Risou no himo seikatsu:Volume 2: Capítulo 1
Capitulo 1: Debutando na Alta Sociedade
Um banquete noturno organizado pelo palácio real.
Este evento era uma reunião social periódica para a alta sociedade, mas ao mesmo tempo a oportunidade perfeita para mostrar a autoridade da realeza ao reino. Em um lembrete da falta de tato, se gastava uma quantia tremenda de dinheiro por ser feito à noite.
Incontáveis candelabros de todos os tamanhos pendiam do teto alto para iluminar o grande salão de banquetes, mas as velas acesas não eram baratas, mesmo pelos padrões dos nobres.
“Cera de abelha” também é fabricado no Reino Carpa, mas eles não conseguiram criar abelhas como na Terra, logo a colheita da matéria-prima era comissionada. E a importação de “cera vegetal” de países do Leste acrescentando os custos de transporte, tornavam razoavelmente caro de qualquer modo.
Além disso, os candelabros em si eram itens de superluxuosos neste mundo. Afinal, a fabricação de vidro não existia aqui. Os candelabros eram todos feitos de prata e de cristais naturais. Mesmo um dos tipos menores valeria uma pequena fortuna.
Por outro lado, o tapete vermelho cobrindo a sala inteira era um item único, tecido por especialistas ao longo de três gerações. E as mesas altas, cheias de comida e bebida, eram peças extravagantes, cada uma esculpida em um único tronco por um carpinteiro hábil. Com tudo, era um espaço deslumbrante que fascinava até os nobres de menor status, sem falar nas pessoas comuns.
Na verdade, os nobres de menor rank ficariam animados durante todo o dia seguinte, só por terem “participado da festa no grande salão de banquetes do palácio ontem à noite”.
Zenjirou estava pisando nessa sala de banquetes pela primeira vez e tratava desesperadamente de saudar os nobres com um sorriso afetado sob a luz dos candelabros.
“Deixe-me apresentá-lo a você, Zenjirou. Esse homem é o Barão Pantoja. Na guerra anterior, ele serviu como comandante dos cavaleiros e agora está prestando seus serviços como um senhor feudal.”
Aura tinha o braço esquerdo ligado ao braço direito de Zenjirou apresentando o homem de meia-idade parado diante deles com essas palavras.
“É um prazer conhecê-lo, Zenjirou-sama. Sua Alteza foi boa demais comigo ao me conceder o título de Barão. Meu nome é Thomas Pantoja.”
“Sim, obrigada pela sua saudação, Barão.”
“É um prazer. “
Zenjirou deu um aceno generoso, enquanto o homem de meia-idade, apresentado como Barão Pantoja, levantava a cabeça abaixada.
Aura, usava um vestido laranja sem mangas, cuidava do grande arranjo de flores no lado esquerdo do peito enquanto o barão Pantoja se retirava em frente dá rainha e do marido.
Zenjirou observa o barão sair e solta um suspiro suave, com cuidado para que ninguém por perto percebesse.
(Isso é cansativo ...)
Manter uma postura correta, não esquecendo de sorrir e nunca adotando o tom errado. Isso era tudo que ele tinha que fazer, mas sentia uma fadiga inacreditável por causa das roupas desconhecidas e dos olhares de pressão sobre ele de todos os lados.
Felizmente, os nobres deste país não eram tão descarados de cumprimentá-lo continuamente sem deixá-lo recuperar o fôlego, então ele conseguia de alguma forma respirar por hora. Mas se ele fosse andar por aí, ele poderia acabar cometendo um erro fatal.
Seu traje atual era do vestuário formal da realeza no Reino Carpa. Calças largas brancas e um tipo de túnica que se sobrepunha à frente como nas roupas japonesas, decoradas com muitos cordões. Sobre ela, ele usava um colete vermelho sem mangas.
Bem apropriado para o Reino Carpa, um país do sul, o vestuário formal não era muito quente, mas a espada decorativa de bronze na cintura era pesada e o óleo perfumado que fixava seu cabelo não era só fedorento, como coçava muito.
