Suzumiya Haruhi:Volume2 Capítulo1br

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Capítulo 1


Eventos são uma parte indispensável da vida escolar, mesmo acontecendo esporadicamente. O que me lembra que nossa escola teve o festival esportivo mês passado. Estava bastante cético quando Haruhi mencionou que a Brigada SOS iria participar da corrida de revezamento durante o encontro dos clubes da escola, mas o que você não sabe, é que a Brigada SOS realmente acabou participando da corrida, derrotando o clube de corrida e pisando sobre o clube de rugby [1]. Não esperava que Haruhi, a grande “ás” da corrida, iria cruzar a linha de chegada com uma vantagem de trinta cavalos [2] de distância sobre o corredor mais próximo. Como resultado disso, nossa (excluindo a minha) peculiaridade não era mais cochichada entre os alunos, mas sim gritada pela escola como se alguém tivesse ativado o alarme de incêndio no meio da aula, o que me deu uma grande dor de cabeça. Muitos culpam Haruhi por ter dado a idéia, mas a segunda corredora, Nagato, também tem a sua parcela de responsabilidade. Certamente não esperava ver Nagato correndo tão rápido, era como se ela estivesse se teletransportando. Nagato, se for fazer esse tipo de coisa, por favor, me avise antes.

1-[Nota do tradutor: esporte que é uma variação do futebol tradicional, que foi desenvolvido na escola de Rugby, Inglaterra].

2-[Nota do tradutor: aproximadamente 72 metros].

Quando eu perguntei a ela que tipo de mágica usara, a forma de vida orgânica criada pelos aliens sem nenhum pingo de senso de humor, me deu uma explicação envolvendo coisas como "nível de energia" e "saltos quânticos”, o que eu apreciei, mas como já havia desistido da carreira cientifica há tempos para seguir o caminho das artes liberais, não tinha idéia do que ela estava falando. E pra falar a verdade, nem queria ter.

Depois que o insano festival esportivo acabou, sentei e esperei pelo mês seguinte, onde descobri que teríamos o festival cultural. Agora mesmo, essa pacata escola pública está se preparando para tal evento. Exceto que os únicos que estão realmente preparando algo são os professores, o comitê executivo, e os clubes artísticos, pois essa é a única oportunidade deles de mostrar um pouco de trabalho.

É claro que um clube tem de ser reconhecido antes de poder manter suas atividades, sendo que, como a Brigada SOS ainda esperava pelo reconhecimento, não tivemos que se empenhar em nenhuma preparação criativa. Acho que, se tivéssemos que preparar alguma coisa, não nos importaríamos de colocar um gato malhado da vizinhança dentro de uma jaula com uma placa de "Besta Extraterrestre" como exibição. Mas as pessoas que não entenderam a piada iriam se sentir terrivelmente ofendidas, enquanto as que entenderam iriam rir com desdém. Alem do mais não era necessário que eu forçasse a minha cabeça para pensar em alguma coisa para o festival. Não tenho motivação para fazer isso. Um festival cultural de uma escola pragmática pode ser apenas pragmático. Se você não acredita em mim vá a qualquer festival escolar. Você vai ter de encarar a realidade que aquele é apenas outro evento da escola.

Falando nisso, se você está se perguntando; o que Haruhi e eu, e o resto sala 1-5, estamos preparando? A verdade é que estamos fazendo um questionário idiota, é apenas uma forma de enganar a organização pelo fato que não temos nada a apresentar. Depois que Asakura sumiu na primavera, ninguém foi louco o suficiente para assumir a posição de líder. O plano acima só veio após uma seção do conselho de classe, em que Okabe nos forçou a ter alguma idéia, foi um longo e desconfortável conselho de classe. Ninguém foi a favor ou contra, então ficou assim decidido, pois o prazo já estava acabando. Ninguém sabia sobre o que a pesquisa seria, ou como se divertir fazendo isso. Não tenho duvida que ninguém irá gostar, mas era isso. Trabalho duro, pessoal.

E assim, me sentindo tão lânguido quanto uma vítima de uma síndrome apática, realizei meu ritual diário de rumar ao clube. Por quê? Porque a garota que sentava atrás de mim disse que eu deveria fazer isso.

"Uma pesquisa é algo tão estúpido."

Ela fez uma cara furiosa, como alguém que derrama molho no seu natto [3].

3-[Nota do tradutor: alimento de soja fermentada, muito comum nos cafés da manhã japoneses].

"Cadê a diversão nisso? Eu realmente não entendo!"

Você deveria ter falado algo. Não viu que Okabe, o educador, estava procurando por uma idéia durante a nossa reunião?

"Não importa. Não tenho a intenção de participar de nada que nossa sala faça. Não há diversão em fazer nada com essa gente."

Exceto que me lembro vagamente de você contribuindo com a vitória da sala no campeonato esportivo. Não foi você que foi a corredora âncora, e venceu as corridas de curta, média, e longa distância? Ou foi outra pessoa?

"Isso é diferente."

No que é diferente?

"Esse é um festival cultural. Ou poderia chamar de festival do campus. Acho que a palavra campus não pode ser usada quando falamos de uma escola pública. Oh, bem. O festival cultural é o evento mais importante do ano, certo?"

"Sério?"

"Sério!" - ela disse enquanto balançava a cabeça com fervor. Então ela anunciou para mim a seguinte proclamação - "Nós, a Brigada SOS, faremos algo bem mais divertido!".

