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===Parte 1===
 
===Parte 1===
   
"Se você é um Aquariano, nascido entre 20 de Janeiro e 18 de Fevereiro, você terá muita sorte no amor, ganhará muito dinheiro e terá sucesso nos negócios! Não importa o quão improváveis sejam as circunstâncias, apenas coisas boas virão para você. Vá jogar na loteria! Mas não importa o quão popular você seja não tente sair com três ou quatro garotas ao mesmo tempo. ♪"
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“Se você é um Aquariano, nascido entre 20 de Janeiro e 18 de Fevereiro, você terá muita sorte no amor, ganhará muito dinheiro e terá sucesso nos negócios! Não importa o quão improváveis sejam as circunstâncias, apenas coisas boas virão para você. Vá jogar na loteria! Mas não importa o quão popular você seja não tente sair com três ou quatro garotas ao mesmo tempo. ♪”
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“...Olha, eu sabia que ia ser algo desse tipo, mas ainda assim...”
   
"...Olha, eu sabia que ia ser algo desse tipo, mas ainda assim..."
 
 
Era 20 de Julho, o primeiro dia das férias de verão.
 
Era 20 de Julho, o primeiro dia das férias de verão.
   
Kamijou Touma estava sem palavras. Seu dormitório na Cidade Acadêmica havia sido transformado numa sauna por causa de um ar-condicionado quebrado. Aparentemente, um raio havia caído durante a noite e danificado oitenta por cento dos seus aparelhos elétricos. Isso também significava que os conteúdos dentro de sua geladeira haviam sido estragados. Quando ele tentou comer o copo de yakisoba que ele matinha guardado para emergências, ele derramou o macarrão na pia. Sem outras opções, ele decidiu comer fora, mas pisou em seu cartão bancário e o quebrou enquanto procurava por sua carteira. Quando ele rastejou pateticamente de volta à cama para chorar até dormir, ele foi acordado pelo toque de seu telefone. Era sua professora lhe entregando uma mensagem carinhosa: "Bom dia, Kamijou-chan, você é um idiota, então precisa de aulas de reforço. ♪"
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Kamijou Touma estava sem palavras. Seu dormitório na Cidade Acadêmica havia sido transformado numa sauna por causa de um ar-condicionado quebrado. Aparentemente, um raio havia caído durante a noite e danificado oitenta por cento dos seus aparelhos elétricos. Isso também significava que os conteúdos dentro de sua geladeira haviam sido estragados. Quando ele tentou comer o copo de yakisoba que ele matinha guardado para emergências, ele derramou o macarrão na pia. Sem outras opções, ele decidiu comer fora, mas pisou em seu cartão bancário e o quebrou enquanto procurava por sua carteira. Quando ele rastejou pateticamente de volta à cama para chorar até dormir, ele foi acordado pelo toque de seu telefone. Era sua professora lhe entregando uma mensagem carinhosa: “Bom dia, Kamijou-chan, você é um idiota, então precisa de aulas de reforço. ♪”
   
 
Ele sempre sentiu que horóscopos exibidos na TV como previsões do tempo tendiam a ser apenas isso, previsões, mas ele foi incapaz de rir disso quando ela se mostrou tão diferente da realidade.
 
Ele sempre sentiu que horóscopos exibidos na TV como previsões do tempo tendiam a ser apenas isso, previsões, mas ele foi incapaz de rir disso quando ela se mostrou tão diferente da realidade.
   
"...Eu entendo. Mas não consigo engolir sem falar em voz alta."
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...Eu entendo. Mas não consigo engolir sem falar em voz alta.
   
O horóscopo sempre estava errado e Kamijou nunca teve boa sorte. Assim era a vida diária para Kamijou Touma. Ele havia pensado que a maneira extraordinária em que a sorte havia o abandonado era algo de família, mas seu pai havia conseguido um quarto lugar (cerca de 100.000 ienes<ref>2.710 reais em Abril de 2004.</ref>) na loteria e sua mãe havia conseguido bebidas gratuitas em máquinas de vendas diversas vezes. Era o suficiente para fazê-lo se perguntar se eles tinham alguma relação sanguínea. Mas como ele não tinha uma queda por uma irmã mais nova, nem era o próximo na linha de sucessão para a realeza, nada de bom viria ao descobrir que ele era adotado.
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O horóscopo sempre estava errado e Kamijou nunca teve boa sorte. Assim era a vida diária para Kamijou Touma. Ele havia pensado que a maneira extraordinária em que a sorte havia o abandonado era algo de família, mas seu pai havia conseguido um quarto lugar (cerca de 100.000 ienes<ref>R$2.712,80 em Abril de 2004.</ref>) na loteria e sua mãe havia conseguido bebidas gratuitas em máquinas de vendas diversas vezes. Era o suficiente para fazê-lo se perguntar se eles tinham alguma relação sanguínea. Mas como ele não tinha uma queda por uma irmã mais nova, nem era o próximo na linha de sucessão para a realeza, nada de bom viria ao descobrir que ele era adotado.
   
 
Em suma, Kamijou Touma não vivenciava nada além de azar.
 
Em suma, Kamijou Touma não vivenciava nada além de azar.
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Kamijou não contava com a sorte. Em outras palavras, ele tinha muita determinação.
 
Kamijou não contava com a sorte. Em outras palavras, ele tinha muita determinação.
   
"...Certo. Os problemas imediatos são o meu cartão e a geladeira."
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...Certo. Os problemas imediatos são o meu cartão e a geladeira.
   
Kamijou coçou sua cabeça e olhou ao redor de seu quarto. Enquanto ele ainda tivesse sua caderneta bancária, ele conseguiria outro cartão facilmente. O problema real era a geladeira... ou melhor, o café da manhã. Eles chamavam de aulas de reforço, mas ele tinha certeza que seria forçado a tomar pílulas de Matusalina e pó de Elbrase<ref>O katakana usado para Matusalina (メトセリン, Metoserin) compartilha semelhanças com o katakana usado para o personagem bíblico Matusalém (メトシェラ, Metoshera). O "Elbr" em Elbrase (エルブラゼ, Eruburaze) possivelmente também possui alguma associação mitológica.</ref> para o desenvolvimento de habilidades. Fazer isso com o estômago vazio não era uma boa ideia.
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Kamijou coçou sua cabeça e olhou ao redor de seu quarto. Enquanto ele ainda tivesse sua caderneta bancária, ele conseguiria outro cartão facilmente. O problema real era a geladeira... ou melhor, o café da manhã. Eles chamavam de aulas de reforço, mas ele tinha certeza que seria forçado a tomar pílulas de Matusalina e pó de Elbrase<ref>O katakana usado para Matusalina (メトセリン, Metoserin) compartilha semelhanças com o katakana usado para o personagem bíblico Matusalém (メトシェラ, Metoshera). O “Elbr” em Elbrase (エルブラゼ, Eruburaze) possivelmente também possui alguma associação mitológica.</ref> para o desenvolvimento de habilidades. Fazer isso com o estômago vazio não era uma boa ideia.
   
 
Trocando de roupa e colocando seu uniforme de verão, Kamijou considerou parar numa loja de conveniências no caminho para a escola. Fazendo jus a sua posição de estudante idiota, Kamijou havia ficado acordado a noite inteira enquanto as férias de verão se aproximavam então uma dor incômoda passava pela sua mente privada de sono. Entretanto, ele se forçou a pensar positivamente.
 
Trocando de roupa e colocando seu uniforme de verão, Kamijou considerou parar numa loja de conveniências no caminho para a escola. Fazendo jus a sua posição de estudante idiota, Kamijou havia ficado acordado a noite inteira enquanto as férias de verão se aproximavam então uma dor incômoda passava pela sua mente privada de sono. Entretanto, ele se forçou a pensar positivamente.
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(Compensar quatro meses de aulas perdidas em uma única semana é um bom negócio.)
 
(Compensar quatro meses de aulas perdidas em uma única semana é um bom negócio.)
   
Seu humor se recuperou ao ponto em que ele repentinamente murmurou, "O clima tá legal. Talvez eu deva arejar o meu futon."
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Seu humor se recuperou ao ponto em que ele repentinamente murmurou, “O clima tá legal. Talvez eu deva arejar o meu futon.
   
 
Kamijou abriu a porta de tela para a varanda. Ele esperava que o futon estivesse agradável e fofinho quando ele voltasse de suas aulas de reforço.
 
Kamijou abriu a porta de tela para a varanda. Ele esperava que o futon estivesse agradável e fofinho quando ele voltasse de suas aulas de reforço.
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Mas naquela varanda do sétimo andar, a parede do prédio vizinho estava há menos de dois metros de distância.
 
Mas naquela varanda do sétimo andar, a parede do prédio vizinho estava há menos de dois metros de distância.
   
"O céu é tão azul, e ainda assim o meu futuro é um breu. ♪"
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“O céu é tão azul, e ainda assim o meu futuro é um breu. ♪”
   
 
Seu ânimo decaiu bruscamente. Se forçar a dizer isso de maneira alegra apenas teve o efeito oposto.
 
Seu ânimo decaiu bruscamente. Se forçar a dizer isso de maneira alegra apenas teve o efeito oposto.
   
Não ter outra pessoa para agir como o escada<ref>Na comédia, "escada" é um personagem que completa a piada para outro personagem, geralmente sendo mais sério e posturado. Pense no Dedé em "Os Trapalhões", considerado o maior "escada" do humor Brasileiro.</ref> apenas o atormentou com um sentimento de solidão enquanto ele usava ambas as mãos para pegar seu futon em sua cama.
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Não ter outra pessoa para agir como o escada<ref>Na comédia, “escada” é um personagem que completa a piada para outro personagem, geralmente sendo mais sério e posturado. Pense no Dedé em “Os Trapalhões”, considerado o maior “escada” do humor Brasileiro.</ref> apenas o atormentou com um sentimento de solidão enquanto ele usava ambas as mãos para pegar seu futon em sua cama.
   
 
(Se o resto falhar, pelo menos eu vou deixar isso aqui suave e macio.)
 
(Se o resto falhar, pelo menos eu vou deixar isso aqui suave e macio.)
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Assim que ele pensou isso, ele sentiu algo macio ser esmagado pelo seu pé. Ele olhou para baixo e viu um pão de yakisoba ainda embrulhado. Ele estava na geladeira arruinada previamente mencionada, então certamente ele havia estragado.
 
Assim que ele pensou isso, ele sentiu algo macio ser esmagado pelo seu pé. Ele olhou para baixo e viu um pão de yakisoba ainda embrulhado. Ele estava na geladeira arruinada previamente mencionada, então certamente ele havia estragado.
   
"... Eu só espero que não comece a chover de repente essa tarde."
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... Eu só espero que não comece a chover de repente essa tarde.
   
 
Expressando uma má premonição que ele teve, Kamijou saiu pela porta de tela aberta para a varanda...
 
Expressando uma má premonição que ele teve, Kamijou saiu pela porta de tela aberta para a varanda...
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...e viu um futon branco já pendurado lá.
 
...e viu um futon branco já pendurado lá.
   
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“?”
"?"
 
   
 
Ele podia morar num dormitório estudantil, mas o formato era de um kitnet, então Kamijou vivia sozinho. Desse jeito, não havia ninguém além de Kamijou Touma que fosse capaz de pendurar um futon no corrimão da varanda de seu quarto.
 
Ele podia morar num dormitório estudantil, mas o formato era de um kitnet, então Kamijou vivia sozinho. Desse jeito, não havia ninguém além de Kamijou Touma que fosse capaz de pendurar um futon no corrimão da varanda de seu quarto.
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Era uma garota vestindo roupas brancas.
 
Era uma garota vestindo roupas brancas.
   
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“Hã!?”
"Hã!?"
 
   
 
O futon verdadeiro caiu de suas mãos.
 
O futon verdadeiro caiu de suas mãos.
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E suas roupas...
 