Ele já havia experimentado a espada e o óleo uma vez durante a cerimônia de casamento, mas se acostumar com eles não era tão fácil assim. Para Zenjirou, eles eram apenas um incômodo que aumentava sua agonia ao longo do tempo. Durante a pausa para respirar profundamente, ele memorizou a aparência e o comportamento da pessoa recém-apresentada num lugar do cérebro.
(Homem de quase quarenta anos de cabelo preto. Nome é Baron Pantoja. Um obvio lisonjeador só de olhar. De qualquer coisa, me dá uma má impressão ... Ah, eu queria que pelo menos me desse um cartão de visita)
Sua expressão ainda mantinha um sorriso enquanto exclamava para si mesmo.
Zenjirou conhecia os meandros para se lembrar dos rostos e nomes de parceiros de negócios de seus dias de assalariado, mas nunca havia sido mais de cinco pessoas de uma vez. Em comparação, hoje uma dúzia de nobres foram apresentados a ele. Além disso, não havia costume de “trocar cartões de visita” como no Japão moderno.
Um pequeno consolo era que os nobres do Reino de Carpa muitas vezes usavam roupas características, ao contrário de um assalariado, assim, era mais fácil mantê-los a parte.
A cultura da moda no Reino Carpa poderia geralmente ser dividida em dois grupos. O do “traje nativo tradicional” que foi transmitido no Reino de Carpa desde tempos imemoriais e algo como “roupas ocidentais” que haviam chegado do continente setentrional nos últimos anos.
Com o tempo, esses dois tipos de roupas influenciaram-se e misturaram-se, por isso mesmo quando se fala de um “guarda-roupa formal”, havia uma grande variedade de vestidos para reuniões relativamente frouxos neste banquete.
Do mesmo modo apropriado para um país do Sul, as cores eram muitas coloridas, próximas das cores primárias para homens e mulheres. Devido a isso, palavras-chave muito rudes como "cara gordo vestindo uma camisa com padrão florido" ou "velha senhora parecendo um abeto roxo" fervilhavam na cabeça de Zenjirou.
A julgar pelo comportamento de Aura enquanto ela estava ao seu lado, Zenjirou parecia agir sem problemas até agora. Para começar, um banquete como este não exigia técnicas específicas, como um baile, nem ele tinha que seguir um grande número de regras, como durante um evento público.
Dessa forma, não seria uma má escolha para o Sr. Realeza na superfície ter sua estreia na alta sociedade aqui. Em troca, ele ficaria próximo da média dos nobres e cercado de interações, fazendo um demérito permissível. Enquanto tais pensamentos cruzavam suas mentes, Aura silenciosamente saiu do seu lado, pegou uma taça de prata da mesa e voltou para ele.
“Zenjirou.”
“Ah, obrigada, Aura.”
Zenjirou pegou a taça oferecida de Aura e percebeu que estava com muita sede.
A taça estava cheia de um vinho local. Tinha um baixo teor alcoólico, um sabor desagradável e acima de tudo era morno, o que não agradava muito a Zenjirou, mas era suficiente para refrescar a garganta que estava seca da atmosfera sufocante.
“Deixe-me cuidar disso.”
“Sim, obrigada.”
Aura sinalizou a uma empregada esperando nas proximidades com os olhos, que estava trabalhando de garçonete, quando viu que Zenjirou havia esvaziado sua taça. A garçonete rapidamente se aproximou, pegou a taça vazia de Zenjirou e saiu. Aura esperou por este momento, onde um pouco de seu nervosismo foi levado pelo refresco, e chamou os nobres, que estavam a uma distância razoável.
Era um homem e uma mulher.
Zenjirou já estava familiarizado com a mulher. Havia apenas uma mulher além de sua esposa Aura e das empregadas do palácio interior, com quem ele se familiarizou. Já que ele havia se trancado no palácio interior o tempo todo depois de ter vindo a este mundo.
Era Octavia, a esposa do conde Márguez. Ela usava um traje tradicional modesto e se destacava bastante, já que muitas das mulheres presentes usavam um guarda-roupa parecido com um vestido do continente norte como Aura, aparentemente em moda agora. E com isso, o homem gorducho de meia-idade ao lado dela só deveria ser o conde Manuel Márguez.