Então enquanto Suzumiya Haruhi falava, seu rosto brilhava de determinação, como Aníbal que decidiu cruzar os Alpes durante a Segunda Guerra Punica [4].

4-[Nota do tradutor: a Segunda Guerra Púnica é talvez o acontecimento mais importante da Antigüidade ocidental, pois é através da vitória neste conflito que Roma começa sua grande expansão. Aníbal Barca era um dos comandantes].


Apenas na superfície, eu acho.

Em todas as vezes nos últimos seis meses, as "coisas divertidas" de Haruhi nunca me levaram a um final feliz. Para falar a verdade, na maioria das vezes elas levaram a exaustão. Pelo menos para Asahina-san e eu, que eram os únicos seres humanos comuns aqui. Pelo que posso dizer, é de conhecimento comum nesse planeta que Haruhi não é uma pessoa normal. E eu duvido seriamente que a disposição de Koizumi pode ser considerada humana. E Nagato nem é humana para começar.

Agora que estou com esse bando, como deveria cruzar essa vida escolar que é o cúmulo do anormal? Eu não queria repetir as experiências dos últimos seis meses. Não queria fazer nunca mais aquele tipo de coisa. Apenas pensando nisso - se alguém me desse uma arma - eu atiraria na minha cabeça. Gostaria de arrancar e queimar as células contendo a memória daquele incidente. Eu ainda não sei o que Haruhi pensou daquilo afinal.

Enquanto estava preocupado em desenvolver um método para erradicar aquelas memórias, não ouvi o que a empolgada garota que sentava atrás de mim disse.

"Ei, Kyon. Você está me ouvindo?"

"Na verdade não. O que foi?"

"O festival cultural, o festival cultural! Você deveria estar um pouco mais animado. Você só poderá presenciar o festival cultural como um estudante de primeiro ano uma vez na vida."

"Bem, é. Mas não existe motivo de fazer tanto alarde sobre isso."

"Sim, tem um motivo. Festivais não acontecem com freqüência. Não seria um festival se as pessoas não fossem a loucura. Todas as escolas que conheço são assim."

"Sua escola anterior era meio exagerada, não?"

"Completamente errado. Não era nem um pouco divertida. E esse é o motivo dos festivais do ensino médio terem de ser mais divertidos."

"O que você considera divertido afinal?"

"Fantasmas de verdade na casa assombrada, escadas aonde o número de degraus aumenta subitamente, as sete maravilhas da escola se transformando nas trinta maravilhas, o cabelo do diretor triplicando de tamanho e virando um afro, o prédio da escola se transformando em um robô e lutando contra um monstro que veio do oceano, ou ameixa virando uma palavra sazonal para outono [5]. Esse tipo de coisa."

5-[Nota do tradutor: na poesia japonesa a uma serie de palavras relacionada a cada estação do ano. Ameixa se relaciona com a primavera].

Bem, eu parei de escutar na metade, então não entendi nada depois da parte das escadas. Talvez alguém que tenha tempo de sobra possa me explicar melhor.

"... tudo bem. Darei uma explicação passo a passo assim que chegarmos ao clube."

Haruhi aparentemente perdera o seu bom humor, e caiu em um silêncio súbito. Marchamos adiante, alcançando a porta do clube rapidamente. Sobre a placa escrita "Clube de Literatura" havia um pedaço de papel com as palavras "com a Brigada SOS" rabiscado nele. "Ele estava ali faz mais de meio ano. Ninguém pode dizer que essa sala não é nossa." E assim, ela começou a exercer arbitrariamente seu direito de ocupação e estava retirando a placa antiga, quando eu a impedi. Humanos têm de saber quando ser discretos.

Haruhi abriu a porta sem bater, eu podia ver a fada no meio da sala do clube. Seus olhos encontraram os meus, e um sorriso iluminou o seu rosto, como a personificação de uma flor de lírio.

"Ah... olá."

Vestida na sua roupa de maid enquanto varria o chão, estava a coadora de chá que era o orgulho e alegria da Brigada SOS, Asahina Mikuru. Como sempre, ela deu suas boas vindas a mim com um sorriso caloroso, era como se uma fada vivesse em nosso clube. Talvez ela seja realmente uma fada. Parece ser mais apropriado dizer isso do que falar que ela é uma viajante do tempo.

Voltando ao tempo em que a brigada se estabeleceu, Haruhi nos deu a incompreensível razão de que "Eu acho que precisamos de uma mascote.", e assim arrastou Asahina-san para cá. Então Haruhi a enfiou em um uniforme de empregada, e desde então, depois da aula ela se torna a maid da Brigada SOS. Não é porque ela tem alguns parafusos soltos, mas sim porque ela é uma garota doce que trás lagrimas aos meus olhos.

Asahina-san já passou por bunny-gal, enfermeira, e líder de torcida, mas tenho que dizer que ela fica melhor como maid. Simplesmente porque essa roupa não tem nenhum significado ou intenções ocultas, e prefiro que continue assim. Talvez devesse enfatizar que a maioria das ações de Haruhi não tem significado algum.

Mas elas geralmente acabam acarretando em outras coisas, e essas outras coisas geralmente acabam trazendo problemas para mim. Isso me faz desejar que tudo que ela faz não tenha sentido.

Uma das poucas coisas boas que Haruhi fez - na verdade a única coisa boa - foi criar essa versão maid de Asahina-san. Ela fica tão bem assim que faz até minha cabeça parecer mais leve. Essa foi a única vez que não pude culpar uma das idéias de Haruhi. Não sei como ela conseguiu a fantasia, ou quanto ela custou, mas posso dizer que Haruhi tem um ótimo senso de moda. É claro que Asahina-san iria parecer com uma modelo não importando que roupas ela usasse. Mas a roupa de maid seria minha favorita apenas pela razão de que agrada aos meus olhos.