E suas roupas...
   
"Nossa, é uma irmã... Uma irmã freira, não uma irmã ''irmã''."
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“Nossa, é uma irmã... Uma irmã freira, não uma irmã ''irmã''.
   
 
O termo para o que ela vestia era hábito? Era o tipo de roupa que você esperava ver em uma freira na igreja. Suas roupas pareciam um longo vestido que chegava até os tornozelos, e ela usava um capuz separado em sua cabeça, um tanto diferente de um chapéu. Entretanto, embora os hábitos normais das freiras fossem pretos, o dela era branco puro. Ele era feito de seda? Aliás, em todos os pontos importantes da roupa, bordados feitos de linhas douradas haviam sido costurados. Kamijou não podia acreditar no quanto a impressão dada pelo mesmo desenho de roupa podia mudar apenas alterando as cores. O que ele viu lembrou-lhe de uma xícara de porcelana.
 
O termo para o que ela vestia era hábito? Era o tipo de roupa que você esperava ver em uma freira na igreja. Suas roupas pareciam um longo vestido que chegava até os tornozelos, e ela usava um capuz separado em sua cabeça, um tanto diferente de um chapéu. Entretanto, embora os hábitos normais das freiras fossem pretos, o dela era branco puro. Ele era feito de seda? Aliás, em todos os pontos importantes da roupa, bordados feitos de linhas douradas haviam sido costurados. Kamijou não podia acreditar no quanto a impressão dada pelo mesmo desenho de roupa podia mudar apenas alterando as cores. O que ele viu lembrou-lhe de uma xícara de porcelana.
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Entretanto, não foi isso que deixou Kamijou tão envergonhado.
 
Entretanto, não foi isso que deixou Kamijou tão envergonhado.
   
Ela era uma estrangeira e o professor de inglês de Kamijou Touma havia sugerido que ele adotasse uma política vitalícia de evitar estrangeiros. Se alguém de um país estranho começasse a falar com ele, ele possivelmente acabaria comprando um edredom seu perceber.
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Ela era uma estrangeira e o professor de inglês de Kamijou Touma havia sugerido que ele adotasse uma política vitalícia de evitar estrangeiros. Se alguém de um país estranho começasse a falar com ele, ele possivelmente acabaria comprando um edredom sem perceber.
   
"Eu..."
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“Eu...
   
 
Os lábios fofos, mas levemente secos, da garota se moveram lentamente.
 
Os lábios fofos, mas levemente secos, da garota se moveram lentamente.
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Kamijou deu um passo ou dois para trás sem perceber. Com um som amassado, ele pisou no pão de yakisoba mais uma vez.
 
Kamijou deu um passo ou dois para trás sem perceber. Com um som amassado, ele pisou no pão de yakisoba mais uma vez.
   
"Eu tô com fome.”
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“Eu tô com fome.”
   
"..........................................................................."
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...........................................................................
   
 
Por um instante, Kamijou pensou ser tão estúpido que sua mente tinha substituído automaticamente a língua estrangeira que ele ouviu com japonês. Como crianças estúpidas do fundamental que colocavam letras ridículas em músicas estrangeiras que elas não conheciam a letra real.
 
Por um instante, Kamijou pensou ser tão estúpido que sua mente tinha substituído automaticamente a língua estrangeira que ele ouviu com japonês. Como crianças estúpidas do fundamental que colocavam letras ridículas em músicas estrangeiras que elas não conheciam a letra real.
   
"Eu tô com fome."
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“Eu tô com fome.
   
"..."
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...
   
"Eu tô com fome."
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“Eu tô com fome.
   
"......"
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......
   
"Quantas vezes eu vou ter que te dizer que eu tô com fome?"
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“Quantas vezes eu vou ter que te dizer que eu tô com fome?
   
 
A garota de cabelo prateado pareceu ter ficado um pouco irritada com a maneira que Kamijou apenas ficou parado no mesmo lugar.
 
A garota de cabelo prateado pareceu ter ficado um pouco irritada com a maneira que Kamijou apenas ficou parado no mesmo lugar.
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(Não. Isso é prova o suficiente. Isso não pode ser outra coisa além de japonês.)
 
(Não. Isso é prova o suficiente. Isso não pode ser outra coisa além de japonês.)
   
"Ah, hmm..." ele disse enquanto encarava a garota pendurada no parapeito da varanda. "O que? Você tá querendo me dizer que desmaiou de cansaço ou algo do tipo?"
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“Ah, hmm... ele disse enquanto encarava a garota pendurada no parapeito da varanda. “O que? Você tá querendo me dizer que desmaiou de cansaço ou algo do tipo?
   
"Você também poderia dizer que eu caí e tô prestes a morrer."
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“Você também poderia dizer que eu caí e tô prestes a morrer.
   
"..."
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...
   
 
A garota podia falar japonês muito bem.
 
A garota podia falar japonês muito bem.
   
"Seria ótimo se você pudesse me alimentar o suficiente pra eu ficar cheia."
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“Seria ótimo se você pudesse me alimentar o suficiente pra eu ficar cheia.
   
 
Kamijou olhou para o pão de yakisoba amassado e possivelmente estragado ainda em sua embalagem debaixo de seu pé.
 
Kamijou olhou para o pão de yakisoba amassado e possivelmente estragado ainda em sua embalagem debaixo de seu pé.
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Ele não tinha ideia do que estava acontecendo, mas ele sabia que era melhor não se envolver. Na esperança de mandar a garota para um lugar distante, ele ergueu o pão de yakisoba amassado para sua boca. Ele tinha certeza que ela iria sair correndo quando sentisse o fedor azedo, então ele fez algo semelhante a oferecer chazuke à um convidado que você queira fora de sua casa em Quioto<ref>Quando um nativo de Quioto pergunta se um convidado quer comer chazuke, ele pode estar querendo dizer que a pessoa já passou tempo demais lá e está sendo convidada a se retirar educadamente.</ref>.
 
Ele não tinha ideia do que estava acontecendo, mas ele sabia que era melhor não se envolver. Na esperança de mandar a garota para um lugar distante, ele ergueu o pão de yakisoba amassado para sua boca. Ele tinha certeza que ela iria sair correndo quando sentisse o fedor azedo, então ele fez algo semelhante a oferecer chazuke à um convidado que você queira fora de sua casa em Quioto<ref>Quando um nativo de Quioto pergunta se um convidado quer comer chazuke, ele pode estar querendo dizer que a pessoa já passou tempo demais lá e está sendo convidada a se retirar educadamente.</ref>.
   
"Obrigada. Hora de comer."
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“Obrigada. Hora de comer.
   
 
Sua boca o engoliu, com embalagem e tudo. E a mão de Kamijou foi junto.
 
Sua boca o engoliu, com embalagem e tudo. E a mão de Kamijou foi junto.
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===Parte 2===
 
===Parte 2===
   
"Eu acho que deveria começar me apresentando."
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“Eu acho que eu preciso começar com uma introdução.
   
"Eu preferia que você começasse me dizendo por que você estava pendurada ali."
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“Na verdade, eu iria preferir se você começasse explicando por que você tava pendurada lá fora.
   
"Meu nome é Index."
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“Meu nome é Index.
   
"Esse claramente é um nome falso! Como assim Index? Você é o índice de algum livro ou algo assim?!"
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“Esse nome é claramente falso! Como assim Index!? Você é um índice ou algo do tipo!?”
   
"Como você pode ver, eu sou da igreja. Isso é importante. Ah, mas eu não sou do Vaticano. Eu sou da Igreja Anglicana."
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“Como você pode ver, eu sou da Igreja. Isso é importante. Ah, mas não sou do Vaticano. Eu sou da Igreja Anglicana<ref>O termo usado é イギリス清教 (''Igirisu Seikyou'', lit. Igreja Puritana Britânica). Essa tradução vai usar os nomes reais das igrejas pois elas eventualmente são escritas desse jeito em inglês em ilustrações futuras, portanto, Igreja Puritana Inglesa = Igreja Anglicana.</ref>.
   
"Eu não sei o que isso significa. Você vai continuar ignorando minhas perguntas?!"
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“Eu não sei o que isso significa, e você vai ficar ignorando minhas perguntas!?”
   
"Index não é o suficiente? Bom, meu nome mágico é Dedicatus545."
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“Hmm, Index não é o suficiente? Bom, meu nome mágico é Dedicatus545.
   
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“Alô, alô? Com que tipo de alienígena eu tô falando?”
[[Image:Index_v01_031.jpg|thumb]]
 
   
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Kamijou não entendeu então ele enfiou um dedo em sua orelha, e Index mordiscou a unha de seu polegar. Esse era um hábito dela?
"Olá? Olá? Com que tipo de alienígena eu estou falando?"
 
   
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Kamijou perguntou-se por que eles estavam sentados educadamente de frente um para o outro como em um omiai<ref>Omiai é um costume japonês onde um homem e uma mulher são apresentados um para o outro para considerarem a possibilidade de um casamento. Geralmente o encontro é feito pelos pais dos envolvidos, que tomam um papel semelhante ao dos casamenteiros na cultura ocidental.</ref>.
Kamijou não entendeu, então colocou seu dedo dentro de sua orelha, e Index mordeu a unha de seu polegar. Talvez seja um hábito dela.
 
   
  +
[[Image:Index_v01_031.jpg|thumb]]
Kamijou se perguntou por que eles estavam educadamente sentados de frente um para o outro como em um miai<ref>É um costume japonês de juntar duas pessoas solteiras para considerarem um possível casamento</ref>.
 
   
Se ele não saísse logo, iria se atrasar para suas aulas suplementares, mas ele não poderia deixar essa estrangeira em seu quarto. Para piorar as coisas, a misteriosa garota de cabelo prateado que chamava a si mesma de Index parecia ter gostado do quarto de Kamijou.
+
Se ele não saísse logo, ele iria se atrasar para suas aulas de reforço, mas ele não poderia deixar essa pessoa estranha em seu quarto. Pra piorar as coisas, a garota misteriosa de cabelo prateado se chamando de Index parecia ter gostado o suficiente do quarto que ela parecia disposta a se deitar preguiçosamente no chão.
   
Talvez o azar de Kamijou tenha a atraído? Ele tinha esperanças de que esse não era o caso.
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Teria o azar de Kamijou atraído ela? Ele esperava que esse não fosse o caso.
   
"Seria ótimo se você pudesse me dar mais comida."
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“De qualquer forma, seria ótimo se você pudesse me alimentar o suficiente para eu ficar cheia.
   
"Por que eu faria isso?! Eu não quero aumentar seu medidor de amor. Eu preferiria morrer do que ativar um sinalizador estranho e acabar com você no meu !"
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“Por que eu faria isso!? Eu não quero aumentar seus parâmetros. Eu preferiria morrer do que ativar uma flag estranha e acabar preso na rota da Index!!”<ref>“Flag” e “rota” são termos comumente usados em visual novels. Pense em Fate/stay night: se você escolher os diálogos corretos, pontos serão atribuídos a “flags”, e com pontos o suficiente, uma “flag” é ativada, travando a história numa “rota” específica.</ref>
   
"Hm... isso é alguma gíria? Desculpa, mas eu não tenho ideia do que você está falando."
+
“Hm... isso é uma gíria? Sinto muito, mas eu não faço ideia do que você falando.
   
Ela é uma estrangeira, não deve conhecer a cultura otaku.
+
Como esperando de uma estrangeira, ela não entendia a cultura otaku do Japão.
   
"Mas se eu sair agora, vou desmaiar de fome."
+
“Mas se eu sair agora, eu vou desmaiar depois de dar três passos.
   
"Não me venha com essa de desmaiar."
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“...Não vem com essa de desmaio de novo.
   
"Eu irei reunir minhas últimas forças para deixar uma mensagem antes de morrer. Com uma foto sua anexada."
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“E eu vou reunir minha força restante para deixar uma última mensagem antes de morrer. Vai ser uma imagem sua.
   
