Difference between revisions of "Prólogo: A Canção Sagrada"
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− | ''Ele chamou. |
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− | ''Ela cantou. |
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− | ''Essas palavras continuaram até o som sumir completamente. |
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− | Era noite. |
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− | Uma área de solo emitia luz sob a escuridão dos céus. |
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− | Era uma cidade. |
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− | No centro dessa cidade, uma grande estrutura branca existia onde ferrovias convergiam. |
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− | O prédio da estação de trens tinha oito andares imponentes. |
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− | O segundo andar da entrada norte foi feito na forma de um grande terraço com as palavras "Entrada Norte da Estação Tachikawa" em azul. |
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− | O relógio no prédio oposto marcava 10 PM. Os trabalhadores do prédio da estação já haviam ido embora, porém, o último trem ainda estava longe. |
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− | Ninguém podia ser visto na estação, no terraço dela ou na rotatória em frente à estação. |
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− | Abaixo de uma linha de árvores de folhas verdes ao longo da rotatória havia uma fila de carros. Porém, nenhum desses carros estava se movendo. Nenhum ônibus se movia também. Os trilhos do trem se distanciando da estação não possuíam trens passando por eles. |
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− | A área inteira estava deserta. |
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− | Um único barulho podia ser ouvido naquele mundo estático. |
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− | Ele vinha de cima. |
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− | Vinha do lado leste dos andares de cima do prédio da estação. Especificamente, uma janela no sétimo andar. Alguém estava batendo na janela por dentro. |
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− | A silhueta visível através do vidro era feminina. |
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− | Ela de repente parou de se mover. Então, abandonando a janela, ela correu na direção oposta. |
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− | No momento seguinte, uma nova sombra apareceu na janela. |
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− | No lugar da silhueta feminina apareceu uma grande silhueta de mais de dois metros de altura. |
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− | Ela se lançou na janela; |
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− | A janela dobrou, inchou, e então quebrou quando não pôde mais aguentar a força. |
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− | Um som de algo se despedaçando podia ser ouvido. Ele foi seguido pelo som de estilhaços se espalhando pelo ar. |
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− | Três arcos de prata surgiram da janela como se tentassem arranhar os estilhaços que se flutuavam. |
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− | Eram garras. |
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− | Esses arcos de luz arranharam os pedaços de vidro no ar com movimentos compactos. |
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− | A sombra gigante a quem as garras pertenciam se virou enquanto seu braço se movia. No instante de tempo de meio fôlego, a sombra desapareceu da janela. Ela estava perseguindo a figura feminina fugitiva. |
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− | O vento soprou dentro do prédio como se estivesse seguindo a sombra. |
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− | Depois de horas, a escada rolante do prédio da estação de trem tinha apenas o mínimo de iluminação. Uma silhueta solitária estava parada lá recuperando o fôlego. A iluminação de emergência mostrava uma garota vestindo um blazer e de cabelos assanhados. |
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− | A garota segurava uma grande pasta preta e o número pintado em amarelo no chão abaixo dos seus pés lia-se "3". Se ela se virasse e continuasse a descer, ela chegaria ao segundo andar. |
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− | — Eu posso chegar ao terraço daqui. |
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− | Ela disse antes de tossir. Ela tossiu duas vezes e então três antes de levantar sua voz trêmula. |
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− | — Você deve estar de brincadeira comigo... O que é isso? O que está me atacando? |
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− | A tosse seca continuou depois que ela falou e apenas retirou mais ainda o ar de seus pulmões. Ela se dobrou e os lábios dela formaram palavras sem voz: |
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− | Eu sinto muito. Eu fui uma idiota de não ir pra casa imediatamente. |
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− | Ela apertou mais forte a pasta preta em seus braços. |
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− | O símbolo de uma flauta podia ser visto ao lado do logo do fabricante em cima da pasta. Um pedaço de papel solitário estava embolado no bolso lateral. Ela viu o branco do laço preso ao papel. |
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− | — Todo o meu azar começou aqui. Três anos de azar. E agora quando eu perco a calma e venho me esconder no lugar de sempre, meu avô segurança se foi... E então uma sombra estranha começa a atacar com lâminas por aí... |
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− | Antes daquilo ter acontecido, ela achou ter ouvido algum tipo de voz estranha. A voz havia ressoado na cabeça dela. Aquilo a havia despertado. |