"O chá estará pronto em um segundo."

Asahina-san respirou com sua linda voz enquanto guardava a vassoura no armário. Ela correu em direção as prateleiras para pegar nossas xícaras de chá.

Meu abdômen subitamente sofreu uma dor intensa. Aparentemente Haruhi me golpeou com o cotovelo.

"Não fique olhando de viés para os outros."

Talvez estivesse tão tocado pelos movimentos suaves de Asahina, que naturalmente acabei afilando os meus olhos. Acredito que qualquer um teria a mesma reação ao ver esta adorável e tímida garota.

Haruhi pegou a faixa com "Comandante" escrito de cima da mesa, aonde a pirâmide com o mesmo "Comandante" jazia, e a colocou no braço. Ela se jogou sobre uma cadeira de metal e se inclinou para trás, observando a sala com atenção.

A outra membro da brigada estava na sala, sentada em um canto da mesa lendo um livro grosso.

" ... "

Ela apenas encarava as paginas, sem ao menos levantar a cabeça uma só vez. No que dizia respeito a Haruhi ela era "o bônus que veio junto com a sala.". A caloura membro do Clube de Literatura, Nagato Yuki.

Uma colega de classe cuja presença era mais indetectável do que o nitrogênio na atmosfera, e que de longe tinha a biografia mais estranha entre todos nós. Podemos dizer que seu passado de excentricidades supera até mesmo Haruhi. Haruhi nunca fez o menor sentido, mas o "fazer sentido" de Nagato só serve para me confundir ainda mais. Se acreditar em tudo que ela falou, essa silenciosa / sem emoções / inexpressiva / e sem sentimentos, garota de cabelo curto, não é humana, mas um meio de comunicação mecânico feito por aliens. Não me pergunte o que é isso, pois eu também não sei. Ela disse isso por si mesma, então não tenho comentário algum a oferecer. Aparentemente é verdade, mas esse é só mais outro segredo que devemos guardar de Haruhi, pois ela acha que Nagato é apenas uma "rata de biblioteca um pouco estranha", e nada mais.

De um ponto de vista objetivo, eu penso que "um pouco" seja de certa forma, um argumento módico demais para ela.

"Cadê o Koizumi-kun?"

Haruhi deu um olhar afiado para Asahina-san, inconscientemente a fazendo recuar.

"E-eu não sei. Ele ainda não apareceu. Certamente ele está atrasado..."

Suas mãos cuidadosamente tiraram as folhas de chá do pote e as colocaram na chaleira. Olhei para o suporte de roupas no canto da sala. Ele apresentava muitos tipos de fantasias, acho que devia ter sido parte do clube de teatro. Da esquerda para a direita; fantasia de enfermeira, bunny-gal, uniforme de verão para a maid, líder de torcida, um yukata [6], um jaleco de médico, pele de leopardo, fantasia de sapo, uma coisa transparente que sinceramente não reconheço, etcetera etcetera [7].

6-[Nota do tradutor: Yukata é uma vestimenta japonesa de verão. Geralmente pessoas usando yukatas são vistas nos festivais japoneses e nos festivais de fogos de artifícios (hanabi) e outros eventos tradicionais de verão]. 7-[Nota do tradutor: mantemos o original, aos que preferirem, leiam “etc etc...”].

E cada um deles já havia sido agraciado pelo calor da pele de Asahina-san nesses últimos seis meses. Não havia porque Asahina-san os vestir, isso era apenas para satisfazer Haruhi. Talvez seja algum trauma de infância, como se seus pais nunca houvessem lhe comprado uma boneca. E esse é o motivo dela descontar tudo na pobre Asahina-san. Conseqüentemente as cicatrizes emocionais da mesma aumentavam dia após dia, enquanto meus olhos eram constantemente bombardeados por essa visão do paraíso. Bem, se me perguntassem eu poderia dizer que tem mais gente feliz com isso do que infeliz, então vou manter a minha boca fechada.

"Mikuru-chan, me sirva chá."

"S-sim, já estou indo."


Mikuru apressadamente serviu chá verde no copo com "Haruhi" escrito em marcador permanente, e depois o colocou em uma bandeja e o carregou até ela.

Haruhi assoprou o chá quente antes de falar como uma mestre de ikebana [8] criticando a inaptidão de uma aprendiz.

8-[Nota do tradutor: Ikebana é a arte japonesa do arranjo floral, tendo como base certos princípios de arte reconhecido mundialmente].

"Mikuru-chan, estou certa de ter lhe dito isso uma vez. Você se lembra?"

"O que?"

Asahina-san agarrou-se a bandeja com nervosismo.

"O que foi isso agora pouco?"

Ela mexia a cabeça se questionando, era como um papagaio da ilha de Java que tentava se lembrar do gosto das sementes que comera no dia anterior.

Haruhi colocou o copo sobre a mesa.

"Quando você carrega o chá, você tem de tropeçar e espirrar o chá pelo menos uma vez a cada três vezes! Você não está agindo nem um pouco como uma empregada desastrada!"

Haruhi: "Quando você carrega o chá, você tem de tropeçar e espirrar o chá pelo menos uma vez a cada três vezes! Você não está agindo nem um pouco como uma empregada desastrada!"

