Koten-bu Volume 5: Capítulo 1 (Parte 2)

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Capítulo 1: A mesa de recepção é logo ali

2. Passado: 42 dias atrás


A sexta-feira no qual era o último dia da semana de recrutamento de novos alunos era geralmente chamada de Festival do Recrutamento. Aparentemente, não era chamada desse jeito por alguém em particular tê-la nomeado assim, mas simplesmente porque era uma forma mais conveniente de falar.

O recrutamento de novos alunos vinha sendo realizado desde o início da semana.

De segunda em diante, os novos estudantes se reuniam no ginásio após as aulas e recebiam diversas orientações. Na segunda-feira ocorreu a apresentação do Conselho Estudantil, seguido dos importantes comitês escolares. A partir da terça, vários clubes dividiram horários entre si para subir ao palco e mostrar o quão fantásticos eram. Em todo o caso, havia uma quantidade considerável de clubes, então as orientações se estenderiam pelo período de quatro dias.

Esse mesmo tipo de coisa aconteceu também no ano passado, mas como eu não tinha interesse, acabava voltando para casa mais cedo. Esse ano as coisas se inverteram, então penso que provavelmente deveria no mínimo fazer um pequeno reconhecimento do território inimigo. Chitanda me arrastou junto dela e nós fizemos uma pequena espionagem no ginásio.

Cada clube possuía cinco minutos para sua apresentação e com esse curto espaço de tempo, o Clube de Teatro fez uma performance, a Sociedade de Pesquisa em Vestuário realizou um desfile, o Coral e o Clube de Canto exibiram a diferença musical entre eles e o Clube de Atletismo trouxe um colchão amortecedor para realizar demonstrações de salto em altura.

Também havia os clubes que claramente estavam em desvantagem. A Sociedade de Pesquisa em Adivinhação não apenas possuía uma única participante, como também ela não parecia estar se importando com o recrutamento. Com uma voz tranquila, ela fez uma breve explicação da história da Cabala e rapidamente pôs de lado o microfone e saiu. A Sociedade de Pesquisa em Culinária igualmente possuía suas desvantagens. Não é como se você pudesse instantaneamente preparar algo assim que sobe ao palco. Eles puderam apenas dizer ao pessoal que deveriam visitá-los no último dia da semana de recrutamento e que o clube teria o prazer de mostrar sua culinária orgânica para todos.

O Clube de Go jogou uma partida para o público e isso foi um desastre, não importa como você tente encarar isso. Eles não possuíam um tabuleiro demonstrativo, então o público não conseguia enxergar onde eles estavam colocando as pedras. Tudo bem se houvesse alguém narrando as jogadas, mas parecia que havia apenas dois membros no clube. Naquele momento, foi como se o tempo houvesse parado enquanto tentava desesperadamente continuar seguindo.

Mas não era a hora nem o local para ficar sentindo pena do Clube de Go. Cinco minutos eram, inesperadamente, uma grande quantidade de tempo. De acordo com a programação, o Clube de Clássicos se apresentaria na quinta. Devido a ainda estarem se organizando depois de terem passado para o segundo ano, Satoshi e Ibara frequentemente estavam ocupados e não conseguiam frequentar a sala do clube. Entretanto, na quarta-feira conseguimos todos estarmos presentes.

— O que vamos fazer?

Ao perguntar isso, eu não apenas queria saber como deveríamos preencher nosso tempo de cinco minutos, mas também se éramos sequer capazes de fazer tal coisa, em primeiro lugar.

— Por ora, vamos apenas nos esforçar ao máximo. — Disse Ibara, num tom que claramente sugeria que ela não estava se esforçando ao máximo.

— Concordo, vamos nos esforçar ao máximo. — Retruquei.

Dito isso, entretanto, ela retorquiu.

— Nos esforçar no máximo em quê?

Como é que eu vou saber? Primeiramente, foi você quem disse isso.