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− | Ela inclinou a cabeça se perguntando o que havia sido aquilo, mas ela rapidamente balançou a cabeça e a colocou de volta no lugar. |
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− | ''... Eu preciso correr antes daquela sombra me alcançar. '' |
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− | Ela expirou e um barulho ressoou de cima como que em resposta. |
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− | Passos de corrida que soavam como estacas sendo enfiadas no chão estavam se aproximando diretamente de cima. |
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− | — ...! |
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− | Ela pegou a alça da pasta e se moveu graciosamente até a escada rolante. |
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− | Ela escolheu continuar descendo. Descer, descer, descer. Descer até o segundo andar. Cada elemento a mais na situação só dizia a ela |
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− | para se apressar. |
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− | Ela desceu correndo os degraus de alumínio. Sons sólidos soavam sempre que os sapatos de couro dela batiam nos degraus. |
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− | Ela ouviu passos de cima se sobrepondo com os seus próprios passos apressados. |
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− | Mas tudo não acabou aí. |
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− | — ...Vento? |
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− | Ele veio de fora, da parede norte do prédio, a mesma parede da janela na qual ela havia batido antes. |
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− | Um som se aproximou daquela parede por fora. Era um som profundo, longo, ressoante e baixo. |
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− | ''O que é isso?'' Ela pensou isso e se preparou? No momento seguinte, o prédio tremeu como se tivesse sido acertado na lateral. |
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− | — ...!? |
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− | O barulho era tremendo. Assim como o som de um avião de passagem, essa explosão de ar a roubou de todos os seus sentidos corporais. |
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− | O seu corpo inteiro tremia e e todos os seus cabelos se arrepiaram. Os seus pés em fuga pararam imediatamente. |
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− | O grande rugido que ela podia sentir no centro de seu corpo passou a uma alta velocidade do leste para o oeste. O som do vento que o seguia também se dirigia ao oeste em direção ao céu ocidental. |
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− | O silêncio seguiu. |
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− | Ela de repente percebeu que ela estava livre do barulho. |
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− | Ela balançou todo o corpo uma vez e deu um passo. As pernas dela tremiam e o corpo dela se enchia de força. Sua consciência pedia que ela seguisse em frente. |
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− | ''Eu preciso ir,'' ela percebeu. Respirando fundo, olhou para baixo, e viu que a escada rolante acabava depois de apenas mais alguns degraus. |
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− | ''Rápido,'' seus sentimentos gritavam, mas a informação fornecida pela sua visão fez que eles parassem. |
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− | Uma leve escuridão cobriu sua visão. Era a sombra da escada rolante acima. |
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− | Os passos de cima desapareceram de seus ouvidos. |
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− | ''... Algo está...! '' |
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− | Antes que ela pudesse pensar "vindo", ela agiu, apertando mais forte a alça em sua mão. |
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− | — Desculpe. |
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− | Ela golpeou com a pasta para cima em um movimento similar a uma tacada de golfe. |
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− | A visão dela se virou para cima. A sombra negra caiu diretamente na trajetória de seu ataque. |
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− | Ela acertou. |
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− | O canto da pasta acertou a sombra bem no lado. |
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− | Ela foi jogada longe. A pasta presa à alça e seu conteúdo pesavam mais que cinco quilogramas. O ressentimento por trás daquele peso vinha tanto dessa perseguição quanto dos três anos com o instrumento dentro da pasta. |
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− | Com o som de carne sendo acertada, a sombra se dobrou. A pasta se quebrou e o instrumento se espalhou. |
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− | O corpo da sombra foi jogado para a direita. |
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− | Mas a luz fria na sua mão ainda se moveu para golpeá-la. |
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− | Então ela finalmente percebeu algo. O que ela havia pensado que era lâminas eram na verdade garras. E o dono dessas garras era uma besta gigante. |
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− | Enquanto seus olhos se focavam nessas garras, o canto de sua visão mostrava que a sombra da besta gigante tomava a mesma postura que um humano. |
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− | Tudo depois daquilo aconteceu em um instante. |
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− | As garras golpeando de cima esmagaram a lateral da escada rolante, mas a besta não pôde se impedir de cair. Seu corpo gigante caiu em direção à escada rolante vizinha. |