Um proeminente nobre do reino Carpa e pai de Raffaello Márguez, um ex-candidato a se tornar marido de Aura.
Zenjirou observou-o, tão cuidadosamente possível, que seu olhar nem foi notado.
(Uwah, eu ouvi sobre isso antes, mas a diferença de idade deles é realmente como de pai e filha. É o sonho de todo homem ter uma linda segunda esposa)
Aura de repente apertou seu braço direito mais forte quando seus pensamentos vagaram para um território insolente.
Zenjirou estremeceu por um segundo, pensando que ela havia lido sua mente, mas lembrou imediatamente que era o sinal que haviam combinado de antemão. Ou seja, um sinal para "pessoas importantes, a quem ela queria que ele lembrasse o rosto, o nome e a primeira impressão da melhor forma possível".
“É um prazer vê-lo novamente, Sua Alteza Aura. E eu estou muito feliz em conhecê-lo, Zenjirou-sama.”
“Muito obrigado pelo convite hoje, Sua Alteza.”
O casal com a diferença de idade gentilmente abaixara a cabeça, enquanto Aura respondia com seu habitual sorriso atraente e apresentava aos dois para Zenjirou.
“Obrigado por vir, conde Márguez, lady Octavia. Deixe-me familiarizá-lo com eles, Zenjirou. Este é o conde Manual Márguez, uma figura importante em nosso reino. Não tenho que apresentar Lady Octavia a você, certo?”
“Só ouvi coisas boas sobre você, conde Márguez. Sua esposa cuidou bem de mim.”
Zenjirou respondeu estufando deliberadamente o peito, ao que o casal Márguez baixou a cabeça mais uma vez.
“Alegra-me que minha esposa esteja te servindo tão bem.”
“Você me honra, Zenjirou-sama.”
Em algum momento, os outros nobres vizinhos se interessaram também e estavam se aproximando. O mais próximo ainda estava a dez metros de distância, então a conversa certamente não poderia ser ouvida, mas Zenjirou precisava estar preparado para ser o centro das atenções já.
Aura não tinha intenção de envergonhar o marido aos olhos do público, já que ele não estava acostumado com tais ocasiões, então ela assumiu a liderança enquanto ainda estava de braços dados a ele.
“Não seja tão modesto, conte. Sua esposa é tão inteligente e bonita como dizem. Eu gostaria muito que vocês dois continuassem a ajudar nosso país com suas habilidades.”
“Dificilmente merecemos suas generosas palavras. Muito obrigado."
“Me alegra, Alteza. Enquanto minhas parcas habilidades puderem ser úteis, vou me dedicar a ela no futuro também.”
Zenjirou geralmente deixava a conversa com Aura e só dava respostas agradáveis como “Oho, eu vejo” ou “Sim, de fato”. Quando a atenção desviava dele.
Em vez de deixar uma má impressão, fazer uma boa impressão era o nome do jogo. Ou melhor ainda, ele não deveria deixar nenhuma impressão, considerando sua posição difícil como o Príncipe Consorte.
Assim, a estreia de Zenjirou na alta sociedade teve um bom começo.
No entanto, não havia garantia de que tudo terminaria bem, mesmo que o banquete tivesse um bom começo. Para começar, o principal objetivo hoje era mostrar como Aura e Zenjirou se davam bem em público. Por essa razão, ela não podia continuar cobrindo-o com um aperto no braço sempre.
Se ela continuasse, começaria a fundamentar o boato de que "Aura estava restringindo a liberdade de seu marido". Por isso, haviam concordado previamente que seguiriam caminhos separados por algum tempo depois de terem cumprido as saudações.
“… Fuh”
Separado da Aura, Zenjirou anda devagar pelo corredor. Muitas pessoas deram-lhe olhares curiosos, mas ninguém se atreveu a aproximar-se do homem real.[1]
Era considerado basicamente “indelicado” alguém de baixo status chamar alguém de maior nível neste país. E, embora um pouco de descortesia seja tolerado em reuniões relativamente frouxas, como um banquete, apenas algumas pessoas podiam chamar uma realeza direta, como Zenjirou.
