Difference between revisions of "Zaregoto portugues:Volume 2 Capítulo 1"
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Por alguma razão, ela parecia extremamente feliz. Eu tenho uma sensação que esse "anormalmente feliz" era sua natureza padrão. Sendo honesto, mesmo que já havia falado com ela, eu ainda não consigo lembrar de como ela era normalmente. De qualquer maneira, era difícil de ser enrolado por essa menina sorridente. |
Por alguma razão, ela parecia extremamente feliz. Eu tenho uma sensação que esse "anormalmente feliz" era sua natureza padrão. Sendo honesto, mesmo que já havia falado com ela, eu ainda não consigo lembrar de como ela era normalmente. De qualquer maneira, era difícil de ser enrolado por essa menina sorridente. |
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− | "Eu matando aula." |
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"Novatos deveriam presenciar as aulas." eu disse. |
"Novatos deveriam presenciar as aulas." eu disse. |
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− | "Ah, qual foi, é chato. Totalmente chato. O que era mesmo? Ah, sim, minha aula de economia. É apenas uma montanha de gírias. E é como uma aula de matemática. Eu sou uma pessoa de ciências humanasǃ E você também não está na |
+ | "Ah, qual foi, é chato. Totalmente chato. O que era mesmo? Ah, sim, minha aula de economia. É apenas uma montanha de gírias. E é como uma aula de matemática. Eu sou uma pessoa de ciências humanasǃ E você também não está na salaǃ" |
"Eu não tenho nada agora." |
"Eu não tenho nada agora." |
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"Não, não é difícil de falar sobre. É uma história simples, realmente. Eu estava apenas viajando. Por uma semana." |
"Não, não é difícil de falar sobre. É uma história simples, realmente. Eu estava apenas viajando. Por uma semana." |
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+ | "Viajando?" Ela piscou para mim como um animalzinho selvagem. Suas expressões era fáceis de ler. Era simples falar com ela, ela era uma boa ouvinte. |
"Viagem? Para onde você foi?" Ela perguntou de novo. |
"Viagem? Para onde você foi?" Ela perguntou de novo. |
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"Ah, entendo." |
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+ | Ela só queria uma companhia para comer junto. Sou do tipo que prefere fazer coisas pessoais, como comer, sozinho, contudo existem muitas pessoas que veem o tempo para comer e o tempo para conversar como a mesma coisa. Mikoko-chan com certeza era uma delas. Inesperadamente decidindo matar aula, ela não achou nenhum amigo para lhe fazer companhia, então veio falar com o primeiro conhecido que viu, eu. |
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+ | "Bom, se isso é tudo, por mim tudo bem." Eu confirmei para ela. |
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+ | "Do que estávamos falando mesmo?" |
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+ | Quando eu fiz esta pergunta, ela começou a ansiosamente raspar seus hashis. Provavelmente pensando em um tópico. |
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+ | Posso ter esquecido quem ela era, mas neste mês, ela definitivamente conseguiu compreender, pelo menos, a superfície da minha personalidade. Com qual tipo de tópico ela iria me abordar? Eu, que era tão ignorante, e não possuía um pingo de senso comum, tanto que cheguei a pensar que futebol era beisebol jogado com os pés? Eu estava estranhamente interessado, como se estivesse assistindo isso acontecer com outra pessoa. |
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+ | Ela bateu uma palma como se tivesse pensado em algo. "Não acha que que o mundo ficou louco?" |
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== Referências == |
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Revision as of 07:04, 8 September 2018
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Meu mundo é o mais legal.
1
A Universidade Privada Rokumeikan, localizada em Kinugasa, cidade de Kita em Kyoto, possui um total de três refeitórios. Das três, o refeitório Zonshinkan Chika (carinhosamente abreviado para "Zonchi") era conhecido como o mais vívido. Provavelmente porque tinha um cardápio extenso e ao lado havia uma livraria.
Naquele dia, já que eu não teria aula durante o segundo período, fui direto ao Zonshinkan Chika depois do primeiro período. Eu não tinha tomado café da manhã, pois acidentalmente dormi uma hora a mais, então pensei eu almoçar mais cedo.
"Cara, está vazio nessa hora. Negócio arriscado", resmunguei para eu mesmo, duvidando a todo momento se eu estava usando a frase "negócio arriscado" corretamente. Peguei uma bandeja.