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− | — ...! |
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− | A besta rugiu. O som de um impacto se seguiu. |
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− | Mas ela não ouviu aquele grito de protesto. Ela só ouviu o som do instrumento se espalhando pelo chão. |
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− | ''Desculpe,'' ela se desculpou em seu coração. |
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− | No instante seguinte, e perdeu completamente o equilíbrio devido a sua tentativa anterior de se esquivar. Ela caiu em cima da escada rolante. |
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− | Ela agora dava precedência à sua dor física, sobre a sua dor emocional. Sua aceleração a girou para trás. |
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− | As costas dela bateram no canto de um dos degraus e ela ficou sem ar. Até sua saia estava uma completa bagunça. |
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− | Mas ela agarrou o corrimão e se forçou a levantar. |
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− | De baixo, ela ouviu a voz da besta. A voz estava cheia de raiva e fúria e não parecia saber o que havia acontecido. |
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− | Ela a ignorou. |
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− | Começando a correr, agora sem nada nas mãos. Desceu a escada rolante correndo até o segundo andar. |
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− | À esquerda e à direita desse andar mal-iluminado haviam filas de lojas. Cada loja estava coberta por um portão persiana. A garota ocasionalmente via essa mesma cena sendo guiada por um guarda de segurança. Hoje, ela passou passou correndo por tudo. |
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− | Ela estava focada na porta de vidro no fim do andar. Apenas aquela porta não tinha um portão persiana sobre ela. |
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− | Se ela saísse por aquela porta, ela iria chegar à larga entrada para a estação Tachikawa que separava norte do sul no segundo andar do prédio da estação. |
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− | Ela tentou ao máximo abrir ou destrancar a porta. Ela então se lançou com seu ombro na porta de vidro. |
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− | Foi um impacto doído. Porém, aquela dor lentamente a empurrou para o outro lado. |
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− | A porta para aquele prédio da estação depois das horas de funcionamento havia aberto. |
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− | — O que.... está acontecendo? |
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− | Disse a garota enquanto ela caía para o ar fresco. |
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− | Seu joelhos bateram nos azulejos do chão de entrada. |
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− | Ela estava cercada por um espaço vasto e deserto. A entrada da Estação Tachikawa tinha cerca de quinze metros de largura. |
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− | Ela de repente sentiu algo nas costas de sua mão direita. Era uma sensação macia e úmida. |
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− | Olhando para baixo ela viu um gato. O gato marrom ainda tinha um pouco de juventude sobrando. |
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− | Mas a presença dessa gato lhe dava arrepios na coluna. Ela não conseguia ver sinais de mais ninguém nessa área. Ela não tinha visto |
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− | ninguém além da sombra que a atacou. A rotatória que ela havia visto de cima antes também estava deserta. |
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− | Pensando que o gato poderia ser como ela, pegou-o. No instante que seus olhos se encontraram, o gato estava olhando para ela, mas eles |
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− | se contraíram quando ela o levantou do chão. Por isso decidiu levá-lo consigo. |
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− | Ela se levantou. |
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− | — Eu preciso chegar ao terraço no norte. |
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− | Ela murmurou enquanto olhava para a direita onde o lado norte da entrada levava ao terraço. |
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− | E foi aí que um vento acompanhado de um barulho metálico caíram na rotatória além do terraço. |
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− | Ela olhou para cima e viu que o vento cercando o terraço tinha uma forma cinza gigante. |
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− | Era uma máquina humanoide gigante cinza. |
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− | Para a parte superior do seu corpo aparecer acima do terraço, ele devia ter pelo menos dez metros de altura. Era um completamente cinza-... |
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− | — Robô? Não... Armadura? |
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− | Quase que para responder a pergunta da garota, a silhueta gigante se levantou. E então se virou para ela. |
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− | O gigante cinza tinha um única luz azul onde seus olhos deveriam estar. |
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− | A garota sentiu como se estivesse sendo observada. |
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− | O pulso dela parecia congelar e ela se encolheu. Ela não conseguia respirar e percebeu pela primeira vez que estava apavorada. |
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− | Enquanto isso, o gato se contorcia em seus braços trêmulos. Ele parecia reclamar que os braços dela estavam apertando-o muito forte. |
