder mágico. Ela deve ter pensado que os magos poderiam rastreá-lo até o quarto de Kamijou.

E então, Index encarou o perigo e decidiu "voltar".

"...Sua idiota."

Não havia necessidade de fazer isso. Foi a falta de jeito de Kamijou que havia destruído sua Igreja Ambulante, foi ele que percebeu que ela havia esquecido seu capuz no seu quarto e deixou por assim mesmo. E mais importante, Index não tinha o dever, obrigação, ou direito para proteger Kamijou.

Mesmo assim, ela voltou.

Kamijou Touma era um completo estranho que ela conheceu a muito pouco tempo.

Mesmo assim, ela arriscou sua vida para impedir que ele se envolvesse em uma luta entre magos.

"Sua idiota!!"

O estado imóvel de Index o irritou por alguma razão.

Antes, Index havia dito que a causa do azar de Kamijou era sua mão direita.

Aparentemente, sua mão direita estava subconscientemente negando os poderes sobrenaturais como a proteção divina de Deus e a linha vermelha do destino.

Se Kamijou não houvesse tocado e destruído sua Igreja Ambulante, não haveria motivo para ela retornar.

Não. Essas desculpas não importam, ele considerou.

Sua mão direita e a destruição da Igreja Ambulante não eram a razão para ela sentir que deveria voltar.

Se Kamijou não tivesse desejado por uma conexão... Se ele tivesse devolvido o capuz dela naquela hora.

Parte 7