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“O qu—?”
"O quê?"
 
   
"E, se por acaso, alguém me salvar, eu direi que eu estava encarcerada nesse quarto e que fui torturada ao ponto de desmaiar. Direi a todos que você me usou de cobaia para o seu fetiche de cosplay."
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“E se, por acaso, alguém me salvar, eu vou dizer que eu fui aprisionada neste quarto e atormentada ao ponto de desmaiar. ...Eu vou dizer pra eles que você forçou seus gostos de cosplay em mim.
   
"Não ouse dizer isso! Então você sabe uma coisa ou outra sobre a cultura otaku, não é?!"
+
“Não ouse dizer isso! E você conhece uma coisa ou duas sobre a cultura otaku, né!?
   
  +
“?”
"?"
 
   
Ela inclinou sua cabeça para o lado como um gato se olhando no espelho pela primeira vez.
+
Ela inclinou sua cabeça para o lado como um gato se olhando pela primeira vez num espelho.
   
  +
Ele se arrependeu de deixá-la irritá-lo. Ele sentiu como se só ele tivesse sido terrivelmente maculado.
Ele lamentou ter deixado ela irritá-lo, sentindo-se horrivelmente enganado.
 
   
, vamos ! Pensou Kamijou.
+
(Ok, vamos nessa!)
   
Ele caminhou até a cozinha. havia comida estragada na geladeira, não custava nada alimentá-la com aquilo. O garoto percebeu que estaria tudo bem desde que a comida fosse esquentada. Ele colocou tudo na frigideira para tentar fazer algo similar a vegetais fritos.
+
Kamijou se encaminhou de forma barulhenta até a cozinha. Apenas restava lixo estragado em sua geladeira, então dar isso para ela não machucaria sua carteira. Ele decidiu que tudo ficaria bem desde que a comida fosse aquecida. Ele colocou tudo restante na frigideira e fez algo semelhante a vegetais salteados.
   
De onde essa garota veio? Ele se perguntou.
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(Pensando nisso, de onde veio essa garota?)
   
Naturalmente, haviam pessoas de outros países na Academy City. Mas ela simplesmente não parecia ser uma habitante da cidade. Além do mais, era complicado para pessoas de fora entrarem na cidade.
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Claro, haviam estrangeiros na Cidade Acadêmica. Entretanto, ela não tinha o “cheiro” característico de um habitante da cidade. Mas também era estranho que pessoas de fora entrassem na cidade.
   
A Academy City era tratada como "uma cidade constituída de centenas de escolas", mas o correto seria "um internato do tamanho de uma cidade." Era grande o suficiente para cobrir um terço de Tóquio, mas estava cercada por algo similar à Grande Muralha da China.
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A Cidade Acadêmica era tratada como uma cidade feita de centenas de escolas, mas seria mais correto pensar nela como um internato do tamanho de uma cidade. Ela era grande o suficiente para cobrir um terço de Tóquio, mas ela era cercada por uma muralha como a Grande Muralha da China. Ela não era tão estrita como uma prisão, mas ainda assim não era o tipo de lugar que você podia simplesmente entrar e sair.
   
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...Ou pelo menos era assim que parecia ser. Na realidade, três satélites lançados para experimentos de uma faculdade técnica estavam constantemente monitorando a cidade. Cada pessoa que entrava ou saía da cidade era completamente escaneada e se alguma pessoa suspeita que não estivesse no banco de dados no portão fosse detectada, membros da Anti-Skill ou da Judgement de todas as escolas iriam intervir imediatamente.
Não era estrita como uma prisão, mas não era um lugar onde qualquer um poderia entrar.
 
   
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(Mas aquela garota elétrica invocou aquela nuvem de raios ontem. Isso pode ter escondido ela dos satélites.)
...Pelo menos era assim que deveria ser. Na verdade, três satélites experimentais lançados por uma escola técnica estavam constantemente monitorando a escola. Cada indivíduo que entrava ou saía da cidade era completamente escaneado e se alguma pessoa suspeita que não estivesse no banco de dados fosse detectada, a Anti-Skill e a Judgment iriam intervir imediatamente.
 
   
  +
“Então, por que você tava pendurada para secar na minha varanda?” Kamijou perguntou à garota enquanto colocava molho de soja no prato semelhante a vegetais salteados que ele estava fazendo com intenções puramente maliciosas.
O relâmpago de ontem deve ter atrapalhado a detecção dos satélites, ele considerou.
 
   
  +
“Eu não tava pendurada pra secar.”
"Por que você estava pendurada para secar na minha varanda?" Kamijou perguntou enquanto colocava molho de soja naquela gororoba.
 
   
  +
“Então o que você tava fazendo? Foi pega pelo vento e veio parar aqui em cima ou algo do tipo?”
"Eu não estava pendurada para secar."
 
   
  +
“...Algo do tipo.”
"Então o que você estava fazendo? Você estava voando e aterrissou lá?"
 
   
  +
Kamijou havia dito aquilo como uma piada e parou de mover a frigideira para encarar a garota.
"Algo assim."
 
   
  +
“Eu caí. Eu estava tentando de pular de um telhado para o outro.”
Kamijou achou que era uma piada, parou de movimentar a frigideira e voltou a olhar para garota.
 
   
  +
(Telhado?)
"Eu caí. Eu estava tentando saltar de um prédio para outro."
 
   
  +
Kamijou olhou para o teto.
Prédio?
 
   
Kamijou olhou para o teto. Os dormitórios estudantis possuíam a mesma quantidade de andares e observando a varanda, poderia-se perceber que havia um espaço de dois metros entre os prédios. Era verdade que um pulo com impulso poderia bater essa distância. Mas...
+
Dormitórios estudantis baratos estavam alinhados naquela área. Mais do mesmo tipo de prédios de oito andares estavam enfileirados e uma olhada para a varanda mostrava que existia um vão de dois metros entre os prédios. Era verdade que um pulo com impulso poderia te levar de um telhado para o outro, mas...
   
"Mas são oito andares! Um passo em falso e você iria direto para o inferno."
+
“Mas são oito andares? Um passo errado e você cai direto pro inferno.
   
"Sim, você nem ganha uma sepultura se cometer suicídio", disse Index. "Mas eu não tinha escolha. Era o único jeito de escapar."
+
“É, e você nem consegue uma sepultura se você cometer suicídio, disse Index enigmaticamente. “Mas eu não tinha escolha. Não tinha outra maneira de escapar.
   
  +
“Escapar?”
"Escapar?"
 
   
  +
Kamijou franziu a testa para aquela palavra sinistra.
"Sim." Disse Index como uma criança. "Eu estava sendo perseguida."
 
   
  +
“Sim,” disse Index como uma criança. “Eu estava sendo perseguida.”
"..."
 
   
  +
“...”
A mão de Kamijou que estava movimentando a frigideira parou mais uma vez.
 
   
  +
A mão de Kamijou que estava balançando a frigideira quente parou de se mover mais uma vez.
"Eu pulei corretamente, mas fui baleada em pleno ar." A garota que chamava a si mesma de Index sorriu. "Peço perdão. Parece que eu caí na sua varanda."
 
   
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“Eu pulei corretamente, mas aí fui baleada nas costas no meio do ar.” A garota que se chamava de Index parecia estar sorrindo. “Desculpa, parece que eu acabei caindo na sua varanda.”
Ela sorriu inocentemente para Kamijou Touma sem sinais de sarcasmo ou autodepreciação.
 
   
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Ela deu um sorriso puro na direção de Kamijou Touma sem mesmo um sinal de autodepreciação ou sarcasmo.
"Você foi baleada...?"
 
   
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“Você foi baleada...?”
"Sim? Ah, mas você não precisa se preocupar, não estou ferida. Essas roupas também funcionam como barreira defensiva."
 
   
  +
“Sim? Ah, você não precisa se preocupar com um ferimento. Essa roupa também funciona como uma barreira defensiva.”
Barreira defensiva? Era à prova de balas?
 
   
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O que ela queria dizer com “barreira defensiva”? Era à prova de balas?
A garota se virou para mostrar que não havia ferimentos ou marcas nas roupas. Kamijou se perguntou se ela realmente havia sido baleada.
 
   
O conceito de que ela estava delirando ou inventando tudo parecia mais realista.
+
A garota deu uma voltinha como estivesse mostrando suas roupas novas e ela certamente não parecia ferida. Kamijou teve de se perguntar se ela realmente havia sido baleada. A ideia de que ela estava delirando ou inventando essa história parecia ser mais realista.
   
 
Mas...
 
Mas...
   
Havia o fato de que ela estava realmente estava pendurada na sua sacada no sétimo andar.
+
Havia o fato de que ela realmente estava pendurada em sua varanda no sétimo andar.
   
Se, hipoteticamente, tudo o que ela falou era verdade...
+
Se, hipoteticamente, tudo que ela disse era verdade...
   
Quem atirou nela?
+
Quem havia atirado nela?
   
Kamijou deliberou.
+
Kamijou pensou.
   
Ele pensou sobre o quanto de determinação uma pessoa precisaria ter para pular de um prédio de oito andares para outro. Ele também considerou a sorte dela ter caído na varanda dele no sétimo andar e o fato dela ter desmaiado.
+
Ele pensou sobre o quão determinada uma pessoa precisaria estar para pular pelos telhados de prédios de oito andares. Ele também considerou o quão sortuda ela era por ter caído na sua varanda no sétimo andar. E ele pensou sobre o significado oculto do fato de que ela havia desmaiado.
   
 
Ela disse que estava sendo perseguida.
 
Ela disse que estava sendo perseguida.
   
Ele finalmente pensou no sorriso de Index ao dizer estas palavras.
+
Ele pensou sobre o significado do sorriso no rosto de Index quando ela disse isso.
   
Ele não sabia em que situação Index estava e não entendeu as poucas coisas que ela disse. Provavelmente ele iria apenas entender a metade se Index explicasse tudo a ele desde o começo e ainda não teria ideia de como começar a entender a outra metade.
+
Kamijou não sabia em que circunstâncias Index se encontrava e ele não havia entendido as poucas coisas que ela havia dito. Possivelmente, ele apenas entenderia metade das coisas se Index explicasse tudo do inicio ao fim e ele possivelmente não teria noção de como começar a entender a outra metade.
   
Mesmo assim, uma verdade permaneceu.
+
Mesmo assim, uma verdade permanecia.
   
Como um aperto no seu peito, ele finalmente aceitou a ideia de que ela caiu na sua varanda no sétimo andar após saltar de um prédio para outro, quando um passo em falso poderia lançá-la direto ao asfalto.
+
Com um aperto em seu peito, ele entendeu o fato de que ela havia caído em sua varanda no sétimo andar quando um passo em falso poderia -la mandado diretamente ao asfalto.
   
  +
“Comida.”
"Comida."
 
   
Apesar de sua fluência na língua japonesa, ela não deve ter muita experiência com os hashis pois estava segurando-os como se fossem uma colher enquanto excitadamente observava a frigideira.
+
A cabeça de Index surgiu por trás de Kamijou. Apesar de falar japonês, ela não devia estar acostumada a usar hashis, pois ela estava segurando eles como uma colher enquanto encarava excitadamente a frigideira.
   
Os olhos dela pareciam os de um gato que foi resgatado de uma caixa de papelão em um dia chuvoso.
+
Seus olhos eram como os de um gatinho que havia sido resgatado de uma caixa de papelão em um dia chuvoso.
   
  +
“..................................................................Ah.”
"Ah..."
 
   
Kamijou colocou a (coisa anteriormente conhecida como) comida na frigideira para fazer algo similar a vegetais fritos (envenenados). Por alguma razão, o anjo Kamijou, que normalmente estava acompanhado do demônio Kamijou, estava se contorcendo terrivelmente ao ver a garota faminta.
+
Kamijou colocou a comida que não era nada além de lixo na frigideira para fazer algo como vegetais salteados (venenosos).
   