Agora, o que deveria comer?
Eu não sou uma pessoa que ama comer, então normalmente apenas como qualquer coisa. Seja doce ou picante, tanto faz. Mas ultimamente as coisas foram um pouco diferentes.
Apenas um mês atrás, passei uma semana em um lugar que era servido três refeições gourmet por dia. Agora, como uma consequência, minha língua ainda estava acostumada com estes sabores. Esse mês inteiro nada me fez falar "Uau, isso é bom." Toda vez que eu comia alguma coisa, sempre sentia que algo estava faltando, algo como um ingrediente essencial.
Não era um problema que merecia ser chamado de problema, mas eu já estava cansado disso. Pensei em duas soluções.
A primeira era extremamente simplesː Apenas comer comidas deliciosas.
"Isso não pode acontecer em um refeitório escolar."
Esta primeira sugestão era impossível de seguir, sem retornar a aquela estranha, isolada ilha. Não direi que sou totalmente contra esta ideia, mas certamente tenho minhas restrições.
"Então isso não funcionaria."
Sim, eu estava falando sozinho.
A outra medida possível era usar a força. Era a tática de "bater na criança que não escuta". A maioria dos problemas do mundo são resolvidos dando ou tomando.
Fui até a cantina de Donburi[1] e fiz meu pedido.
"Com licença, uma grande porção de Kimchi[2], por favor. Sem arroz."
A cozinheira fez uma expressão zombeteira e disse, "Isso é apenas kimchi, filho.", mas ela fez o prato do mesmo jeito. Como se não fosse nada, ela jogou-o na minha frente, mostrando um admirável profissionalismo.
Uma grande montanha de kimchi empilhada. Eu duvido que exista apenas uma pessoa no mundo forte o suficiente para mastigar tudo isso e ainda manter seu paladar. Eu concordei com satisfação, coloquei a tigela na minha bandeja, e paguei a conta.
O refeitório estava tão vazio que era difícil escolher onde sentar. Na próxima hora, o lugar estaria cheio de estudantes que saíram do segundo período mais cedo. Eu nunca fui um fã de multidões, então me coloquei sob um tempo limite. Eu escolhi um lugar no canto.
"Vamos lá", eu murmurei, e dei a primeira mordida...
Isto. Foi. Horrível.
Eu realmente tinha que comer tudo isto? Não era isto que era comumente conhecido como comportamento suicida? Que destino cruel me levou a isso? O que foi que eu fiz?
"Isso é uma retribuição divina?"
Eu acho que eles também falam, você colhe o que você planta.
Eu segurei meus hashis em silencio. Se eu continuasse a falar comigo mesmo, os outros achariam que eu era estranho. Além disso, é falta de educação falar enquanto está comendo.
E então, eu atingi meu limite. Minha cabeça inteira estava dormente, da ponta da minha língua para cima. Eu não sabia o que eu estava fazendo, ou então, quem eu era, ou o que a palavra quem significava, e até o que a palavra "significava" significava...
"Yo."
Ela sentou na cadeira da minha frente.
"Puxe essa bandeja um pouco, por favor." ela disse. Então ela empurrou minha bandeja em minha direção e colocou a dela no espaço recentemente aberto. Ela continha um espaguete à carbonara, uma salada de atum com alga marinha, e uma sobremesa de frutas bônus para um total de três pratos.
Oh, que burguesa.
Eu olhei para minha direita, depois para a esquerda. O refeitório estava vazio. Você poderia chama-lo de deserto. Então por que ela decidiu comer seu espaguete na minha frente? Provavelmente era algum tipo de desafio.
"Meu Deus, o que é isso?ǃ É tudo kimchiǃ", ela exclamou tendo uma chocante visão do meu almoço. "Uauǃ Você está comendo uma tigela inteira de kimchiǃ".
Ela estava com seus olhos arregalados, e com suas mãos no ar fazendo um gesto como um "U". Talvez fosse o que ela estava fazendo, ou quem sabe ela estava se rendendo. Também havia a possibilidade dela ser muçulmana. Qualquer uma que fosse por mim tudo bem, mas na verdade, ela estava provavelmente apenas surpresa.