Senhores feudais, ministros de gabinete ou generais eram os únicos que podiam se aproximar dele sem afetar a etiqueta. Mas como essas pessoas assumiam grandes responsabilidades, eles perpassam o senso comum e liam a atmosfera, então quase ninguém se arriscava a se aproximar de uma realeza “por conta própria”.
Para o bem ou para o mal, seria necessário um general ou senhor feudal, ousado e desprezando as boas maneiras e costumes ou ambicioso sem fim, que avidamente mirava o topo, apesar de sua já alta posição, aventurar-se a isso.
(Ah, bem, suponho que terei de falar com alguém)
Como assalariado de uma empresa menor, Zenjirou não só tinha feito trabalho de escritório, como também fez negócios com outras empresas domesticas ou estrangeiras. Ele não tinha nenhum problema em iniciar contato com alguém desconhecido.
Em busca de uma pessoa que ele poderia falar com segurança como realeza, ele deixou seu olhar vagar pelo corredor. Naquela hora.
“Com licença, Zenjirou-sama. Posso ter um pouco do seu tempo?"
Um homem bem-constituído, no auge de sua vida, aproximou-se dele de lado e o chamou assim enquanto se ajoelhava sobre um joelho.
(Eh ... EHH? De jeito nenhum, alguém se aproximou de mim? Quem é esse cara!?)
Zenjirou encontrou uma situação considerada "tecnicamente impossível" em suas aulas de boas maneiras e caiu em pânico interno. Mesmo assim, ele por reflexo tenso lentamente se virou para o homem de joelhos.
"Sim ...?"
Ao se virar, ali se ajoelhava um homem sob um joelho em cima do tapete. O homem possuía uma estrutura bem treinada e tão grande, que Zenjirou podia ver em um relance que ele era "alto", mesmo quando estava ajoelhado. Seu corpo estava vestido com roupas pretas grosseiras decoradas com fios dourados, o que era impróprio para um banquete. Zenjirou de alguma forma recordou, do fundo de suas memórias, que era o uniforme oficial de um oficial de alta patente militar do Reino Carpa.
A julgar pelas numerosas borlas do braço esquerdo, esse gigante parecia ocupar uma posição no alto escalão no exército atual.[2] Ele realmente parecia um "cavaleiro" enquanto se ajoelhava no tapete vermelho sob a luz dos candelabros.
E não o típico "cavaleiro" que aparece em conto de fadas como um jovem príncipe, mas o típico "cavaleiro" que protegia ferozmente seu país e encontra sua razão de ser com bravura no campo de batalha enquanto conhecia um mínimo de boas maneiras.
Zenjirou coloca freneticamente a informação em sua cabeça enquanto olhava para o "cavaleiro" ajoelhado. Os únicos que mal podiam chamá-lo eram importantes senhores feudais e autoridades do palácio, como ministros do gabinete ou oficiais militares com posto de general.
E mesmo que alguém se aproximasse dele, seria um homem ousado que bem ou mal não prestaria atenção à etiqueta. Ou, de outro modo, um homem excessivamente ambicioso, que buscava assertivamente uma conexão com o Príncipe Consorte, mesmo sob o risco de cair em desgraça com isso. Oficial militar, ousado e ambicioso. Essas três palavras-chave se unificaram e evidenciaram o nome deste homem, a quem Aura havia lhe avisado com antecedência, dentro da cabeça de Zenjirou.
“Oh, senhor Puyol. O que houve?”
Zenjirou limpou a garganta uma vez, depois falou o nome do homem.
General Puyol Guillén.
Ele ouvira esse nome várias vezes antes.
Não havia forma, de não estar ciente do homem que tinha sido o outro candidato a se tornar marido de Aura, além de Sir Raffaello Márguez. Aura também o descreveu como uma "pessoa perigosa".
“Sim, eu tenho este pequeno presente que gostaria muito de oferecer a você, Zenjirou-sama. Por essa razão, chamei sua atenção, totalmente consciente de que era contra a etiqueta. É apenas um presente humilde, mas seria uma grande honra para mim se você aceitasse.”