  +
Por alguma razão, o Kamijou Anjo dentro dele (que normalmente estava acompanhado do Kamijou Demônio) estava se contorcendo terrivelmente ao ver a garota faminta.
"J-Já sei! Se você está mesmo com fome, que tal irmos a um restaurante ao invés de te dar essa comida horrível feita de sobras por um homem?! Nós podemos até pedir por telefone!"
 
   
  +
“Ahh! J-já sei! Se você realmente está faminta, que tal a gente ir pra um restaurante ao invés de comer essa refeição horrível feita por um cara com as sobras!? A gente pode até pedir por telefone!”
"Não posso esperar tanto."
 
   
  +
“Eu não posso esperar tanto.”
"Ah..."
 
   
  +
“... Ah...kh!”
"E não é horrível. Você fez essa comida para mim sem cobrar por ela. Deve estar bom." Pela primeira vez, ela sorriu como uma freira.
 
   
  +
“E ela não é horrível. Você fez essa comida pra mim sem cobrar nada por ela. Ela tem que ser boa.”
Enquanto a dor agredia Kamijou como se seu estômago estivesse sendo torcido como uma peça de roupa molhada, Index colocou o conteúdo da frigideira na sua boca.
 
   
  +
Pela primeira vez, ela deu um sorriso brilhante digno de uma freira.
Mastigando.
 
   
  +
O estômago de Kamijou sentiu como se ele estivesse sendo espremido como um esfregão. Index o ignorou, usando os hashis em seu punho para colher os conteúdos da panela para sua boca.
"Viu? Está bom."
 
   
  +
Nhac nhac.
"Está?"
 
   
  +
“Viu? Tá bom.”
Mastigando.
 
   
  +
“...Ah, tá?”
"Foi legal você ter colocado um toque amargo para me ajudar a ganhar forças."
 
   
  +
Nhoc nhoc.
"Gah! Tá amargo?!"
 
   
  +
“Foi legal você ter colocado um sabor azedinho pra me ajudar a recuperar as forças.”
Mastigando.
 
   
  +
“Geh! Tá azedo!?”
"Sim, mas não tem problema. Obrigada. Você é como um irmão maior ou algo assim."
 
   
  +
Chomp chomp.
Ela soltou um grande sorriso enquanto comia com um coração tão puro. Um broto de feijão estava preso em sua bochecha.
 
   
  +
“É, mas tudo bem. Obrigada. Você é parece um irmão mais velho ou algo do tipo.”
"...Gh... Uwaaa!"
 
   
  +
Ela apresentou um largo sorriso. Ela estava comendo com um coração tão puro que um caroço de feijão estava em sua bochecha.
Com uma velocidade assustadora, Kamijou pegou a frigideira enquanto Index parecia muito descontente. No entanto, Kamijou jurou em seu coração que ele seria o único a ir para o inferno.
 
   
  +
“...Gh...Uuwhaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhh!”
"Você está com fome também?"
 
   
  +
Na velocidade do som, Kamijou agarrou a panela. Index parecia incrivelmente descontente, mas Kamijou jurou em seu coração que ele seria o único a ir para o inferno.
"Hã?"
 
   
  +
“Você também tá com fome?”
"Se não estiver, eu gostaria de comer o resto."
 
   
  +
“...Hã?”
Enquanto ele observava Index olhando para ele com um olhar desgostoso,
 
   
  +
“Se não estiver, eu gostaria que você me deixasse comer o resto.”
Kamijou recebeu uma revelação divina.
 
   
  +
Quando Kamijou viu Index olhando para ele com olhos levemente irritados enquanto mastigava na ponta de seus palitos, Kamijou recebeu uma revelação divina.
Deus disse a ele para se responsabilizar e comer o resto sozinho.
 
   
  +
Deus estava lhe dizendo para assumir a responsabilidade e comer tudo sozinho.
Isso não tinha nada a ver com azar, foi algo que ele mesmo provocou.
 
  +
  +
Isso não tinha nada haver com azar, isso foi algo que ele mesmo provocou.
   
 
===Parte 3===
 
===Parte 3===
   
Kamijou Touma encheu sua boca com lixo frito e sorriu.
+
Kamijou Touma encheu a boca com o lixo aquecido e sorriu.
   
"Mhh," resmungou a garota que chamava a si mesma de Index com um olhar de reclamação enquanto mordia um biscoito. A maneira que ela segurava o biscoito em ambas as mãos a fez parecer um esquilo.
+
“Mhh, murmurou a garota se chamando de Index com reclamação em seu rosto enquanto ela mordiscava um biscoito. A maneira que ela segurava o pequeno biscoito com ambas as mãos fez com que ela parecesse um pouco com um esquilo.
   
"Tudo bem, você disse que estava sendo perseguida. Perseguida por quem?"
+
“Ok, você disse que estava sendo caçada. Caçada por quem?
   
Após retornar de seu Nirvana, Kamijou perguntou mais uma vez sobre sua maior dúvida na história dela.
+
Tendo retornado do Nirvana, Kamijou mais uma vez perguntou sobre o maior problema na história da garota.
   
Ele não estava disposto a acolher uma garota que ele conheceu a menos de 30 minutos. Mas provavelmenteera tarde demais para deixar isso passar.
+
Ele não ia seguir uma garota que ele havia acabado de conhecer há menos de trinta minutos até as profundezas do inferno. Entretanto, era provável quefosse tarde demais para nada acontecer com ele.
   
No fim, eu vou ter seguir as palavras da raposa, pensou Kamijou, usando um termo pessoal para manter sua bondade fingida.
+
(Acabou que eu vou ter que ''fazer teatrinho'',) Kamijou pensou, usando seu termo pessoal pra fingir ser legal.
   
Ele sabia que não iria resolver nada, mas ainda gostaria de confortar a si mesmo com com a sensação de que ele havia feito algo para ajudar.
+
Ele sabia que isso não ia levar a lugar algum, mas ele ainda queria se confortar dizendo que “''pelo menos ele tentou''”.
   
"Hmm..." ela disse com a garganta seca. "Quem eles eram mesmo? Talvez os Rosacrucianos ou um grupo da Stella Matutina. Eu acho que era um desses grupos, mas eu não sei o nome deles ainda. Eles não são do tipo que se importam com nomes."
+
“Ah... ela começou com a garganta levemente seca. “Quem era...? Talvez tenha sido a Rosacruz ou a S∴M∴ conhecida também como Stella Matutina. Eu acho que era um grupo desses, mas eu ainda não sei qual. ...Eles não são do tipo que se anunciam por .
   
"Eles...?" Kamijou perguntou timidamente.
+
“Eles? Kamijou perguntou fracamente.
   
Aparentemente, ela estava sendo perseguida por um grupo ou organização.
+
Aparentemente, ela estava sendo caçada por um grupo ou uma organização.
   
"Sim," disse Index calmamente. "Uma sociedade de feiticeiros."
+
“Sim, Index respondeu de uma maneira surpreendentemente calma. “Uma sociedade mágica.
   
  +
..............................................................................
...
 
   
  +
“Ahn? Mágica? Ah... Que!? Isso é loucura!!”
...
 
   
  +
“Ah? M-meu japonês saiu errado? Eu quis dizer mágica. Uma Cabalá Mágica.”<ref>Enquanto “sociedade mágica” foi escrito em japonês, “Cabalá Mágica” foi escrita em inglês.</ref>
...
 
   
  +
“...” Ouvir em inglês não ajudou muito. “O que? Você tá falando de algum culto perigoso que diz que aqueles que não acreditam no líder do culto vai receber uma punição divina e aí eles te dão LSD pra fazer lavagem cerebral? Isso é ruim em mais de uma maneira.”
"Hã? Feiticeiros? Hã? O quê?! Isso é loucura!"
 
   
  +
“...Você tá tirando sarro da minha cara?”
"Hã? Eu falei algo errado? Eu quis dizer magia. Uma associação mágica."
 
   
  +
“...Foi mal mas não dá, eu simplesmente não consigo aceitar que mágica seja real. Eu posso conhecer todos os tipos de poderes sobrenaturais como Pirocinese e Clarividência, mas eu não consigo aceitar a existência de magia.”
...
 
   
  +
“...?”
"O quê? Você quer dizer alguma seita? Tipo, uma seita que diz que quem não acreditar no líder irá receber uma punição divina e aí eles te dão LSD para fazer uma lavagem cerebral? Isso é bem ruim."
 
   
  +
Index parecia confusa.
"...Tá brincando comigo?"
 
   
  +
Ela possivelmente esperava que um crente na ciência iria negar qualquer coisa sobrenatural existisse nesse mundo.
"...Foi mal, eu simplesmente não consigo aceitar essa coisa de magia. Eu posso conhecer vários tipos de poderes psíquicos como pirocinese e clarividência, mas eu não consigo aceitar magia."
 
   
  +
Entretanto, a mão direita de Kamijou carregava um poder sobrenatural.
"...?"
 
   
  +
Ele se chamava Imagine Breaker e ele podia negar até mesmo os sistemas de deuses que eram vistos em mitos em um único golpe, contanto que fosse um poder que excedesse as regras naturais do mundo.
Index parecia estar confusa.
 
   
  +
“Habilidades especiais são bem comuns aqui. O seu cérebro pode ser 'desenvolvido' com a injeção de drogas nas suas veias, com estímulos de eletrodos fixados no seu pescoço e ao ouvir ritmos tocados através de fones de ouvido. Tudo pode ser explicado com a ciência, então é natural aceitar isso, né?”
Ela provavelmente esperava que alguém do lado da ciência não acreditaria ''nas coisas que Kamijou citou''.
 
   
  +
“...Eu não entendi.”
Entretanto, a mão direita de Kamijou possuía um poder sobrenatural.
 
   
  +
“É normal! É completamente normal e é perfeitamente normal. Dizer três vezes é o suficiente!?”
Era chamado de Imagine Breaker e poderia negar até poderes divinos vistos em mitos em um instante desde que fosse um poder com origem sobrenatural.
 
   
  +
“...Mas e mágica? Mágica é normal...”
"Você pode não saber, mas poderes psíquicos é algo normal por aqui. Qualquer um pode desenvolver poderes recebendo uma injeção de 'esperina' nas veias, colocando eletrodos no pescoço e ouvindo alguns sons por fones de ouvido. Tudo pode ser explicado cientificamente, então é natural aceitar isso, certo?"
 
   
  +
Index murmurou como se alguém tivesse insultado seu gato de estimação.
"...Eu realmente não entendo."
 
   
  +
“Hmm... Olha o janken, por exemplo... Pera, janken é conhecido no mundo todo?”
"É normal! Completamente normal! Inteiramente normal! Três vezes não é o suficiente?!"
 
   
  +
“...Eu acho que isso se chama pedra-papel-tesoura no lugar de onde eu venho, mas eu sei o que é isso.”
"...Magia também é algo normal."
 
   
  +
“Ok, se você jogar janken dez vezes seguidas e perder todas as vezes, teria algum motivo por trás disso?”
Index emburrou como se alguém houvesse insultado seu gato de estimação.
 
   
  +
“...Mh.”
"Hmm... Tá, vamos pegar pedra, papel e tesoura como exemplo. Espera, você conhece esse jogo?"
 
   
  +
“''Não teria, né? Mas é da natureza humana achar que tem,''” disse Kamijou de forma desinteressada. “Você iria pensar que não tem como você continuar perdendo desse jeito. Você assumiria que tem alguma regra por trás disso que você não consegue ver. E assim que você começa a pensar desse jeito, o que acontece quando você começa a adicionar coisas como horóscopos?”
"...Eu acho que é da cultura japonesa, mas eu conheço sim."
 