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− | O gato soltou um doce miado sem mostrar preocupação com o olhar da armadura. |
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− | Aquele barulho fora de hora fez a garota rir amargamente. |
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− | Ela percebeu que o medo não significava nada para o gato. Ele não entendia nada do que estava acontecendo, e por isso, não sentia medo. |
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− | —... |
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− | Ela soltou um suspiro curto. E como se aquilo fosse um sinal, a força retornava para o seu corpo. |
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− | ''Eu consigo. Eu consigo,'' ela pensou duas vezes. |
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− | À esquerda havia uma escadaria descendo entre a entrada e o terraço. Dado o tamanho daquele gigante, seria difícil chegar abaixo do |
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− | terraço. |
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− | Ela estava a quinze metros da escadaria. Não levaria nem três segundos se ela usasse toda a sua força. |
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− | Assim ela decidiu correr imediatamente. Ela foi com tudo desde o primeiro passo. Porém... |
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− | — Ah. |
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− | Seu pé direito aparentava ter prendido em algo e ela tropeçou. |
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− | — O q- o que aconteceu!? |
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− | Seu corpo pulou mais de surpresa do que de dor. Ela olhou para baixo e viu seu sapato de couro repousando em frente ao seu pé direito. |
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− | Ele abriu-se da abertura até a lateral da sola. Devia ter rasgado quando ela caiu na escada rolante antes. |
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− | ''Oh, não. '' |
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− | Quando ela tentou se levantar, ela sentiu dor em seu tornozelo direito. |
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− | Ela não conseguia se levantar. A força deixou seu joelho esquerdo e ela caiu no chão frio de azulejos. |
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− | — Kh. |
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− | Ela gemeu olhando para trás no chão. |
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− | O gigante estava apontando seu braço direito em direção a ela além do terraço. Algo como um tubo estava acoplado na parte exterior dele. |
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− | Era obviamente um canhão. |
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− | Estava mirando nela. |
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− | — Ah. |
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− | Outro barulho escapou. |
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− | Ela sentiu mais um barulho vindo, mas o engoliu. Ao invés disso, lágrimas correram. |
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− | Então ela percebeu que o gato estava de pé ao lado de seus quadris caídos. |
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− | Como se estivesse preocupado com ela, o gato estava esfregando sua cabeça contra a perna dela. |
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− | A garota reflexivamente pegou o gato mais uma vez. Então ela olhou para cima e encarou o gigante. |
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− | No instante seguinte, algum tipo de poder explodiu do braço direito do gigante em direção a ela. |
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− | Ela primeiro viu chamas. No instante seguinte, fumaça branca correu pelo ar. |
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− | Um som agudo de algo cortando o vento correu em sua direção. |
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− | Um projétil havia sido disparado. |
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− | Estava vindo. Era perigoso. Ela tentou levantar-se, mas seu tornozelo se encheu de dor e seus quadris voltaram a cair. |
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− | Mesmo assim, ela tentou levantar mais uma vez |
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− | — ...! |
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− | O ruído que escapou de sua garganta não era um grito; era a própria raiva. |
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− | O poder que o inimigo havia atirado chegou em um instante. |
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− | E então explodiu. |
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− | Ela abriu os olhos. |
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− | Percebeu o vento soprando ao seu redor e também o gato em seus braços, |
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− | — Eu estou viva? |
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− | Ela não conseguia ouvir a própria voz. Seus ouvidos não estavam funcionando. |
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− | Ela olhou ao redor por um tempo sentando-se no chão inseguramente. |
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− | O andar da vasta entrada da estação tinha fumaça e vento correndo através dele. |
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− | Uma explosão havia definitivamente ocorrido. Porém, ela ainda estava viva. |
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− | — O que aconteceu? |
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− | Ela pode ouvir vagamente essa pergunta. O som estava voltando às suas orelhas. |
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− | Ela podia ouvir o som do vento. Ela olhou na direção de onde o vento estava soprando. |