O general Puyol Guillén, comandante dos cavaleiros arqueiros de dragão do reino de Carpa, olhava diretamente para o príncipe consorte, ainda em pé na sua frente. E com tudo isso ainda estava ajoelhado em cima do tapete vermelho. Um proeminente general do país se ajoelhando diante do Príncipe Consorte e conversando diretamente com ele.
Claro que essa cena atrairia a atenção dos outros. Em algum momento, os nobres pararam de bater papo e mandaram olhares curiosos em sua direção. Zenjirou notou isso e, internamente, começou a suar frio, pensando “que problemático”, depois limpou a garganta uma vez com uma tosse afetada.
(Aw, droga. Eu não esperava isso. Tenho que improvisar tudo agora? Dá um tempo ...)
Zenjirou era o tipo de homem que lidava com negociações ou apresentações dos seus dias de assalariado. Sempre preparando da melhor maneira possível, e escrevendo uma folha de perguntas com antecedência. Pessoas assim eram frequentemente fracas para situações “inesperadas” como essa, onde tinham de improvisar tudo.
Mesmo assim, ele comparava freneticamente seu conhecimento superficial com sua atual situação mentalmente e tentou obter o melhor curso de ação.
(Ehm, isso é um banquete, então é um pouco negligente, eu acho? E eu sou da realeza enquanto esse cara é um general ...)
Ele inconscientemente chamou o General Puyol de “esse cara” em seus pensamentos. Embora Zenjirou soubesse que não era admirável pensar mal de alguém que conheceu pela primeira vez, não era tão bonzinho que pudesse ser neutro com um ex-candidato a marido de sua amada esposa.
Escondendo seus sentimentos por trás de uma máscara, Zenjirou quebrou o impasse com palavras inofensivas.
"General, não há necessidade de se ajoelhar em tal lugar."
“Sim. Com licença.”
O general Puyol se levantou lentamente com as palavras de Zenjirou.
Zenjirou reprimiu sua vontade de recuar quando o general ficou em pé diante dele. Ele era enorme. Uma cabeça mais alto que Zenjirou, que tinha 1,72m de altura, então sua altura devia ultrapassar os 1,80m. Era mais provável algo em torno de 1,85m ou, pior ainda, algo próximo de 2m.[3]
Seu peso corporal parecia superar os cem quilos. É claro, que não de gordura, mas músculos. Um corpo gigante perfeitamente treinado para a batalha.
"Então vá em frente. Você disse alguma coisa sobre um presente?"
Zenjirou olhou diretamente para o general Puyol nos olhos e organiza a informação dentro de sua cabeça. Lhe foi ensinado com antecedência sobre a possibilidade de que alguém venha com um presente para ele neste lugar. Parecia que esse mundo compartilhava o conceito moral de ganhar o favor de alguém por meio de presentes.
(Se bem me lembro, não posso recusar sem uma boa razão. A questão espinhosa é como aceitá-la.)
Se ele parecesse muito feliz, a outra parte esperaria uma compensação simultânea àquela “alegria” e se ele ficasse desapontado, ele envergonharia a outra parte em público. Zenjirou novamente sentiu a enorme pressão de sua atual posição, onde suas meras palavras ou expressões em aceitar algo poderiam afetar o destino daqueles ao seu redor.
O general Puyol ignorava o tumulto interno de Zenjirou e abaixou a cabeça mais uma vez com um “sim”, depois sinalizou a um jovem cavaleiro, aparentemente seu subordinado atrás dele com os olhos.
Ao receber esse olhar, o jovem cavaleiro avançou até o lado do general a pequenos passos, carregando um objeto comprido e estreito envolto em pano branco com ambas as mãos, e entregou o item embrulhado ao General Puyol obedientemente.
Vendo isso, Zenjirou esqueceu seu olhar afetado e inexpressivo e arregalou um pouco os olhos.
(Eh!? Ele trouxe o item real com ele, não apenas um certificado?)
Foi dito a Zenjirou que o procedimento usual de dar algo a alguém em tal lugar era entregar primeiro um certificado aqui e depois enviar o item real para a residência em uma data posterior. Afinal, trata-se de presentes da nobreza ou da realeza. Não era tão incomum dar um "dragão raptor" bem domesticado ou uma residência de verão.