"O qu... ah... me desculpe."

Asahina-san tremeu. Essa era a primeira vez que tinha ouvido uma ordem desse tipo. Então, ela acha que todas as maids são desastradas?

"Tudo bem, Mikuru-chan. Você pode praticar com o Kyon. Você tem de derrubar um copo de chá bem em cima da cabeça dele."

"O quê!?"

Asahina-san olhou para mim. Naquele momento queria encontrar uma broca para abrir um buraco na cabeça de Haruhi, e substituir o que quer que esteja dentro dela. Infelizmente, não consegui achar uma, então, suspirei.

"Asahina-san, apenas pessoas com sérios problemas mentais acham as piadas de Haruhi engraçadas."

Você já deveria saber disso. Mas reprimi de soltar essas últimas palavras.

Os olhos de Haruhi se estreitaram.

"Seu idiota. Não estou brincando! Estou falando sério!"

Então seu caso deve ser pior do que eu esperava. Acho que você deve fazer uma tomografia da sua cabeça. E se você realmente fica irritada cada vez que me chama de idiota, isso não significa que você não tem um pingo de senso de humor?

"Tudo bem. Vou mostrar como fazer. Você é a próxima, Mikuru-chan."

Haruhi se levantou da cadeira de metal, e arrancou a bandeja das mãos de Asahina, que naquele ponto balbuciava confusa, Haruhi pegou a chaleira e colocou chá no copo marcado com o meu nome.

Eu assistia aquilo atônito, Haruhi colocou o copo sobre a bandeja, respingando uma quantidade considerável. Ela checou minha localização abanando a cabeça e rumou em minha direção, quando eu agarrei seu copo pelos lados.

"Ei! Não interfira!"

Interferir? Se alguém vai ficar olhando enquanto derrubam chá quente na sua cabeça, ela é ou uma pessoa realmente bondosa e submissa, ou um ator especializado em fraudes de seguros.

Permaneci em pé, enquanto bebia o chá que Haruhi fizera. Me perguntava como ele podia ter um gosto tão diferente do chá de Asahina-san, mesmo elas tendo usado as mesmas folhas. Na verdade eu não precisava pensar muito, a diferença estava no tempero chamado amor. Se Asahina-san fosse uma rosa branca selvagem, Haruhi era algum tipo bizarro de rosa que só tinha espinhos e nunca florescia. E não carregava nenhuma fruta, naturalmente.

Haruhi me olhou como se estivesse prestes a me punir, enquanto bebia meu chá em silêncio.

"Hmph."

Ela arrumou seu cabelo e voltou a sua mesa. Haruhi fizera uma cara de quem acabou te tomar um remédio quente e amargo.

Asahina-san, aliviada, voltou ao trabalho, colocando chá na xícara de Nagato, e o colocando em frente a aquela leitora ávida.

Nagato nem se moveu. Ela permaneceu lendo o seu livro - sabe, acho que você deveria demonstrar o mínimo de gratidão. Na sua situação Taniguchi levaria três dias para terminar esse chá.

" ... "

Nagato continuou folheando as paginas sem olhar para cima. Como isso era uma situação comum, Asahina-san não se importou realmente, e colocou o chá na estante.

Então o quinto membro entrou, tirado o fato que ninguém se importaria se ele nunca tivesse chego.

"Mil perdões por estar atrasado. A discussão do conselho de classe durou mais do que o de costume."

A pessoa que abriu a porta com um sorriso inofensivo no rosto, era de acordo com Haruhi, o misterioso estudante transferido, Koizumi Itsuki. Ele continuou com aquele sorriso no rosto, o tipo de sorriso que nunca me faria o apresentar como amigo para minha namorada - isso é, se eu tivesse uma.

"Parece que fui o último. Desculpe se atrasei a reunião. Ou eu deveria pagar algo para todo mundo?"

Reunião? Quando? Eu não ouvi nada sobre isso.

"Eu esqueci de te contar."

Haruhi disse enquanto apoiava o rosto com as mãos.

"Eu falei com todos na hora do almoço. Então percebi que eu podia avisar você a qualquer hora."

Você teve tempo de ir a todas as outras salas, e não encontrou um segundo sequer para avisar a pessoa que senta na sua frente?

"Quem se importa? No final o resultado foi o mesmo. A questão não é quando e onde você ouviu, mas sim se você está aqui agora."

Ela pode parecer uma garota impressionante por fora, mas já foi provado que tudo que ela faz é piorar o meu humor.

"É claro, precisamos decidir o que iremos fazer agora!"

Seria mais fácil falar se essa frase está no sentido presente ou futuro. E se esse "vamos" é um vamos no sentido plural ou singular?

"É claro que eu quero dizer, todos nós. Essa é uma atividade da Brigada SOS."

Atividade?

"Eu não disse? Quando você diz atividade nessa época do ano, significa o festival cultural!"

Então não seria uma atividade da Brigada SOS, e sim uma atividade da escola. Se você queria tanto assim promover o festival cultural, você deveria ter se candidatado para as eleições do comitê executivo. Você seria inundada de tarefas burocráticas sem sentido para fazer.

"Isso não é completamente sem sentido. Eu quero realizar uma atividade no estilo da Brigada SOS. Coloquei muito esforço para fundar essa brigada! Ninguém na escola pode dizer que não conhece esse grupo que tem o superpoder de atrair a atenção de todos, certo? Você está me entendendo?"

O que seria uma atividade no estilo da Brigada SOS? Me lembrei de todas as atividades da Brigada SOS nos últimos seis meses e fiquei um pouco depressivo.