Seu cabelo na altura do ombro possuía um tom avermelhado e era algo como um bob.[3] Suas roupas não eram nada fora do comum. Elas eram ultra-simples, seguindo o estilo do corpo estudantil da Rokumeikan. De repente, quando se sentou, ela parecia muito mais baixa. Logo percebi que grande parte de sua altura vinha de suas altas botas london style.
Ela parecia jovem, então não consegui dizer se era mais velha ou do mesmo ano. Julgando apenas pelo seu comportamento, seria plausível ela ser mais nova, exceto que eu era um novato, logo isso era impossível.
"Hey. Sabe, se você não responder, me sentirei sozinha e coisas do tipo." Ela me encarou com olhos de cachorrinho.
"Certo," Eu finalmente disse. "Quem é você?"
Eu tinha quase certeza que era nosso primeiro encontro. Porém eu aprendi uma coisa mês passadoː Este pequeno e estranho espaço conhecido como "universidade" tinha um grande número de pessoas que eram amigáveis e genuínas. Essas pessoas estranhas conversavam como se você fosse seu melhor amigo por dez anos, mesmo que você nunca as viu antes. Para um cara como eu, que não lembrava de encontros pessoais, isso tornava as coisas difíceis algumas vezes.
E com certeza essa garota era algo desse tipo. Com medo de ter que lidar com a chatice de um convite para um clube, ou pior, algo religioso, eu perguntei aquilo.
Ela fez uma pose exagerada como se estivesse chocada. "Hwa?ǃ" Ela disse. "Meu Deusǃ Você esqueceu? Você me diz que esqueceu? Você realmente esqueceu?ǃ Ikkun, isso é muito frioǃ"
Huh.
Julgando pela reação, parecia não ser o nosso primeiro encontro.
"Ohhh. Eu estou chocada. Mas o que você pode fazer, certo? Sim, nada. Você só tem um memória ruim, certo? Bem, devo me apresentar de novo." Ela estendeu ambas as mãos e deu um sorriso de ponta a ponta. "Meu nome é Aoii Mikokoǃ"
Isso acabou de provar que talvez será um encontro doloroso.
Mesmo se fosse o primeiro encontro ou não, essa era, com certeza, minha primeira impressão da Aoii Mikoko.
2
A história dela era simples. Mikoko-chan e eu éramos colegas de classe. Nós não estávamos apenas tendo as mesmas matérias principais, mas também estávamos na mesma classe de língua estrangeira. Já tínhamos conversado cara a cara algumas vezes, e ficamos no mesmo grupo no campo de treino antes da Golden Week[4]. Ficamos até em pares em uma aula de Inglês.
"Cara... depois dessa conversa, eu devo parecer um louco por não lembrar de você."
"Eu acho que você é um louco totalǃ" Ela riu contente. Para ser capaz de rir tão alegremente depois de alguém ter esquecido completamente de sua existência levou a um certo tipo de situação vaga. Pensei que ela era provavelmente uma garota legal depois de tudo.
"Normalmente, eu acharia meio perturbador você me esquecer assim. Ou melhor, eu ficaria brava. Mas isso é apenas como você é, certo? Assim, você não esquece das coisas realmente importantes, apenas das mais comuns." ela disse.
"Bem, não posso argumentar com isto."
Ela estava completamente certa. Uma vez, eu esqueci se eu era destro ou canhoto, e me encontrei em um problema quando sentei para ter uma refeição. Depois que tudo foi dito e feito, descobri que era ambidestro.
"Ok, e o que está acontecendo?" eu perguntei. "Por você não está na sala?"
"Sala? Bem, o negócio é..."
Por alguma razão, ela parecia extremamente feliz. Eu tenho uma sensação que esse "anormalmente feliz" era sua natureza padrão. Sendo honesto, mesmo que já havia falado com ela, eu ainda não consigo lembrar de como ela era normalmente. De qualquer maneira, era difícil de ser enrolado por essa menina sorridente.
"Eu estou matando aula."
"Novatos deveriam presenciar as aulas." eu disse.
"Ah, qual foi, é chato. Totalmente chato. O que era mesmo? Ah, sim, minha aula de economia. É apenas uma montanha de gírias. E é como uma aula de matemática. Eu sou uma pessoa de ciências humanasǃ E você também não está na salaǃ"
"Eu não tenho nada agora."
"Serio?"
"Sim. Todas as Sextas, eu só tenho o primeiro e o quinto período."