É claro que não estava fora de questão entregar diretamente itens de tamanho da mão como joias ou espadas preciosas, mas raramente era praticado.
Porque salvava a pessoa do constrangimento se o item trazido fosse rejeitado no local.
"Por favor, dê uma olhada, Zenjirou-sama."
Enquanto os olhos de Zenjirou ainda estavam arregalados de surpresa, o general Puyol desembrulhou o pano de uma maneira acostumada e revelou o objeto sob ele.
(O que é isso? Um ... arco?)
Zenjirou ficou confuso ao ver o objeto. Era uma vara rústica que curvada de forma elaborada. Para ele, parecia apenas um “arco” prático e sem ornamentos. Para confirmar sua impressão, o general Puyol disse com orgulho.
"Este é um 'arco de dragão', feito por um proeminente artesão de nosso país."
Os nobres próximos, que estavam observando a cena até agora, soltaram surpresos sons de "Ohh" diante dessas palavras.
Aparentemente, esse chamado "arco de dragão" era algo tão impressionante que até os nobres levantaram vozes admiradas. Zenjirou deu outra olhada de perto no “arco de dragão” na mão de Puyol, mas ainda não lhe parecia nada maravilhoso.
Como era para ser trazido ao palácio, os buracos em cada extremidade da corda do arco foram preenchidos com algo como argila ocre na qual o emblema real estava gravado, seu tamanho era apenas metade do de um arco japonês. Aos olhos de um amador, parecia extremamente indigno de confiança.
O General Puyol deve ter percebido que Zenjirou não entendia nada sobre o “arco de dragão” de sua reação fraca.
Ele eloquentemente começou a explicar com uma voz baixa.
“O 'arco de dragão' tem como base de uma tábua de madeira fina, um tendão não recurvado e a costela raspada de um 'dragão raptor'. Como você pode ver, tem apenas metade do tamanho de um arco longo para as tropas de arco e flecha, mas excede o arco longo tanto em potência quanto em alcance. Também é mais fácil de usar devido ao seu tamanho menor e nas mãos de um homem habilidoso, torna-se uma arma bastante rápida e precisa. Não seria exagero dizer que é a arma mais forte para um cavaleiro.”
Um arco feito pela combinação de materiais incomuns. O tipo que era comumente conhecido como arco composto.
Algo similar também existiu na história da Terra e certamente se provou em batalha.
“No entanto, apenas um pequeno punhado de cavaleiros pode ter um arco de dragão próprio. A razão é que somente os tendões flexíveis e os ossos de jovens dragões raptores ainda em crescimento podem ser usados para o arco, de modo que os materiais são extremamente valiosos. Da mesma forma, é preciso muito tempo e esforço para fabricar um único. ”
Geralmente, apenas jovens dragões raptores com idade entre cinco e sete anos eram considerados responsáveis pelo fornecimento do material para o “arco de dragão”, porque os ossos de um dragão raptor adulto tornavam-se duros e sólidos, perdendo sua flexibilidade. Os tendões também sofrem a mesma influência prejudicial, embora nem tanto quanto os ossos.
Zenjirou foi esclarecido sobre o "arco de dragão" através da explicação do general Puyol e suas bochechas se contraíram. O “arco de dragão” era desconhecido para ele, mas ele já havia recebido uma explicação sobre o quão precioso era o “dragão raptor” neste país.
E também sobre o fato que criadores nos estábulos ainda viajavam por longas distancias todos os dias para repor o número necessário de dragões raptores, que tinha diminuído de forma significativa na guerra anterior, para os militares.
Esses preciosos "dragões raptores" foram mortos em tenra idade e recuperados para materiais de armas. Mesmo que cinco “arcos de dragão” pudessem ser obtidos da morte de um único e jovem “dragão raptor”, esses cinco arcos tinham que produzir resultados iguais as de um “dragão raptor” adulto ou não valeriam a pena os custos.
Zenjirou não sabia o número exato de arcos que poderiam ser feitos de um único dragão, mas não podia ser muitos, considerando a nuance das palavras do general Puyol.
“Zenjirou-sama?”
O general Puyol chamou seu nome ao notar que se comportava de maneira estranha, enquanto que Zenjirou perguntou com uma voz o mais calma possível.