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− | Iluminada pelas luzes do terraço e da rotatória estava uma única garota. |
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− | Ela usava uma roupa preta e branca e estava de costas para a garota como se estivesse defendendo-a do gigante cinza. |
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− | Os longos cabelos e saia dessa figura feminina dançavam ao vento. |
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− | Ela segurava um objeto gigante parecido com um cajado em sua mão direita e apontava sua mão esquerda para o terraço. |
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− | Na frente de sua mão estendida, fumaça girava acima do terraço e um pedaço de seu piso havia sido arrancado. |
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− | O vento soprou e a fumaça pairando sobre o terraço se dissipou. |
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− | O gigante ficou parado além do terraço. |
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− | A pergunta da garota encolhida sobre o que estava acontecendo foi cortada por uma voz aguda. A voz pertencia a essa garota que estava de |
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− | pé diante dos seus olhos. |
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− | — Sayama-kun. Aqui é Shinjou. ...Um intruso detectado. Fazendo contato. |
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− | Outra voz respondeu às suas palavras. |
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− | — Eu posso ver tudo isso , Shinjou-kun. |
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− | Essa voz era masculina. E ela vinha de muito perto. |
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− | A garota olhou para cima com o gato ainda em seus braços apenas para ver um jovem de pé ali. |
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− | Ele provavelmente era a pessoa de nome Sayama. Ele vestia roupas pretas e brancas que relembravam um uniforme militar, ele tinha uma listra branca dos lados de seus cabelo preto penteado, e ele tinha um olhar astuto nos olhos. |
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− | — Hm. |
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− | Ele murmurou com um aceno de cabeça no vento enquanto olhava para a garota e o gato. — Que incomum. |
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− | Ele esticou a mão e acariciou a cabeça dela. Seus dedos eram robustos. |
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− | A garota de repente lembrou-se do instrumento que ela havia quebrado. |
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− | Se isso não tivesse acontecido hoje, ela o quebraria? |
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− | Logo que essa pergunta apareceu no coração dela, Sayama falou. |
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− | — Bom trabalho. |
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− | Ela perdeu as forças com essas palavras. |
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− | Ela sentiu como se o corpo dela estivesse afundando no chão. |
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− | ''Oh, não'' ela pensou, mas ela já estava perdendo a consciência nesse ponto. |
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− | — Então, agora... |
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− | |||
− | Sayama apoiou as costas da garota caída com a mão e abaixou o corpo magro dela até o chão. |
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− | |||
− | O gato não mostrava sinais de deixá-la. Ele permaneceu com ela como um guarda. |
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− | |||
− | Sayama deu um sorriso amargo antes de virar-se para a garota que ele chamou de Shinjou. Ele levantou seu cotovelo e coçou o cabelo. |
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− | |||
− | — Qual é a situação? |
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− | |||
− | — Nossos inimigos são quinze do tipo Humano e três Deuses da Guerra Pesados. Nossa força principal foi enviada para lidar com eles. Nós |
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− | não tivemos nada tão bom em grande escala já faz um tempo. Eu acho que nós devíamos ter deixado o Espaço Conceitual atuar completamente com antecedência. |
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− | |||
− | — Parecia que Harakawa e Heo-kun estavam fazendo confusão em uma altitude extremamente baixa a um tempo atrás... |
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− | — Eles estavam lidando com aquele ali. Ryuuji-kun e Mikage-san estão batalhando com os outros dois. Mas a entrada ao norte... só olhe. Foi destruída. |
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− | |||
− | Quando Sayama ouviu o que Shinjou tinha a dizer, ele balançou a cabeça exageradamente e abriu seu braços. |
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− | |||
− | — Nós até dissemos a Harakawa para não causar tanta destruição, Se nossa taxa de destruição aumentar ainda mais, nós nunca vamos poder nos desculpar com o mundo do futuro. Você não acha que aquele delinqüente precisa ser torturado só uma vez? |
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− | |||
− | — Eu tenho certeza que Heo-kun vai te dizer para ser gentil com ele. |
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− | |||
− | — Que tal você se calar? |
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− | |||
− | Veio uma voz masculina com estática do pescoço de Sayama. |
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− | |||
− | Sayama olhou para o microfone de comunicações preso no seu pescoço e inclinou a cabeça em confusão. |
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− | |||