Ela balançou suas mãos selvagemente de novo. "Isso não é meio chato? São seis horas de tédio."
"Tédio não é necessariamente algo ruim."
"Hm, eu pensei que tédio era praticamente a definição de ‘uma coisa ruim.’ Pontos de vistas diferentes, eu acho." Ela começou a rodar o garfo no espaguete enquanto falava. Fracassando em enrola-lo no utensílio, isso rapidamente se tornou uma situação de tentativa e erro. Reconheci que demoraria um tempo até a comida chegar em sua boca. Antes de eu perceber, ela guardou o garfo e trocou por hashis. Tanta determinação.
"Diga..." eu falei.
"Hm? O que, O que?"
"Há muitos lugares vazios."
"É, realmente. Eu acho que o lugar vai encher daqui a pouco, entretanto." ela disse.
"Mas está vazio agora, certo?"
"Assim como você disse. Alguma coisa errada?"
"Eu quero comer sozinho, então vamos saindo, docinho." era o que eu gostaria de ter falado. Mas então eu vi seu sorriso, um sorriso vulnerável mostrando que ela sequer imaginou que estava prestes a ser rejeitada, mesmo eu tive pena.
"Nah... Não é nada."
"Hm? Você é um cara estranho." Ela disse de repente. "Ah, mas eu acho que se você não fosse assim, não seria você. Esquisitice é algo como sua identidade, certo?
Não pude evitar, mas senti que estava sendo insultado. Contudo, não era tão mau quanto esquecer de alguém que você teve contato regular por um mês inteiro. Então eu ignorei tudo isso e voltei meu foco para meu kimchi.
"Ikkun, você é um fã de kimchi?"
"Nah, não muito."
"Mas isto é muito kimchi. Nem coreanos comem tudo isso de uma vez só."
"Bem, eu tenho minhas razões." falei enquanto colocava um pouco de kimchi em minha boca. Mais da metade ainda estava na tigela. "Não são muito interessantes, mesmo assim."
"Razões?"
"Tente descobrir primeiro."
"Huh? Oh, certo... ok." Mikoko-chan cruzou seus braços e começou a comtemplar minha lógica. Claro, descobrir quais circunstancias me levaram a comer uma tigela inteira de kimchi não era exatamente fácil. Depois de alguns momentos de reflexão, ela deixou seus braços cairem apaticamente. Ela realmente foi rápida em jogar a toalha.
"Oh, sim, eu tenho um pergunta para você. Eu pensei que seria uma boa oportunidade. Posso?"
"Uh, com certeza."
A frase "uma boa oportunidade" não era normalmente usada para expressar algo que apareceu por chance? Pelo que eu saiba, Mikoko-chan veio aqui e sentou na minha frente pela sua própria vontade.
Ou talvez isso era irrelevante.
Ela estava com o mesmo sorriso quando fez a pergunta. "Ikkun, você não veio para a escola no começo de Abril, por quê?
"Uh..." Meus hashis pararam de mover. Os pedaços de kimchi que eles seguravam caíram de volta na tigela. "Uh, bem..."
Eu deveria estar com um semblante incomodado, porque Mikoko-chan rapidamente começou a mover suas mãos freneticamente e dizer, "Oh, se é difícil de falar sobre isso, não se preocupe. Eu só estava curiosa, isso é tudo. É como, Mistérios sem solução estrelando Mikoko-chan."
"Não, não é difícil de falar sobre. É uma história simples, realmente. Eu estava apenas viajando. Por uma semana."
"Viajando?" Ela piscou para mim como um animalzinho selvagem. Suas expressões era fáceis de ler. Era simples falar com ela, ela era uma boa ouvinte.
"Viagem? Para onde você foi?" Ela perguntou de novo.
"Para uma ilha deserta no Mar do Japão, meio que por acidente."
"Por acidente?"
"Sim. Um grande acidente. De qualquer jeito, esse é o motivo de eu estar comendo kimchi."
"Ela coçou sua cabeça, o que provavelmente era uma reação natural. Mas sou fundamentalmente uma pessoa preguiçosa, logo não queria explicar todos os detalhes. Ou melhor, como eu poderia?
"De qualquer forma, apenas uma viagem,nada algo muito elaborado."
"Huh. Não diga."
"O que você achou que era?"
