Zaregoto: Volume 1: Prólogo

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Eu (Narrador) - Acompanhante da Kunagisa Tomo.

Ter um talento a mais é mais perigoso que ter um talento a menos - Nietzsche

“As pessoas que usam as outras como degraus de maneira autoconsciente e consciente acabam, não importa como, me dando medo.”

Será?

Para mim, as pessoas que usam as outras como degraus de maneira não-autoconsciente e inconscientemente, as pessoas que usando a justiça e a boa vontade destroem e pisam nas outras dão muito mais medo.

“Olha, haha, então quer dizer que você é um bom cara?”

Ela riu levemente disso.

Se eu sou mesmo um bom cara ou não, felizmente aqui não tem importância nenhuma. Isso é provavelmente não uma diferença de pensamento, mas uma diferença de modo de vida. A diferença enorme e absoluta entre as pessoas que vivem sem precisar pisar nas outras e as pessoas que não são nem ao menos consideradas como degraus. No fim eu acho que é isso. Como por exemplo, uma pintora que não possui estilo.

Como por exemplo, uma pesquisadora que chegou aonde ninguém havia. Como por exemplo, uma cozinheira que conseguia indicar qualquer sabor. Como por exemplo, uma adivinhadora que transcendeu demais.

Elas que estavam naquela ilha eram diferentes demais.

Quem convidava e quem era convidado, ambos eram não importa como, absurdos, eram tão absurdos que não havia jeito, eram tão absurdos que nem dava vontade de dar um jeito, e assim eram elas, absurdas. Elas que estavam a uma distância a ponto de serem alcançadas esticando o braço, na verdade estavam a uma distância muito distante, tão distante que nem dava vontade de começar a andar. E.

“Então, o problema é saber o que um gênio é e o que um gênio não é. Se alguém não tem talento é melhor que seja assim. Se esse alguém for insensível. Se esse alguém for insensível o suficiente para nem ao menos pensar na razão de sua existência, de nem ao menos pensar no significado de sua vida, de nem ao menos pensar no valor que sua vida tem, para esse alguém o mundo é um paraíso. Um mundo calmo, ordinário e tranqüilo. Algo insignificante é um grande caso, um grande caso é algo insignificante, assim dá para viver da melhor maneira possível.”

Isso é com certeza, é com certeza dessa maneira.

O mundo é rigoroso para os superiores. O mundo é rigoroso para os que possuem talento.

O mundo é rigoroso para os belos. O mundo é rigoroso para os inteligentes. O mundo é agradável para os inferiores. O mundo é agradável para os que não possuem talento.

O mundo é agradável para os feios. O mundo é agradável para os estúpidos.

Mas isso é, se você entender dessa maneira, se você souber dessa maneira, nesse ponto tudo já acabou, o problema se torna do tipo que não tem nem interpretação nem solução.

Seria um tipo de história que antes de começar já terminou e na hora que terminou está completa.

Por exemplo.

“Isso quer dizer que só existem duas maneiras de vida. Viver enquanto você conhece o seu baixo valor e viver enquanto você conhece o baixo valor do mundo. São essas duas maneiras. Deixar o seu valor ser sugado pelo mundo ou matar o valor do mundo e transformar em algo seu.”

O meu valor ou o valor do mundo, Qual deveria ser priorizado? Se o mundo é sem graça ou se eu sou sem graça.

Qual seria o melhor? Nisso será que não haveria ambigüidade ou confusão?

Aí haveria alguma base concreta?

É realmente uma pergunta com duas escolhas e uma resposta?

É preciso realmente escolher alguma? “A partir de onde é um gênio e a partir de onde não é.”

Até onde vai a verdade e o que é a mentira.

O que é a verdade e até onde vai a mentira.

Não é para perguntar isso.

Ela sorri cinicalmente, niyari.

“- E você é qual deles?”

Isso é.

“Como você vê o mundo?” O eu que já vivenciou aquela ilha. O eu que está ao lado da azul. E agora, na frente dessa pessoa eu-- isso é algo que nem preciso pensar para responder, é um zaregoto1 altruísta.

Por isso eu não disse nada. Em troca, eu desvio o olhar e penso em outra coisa.

Realmente, aos olhos dessa pessoa como o mundo é visto? Realmente, aos olhos dela como eu estou sendo visto.