− | — Do que você está falando Harakawa? Eu estou dizendo isso pelo seu bem e pelo bem do mundo. Eu posso te apresentar para alguem por isso depois. Dependendo da voltagem, eu ouvi que você vai ser muito mais obediente em cerca de cinco segundos. |
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− | |||
− | — Sayama, tem uma coisa importante que eu sempre quis te dizer. |
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− | |||
− | — O que seria? Nenhuma frase normal vai tirar qualquer reação de mim. |
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− | |||
− | — Vai pro inferno. |
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− | |||
− | Depois de ouvir o som de estática do transmissor acabar, Sayama trouxe sua mão até a testa. |
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− | |||
− | — Sério, ele é um cara tão problemático. Pessoas com tanto orgulho só fazem mal a esse mundo. |
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− | |||
− | — Você já se olhou no espelho? |
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− | |||
− | — Já. Eu faço uma checagem completa todos os dias de manhã e de noite, mas o que isso tem a ver com o Harakawa? |
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− | |||
− | — Oh, nada. Eu só estava vendo mais uma vez o quão estranhamente maravilhoso você é, Sayama-kun. Shinjou falou continuando a encarar o |
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− | gigante além do terraço. — Como está a garota? |
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− | |||
− | — Ela está bem. Está machucada, mas ela não perdeu. |
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− | |||
− | — Entendo. |
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− | |||
− | Disse Shinjou ao finalmente se virar. Ela olhou para a garota dormindo e contraiu os olhos. — Eu estou aliviada. Valeu a pena usar todos os meus amuletos de conceitos defensivos naquele ataque. |
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− | |||
− | O gigante começou a se mover. |
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− | |||
− | Ele abaixou os quadris fazendo barulhos mecânicos. Com cada passo ele esmagava sonoramente o asfalto sob seus pés. |
||
− | |||
− | Mas não foi Shinjou que reagiu ao som do chão se partindo; foi Sayama. |
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− | |||
− | Ele primeiro abaixou a mão que estava em sua testa até o seu peito, levantou-a próximo à sua face, e então rapidamente a moveu pra o lado. Ele então estalou os dedos sonoramente. |
||
− | |||
− | — Bom, agora Shinjou-kun. Cheque de novo a situação com todo mundo antes de nós punirmos esse idiota que está desobedecendo as soluções |
||
− | reunidas em Low-Gear. |
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− | |||
− | Shinjou olhou para frente. O canhão no braço direito estava mirado diretamente para ela. |
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− | |||
− | — Então você está motivado por que eu não tenho mais defesas? Que incômodo. |
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− | |||
− | Ela trouxe a mão esquerda até o seu pescoço. |
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− | |||
− | — Aqui é Shinjou. Nós fizemos contato com a intrusa e a recuperamos. Nós estamos atualmente... |
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− | |||
− | Antes que ela pudesse terminar de falar, a máquina gigante conhecida como Deus da Guerra Pesado atirou. |
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− | |||
− | Tudo começou aí. |
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− | |||
− | O grande poder voando em direção a ela era um grande projétil de artilharia com encapsulamento de metal. |
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− | |||
− | Enquanto esse poder rasgava a atmosfera em direção a ela, Shinjou continuou falando. |
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− | — ...Enfrentando o Deus da Guerra Pesado Inimigo. |
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− | Enquanto Sayama assistia, Shinjou girou seu grande cajado verticalmente com um único movimento de seus dedos da mão direita. |
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− | O bojo do cajado parou em seu ombro direito, deixando-o em repouso verticalmente. Com um único som metálico, ela segurou a porção da frente com a mão esquerda. A sua mão direita percorreu a lateral do cajado. Seus dedos direitos estavam se movendo em direção a um painel longo feito de algo como vidro. |
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− | Seus dedos escreveram algo ali. |
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− | — Nós tememos buscar poder, mas não tememos usar poder! |
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− | A inscrição apareceu em uma luz azul acima do painel transparente então desapareceu. |
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− | O projétil chegou como que em resposta a isso. |
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− | Mas Sayama não demonstrava preocupação sobre o projétil de onde ele estava, atrás de Shinjou. |
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− | Ele estava olhando apenas para Shinjou. Com uma mão em seu queixo, ele olhou para as costas magras dela, seu quadril esbelto, e sua bunda redonda. Seus olhos se contraíram e ele suspirou. |
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− | — Tão bonita. Dê o seu melhor. |
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− | Shinjou sorriu amargamente e operou seu cajado. Ela deslizou a parte em sua mão esquerda para frente e um cabo apareceu. Ela o pegou e o empurrou para levantá-lo. Quando ela apertasse o gatilho no cabo, o cajado iria disparar um contra-ataque. |
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− | E ela apertou. |
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− | Eles puderam ouvir o som do ar se partindo. O corpo de Shinjou foi jogado para trás. O ponto e saída no fim do cajado se abriu e explodiu. |