"Oh, nada..." Ela corou um pouco. "Apenas pensei que talvez, uh, você se machucou de alguma maneira e teve uma estadia prolongada ou algo do tipo."
Como e por que ela pensou nessa ideia era um mistério para mim, porém, para alguém de repente faltar uma semana depois de entrar numa universidade, não havia muitas outras possibilidades. Pelo menos, era uma explicação melhor que "Eu estava apenas em uma viagem."
"Entendo, algo como uma viagem de graduação atrasada."
"Sim, algo como isso. Não consegui reservar, então ficou para Abril." Eu disse encolhendo os ombros, mas a realidade era totalmente diferente. A ideia de "graduar da escola" era algo que não experimentei desde o ensino fundamental. Certamente nunca fui em uma "viagem de graduação". Explicar o que realmente havia acontecido seria extremamente longo e desnecessário, logo só segui a interpretação dela.
"Hmm..." Ela fez uma expressão meio convencida. "Você foi sozinho?"
"Sim."
"Entendido." E então, apenas com isso, o sorriso alegre voltou. Toda a confusão foi esclarecida. Ela definitivamente não colocava nenhuma fachada. Ela era tão direta com suas emoções que quase me deixava com inveja.
Bem...
Nem tanto.
"Mikoko-chan... Por que você está aqui?"
"Huh?"
"Você tem alguma coisa para falar, eu assumo? Digo, considerando que sentou nessa mesa, enquanto tem uma sala cheia de cadeiras vazias."
"Huh." Ela estreitou seus olhos e abaixou-os um pouco, olhando para meu peito. "Só posso sentar com você se tiver algo para falar?"
"Huh?" Agora era minha vez de coçar minha cabeça.
Ela continuou a falar. "Quero dizer... Estou te incomodando? Eu te vi quando estava andando por aí, então pensei que poderíamos comer juntos."
"Ah, entendo."
Ela só queria uma companhia para comer junto. Sou do tipo que prefere fazer coisas pessoais, como comer, sozinho, contudo existem muitas pessoas que veem o tempo para comer e o tempo para conversar como a mesma coisa. Mikoko-chan com certeza era uma delas. Inesperadamente decidindo matar aula, ela não achou nenhum amigo para lhe fazer companhia, então veio falar com o primeiro conhecido que viu, eu.
"Bom, se isso é tudo, por mim tudo bem." Eu confirmei para ela.
"Obrigada. Isso é um alívio. Não saberia o que fazer se você tivesse dito não.
"Não saberia?"
"Hm? Sim. Talvez algo como isto." Ela disse, fingindo segurar as pontas da sua bandeja e girando seus pulsos num movimento brusco. "Como isso."
"Entendo..." Mesmo que ela estivesse brincando, eu estava aliviado por não ter recusado. Não conseguiria ter uma reação para isto. Alguém que expressa felicidade tão livremente pode expressar fúria do mesmo jeito.
"Eu estou livre de qualquer maneira. Enquanto você quiser apenas conversar, tudo bem." Eu disse.
"Obrigada."
"Do que estávamos falando mesmo?"
"Oh, umm..."
Quando eu fiz esta pergunta, ela começou a ansiosamente raspar seus hashis. Provavelmente pensando em um tópico.
Posso ter esquecido quem ela era, mas neste mês, ela definitivamente conseguiu compreender, pelo menos, a superfície da minha personalidade. Com qual tipo de tópico ela iria me abordar? Eu, que era tão ignorante, e não possuía um pingo de senso comum, tanto que cheguei a pensar que futebol era beisebol jogado com os pés? Eu estava estranhamente interessado, como se estivesse assistindo isso acontecer com outra pessoa.
Ela bateu uma palma como se tivesse pensado em algo. "Não acha que que o mundo ficou louco?"
"Huh? Em que sentido?"
"Quero dizer... er, você sabe,
Referências
- ↑ Donburi, literalmente tigela, é um prato japonês de arroz na tigela, contendo peixe, carne, vegetais ou outros ingredientes parecidos juntos, servidos em cima do arroz.
- ↑ Kimchi são condimentos típicos da culinária da Coreia.
- ↑ Um estilo de cabelo.
- ↑ A Golden Week (Semana Dourada) é a junção de quatro feriados nacionais no final de Abril / início de Maio.