Para você deve ser fácil, sendo que a única coisa que você faz é jogar a primeira idéia que vem a sua cabeça, mas em que a sofredora Asahina-san pode ajudar? Koizumi apenas fica sorrindo, enquanto Nagato não tem absolutamente nada a acrescentar a essa Brainstorming [9]. Ah, Asahina-san não é exatamente normal, mas ela é bonitinha, o que acerta tudo. Ela só precisa ficar parada ai e ser um colírio para os meus olhos, e um balsamo para a minha alma cansada.

9-[Nota do tradutor: O brainstorming (ou "tempestade de idéias") mais que uma técnica de dinâmica de grupo é uma atividade desenvolvida para explorar a potencialidade criativa do indivíduo, colocando-a a serviço de seus objectivo].

"Temos que atingir as expectativas deles."

Haruhi disse aquilo com um olhar contemplativo. Quem estava esperando algo da Brigada SOS? Esse era um bom tópico para a nossa pesquisa. Eu não vejo o quanto você ajudou a melhorar essa brigada, quando ainda valemos menos que uma associação estudantil, e nossos membros não aumentaram. Sendo que mais membros só deixariam a situação mais complicada, eu posso viver sem eles. Mas como as coisas estão agora, esse trem desgovernado chamado Haruhi irá continuar avançando e os únicos passageiros somos nós cinco. Gostaria de deixar um bode expiatório no meu lugar. Mesmo que tivesse que pagar o salário por hora. Estou tentado a pagar cem yen pelo período.

Haruhi esvaziou o primeiro copo em trinta segundos, e pediu um segundo para Asahina-san.

"E então, Mikuru-chan? O que vocês estão fazendo?"

"Uhm... você diz a minha sala? Uma barraca de yakissoba..."

"Você provavelmente será uma garçonete, certo?"

Os olhos de Asahina se arregalaram.

"Como você sabia? Eu queria cozinhar, mas todos me disseram para fazer isso..."

Haruhi deu um segundo olhar contemplativo. Baseado na experiência, posso dizer que esse olhar significava que ela não poderia estar pensando em nada de bom. E esse olhar estava voltado para o suporte de roupas. A expressão em seu rosto sugeria que ela havia percebido que ainda não colocara Asahina-san em um uniforme de garçonete.

Uma torrente de pensamentos cobriu o rosto de Haruhi.

"E a sua sala, Koizumi-kun?"

Koizumi se encolheu levemente.

"Tínhamos decidido encenar uma peça, mas não conseguimos nos decidir entre um trabalho original ou uma obra clássica. O festival cultural está se aproximando rápido e ainda estamos contestando o caso. È um debate acalorado, talvez demande algum tempo antes de uma conclusão definitiva ser alcançada."

Sorte sua de estar em uma classe tão vívida. Parece algo complicado de se pensar.

"Hmm."

O olhar flutuante de Haruhi pousou no único membro que ainda não falara uma palavra.

"Yuiki?"

A pseudo-alien amante dos livros olhou para cima, como um chacal que pressente a chegada da chuva.

"Previsão do futuro."

Ela respondeu em sua usual voz discreta.

"Previsão do futuro?"

Foi um eco inconsciente.

"Sim."

Nagato concordou com seu rosto destituído de expressão, como se sua pele não estivesse nem respirando.

"Vocês vão prever a sorte das pessoas ou coisa assim?"

"Sim."

Nagato prevendo o futuro? Você não quer dizer que ela estará realmente dizendo o futuro? Naquele momento eu imaginei Nagato usando um chapéu pontudo e uma capa, segurando uma bola de cristal na frente de um casal de namorados, e dizendo algo como "Vocês vão terminar em cinqüenta e oito dias, três horas, e cinco minutos.", com uma cara extremamente séria.

Você pode mentir, sabe. Mas novamente, não sei se Nagato pode realmente ver o futuro.

Então Asahina-san estará em uma barraca de comida, Koizumi-kun estará encenando uma peça, e Nagato estará em uma convenção de previsões do futuro. Isso soa infinitamente mais divertido do que a pesquisa patética que nossa sala estará fazendo. Ah é, e que tal isso? Vamos juntar tudo em um café de previsão do futuro teatral.

"Pare de falar coisas idiotas. Vamos começar logo essa reunião."

Haruhi instantaneamente rejeitou minhas preciosas opiniões e rumou me direção ao quadro branco. Ela apontou para ele com uma coisa grande que parece uma antena de radio.

Não tem nada escrito ai. Para onde eu deveria olhar?

"Vão ter coisas ai em breve. Mikuru-chan, você é a secretaria, então anote cada palavra que eu disser."

Não tenho a menor idéia de quando Asahina-san virou a secretaria. E duvido que alguém tenha. Aparentemente Haruhi decidiu isso a poucos segundos atrás.

Asahina-san, a fazedora de chá, e agora secretaria, segurava um pincel atômico enquanto olhava para o rosto de Haruhi ao seu lado.

E então Haruhi subitamente falou em uma voz triunfante.

"Nós, a Brigada SOS, iremos fazer um filme!"


Eu realmente não sei que tipo de mutação estava acontecendo na cabeça de Haruhi. Eu não queria pensar sobre isso. Não é nada de novo. E pior, isso não é uma reunião, é só você fazendo um discurso sobre qualquer coisa, não é?

"É sempre assim."