   
  +
“...Algo do tipo: 'se você é de Câncer, então você está com azar e não deveria tentar entrar em competições'?”
"Beleza. Se você jogasse pedra, papel e tesoura dez vezes e perdesse todas, haveria algo influenciando a sua derrota no jogo?"
 
   
  +
“Isso. Essa é a verdadeira identidade do oculto. Sorte é só a gente sonhando sobre essas regras invisíveis. Enquanto a realidade é algo patético como coincidência, nossos corações inventam algum tipo de inevitabilidade grandiosa. Assim é o oculto.”
"...Hm."
 
   
  +
Por um momento, Index franziu o cenho como um gato incomodado, mas então ela disse, “Então você não negou magia sem pensar.”
"Não haveria, certo? ''Mas é da natureza humana achar que há algo por trás''." disse Kamijou com pouco interesse. "Você pensaria que não haveria como perder dessa maneira. Você provavelmente iria achar que há uma regra, uma força invisível ou algo do tipo. E uma vez que você pensa assim, o que acontece quando você começa a fatorar coisas como o horóscopo?"
 
   
  +
“Isso. ''E é por que eu pensei nisso seriamente'' que eu posso ver que essas historinhas pra boi dormir são pura balela. Eu não posso acreditar em magos de um livrinho infantil. Se a gente pudesse reviver os mortos com o custo de um pouco de PM<ref>Em role-playing games, PM é a sigla para “Pontos de Magia”.</ref>, ninguém estaria desenvolvendo esses poderes científicos. Eu simplesmente não consigo acreditar no oculto que não tem conexão com a realidade da ciência.”
"...Tipo, 'vocês cancerianos são azarados, então não devem jogar pedra, papel e tesoura'?"
 
   
  +
Ele sentiu que as pessoas apenas viam as habilidades como estranhas e misteriosas por que elas eram idiotas.
"Exato. Nós vemos nossa sorte como algo que é manipulado por forças e regras invisíveis. E nós constantemente sonhamos para que estas forças joguem do nosso lado. Enquanto a realidade é uma patética e pura coincidência, nossos corações confundem essa coincidência com ''algo inevitavelmente manipulado por uma força ou regra invisível''. Isso é o ocultismo."
 
   
  +
O fato de que aqueles poderes podiam ser explicados cientificamente era senso comum naquela cidade.
Index franziu a testa, mas então disse, "Então você não simplesmente negou tudo isso sem pensar."
 
   
  +
“...Mas mágica existe,” Index disse fazendo beicinho.
"Sim. ''E é por eu ter pensado seriamente sobre esses assuntos'' que eu não consigo acreditar em magos de um livro infantil. Se nós pudéssemos ressucitar os mortos gastando um pouco de MP como em um RPG, ninguém estaria desenvolvendo outros poderes. Eu simplesmente não consigo acreditar no sobrenatural que não possui conexão com a ciência."
 
   
  +
Provavelmente, isso era como um pilar apoiando seu coração. Semelhante ao Imagine Breaker de Kamijou.
Ele achava que as pessoas achavam poderes psíquicos estranhos e misteriosos porque eram ignorantes sobre o assunto. O fato de que estes poderes poderiam ser explicados cientificamente era comum naquela cidade.
 
   
  +
“Que seja, por que eles estão te caçando?”
"...Mas magia existe."
 
   
  +
“Mágica existe.”
Muito provavelmente a magia era como um pilar sustentando o coração dela, parecido com o Imagine Breaker de Kamijou.
 
   
  +
“...”
"Tá, tanto faz. Então, por que eles estavam te perseguindo?"
 
   
"Magia existe."
+
“Mágica existe!”
   
  +
Ela parecia decidida em querer que ele aceitasse isso.
"..."
 
   
  +
“E-então, o que é mágica? Você pode soltar fogo das suas mãos sem passar pelo Curriculum? Se for isso, eu gostaria de ver. Assim eu acreditaria em você.”
"Magia existe!"
 
   
  +
“Eu não tenho poderes mágicos, então eu não posso usar magia.”
Parecia que ela queria forçá-lo a acreditar nisso.
 
   
  +
“...”
"Tá, o que é 'magia', então? Você consegue disparar fogo de suas mãos sem ter passado pelo nosso Curriculum? Se sim, eu gostaria de ver. Talvez eu acredite em você."
 
 
"Eu não tenho poderes mágicos, não posso fazer isso."
 
 
"..."
 
   
Kamijou se sentiu como se ele tivesse encontrado um esper que afirmou que não conseguiu dobrar uma colher no Curriculum porque a câmera de segurança do local onde se aplicam os testes havia o distraído.
+
Kamijou sentiu que ele tinha se deparado com um daqueles usuários de habilidade que diziam não poder dobrar uma colher com seus poderes por que a câmera presente estava sendo distrativa.
   
Mas um sentimento complexo preenchia o coração de Kamijou.
+
Ao mesmo tempo, um sentimento um tanto quanto complexo preencheu seu coração.
   
Ele insistia que o oculto não existia e que magia era algo ridículo, mas ele não sabia absolutamente nada sobre o Imagine Breaker que residia na sua mão direita. Como o poder funcionava, e como seu poder age sobre outro poder? A Academy City estava no topo do mundo no desenvolvimento de poderes, mas até seu System Scan falhou em analisar o poder de Kamijou. Consequentemente, ele foi classificado como Level 0.
+
Ele estava insistindo que o oculto não existia e que mágica era algo ridículo, mas ele não sabia nada sobre o Imagine Breaker que morava em sua mão direita. Como ele funcionava e o que estava acontecendo que ele não podia ver? A Cidade Acadêmica era o ápice do desenvolvimento de habilidades do mundo, mas até mesmo o System Scan<ref>Em japonês, 身体検査 (''Shintai Kensa'', Exame Físico) é exibido com a pronuncia estrangeira システムスキャン (''Shisutemu Sukyan''), então manteremos o termo estrangeiro “System Scan”.</ref> não podia analisar seu poder, então ele havia sido marcado como um Level 0.
   
  +
Ele era um poder que ele possuía desde o nascimento, não um que ele havia obtido através do Curriculum.
Além disso, esse poder não apareceu como resultado de uma intervenção científica. Ele possui este poder desde seu nascimento.
 
   
Ele insistia que o oculto não existia e mesmo assim, ele era uma parte do sobrenatural que ignorava as regras.
+
Ele estava insistindo que o oculto não existia e ainda assim, ele era parte do oculto que ignorava as regras.
   
  +
Mas ainda assim, ele não ia aceitar a lógica ridícula de que mágica podia existir só por que havia coisas estranhas no mundo.
Mas ele não acreditava em magia só porque ''acontecem coisas sem explicação no mundo o tempo inteiro''.
 
   
"...Magia existe."
+
...Mágica existe.
   
 
Kamijou suspirou.
 
Kamijou suspirou.
   
"Tá certo. Em prol do seu argumento, vamos supor que magia exista."
+
“Ok. ''Vamos supor'' que mágica existe.
   
  +
“''Supor?''”
"Em prol do argumento?"
 
   
"Se existe mesmo," continuou Kamijou, ignorando-a. "Por que eles estão atrás de você? Tem algo a ver com a maneira que você está vestida?"
+
“Se isso existe,” Kamijou continuou a falar, ignorando a garota. “Por que eles estão atrás de você? Tem alguma coisa haver com o jeito que você está vestida?
   
Kamijou estava se referindo ao hábito extravagante que ela estava vestindo, feito de seda pura e com bordados dourados. Em outras palavras, algo relacionado a igreja?"
+
Kamijou estava se referindo ao hábito extravagante que Index estava vestindo, feito de seda branca e bordados de linhas douradas. Em outras palavras... “Isso tem haver com a igreja?
   
  +
“...É por que eu sou o Index.<ref>Diferente do nome da personagem, que é escrito como インデックス (''Indekkusu'', Index), aqui インデックス é apenas a pronúncia estrangeira de 禁書目録 (''Kinsho Mokuroku'', Índice de Livros Proibidos), possivelmente indicando que a personagem Index e o Índice são a mesma coisa, então manteremos o termo estrangeiro “Index”.</ref>”
"...É porque eu sou a Index."
 
   
  +
“Hein?”
"Hein?"
 
   
"Eles devem estar atrás dos 103,000 grimórios que eu possuo."
+
“Eles possivelmente estão atrás dos 103.000 grimórios que eu carrego.
   
  +
..............................................................................
...
 
   
  +
“...De novo, eu não entendi nada.”
...
 
   
  +
“Por que você parece perder toda motivação sempre que eu explico algo? Você é uma pessoa volúvel?”
...
 
   
  +
“Hm, bora revisar. Eu não tenho certeza o que são esses grimórios que você mencionou, mas eu imagino que seja como um livro. Algo como um dicionário?”
"...Eu não entendi."
 
   
  +
“É. ''O Livro de Eibon'', a ''Chave Menor'', ''Cultos Indescritíveis'', ''Cultos de Carniçais'', e o ''Livro dos Mortos''<ref>Originalmente, “The Book of Eibon”, “Lemegeton”, “Unaussprechlichen Kulten”, “Cultes de Goules”, e “rw nw prt m hrw” ou “ru nu peret em heru”</ref> são bons exemplos. O ''Necronomicon'' é tão famoso que tem vários tipos de imitações e falsificações, então ele não é muito confiável.”<ref>Dos livros mencionados, O Livro de Eibon, Cultos Indescritíveis, Cultos de Carniçais e o Necronomicon são todos partes da literatura arcana nos Mitos de Cthulhu de H.P. Lovecraft. A “Lemegeton” se refere à “Lemegeton Clavicula Salomonis”, ou “A Chave Menor de Salomão”, um grimório de autoria anônima que foi baseado no “Testamento de Salomão” da mitologia judaico-cristã. Finalmente, o “Livro dos Mortos” é um antigo texto funerário egípcio que também pode ser traduzido como “Livro do Surgimento do Dia”.</ref>.
"Por que você parece perder a motivação sempre que eu explico algo?"
 
   
  +
“Eu não me importo muito com o conteúdo.”
"Hm, vamos continuar. Eu não sei o que grimórios são, mas eu imagino que sejam livros, como dicionários."
 
   
  +
Ele queria adicionar, “por que, no fim das contas, é tudo baboseira inventada”, mas ele se conteve.
"Sim. O Livro de Eibon, A Chave Menor de Salomão, Unaussprechlichen Kulten, Cultes des Goules, e o Livro dos Mortos são bons exemplos. O Necronomicon é tão famoso que possui várias falsificações, então não é muito confiável."
 
   
  +
Ao invés disso, ele perguntou, “E aí? Cadê esses 100.000 livros?”
"Não, na verdade eu não me importo com os conteúdos."
 
   
  +
Ele se recusou a recuar nesse ponto. Cento e três mil livros eram o suficiente para encher uma biblioteca inteira.
Ele queria complementar dizendo, "porque tudo é um monte de besteiras mesmo", mas segurou sua língua.
 
   
  +
“Você quer dizer que tem a chave pra o lugar onde eles estão guardados?”
Ele então perguntou, "Onde estão esses 100,000 livros?"
 
   
  +
“Não.” Index balançou a cabeça. “Eu tenho cada um dos 103.000 grimórios comigo.”
Ele queria insistir nesse ponto, cem mil livros eram o suficiente para encher uma biblioteca.
 
   
  +
“Hein?” Kamijou franziu o cenho. “Pessoas burras não conseguem ver eles ou algo do gênero?”
"Você quer dizer que você tem a chave para o depósito onde eles estão armazenados?"
 
   
  +
“Mesmo que você não fosse estúpido, você não poderia ver eles. Qual seria o ponto se você pudesse vê-los sempre que quisesse?”
"Não." Index balançou sua cabeça. "Todos os 103,000 grimórios estão comigo."
 