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− | Em troca disso, uma luz branca foi emitida. |
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− | A luz branca perfurou o ar e apagou o projétil. |
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− | Mas a luz não parou aí. O rastro branco continuou em uma curva gentil para cima e acertou o Deus da Guerra. |
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− | Houve um grande barulho de impacto. |
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− | O painel de armadura no peito do Deus da guerra estava esmagado. A luz que foi disparada possuía grande poder. |
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− | ! |
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− | Um som sólido viajou pelo ar e aquela forma gigante de mais de dez metros teve sua cabeça jogada para trás. |
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− | Um barulho pesado se seguiu quando aquela massa de metal inteira despencou para trás. |
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− | Um vento quente soprou pela entrada, passando primeiro por Shinjou, depois por Sayama. |
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− | Sayama, então, viu algo. |
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− | Além do vento, sombras estavam aparecendo das escadarias levando até a entrada do outro lado. |
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− | Essas sombras bestiais pareciam com lobos andando sobre duas patas. Eles tinham mais de dois metros de altura. Seis deles chegaram da |
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− | esquerda e quatro da direita. |
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− | Sayama acenou com a cabeça quando ele os viu abaixar suas posturas em preparação para um ataque. |
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− | — Bom, a garota que vocês atacaram não gritou até o fim, então eu espero que você se esforcem um pouco nisso. |
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− | Ele começou a andar para frente através do centro do vento corrente. Seus passos ressoavam e ele sorria levemente. |
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− | — Vamos com tudo. Eu trato todos igualmente. Eu não vou me segurar. |
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− | A voz fluente de Sayama se juntou aos seus passos. |
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− | Shinjou andou ao seu lado. Ela segurou seu cajado quebrado como se o abraçando, abriu a boca e começou a cantar. |
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− | Era um hino. Era um trecho de "Silent Night" |
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− | — "Noite silenciosa, noite sagrada. |
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− | Pastores, os primeiros a presenciar. |
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− | Avisados pelos anjos, Aleluia. |
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− | Ressoando em todo lugar, perto e longe. |
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− | 'Cristo o Salvador está aqui.' |
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− | 'Cristo o Salvador está aqui.' " |
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− | Sayama abriu a boca enquanto escutava a música. Ele falou no microfone em seu pescoço. |
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− | — Pessoal! Ele levantou seu braço direito enquanto olhava para seus oponentes. — Deixe-me dizer isso aqui. ... O sobrenome Sayama indica |
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− | um vilão! |
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− | Shinjou deu um leve sorriso enquanto cantava próxima a ele. Sayama devolveu o sorriso. |
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− | — Eu estou dando uma ordem a todos vocês aqui! Não se percam e não os percam. Já que no fim das contas, se alguem estiver perdido, esse |
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− | mundo vai se tornar muito mais solitário. Ele respirou e levantou a cabeça. — Entendido!? Então em frente! À frente! Prossigam! Dêem um |
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− | soco nesses idiotas e um aviso antes que eles façam qualquer coisa estúpida! E então tragam eles até aqui! Se vocês entenderam, |
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− | respondam! |
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− | Enquanto ele observava os inimigos diante de seus olhos, Sayama abaixou sua mão à direita com força. A manga direita de seu uniforme se |
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− | esticou e fez um som como se estivesse batendo em papel. |
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− | Vozes responderam a ele tanto do microfone quanto da área ao seu redor. |
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− | — Testamento! |
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− | — Okay. |
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− | Confirmou Sayama antes de continuar andando em frente. |
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− | As sombras agachadas diante dele estavam rosnando e a segundos de distância de se lançarem para frente. |
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− | Sayama deu um leve sorriso e esticou seu braço esquerdo. |
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− | Seu braço direito já estava esticado, então agora parecia que ele estava se preparando para abraçar seus inimigos. |
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− | E continuando a sorrir, ele disse: |
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− | — Certo, que tal todos nós chegarmos à um entendimento!? |
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− | A história agora retorna dois anos para a primavera de 2005. |