Koizumi sussurrou para mim. Seu sorriso elegante me dava vontade de o acertar com toda a minha força. Seus lábios graciosos continuavam curvados.

"Suzumiya-san já havia decidido o que faríamos desde o começo. Isso não deixa nenhum espaço para discussão. Agora eu me pergunto, você disse algo que não devia a ela recentemente?"

Tenho quase certeza que não falei nada relacionado a filmes com ela hoje. Talvez ela tenha visto um filme C de baixo orçamento, cuja tenebrosidade a tenha deixado nesse humor miserável?

De qualquer forma, Haruhi continuou a falar animadamente, convencida de que seu discurso havia tocado cada membro da platéia.

"Tem algo que eu sempre me perguntei."

Eu sempre me perguntei o que você tinha na cabeça afinal.

"Você geralmente vê pessoas morrendo no último episódio das séries de TV e coisas assim. Isso não parece terrivelmente não-natural? Porque eles tem que morrer justo naquela hora? É estranho. Esse é o motivo que odeio qualquer coisa aonde alguém morre no final. Eu nunca faria um filme assim!"

Estamos falando de séries de TV ou de filmes aqui?

"Eu disse que faria um filme, não disse? Mesmo essas estatuas antigas em mausoléus ouvem melhor que você. Grave todas as palavras que eu disser na sua memória sem cometer erros."

Se eu vou memorizar esse seu falatório insano, seria muito mais produtivo memorizar todas as estações da linha de trem, do começo ao fim.

Asahina-san escreveu uma nota de "atuação de filme" em letras garrafais, que não pareciam em nada a escrita de um antigo membro do Clube de Caligrafia. Haruhi deu uma olhada, antes de concordar satisfeita.

"É o que temos aqui. Você me entende?"

Ela soava tão animada quando uma meteorologista anunciando o fim da estação chuvosa.

"O que você quer dizer com isso?"

Eu perguntei. Essa era a reação natural. Tudo que sabia é que faríamos um filme. Quem iria bancar com ele? Será que teríamos o patrocínio de um grande estúdio ou algo assim?

Mas Haruhi continuou com os olhos brilhando, enquanto sorria.

"Kyon, você não é muito brilhante. Nós iremos fazer um filme. E então o apresentaremos no festival cultural. Com o logotipo 'apresentado pela Brigada SOS' nos créditos."

"Quando viramos a sociedade de filmes?"

"Do que você esta falando? Nós seremos eternamente a Brigada SOS. Eu não me lembro de termos nos tornado um estúpido clube de filmes."

"Se as pessoas da sociedade de filmes ouvissem isso, elas provavelmente ficariam furiosas."

"Já foi tudo decidido. Sem mais discussão. Tentar barganhar está fora da cogitação!"

Se a líder da banca de julgamento da Brigada SOS diz, então esse veredito é definitivo. Quem diabos colocou Haruhi nessa posição de liderança? ... pensando bem, ela se colocou lá sozinha, parece-me que as pessoas barulhentas e precipitadas se tornam importantes não importa o que você faça. Conseqüentemente, bons samaritanos como Asahina-san e eu acabamos sendo abusados. Essa é apenas uma das contradições deste mundo cruel e sem coração.

Ponderei sobre o assunto profundo do que seria considerada uma sociedade ideal.

"Entendo."

Koizumi interrompeu, como se acabasse de perceber alguma coisa. Ele sorriu igualmente para Haruhi e para mim.

"Eu entendo perfeitamente."

Ei, Koizumi. Não aceite a bomba que Haruhi jogou sobre nós. Você não tem sua própria opinião sobre o caso?

Koizumi gentilmente ajeitou as pontas dos seus cabelos.

"Em outras palavras, nós iremos fazer um filme independente, juntar o publico, e o exibir. Estou certo?"

"Você está absolutamente correto!"

Haruhi continuou batendo no quadro com sua antena, com isso os ombros de Asahina-san se encolheram. Acho que ela deve ter perdido a coragem de fazer qualquer pergunta.

"Mas... Porque você decidiu fazer um filme?"

"Noite passada, eu tive problemas para dormir."

Haruhi segurou a antena em frente ao rosto, como um limpador de pára-brisa.

"Então liguei a TV, e estava passando esse filme esquisito. Eu realmente não queria assistir, mas não tinha muito que fazer, então continuei vendo da mesma maneira."

Como eu pensei.

"E era um filme horrível. Tão ruim que quis passar um trote internacional para a casa do diretor. Então eu pensei."

Ela apontou a ponta da antena para o pequeno rosto de Asahina.

"Se esse é o melhor que eles podem fazer, eu posso fazer um filme muito melhor!"

Haruhi bateu no peito, cheia de confiança.

"Então percebi que esse era o tipo de coisa que valia uma tentativa. Algum problema com isso?"

Asahina-san furiosamente balançou a cabeça, terrificada. Mesmo que ela tivesse uma reclamação, Asahina-san nunca a falaria. Koizumi é o tipo de cara que só diz sim. Nagato nunca diz nada para começo de conversa, o que significa que era inevitável que eu falasse alguma coisa.

"Eu não ligo se você quer ser a diretora ou produtora de um filme. Você pode fazer o que quiser da vida. E o resto de nós pode fazer o que desejar, certo?"

"Do que você ta falando?"

Haruhi selou os lábios como um bico de pato, eu expliquei pacientemente para ela.

"Você diz que quer fazer um filme. Nós ainda não dissemos nada sobre o fato. Se dissermos que não queremos, o que você vai fazer? Uma diretora não é o suficiente para fazer um filme."