   
  +
As palavras de Index eram tão removidas da realidade que Kamijou sentiu que ele era o alvo de uma piada. Ele olhou ao redor, mas não podia ver nenhum livro velho e empoeirado que poderia ser um grimório. Tudo que ele viu espalhado no chão eram revistas de jogos, mangás e o dever de casa do verão que ele havia jogado num canto.
"Como é? Você não vai me dizer que esses livros não podem ser vistos por idiotas, não é?"
 
   
  +
“Que...?”
"Você não poderia os ver mesmo se não fosse um idiota. Não teria sentido se qualquer pessoa pudesse vê-los."
 
   
  +
Até agora ele havia se forçado a escutar aquela história, mas agora ele não conseguia aguentar ela.
As palavras de Index eram tão irreais que Kamijou pensou que ele estava sendo ridicularizado. Ele olhou em volta, mas não viu nenhum livro velho que pudesse ser um grimório. Haviam apenas revistas de jogos, mangás, e o seu dever de casa que ele havia jogado em um canto.
 
   
  +
Ele começou a se perguntar se ela estava meramente imaginando que estava sendo perseguida por alguém. Se ela havia saltado do telhado do oitavo andar, calculado errado e caído na sua varanda por causa de um delírio, ela não era alguém que ele queria envolvimento.
"...Ahhh."
 
   
  +
“Acreditar em ''habilidades'' mas não acreditar em mágica não faz sentido” Index disse fazendo beicinho. “Essas habilidades são tão boas assim? Não tá certo caçoar das pessoas só por que você tem algum tipo de poder especial.”
Ele tentou de verdade escutá-la, mas Kamijou já estava no seu limite.
 
 
Ele começou a se perguntar se ela estava imaginando tudo. Se ela pulou de um prédio de oito andares, escorregou, e caiu na varanda dele por causa de um delírio, ela não era alguém com quem Kamijou gostaria de se envolver.
 
 
"Acreditar em poderes psíquicos mas não acreditar em magia não faz sentido." Index disse com um beicinho. "Esses poderes científicos são tão bons assim? Não é certo zombar das pessoas só porque você possui um poder especial."
 
   
 
...
 
...
   
"Bom, sim." Kamijou deu um pequeno suspiro. "Eu concordo. Não é certo. É errado pensar que você está acima dos outros só porque consegue fazer uns truques."
+
“É... Kamijou deu um pequeno suspiro. “É, você tem razão. É errado achar que você é melhor que os outros só por que você consegue fazer uns truquezinhos.
   
Kamijou olhou para sua mão direita.
+
O olhar de Kamijou caiu para sua mão direita.
   
Raios ou fogo não iriam sair dela. Não iria disparar nenhum raio de luz ou causar uma explosão, e nenhuma marca estranha iria aparecer no seu pulso.
+
Fogo e raios não sairiam dali. Ela não iria criar nenhum raio de luz ou explosões, e nenhuma marca estranha iria aparecer em seu pulso.
   
Entretando, sua mão direita poderia negar qualquer tipo de poder sobrenatural, desprezando sua origem ou tipo.
+
Entretanto, sua mão direita ainda podia negar todos os tipos de poderes sobrenaturais. Não importava se o poder fosse bom ou mal ou até mesmo os sistemas de deuses vistos em mitos.
   
"Bem, para as pessoas que vivem nessa cidade, os poderes que elas têm são parte de suas personalidades, então você deveria ser um pouco mais tolerante em relação a algumas delas. Na verdade, eu sou um esper, também."
+
“Olha, pra as pessoas que vivem nessa cidade, o poder que eles têm é como uma parte de suas personalidades, então você provavelmente deveria ser um pouco compreensiva sobre isso. Na verdade, eu também sou um desses usuários de habilidades.
   
mesmo, idiota? Hmph. Você pode dobrar uma colher com sua mão ao invés de deixarem bagunçar o seu cérebro para esse fim."
+
“É mesmo, idiota? Hmpf. Vocês poderiam simplesmente dobrar colheres com suas mãos ao invés de sair por bagunçando os cérebros das pessoas.
   
"..."
+
...
   
"Hmph, hmph. O que de tão ótimo sobre um cara que pôs de lado seu tom natural para colorir-se artificialmente? Hmph."
+
“Hmpf, hmpf. O que tem demais num cara que rejeitou seu lado natural pra se pintar artificialmente? Hmpf.
 
...
 
   
"...Você se importa se eu calar sua boca junto com essa sua arrogância ridícula?
+
...Você não se importaria se eu calasse a sua boca e esse seu orgulho ridículo, ?
   
"D-De qualquer modo, você disse que é um esper, mas o que você pode fazer?"
+
“E-eu não me rendo a terrorismo. Hmpf,” Index disse como se fosse um gato incomodado. “D-de qualquer forma, você disse que é um usuário de habilidade, mas o que você faz?
   
  +
“Erh... Bem, quando você coloca desse jeito...”
"Hmm, bem..."
 
   
 
Kamijou não tinha certeza do que dizer.
 
Kamijou não tinha certeza do que dizer.
   
Era incomum Kamijou explicar sobre sua mão direita para os outros. Além do mais, por ser relacionado a poderes sobrenaturais, não poderia ser explicado se o outro lado não conhecesse o sobrenatural ou o psíquico.
+
Ele não tinha que explicar seu Imagine Breaker para as pessoas com frequência. Aliás, que ele só reagia a poderes sobrenaturais, ele não podia ser explicado sem o conhecimento do sobrenatural ou de habilidades.
   
essa minha mão direita. E no meu caso, não foi doping. Eu tenho esse poder desde que nasci."
+
“É essa minha mão direita, saca? Ah, e no meu caso não foi através de drogas; Eu tenho isso desde o meu nascimento.
   
  +
“Entendi.”
"Entendo..."
 
   
"Se eu tocar com a minha mão direita, qualquer tipo de poder sobrenatural será negado. Desde bolas de fogo, Railguns, ou até mesmo poderes divinos."
+
“Se eu tocar nele com a minha mão direita, qualquer tipo de poder sobrenatural vai ser negado. Isso vale pra bolas de fogo no nível de bombas atômicas, canhões eletromagnéticos táticos ou até mesmo os sistemas de Deus.
   
  +
“Ah?”
"Ahn?"
 
   
"Por que sua expressão parece a de uma pessoa que viu uma pedra milagrosa em uma revista?"
+
“Por que você com uma cara de quem viu uma pedra milagrosa que trás boa sorte em uma revista?
   
"Mas... você nunca ouviu a palavra de Deus, ainda sim afirma que pode negar os milagres Dele." Index colocou o dedo em seu ouvido enquanto ria com desdém.
+
“Mas você nem mesmo sabe o nome de Deus e ainda assim acabou de dizer que poderia negar Seus milagres.” Em surpresa, Index cutucou o ouvido com o dedo mindinho e deu uma risada de escárnio.
   
"Kh... I-Isso é idiotice. Pelo menos eu não sou garota mágica falsa que diz que magia existe mas não consegue provar."
+
...Kh. I-isso é irritante. Eu odeio quando uma garota mágica falsa que diz que mágica existe mas não consegue provar fica rindo de mim.
   
Os murmúrios da alma de Kamijou chatearam Index.
+
Esse murmúrio da alma de Kamijou Touma pareceu ter incomodado Index.
   
"E-Eu não sou falsa! Magia existe!"
+
“E-eu não sou falsa! Mágica realmente existe!
   
"Então me mostre algo, Halloween girl! Você não vai acreditar no meu Imagine Breaker até eu destruir algo com a minha mão direita mesmo. Vamos !"
+
“Então me mostra alguma coisa, garota fantasiada! Você não vai acreditar no meu Imagine Breaker até eu destruir sua magia com a minha mão direita de qualquer jeito. Cai dentro, sua lunática!
   
"Tudo bem, eu irei!" Index jogou suas mãos para o alto em sinal de aborrecimento. "Aqui! Estas roupas! É uma barreira defensiva de alta qualidade chamada Walking Chuch!"
+
“Tá, vou eu! Index jogou as mãos pra cima de maneira agitada. “Aqui! Essas roupas! Elas são a barreira defensiva de maior qualidade conhecida como Igreja Ambulante!
   
Index abriu seus braços para mostrar o hábito.
+
Index abriu os braços para mostrar o hábito de freira branco como uma xícara de porcelana.
   
"Walking Church? O quê? Isso não faz sentido! Não é legal ficar usando esses termos incompreensíveis como 'Index' e 'barreira defensiva', sabe?! Explicar algo significa tornar esse 'algo' entendível para uma pessoa de uma forma simples. Você não entende isso?!"
+
“Igreja Ambulante? Que? Você não tá fazendo sentido algum! Não é muito legal da sua parte ficar usando esses termos técnicos incompreensíveis como “Index” e “barreira defensiva”, sabia? Explicar as coisas significa contar as coisas a alguém que não entende elas de um jeito simples o suficiente para as pessoas entenderem. Você não entende isso!?”
   
"O quê?! Como ousa dizer isso se você nem faz questão de tentar entender o que eu falo?!" Index balançou seus braços demonstrando raiva. "Certo, ver para crer, não é? Pegue uma faca na cozinha e me acerte no estômago!"
+
“Qu-? Como você ousa dizer isso quando você nem tentando entender!? Index balançou seus braços com raiva. “Tá, acredita vendo, ? Pega uma faca na cozinha e me apunhala na barriga!!
   
"Te acertar?! Eu não quero acabar nos jornais com uma manchete dizendo 'tudo começou com uma discussão banal'!"
+
“Te apunhalar!? Isso vai acabar nos jornais com a chamada 'isso tudo começou com uma discussão trivial' ou algo do tipo?”
   
"Ah, você não acredita em mim." Os ombros de Index subiram e desceram enquanto ela respirava fundo. "Essa roupa possui os requerimentos mínimos para criar uma igreja, ou seja, é uma igreja em forma de roupa. A forma como a roupa é tecida, a forma como os fios são costurados, a forma como os bordados a decoram... É tudo calculado. Uma faca não irá conseguir causar um arranhão."
+
“Ah, você não acredita em mim. Os ombros de Index subiram e desceram enquanto ela respirava pesadamente. “Essa roupa tem o mínimo de componentes necessários para formar uma igreja, para que sejam uma igreja em forma de roupas. A forma como o pano é tecido, a forma como os fios são são costurados, a forma como os bordados a enfeitam... É tudo calculado. Uma faca não vai nem arranhá-la.
   
"Tá certo. Que idiota iria concordar em te esfaquear? Eu teria que ser um delinquente juvenil sem precedentes pra fazer isso."
+
“É, tá bom. Que tipo de idiota iria concordar em te esfaquear? Ele teria que ser um tipo sem precedentes de criminoso juvenil.
   
"Dá pra parar de tirar sarro de mim? Essa é uma cópia exata do Sudário de Turim, um tipo de tecido usado pelo santo que foi apunhalado pela Lança de Longino. É algo parecido com um abrigo nuclear. Ela reflete ou absorve qualquer ataque, seja ele físico ou mágico. Eu te disse que fui baleada, certo? Bem, haveria um buraco gigante em mim se não fosse a Walking Church. Entende agora?"
+
“Você vai parar de zombar de mim? Isso é uma cópia exata do Sudário de Turim, o pano que cobriu o santo que foi perfurado pela Lança de Longuinho,<ref>Em japonês, 神様殺しの槍 (''Kami-sama Goroshi no Yari'', Lança Assassina de Deus) é exibida com a leitura alternativa de ロンギヌスの槍 (''Ronginusu no Yari''), então manteremos a leitura alternativa “Lança de Longuinho”.</ref> então sua força é da classe papal. Eu acho que você diria que isso é como um abrigo nuclear. Ele desvia ou absorve qualquer ataque, seja ele físico ou mágico. Eu te disse que eu caí na sua varanda depois de ser baleada, não foi? Eu teria um buraco gigante em mim se não fosse pela Igreja Ambulante. Você entende agora?
   