“Uma pergunta, General. Alguém pode usar esse 'arco de dragão' com facilidade? ”
O general Puyol respondeu honestamente sem perceber a intenção de sua pergunta.
"Não. Como tem um alcance e uma potência considerável para a sua estrutura pequena, não é incomum que até mesmo um soldado comum tenha dificuldade em considerá-lo satisfatório.”
Zenjirou estava prestes a suspirar à resposta esperada, mas se reteve. Seu poder era autêntico, mas era difícil de manusear e os materiais eram bastante valiosos, então era uma arma rara. Zenjirou não esperava que fosse certo ter um deles jogado sem uso em seu quarto.
No entanto, parecia ter um “status” apropriado a se oferecer a uma realeza, a julgar pela reação dos outros. Como ele poderia recusar enquanto mantinha a comoção ao mínimo?
Zenjirou reuniu toda a sua inteligência e respondeu enquanto cuidadosamente contorcia seu cérebro.
“Eu realmente aprecio sua consideração em me oferecer algo tão valioso, General. No entanto, como um general experiente, você deve perceber que sou um homem impotente, que não somaria força na luta em um campo de batalha.”
Ele estendeu os braços a esquerda e para a direita, depois falou como que mostrando seu corpo como prova. Ele estava vestido com o traje nativo pouco cerimonioso, mas um soldado experiente deveria ser capaz de dizer que ele não possuía o perfil de soldado num olhar para suas pequenas mãos ou o pescoço que saía do colarinho.
"Sim, mas ..."
O general Puyol tentou dizer alguma coisa, mas Zenjirou o interrompeu enquanto continuava.
“Assim, seria um desperdício para eu aceitar este arco. General Puyol, eu presumo que você tenha alguns cavaleiros sob seu comando, que ainda não obtiveram um 'arco de dragão'. Então você poderia passar o 'arco de dragão' para esse cavaleiro. Quem é o mais capaz com o arco e o mais fiel à família real entre eles? Dessa forma, o arco encontrará um propósito satisfatório para mim.”
Por um tempo, um silêncio palpável pairou sobre o salão.
"…. Muito bem. Eu prometo a você que o arco será definitivamente concedido a alguém que vale a pena, Zenjirou-sama.”
Depois de um longo silêncio, o General Puyol inclinou a cabeça profundamente enquanto ainda segurava o “arco de dragão” com as duas mãos.
A rainha Aura observara a confusão a distância e suspirou aliviada em resposta à resolução da situação.
(Bom. Ele de alguma forma conseguiu recusar)
Se ele tivesse aceito o arco ali mesmo, teria se tornado extremamente problemático. Não teria sido um problema quando se tratava de uma arma de prestígio como uma espada preciosa ou uma lança decorativa, mas se ele aceitasse uma arma prática, isso implicaria que ele também estava pronto para usá-la.
E então seria extremamente difícil recusar um convite do General Puyol para a prática ou uma excursão de caça da próxima vez.
Ao declarar que "ele não tinha intenção de usar o arco", a reputação de Zenjirou certamente havia diminuído, mas ele não o havia rejeitado de maneira rude e poupou o general de um constrangimento também, já que ele "emprestava o arco a um digno". cavaleiro depois de afirmar o direito de propriedade”.
Embora isso tenha dado uma visão decepcionante como homem, a situação foi resolvida sem embaraçar ou ofender ninguém.
Aos olhos de Aura, foi um resultado quase perfeito. Na pior das hipóteses, ela estava preparada a entrar na conversa e salvar a situação de forma imperiosa. Fazê-lo, sem dúvida, teria promovido o boato de que "a rainha estava dominando seu marido".
"Ele lidou com isso de forma bem promissora, Sua Alteza."
Ao lado dela, o Conde Márguez a chamou sorrindo.
"De fato. Perdoe-me, conde, estávamos no meio de uma conversa.”
Aura corrigiu a decoração de flores do lado esquerdo do peito com a mão e encarou o conde Márguez, que não deixava seu lado por um tempo, de novo.
O conde gordo sorriu feliz e estreitando os olhos.