"Não se preocupe. Eu também já fiz a maior parte do roteiro."

"Não, o que eu estou querendo dizer é que..."

"Você não tem nada do que reclamar. Apenas me siga como sempre. Não precisa se preocupar."

Eu estou preocupado.

"Deixe o planejamento comigo. Eu vou cuidar de tudo."

Agora eu estou mais preocupado ainda.

"Você realmente gosta de reclamar. Eu disse que vamos fazer, então nós vamos fazer. Nossa meta é ser o primeiro lugar na enquete sobre a melhor atração do festival! O conselho estudantil vai reconhecer a Brigada SOS como um clube - NÃO! Eu farei que eles nos reconheçam. O que significa que precisamos da opinião publica do nosso lado."

A opinião publica e o resultado de enquetes não são necessariamente co-relatados.

Eu comecei a resistir.

"E sobre os custos de produção."

"Nós temos um orçamento."

De onde? Eu não vejo o conselho estudantil dando dinheiro para essa brigada, que claramente é uma organização subversiva, e que atua na surdina.

"Temos a cota do Clube de Literatura."

"O que como o nome já diz, é a cota do Clube de Literatura. Não é para o nosso uso."

"Mas Yuki disse que estava tudo bem."

Olhei para o rosto de Nagato. Ela deliberadamente olhou para mim sem dizer uma palavra, e então voltou a ler o seu livro.

Você tem certeza que não quer que ninguém entre no Clube de Literatura? Eu não vou perguntar, mas não ficaria surpreso se Nagato tivesse impedido esse clube de ser cortado. Aparentemente, ela sabia de antemão que Haruhi apareceria. Sinto pena de alguém que quisesse, com todo o seu coração, se juntar ao Clube de Literatura. Trabalhem duro para recuperar esse clube das garras de Haruhi.

Haruhi, indiferente ao meu dialogo interior, abanava a antena com furor.

"Todo mundo entendeu? Essa é a nossa prioridade, deixem de lado qualquer coisa que suas salas estão fazendo! Se vocês têm alguma objeção, me digam antes do festival, Entenderam? As ordens da diretora são absolutas!"

Haruhi gritava, absolutamente indiferente a o que acontecia ao seu redor, como um urso polar no zoológico que recebera um cubo de gelo no meio do verão.

De líder da brigada para diretora? O que ela planeja ser no final... por favor, não me diga Deus.

"Isso é tudo por hoje! Temos que pensar no elenco e nos patrocinadores. O produtor tem muito trabalho a fazer!"

"Não tenho muita certeza do que o produtor faz, mas em todo o caso o que ela está pensando em fazer? Patrocinadores?"

Batida.

Um som fraco cruzou o ar. Virei-me para descobrir que Nagato havia fechado o seu livro. Esse som se tornara o sinal de que a Brigada SOS deveria pegar as suas coisas e ir embora por hoje.

Depois de poupar os detalhes para o dia seguinte, Haruhi disparou para fora como um gato que ouviu uma lata de ração sendo aberta. Não que eu quisesse saber algum detalhe.

"Isso não é ótimo?"

Obviamente a frase acima veio de Koizumi.

"Fico aliviado que não teremos de capturar uma besta alienígena para um show de horrores, ou derrubar um OVNI para exibir o seu interior."

Sinto como se já tivesse ouvido isso antes.

O esper sorridente, abafava o riso com a sua boca fechada.

"Alem do mais, estou interessado em descobrir que tipo de filme Suzumiya-san pretende fazer. Se bem que tenho suposições do que ela tem em mente."

Koizumi de um olhar de viés para Asahina-san, que estava guardando os copos.

"Parece que este será um festival cultural bastante divertido. E um tanto fascinante."

Eu também me virei para Asahina-san. Enquanto observava a sua tiara subindo e descendo.

"Ah. O… o que é isso?"

Asahina-san percebeu que havia dois bastardos a observando e parou o que estava fazendo, com suas bochechas enrubescidas.

Murmurei para o meu coração.

Não, não é nada. Só estou pensando em que fantasia Haruhi vai trazer da próxima vez.

Uma vez que ela estava pronta para voltar para casa - bem, isso só significava por o livro na mala - Nagato silenciosamente se levantou e andou para fora da porta. Talvez ela estivesse lendo algum livro sobre previsão do futuro. Mas como estava em alguma língua estrangeira eu não pude saber.

"Mas talvez..." - resmunguei.

Um filme... um filme, huh.

Para ser honesto estava até que interessado. Não tão interessado quanto Koizumi. Meu interesse estava ao nível do mar, não em profundezas abissais.

Suponho que ao menos posso ver o que vai acontecer.

Pois ninguém estava esperando muita coisa mesmo.


E eu já estou tendo que engolir as minhas palavras. Não deveria me incomodar em esperar por isso.

Depois da aula, no dia seguinte, eu tinha um olhar infeliz estampado no rosto.


- Apresentado pela: Brigada SOS

- Supervisora Executiva / Diretora Executiva / Direção / Cenário: Suzumiya Haruhi

- Atriz principal: Asahina Mikuru

- Ator principal: Koizumi Itsuki

- Atriz coadjuvante: Nagato Yuki

- Diretor Assistente / Cameraman / Editor / Carregador de Coisas / Empregado / Entregador / Outras Tarefas Braçais: Kyon


Uma única coisa passava pela minha mente depois de ver o que estava escrito naquele pedaço de papel.

"Então? Qual é o meu papel?"