Cala a boca, idiota, Kamijou pensou furiosamente.
+
(Cala a boca, idiota.)
   
Os valores que mediam a apreciação de Kamijou por Index caíram rapidamente enquanto ele observava as roupas dela com menosprezo.
+
O medidor de apreciação de Kamijou em relação a Index caiu rapidamente e ele encarou suas roupas brancas com desprezo.
   
"...Hmm. Então ele seria dizimado se eu tocasse com a minha mão direita?"
+
...Hmm. Então se isso realmente é um poder sobrenatural, então ela seria despedaçada se eu a tocasse com minha mão direita?
   
"Sim, mas apenas se esse seu poder for real. Hahaha!"
+
“Sim, mas se o seu poder for real. Heh heh heh.”
   
"Perfeito!!" gritou Kamijou segurando o ombro de Index.
+
“Perfeito!! gritou Kamijou enquanto ele agarrava o ombro de Index.
   
Como se ele tivesse segurado uma nuvem, parecia que o impacto foi estranhamente absorvido por uma esponja macia.
+
Como se ele tivesse agarrado uma nuvem, ele sentiu um sensação estranha como se o impacto estivesse sendo absorvido por uma esponja macia.
   
"Espera... ?"
+
“Espera... Hein?
   
Kamijou esfriou sua cabeça e pensou.
+
Kamijou esfriou a cabeça e pensou.
   
E se tudo o que Index disse fosse verdade, mesmo sendo altamente improvável, e essa Walking Church foi mesmo costurada com poder sobrenatural?
+
E se tudo que Index estivesse dizendo fosse verdade (mesmo que isso fosse improvável) e essa Igreja Ambulante fosse costurada com poderes sobrenaturais?
   
Negar esse poder sobrenatural iria rasgar as roupas dela?
+
Negar o poder sobrenatural iria desfazer a roupa?
   
  +
“Hãããããããããããhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!?”
"Haaaaaaaaaa?!"
 
   
Kamijou gritou por causa de sua repentina premonição de que ele pudesse estar finalmente subindo alguns degraus em direção a fase adulta. Mas...
+
Kamijou gritou instintivamente por causa da premonição repentina que ele teve sobre ele estar prestes a subir alguns degraus na escadaria para a vida adulta. Mas...
   
 
...
 
...
Line 592: Line 585:
 
...?
 
...?
   
"Eh? ...?"
+
“Ahhhhhhh? ...Huh?
   
  +
Nada aconteceu. Nada mesmo.
[[Image:Index v01 051.jpg|thumb]]
 
   
  +
(Ah, qual é? Não faz eu me preocupar desse jeito.)
Não aconteceu nada.
 
   
  +
Kamijou simplesmente não podia aguentar.
Ainda bem, ele pensou aliviado.
 
   
  +
“Viu? O que foi aquilo tudo sobre o seu Imagine Breaker mesmo? Nada aconteceu. Heh heh.”
Kamijou não conseguiu aguentar.
 
   
  +
Index colocou as mãos nos quadris e estufou seu peito pequeno com orgulho.
"Viu? Onde está esse tal de Imagine Breaker? Nada aconteceu. Ha! Ha!"
 
   
  +
Mas no instante seguinte, suas roupas se despedaçaram como os laços de um presente.
Index colocou suas mãos na cintura e inchou seu peito de satisfação.
 
   
  +
[[Image:Index v01 051.jpg|thumb]]
Mas logo após, as roupas dela caíram como o laço de um embrulho de presente.
 
   
O hábito dela rasgou completamente, se tornando simples pedaços de pano separados.
+
Todos os fios que costuravam seu hábito de freira se desfizeram de maneira fluida, transformando tudo em meros pedaços de pano.
   
O capuz permaneceu intacto, ele deve ser um item isolado. Ficar apenas com a cabeça coberta fez tudo parecer ainda mais doloroso.
+
O capuz devia ser um item isolado por que ele permaneceu intacto. Ter apenas a cabeça coberta parecia ter tornado tudo mais doloroso.
   
A garota congelou, ainda com suas mãos na cintura e seu peito inchado com satisfação.
+
A garota congelou, ainda com as mãos nos quadris e seu pequeno peito estufado com orgulho.
   
Para resumir, ela estava completamente nua.
+
Resumindo, ela estava completamente nua.
   
 
===Parte 4===
 
===Parte 4===
   
Aparentemente, a garota que chamava a si mesma de Index tinha o hábito de morder as pessoas quando estava irritada.
+
Aparentemente, a garota se chamando de Index tinha o costume de morder as pessoas quando ela estava irritada.
   
"Ai... Você me mordeu todo. Você é um mosquito?"
+
“Ai... Eu todo mordido. Você é algum tipo de mosquito?
   
"..."
+
...
   
Ele não recebeu nenhuma resposta.
+
Ele não teve resposta.
   
Index estava nua e enrolada em um cobertor. Ela sentou com suas pernas dobradas para trás enquanto tentava, inutilmente, retornar suas roupas à sua forma original unindo as peças do hábito com alfinetes.
+
Index estava nua e enrolada em um lençol. Ela estava sentada com as pernas dobradas para os lados enquanto (inutilmente) tentava consertar sua roupa arruinada, prendendo pinos de segurança nos pedaços do hábito de freira.
   
  +
O efeito sonoro “''dooon''” parecia preencher o lugar.
"...Hm, princesa? Talvez eu esteja sendo um pouco presunçoso, mas eu tenho uma camisa de botões e uma calça que você pode vestir."
 
   
  +
E não era porque de um usuário de Stand<ref>Uma referência ao mangá JoJo no Kimyou na Bouken (As Aventuras Bizarras de JoJo) de Araki Hirohiko.</ref> havia atacado.
"..."
 
   
  +
“...Hm, princesa? Talvez seja pretensioso da minha parte, mas eu tenho uma camisa e calças que você pode vestir.”
Ela olhou para ele com olhos de cobra.
 
   
  +
“...”
"...Hm, princesa?"
 
   
  +
Ela o encarou com violência em seus olhos.
"O quê?" Ela respondeu quando ele a chamou mais uma vez.
 
   
  +
“...Hm, princesa?”
"Eu não tive culpa por isso ter acontecido."
 
   
  +
(Que tipo de personagem ela tá interpretando?)
A resposta que ele recebeu foi um despertador voando na sua direção.
 
   
  +
“...Que foi?” ela respondeu quando ele a chamou de novo.
"Ah!" Kamijou gritou logo antes de um travesseiro gigante também ser arremessado em sua direção.
 
   
  +
“A culpa é toda minha.”
Para deixar a situação ainda mais ridícula, um videogame portátil e um rádio pequeno também foram jogados.
 
   
  +
A única resposta que ele recebeu foi o seu relógio sendo arremessado em sua direção.
"Como você consegue falar normalmente comigo após aquilo ter acontecido?!"
 
   
  +
“Ih!” Kamijou gritou enquanto seu travesseiro também voava em sua direção.
"Ah, não! Foi um evento que mudou a vida deste velho, também. Mas você, por outro lado, é jovem!"
 
   
  +
Pra tornar as coisas ainda mais ridículas, seu videogame e um pequeno rádio também foram arremessados.
"Você está brincando comigo... Uhhhh!!"
 
   
  +
“Como você pode falar normalmente comigo depois de ter feito algo como aquilo!?”
"Beleza... Desculpa, desculpa! Não morda o vídeo que eu aluguei, sua idiota!"
 
   
  +
“Ahh, não! Foi um evento chocante pra mim também. Mas assim é a juventude!”
Kamijou Touma curvou-se com ambas as mãos para a frente como se fosse uma parte de alguma brincadeira.
 
   
  +
“Você tá zombando de mim... Uuuuuuuuhhhhhh!!”
No fundo, Kamijou sentiu um aperto que esmagava seu coração após ter visto uma garota nua pela primeira vez.
 
   
  +
“Ok... Desculpa, desculpa! Não morde esse DVD alugado como se ele fosse feito de pano, sua idiota!”
Entretanto, Kamijou Touma não demonstrava isso.
 
   
  +
Kamijou Touma se ajoelhou no chão, colocou suas mãos em sua frente e curvou-se, encostando a testa nas costas das mãos, como se isso fosse um tipo de piada.
...Era o que ele pensava, mas ele se surpreenderia se visse sua expressão no espelho.
 
   
  +
Lá no fundo, Kamijou sentiu como se seu coração estivesse sendo esmagado pelas mãos de alguém por ter visto uma garota sem roupas pela primeira vez.
"Acabei."
 
   
  +
Entretanto, Kamijou Touma não era o tipo de pessoa que mostrava suas emoções em seu rosto.
Enquanto triunfantemente soprou o ar pelo seu nariz, Index exibiu o hábito de freira que ganhou sua forma original após aquele trabalho de "faça você mesmo" infernal.
 
   
  +
...Ou pelo menos foi o que ele pensou, mas ele ficaria bem surpreso com o que ele veria se olhasse num espelho.
Dezenas de alfinetes brilhavam no hábito de freira.
 
   
  +
“Terminei.”
"..." Suor.
 
   
  +
Soprando pelo nariz de forma triunfante, Index mostrou o branco hábito de freira que, de alguma forma, havia retomado sua forma original depois daquele infernal trabalho no estilo “faça você mesmo”.
"Ahn, você vai vestir isso?"
 
   
  +
Dezenas de pinos de segurança brilharam ao longo do hábito.
"..." Silêncio.
 
   
  +
“...............................................................(suor)”
"Você vai vestir essa coisa estranha?"
 
   
  +
“Hm... Você vai vestir isso?”
"..." Lágrimas.
 
   
  +
“...............................................................(silêncio)”
"No Japão, nós chamamos isso de 'cama de agulhas'."
 
   
  +
“Você vai vestir essa dama de ferro?”<ref>A dama de ferro é o nome de um instrumento de tortura e execução medieval que consiste em um armário de ferro ou madeira com uma única porta e um interior coberto de espinhos e objetos cortantes, alto o suficiente para abrigar um ser humano.</ref>
"...Uuuuhhhhh!!"
 
   
  +
“...............................................................(lágrimas)”
"Tá, eu entendi!" Kamijou se desculpou enquanto curvou-se para frente com força.
 
   
  +
“Em japonês, a gente chama isso de ''virgem de ferro''.”<ref>Em japonês, 鉄の処女 (''Tetsu no Shoujo'', lit. Virgem de Ferro).</ref>
Enquanto isso, Index olhava para ele como uma criança que sofreu Bullying e estava prestes a morder o cabo de alimentação da televisão. Seria ela um gato desobediente?
 
   
  +
“...Uuuuuuhhhhhh!!”
"É claro que eu vou vestir! Eu sou uma freira!!"
 
   
  +
“Tá bom, tá bom!” Kamijou pediu desculpas dando uma cabeçada no chão com toda a sua força.
Enquanto Kamijou estava incerto se isso fazia sentido, Index começou a se vestir dentro do cobertor. A cabeça dela era a única coisa visível e seu rosto estava vermelho como uma dinamite.
 
   
  +
Enquanto isso, Index o encarava como uma criança intimidada e estava prestes a mastigar o cabo de força da televisão. Ela era algum tipo de gato malcriado?
"Ah, isso me lembra de quando nós tínhamos que nos trocar na escola para a natação."
 
   
  +
“Eu vou vestir isso! Eu sou uma freira!!”
"...Por que você está me olhando? Pelo menos vire-se para o outro lado."
 
   
  +
Kamijou não tinha certeza se isso fazia algum sentido, mas Index começou a se trocar por baixo do cobertor enrolado, a fazendo parecer uma lagarta num casulo. Sua cabeça era a única coisa visível para Kamijou, e o rosto da garota estava tão vermelho quanto uma bomba.
"Isso importa? Comparado ao que aconteceu antes, ver você se trocando não é tão provocante."
 
   
  +
“Ahh, isso me lembra de quando a gente tem que se trocar pra as aulas na piscina da escola.”
"... ... ..."
 