"Não se preocupe. Você é recém-casada, então é natural que seus olhos persigam sem querer Zenjirou-sama. Fico feliz em ver que vocês dois são felizes juntos.”
Ele balançou a cabeça e disse isso um pouco brincalhão.
"Obrigado pelas suas palavras amáveis."
Aura mostrou um sorriso irônico para as palavras do conde, soando um pouco sarcástico, e franziu o nariz um pouco.
Ela voltou seu olhar para Zenjirou e o General Puyol imediatamente.
O general Puyol confiou o “arco de dragão” a seu subordinado e continuou a falar com Zenjirou, não menos desencorajado depois disso.
Eles pareciam ter uma conversa relativamente inofensiva desde então, pois Zenjirou também falava com uma expressão calma e sem problemas.
Não obstante, o general Puyol não seria chamado de “lobo insaciável” se pudesse aprender uma lição com um ou dois fracassos em suas ambições.
Aura levantou as orelhas para as palavras do general de longe.
“… De fato, o seu papel é deixar os filhos para trás, de modo que não há necessidade de se expor ao perigo no campo de batalha. Por favor, deixe essa parte para nós. E enquanto estamos neste assunto, no caso da concepção de uma criança com sua Alteza que herda o sangue real, você precisaria de uma "concubina" que dê à luz um herdeiro de seu próprio nome, na minha humilde opinião.”
Após a ofensiva com o presente, general Puyol lançou uma ofensiva do casamento arranjado, enquanto Aura, escutava-os à distância, contorcendo o rosto por um momento. O general Puyol não conseguia ver Aura e abertamente afiava sua ofensiva em direção a Zenjirou com um porte digno.
“Mudando um pouco o assunto, a Família Guillén herdou o sangue nobre da família real, embora em pequena medida, como você deve saber. Hoje, trouxe minha irmãzinha comigo e, nesta ocasião, gostaria muito de apresentá-la a você, Zenjirou-sama. ”
O tópico não mudou em nada.
Sua promoção era tão direta ao ponto de se poder falar que até mesmo a venda de uma prostituta teria mais comentários introdutórios. Aura observou a cena de longe e sentiu uma crise iminente. Ela definitivamente deveria interferir nisso.
Isso não foi bom. Seu marido estava bem mais familiarizado com relações sociais do que ela previra, mas não achava que Zenjirou, que acabara de estrear na alta sociedade, pudesse ir contra um ataque direto do general Puyol, que beirava a quebra de etiqueta.
(Eu tenho que fazer alguma coisa…!)
Uma Aura determinada estava prestes a avançar quando o Conde Márguez, que assistia a cena toda com um sorriso, a chamou com uma voz calma ao lado.
“Oh, pensando sobre isso, eu ainda tenho que cumprimentar o General Puyol hoje. Sua Alteza, sei que estamos no meio de uma conversa, mas posso me desculpar?”
“!? ”
Aura parou com as palavras afetadas do conde e se virou. Ela não sabia no que daria isso depois, mas sua oferta era um verdadeiro salva-vidas para ela. Se ela dissesse “Então deixe-me acompanhá-lo” agora, ela poderia interferir com a proposta de casamento ofensiva do lobo insaciável sem ser interpretada como “forçando seu caminho até a conversa de seu marido”.
(O que você está planejando, conde? Você está tentando ganhar o favor comigo?)
Como não conseguia discernir a intenção do conde, ficou um pouco preocupada, mas ainda mais não aguentava ficar assistindo à conversa entre Zenjirou e o general Puyol.
Ela não tinha tempo a perder.
“Nesse caso, deixe-me acompanhá-lo.”
Tomando uma decisão imediata, Aura aceitou a ajuda do conde Márguez sem discutir.
As festas da alta sociedade frequentemente feitas no palácio eram chamadas de “campo de batalha sem espadas”, mas essa era uma expressão levemente exagerada. Para a maioria dos nobres, essas festas não passavam de um local relaxante, onde simplesmente podiam encontrar-se com outros nobres e aproveitar algumas fofocas. Comer comida deliciosa, beber um bom vinho e, respectivamente, regozijar-se com a visão de senhoras ou senhores bem vestidos.
Referências
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