"É exatamente o que diz ai."

Haruhi abanou sua antena como um maestro conduzindo uma orquestra.

"Você é da produção. O elenco é o que está escrito. E para falar a verdade, é um elenco perfeito, você não acha?"

"Eu sou a personagem principal?"

Asahina-san perguntou em uma voz fraca. Ela estava de uniforme, e não com a fantasia de sempre. Haruhi disse a ela que não precisava a vestir hoje. Aparentemente Haruhi planejava nos levar a algum lugar.

"Uhm, eu preferia estar em um papel menor."

Asahina apelava para Haruhi com um olhar triste em seu rosto.

"Não."

Haruhi respondeu.

"Você precisa ter mais presença, Mikuru-chan. Você é a marca registrada dessa brigada. Você deve praticar a assinatura de autógrafos. Provavelmente o publico fará muitos pedidos durante a estréia."

Estréia? Onde você pretende fazer isso?

Asahina-san falava com nervosismo.

"... mas eu não sei atuar."

"Não se preocupe com isso. Eu vou ensinar a você perfeitamente."

Nós somos as únicas três pessoas aqui. Nagato e Koizumi estão atrasados devido às reuniões de suas respectivas turmas. Eu não sei no que isso implica em ficar depois da aula. Eles poderiam escolher uma coisa ao acaso. Acho que as turmas deles são muito mais sérias em relação a isso do que eu pensei.

"Alem do mais, Yuki e Koizumi não são muito confiáveis."

Haruhi disse, antes de virar a sua indignação em minha direção.

"Eu disse a eles para priorizar isso, e mesmo assim eles se atrasam por causa das atividades da sala. Eu preciso dar um aviso mais forte para eles."

Eu acho que Nagato e Koizumi sentem-se como parte da turma. Nos três somos os estranhos por estarmos nesse lugar nessa época do ano.

Eu subitamente pensei em uma coisa.

"Asahina-san, você não deveria participar da reunião da sua turma?"

"Mmm, eu sou uso uma garçonete, eles só precisam de mim para testar as roupas. Imagino o que eles nos farão vestir. Estou esperando para saber."

Asahina-san sorriu com um vermelho pálido nas bochechas. Parece que ela se acostumou a usar fantasias. Imagino que vestir uma fantasia apropriada para a situação vença com folga fazer isso para os propósitos sem sentido da Brigada SOS. Nada estranho em ver uma garçonete em uma barraca de yakissoba. Faz mais sentido do que uma maid no Clube de Literatura.

Não sei como Haruhi conseguiu desvirtuar tanto o tópico.

"Então é isso, Mikuru-chan? Você quer ser uma garçonete? Devia ter me dito isso antes. Isso é fácil de arranjar. Vou conseguir uma roupa para você."

Acho que não tem nada a ver comigo, mas os membros de um clube que não estão vestindo uniformes, estão meio deslocados do ambiente. A fantasia de enfermeira está ai para provar. Mas tenho que admitir que a roupa de maid é a melhor delas... ou talvez isso seja apenas uma preferência pessoal?

"Bem, tudo certo então."

Haruhi se virou para mim.

"Kyon, você sabe a qual é coisa mais importante para se fazer um filme?"

Bem, então pensei em todos os filmes que foram marcantes para mim. Depois de alguma reflexão, respondi com confiança.

"Conceitos inovadores, e paixão ilimitada em sua produção, certo?"

"Não é nada tão abstrato assim."

Haruhi rejeitou o meu pensamento.

"É a câmera, obviamente. Como você pretende fazer um filme sem equipamento apropiado?"

Suponho que não estava tentando ser utilitarista... de qualquer maneira, eu não sou um poço febril de conceitos inovadores e paixão ilimitada e nem sei tanto sobre teoria cinematográfica, portanto não tenho um argumento final sobre isso tudo.

"Então está decidido."

Haruhi retraiu a antena e a jogou sobre a mesa.

"Vamos conseguir uma câmera de vídeo agora."

Ouvi o baque de uma cadeira atrás de mim. Vi que o rosto de Asahina-san havia se tornado pálido. Suponho que isso era de se esperar. O computador que estava no nosso clube fora roubado do Clube de Informática devido à coação que Haruhi exerceu sobre eles. E durante aquele incidente, Asahina-san fora o sacrifício.

As pontas dos cabelos castanhos de Asahina tremularam, seus lábios nervosos, como uma concha rosa se abriram devagar.

"U-u-u-umh, Su-Suzumiya-san. Certo. Me lembrei que tinha uma coisa para fazer na minha sala agora."

"Cale a boca."

O olhar terrível de Haruhi pousou sobre Asahina, que naquele momento já estava abandonando a cadeira, ela deu um gemido baixo antes de voltar a se sentar.

"Não se preocupe."

Não há um único precedente de você dizendo para não nos preocupar, com motivos reais para que não precisemos nos preocupar.

"Dessa vez não oferecerei o corpo de Mikuru-chan como oferenda, só preciso da ajuda dela dessa vez."

Asahina me olhou com os olhos tristes, como um bezerro sendo mandado para o matadouro. Sem gritar, eu disse para Haruhi.

"Pelo menos nos diga no que você quer ajuda! Ou eu e Asahina-san não sairemos daqui."

No rosto de Haruhi poderia ser lido algo como "O que há com esses dois hoje?".

"Se vamos achar patrocinadores, é mais fácil deixar uma boa impressão se levarmos a atriz principal junto, certo? Você também vem! Você vai ter que carregar o equipamento."


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