— De qualquer modo, sou a presidente do clube, então tecnicamente falando, deveria ser eu quem precisava fazer um discurso explicando o que há de atrativo no Clube de Clássicos, mas...

Chitanda também estava sendo evasiva. Julgando pelo modo no qual hesitou ao falar, sem dúvida nenhuma ela também era incapaz de pensar em qualquer ponto atrativo. E não era apenas isso.

— Chitanda, mesmo se você subisse ao palco tentando promover o Clube de Clássicos, não acho que alguém iria se interessar.

— Sério? Pois saiba que na próxima vez que for falar algo desse tipo, você deveria se olhar no espelho antes.

— Não, tudo bem. — disse Chitanda para Ibara, que estava agindo de modo hostil. — Eu sei que não sou boa em pedir coisas aos outros.

Chitanda possui grande determinação e uma quantidade ilimitada de sinceridade, mas por outro lado, devido a essa sua determinação ser tão unilateral, ela não costuma pensar em utilizar artimanhas. Se nós estivéssemos reunindo aqui tudo aquilo o que fosse necessário para convencer pessoas e desenvolvêssemos um plano, a forma de agir de Chitanda poderia até funcionar, porém, infelizmente, estávamos de mãos vazias.

Além disso, Ibara tem razão em dizer que devo me enxergar no espelho. Se fosse eu quem fosse ficar cara a cara com os calouros, sem dúvidas eu apenas seria capaz de dizer algo como: “Nós realmente não precisamos de nada, mas nós possuímos uma sala do clube, então se vocês puderem dar uma passada por lá seria bem legal”.

De qualquer forma, tenho minhas dúvidas sobre deixar a Ibara responsável por essa tarefa.

— Chi-chan, não acho que você seja ruim nessas coisas. Se fosse eu fazendo isso, acabaria falando algum bobagem.

Parece que ela também foi capaz de perceber isso.

Chegando nesse ponto, há apenas uma pessoa restante.

A expressão no rosto de Satoshi era de incômodo, mas seus olhos estavam claramente sorrindo.

— Será que sou mesmo a pessoa adequada para essa função? Se não existe alguma outra sugestão e vocês realmente precisam de mim, então imagino que possa fazer isso para passar o tempo.

Então, parece que chegou a hora de Satoshi brilhar.

— Se todos concordam com nossos planos para a quinta, deveríamos começar a decidir o que será feito na sexta, afinal, se vocês planejam usar fogo ou gás, o prazo máximo para pedir autorização é amanhã.

Satoshi disse isso usando sua voz de membro do Comitê Executivo e então se levantou. Até o momento, eu não sabia que ele havia sido escolhido como vice-presidente do Comitê e era por esse motivo que ele andava tão ocupado ultimamente.

Logo chegou a quinta-feira, após o término das aulas. Satoshi Fukube subiu o palco no ginásio sendo o único representante do Clube de Clássicos e soltou uma variedade de engenhosas frases como: “Enquanto vinha para cá, ouvi uma barulheira de serras vindo do Clube de Marcenaria, mas não importa o quando eu olhasse, não consegui ver nada. Pessoal, apresento a vocês o Clube de Clássicos*”.

N.T.: Parece ser uma espécie de trocadilho em japonês. Com a tradução para inglês a frase foi modificada e o humor contido nela acabou sendo perdido, infelizmente.

Seu senso de humor apropriado gerou uma grande quantidade de gargalhadas dos alunos e o seu discurso ocorreu sem problemas e perfeitamente em quatro minutos e trinta segundos. Ele recebeu uma fraca salva de palmas e deixou o palco enquanto o Clube de Cálculos em Ábaco vinha em seguida.

Mesmo assim, admirei a notável habilidade que meu velho amigo possuía.

No fim das contas, o discurso feito por Satoshi não tinha quase nada a ver com o atual Clube de Clássicos. Embora não houvesse quase nada a dizer, de maneira esplêndida, ele preencheu o tempo requerido e isso em si era uma habilidade espetacular da qual eu jamais conseguiria imitar.


(continua...)


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