   
  +
“...Por que você tá olhando pra mim? Pelo menos olha pro outro lado.”
Index parou de se mover, mas Kamijou não pareceu ter notado, então ela voltou a se movimentar dentro do cobertor. Ela estava tão concentrada no que estava acontecendo lá dentro que não notou o chapéu parecido com um capuz cair de sua cabeça.
 
   
  +
“E faz diferença? Comparado com o que aconteceu antes, ver você se trocando não é tão excitante assim.”
O quarto ficou com uma atmosfera desagradável, como o interior de um elevador em silêncio.
 
   
  +
“..................................................................”
A mente de Kamijou estava distraída, mas o termo "aulas suplementares" surgiu.
 
   
  +
Index parou de se mover repentinamente, mas quando Kamijou não pareceu notar, ela desistiu e continuou a se trocar dentro do cobertor. Ela estava tão focada no que estava acontecendo lá dentro que ela não notou que seu capuz caiu de sua cabeça.
"Ah! É mesmo! As aulas suplementares!" Kamijou olhou para o relógio em seu celular. "Hm... eu tenho que ir para a escola, o que você vai fazer? Se você ficar aqui, eu posso te dar a chave."
 
   
  +
A atmosfera constrangedora de um elevador silencioso tomou o quarto.
A opção de simplesmente chutá-la do quarto desapareceu da mente dele. Já que o hábito de Index, a Walking Church, reagiu ao Imagine Breaker, ela claramente possuía alguma conexão com o sobrenatural. Isso significa que nem tudo o que ela disse era mentira.
 
   
  +
A mente de Kamijou começou a fugir da realidade, mas então o termo “aulas de reforço” flutuou em sua mente.
Era possível que ela havia caído da cobertura do prédio porque estava sendo perseguida por magos. Era possível que ela realmente teria que continuar com esse pega-pega mortal.
 
   
  +
“Ah! É mesmo! Eu tenho aulas de reforço!” Kamijou olhou as horas em seu celular. “Hm... Eu tenho que ir pra a escola, então o que você vai fazer? Se você vai ficar por aqui, eu posso te dar uma chave.”
Era possível que feiticeiros de um livro infantil ou algo tão louco quanto isto estivessem realmente na cidade onde poderes científicos eram desenvolvidos.
 
   
  +
A opção de simplesmente expulsar ela do seu apartamento havia desaparecido de sua mente.
E, mesmo se tudo isso se fosse falso, ele simplesmente não queria abandonar Index.
 
   
  +
Já que a Igreja Ambulante do hábito de freira da Index havia reagido ao Imagine Breaker, ela claramente tinha alguma conexão com o sobrenatural. Isso significava que nem tudo que ela havia dito para ele era mentira.
"...Tudo bem. Eu vou embora."
 
   
  +
Era possível que ela realmente tivesse caído do telhado porque estava sendo perseguida por magos.
Contudo, Index levantou-se e fez um anúncio dramático. Ela então passou por Kamijou como se fosse um fantasma e não pareceu ter notado que o capuz dela havia caído. Mas, se ele tentasse pegá-lo, o capuz iria ser rasgado em pedacinhos.
 
   
  +
Era possível que ela realmente continuaria participando de um jogo mortal de pega-pega.
"A-Ah..."
 
   
  +
Era possível que feiticeiros de um livro infantil, ou algo insano desse jeito, realmente estivessem correndo soltos pela cidade da ciência onde teorias sobre usuários de habilidade existiam.
"Hm? Não, não é isso. Se eu ficar, eles virão atrás de mim. Você não quer que seu quarto seja destruído, não é?"
 
   
  +
E mesmo que essas coisas não fossem verdade, ele não queria simplesmente abandonar Index.
Essa resposta o deixou sem palavras.
 
   
  +
“...Tá certo. Eu vou embora.”
No momento em que Index lentamente saiu pela porta, Kamijou foi atrás dela. Ele queria fazer algo, então verificou sua carteira e encontrou apenas 320 ienes. Ele correu atrás de Index para dar a ela o pouco que tinha, mas seu dedo menor do pé golpeou a moldura da porta enquanto tentava sair.
 
   
  +
Entretanto, Index levantou-se e fez um anúncio dramático. Ela então passou pelo lado de Kamijou como um fantasma. Ela não pareceu ter notado que seu capuz havia caído. Mas se Kamijou tentasse pegá-lo, ele provavelmente seria rasgado em pedaços.
"Bh... Ah! Ahhhh!!"
 
   
  +
“E-ei...”
Kamijou segurou seu pé e deixou escapar um grito estranho. Index virou-se assustada. Conforme Kamijou se contorcia por causa da dor, seu celular caiu de seu bolso. Quando ele percebeu isso, a tela de LCD do celular atingiu o chão e rachou. Ele só conseguiu ouvir o estalo fatal.
 
   
  +
“Hm? Não, não é que eu não queria ficar.” Index se virou. “Se eu ficar, eles possivelmente virão atrás de mim. Você não quer que esse quarto exploda, quer?”
"Uhhh! Que azar!"
 
   
  +
Aquela resposta entregue de forma suave deixou Kamijou sem fala.
"Eu diria que foi falta de jeito, não azar," disse Index com um pequeno sorriso. "Mas se esse Imagine Breaker é real, talvez seja inevitável."
 
   
  +
Enquanto Index saia pela porta da frente lentamente, Kamijou correu desajeitadamente atrás dela. Ele queria fazer algo, então ele olhou em sua carteira e descobriu que ele apenas tinha 320 ienes<ref>R$8,68 em Abril de 2004.</ref> sobrando. Ele correu atrás de Index para dar o pouco que ele tinha, mas seu dedo mindinho do pé bateu na quina da porta na velocidade do som enquanto ele tentava sair do apartamento.
"...O que você quer dizer?"
 
   
  +
“Bh...yah! Gyaahhh!!”
"Isso é relacionado ao mundo da magia, então eu duvido que você irá acreditar em mim," disse Index. "Mas se a proteção divina de Deus e o fio vermelho do destino existem, então essa sua mão direita negaria tudo isso, certo?" Index exibiu o hábito de freira cheio de alfinetes e adicionou, "O poder da Walking Church era uma bênção de Deus, apesar de tudo."
 
   
  +
Enquanto Kamijou segurava seu pé e gritava de maneira esquisita, Index se virou em choque. Enquanto Kamijou se contorcia de dor, seu celular caiu de seu bolso. No exato momento em que ele percebeu isso, a tela de LCD do aparelho atingiu o chão e ele ouviu o ''crack'' de um golpe fatal.
"Espera. Sorte e azar são questões determinadas por probabilidades e estatísticas. O que você está falando é completament-...!"
 
   
  +
“Uuuuhhhh! Q-que azar.”
Logo que disse isso, o dedo de Kamijou tocou a maçaneta, levando um choque pela eletricidade estática.
 
   
  +
“Eu diria que isso foi falta de cuidado, não azar,” Index disse com um leve sorriso. “Mas se esse Imagine Breaker é real, isso pode acabar sendo inevitável.”
"O quê?!" ele gritou enquanto seu corpo se contraiu reflexivamente.
 
   
  +
“...Como assim?”
O movimento estranho que seus músculos fizeram causou uma cãibra em sua panturrilha direita.
 
   
  +
“Isso é relacionado ao mundo da magia, então eu duvido que você acredite em mim,” Index disse com uma risadinha. “Mas se a proteção divina de Deus e o fio vermelho do destino<ref>Originalmente em Chinês, 姻緣紅線 (''Yīnyuán hóngxiàn'', lit. Fio Vermelho do Destino), a lenda diz que Yuè Lǎo, um Deus do Amor e do Casamento, toma a forma de um fio vermelho invisível e amarra os calcanhares de duas pessoas. As duas pessoas conectadas pelo fio vermelho estão destinadas a ser amantes, independente do lugar, era ou circunstâncias em que elas se encontram, pois esse cordão mágico pode se esticar ou se enrolar, mas ele nunca se quebra. Na crença popular japonesa, o 運命の赤い糸 (''Unmei no Akai-ito'', lit. Fio Vermelho do Destino) está amarrado no polegar do homem e no mindinho da mulher, ambos na mão direita.</ref> realmente existem, sua mão direita não negaria todas ''essas coisas'' também?” Index sacudiu seu hábito de freira coberto de pinos de segurança e adicionou, “Afinal, o poder dessa Igreja Ambulante era uma benção de Deus.”
"...!!"
 
   
  +
“Espera. O que a gente chama de sorte e azar são apenas uma questão de probabilidade e estatísticas. Isso que você tá falando é completamente—!”
A agonia o deixou incapacitado por 600 segundos.
 
   
  +
No segundo em que ele disse isso, o dedo de Kamijou tocou a maçaneta da porta e ele tomou um choque de estática elétrica.
"...Irmã?"
 
   
  +
“Que—!?” ele gritou enquanto seu corpo contraiu-se por reflexo.
"Sim?"
 
   
  +
O jeito incomum em que seus músculos se moveram resultou em uma cãibra em sua panturrilha direita.
"...Explique."
 
   
  +
“~ ~!!”
"Não ha muito a explicar," disse Index como se isso fosse óbvio. "Se o que você disse sobre sua mão direita é real, meramente possuí-la já é o suficiente para negar o poder da sorte continuamente."
 
   
  +
A agonia o deixou incapacitado por aproximadamente seiscentos segundos.
"...Você quer dizer o que eu acho que você quer dizer?"
 
   
  +
“.................................Hm, irmã?”
"Apenas por tocar o ar, sua mão direita continua te dando mais e mais azar♪."
 
   
  +
“Sim?”
"Aaaaaaaahhhh!! Q-Que azaaaaaar!!" Kamijou não acreditava no oculto, mas coisas que eram relacionadas ao seu azar eram diferentes. Em todo caso, nada que havia relação com o acaso acabava bem para Kamijou Touma. Chegava ao ponto de ele ter sentido que o universo inteiro conspirava contra ele.
 
   
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“.................................Explica, por favor.”
Enquanto isso, uma freira branca pura olhava para ele com o sorriso da Virgem Maria. Nos olhos dela estava o que as pessoas chamam de "olhar convidativo".
 
   
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“Não tem muito pra ser explicado,” disse Index como se isso fosse óbvio. “Se o que você diz sobre sua mão direita é verdade, então simplesmente ter ela é o suficiente para negar continuamente o poder da sorte.”
"Talvez o seu azar tenha nascido encravado neste poder♪?" A freira sorridente trouxe lágrimas aos olhos de Kamijou e ele finalmente percebeu que essa conversa não o levaria a lugar algum.
 
   
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“.................................Isso quer dizer o que eu acho que isso quer dizer?”
"E-Espera! Você tem para onde ir? Eu não sei em que situação você está, mas você pode se esconder aqui se esses magos estiverem por perto."
 
   
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“Simplesmente por estar presa ao seu corpo, sua mão direita está te causando azar todos os dias♪”
"Se eu ficar aqui, os inimigos virão."
 
   
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“Gyaaaaaaaaahhhhhhhhh!! M-mas que azaaaaaaaaaaaaaaaar!!”
"Como você pode ter tanta certeza? Se você ficar no meu quarto e não chamar a atenção, acho que não terá nenhum problema."
 
   
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Kamijou não acreditava no oculto, mas as coisas eram diferentes quando se tratava do seu azar. Independente do seu esforço, tudo que Kamijou tentava fazer dava errado, ao ponto dele sentir que o próprio universo estava jogando contra ele.
"Isso não é verdade." Index apontou para suas roupas. "A Walking Church funciona com poderes mágicos. A igreja chama de 'poderes divinos', mas é a mesma energia. Simplificando, o inimigo parece está procurando pelo poder mágico na Walking Church."
 
   
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Enquanto isso, uma freira de branco olhava para ele com o sorriso da Virgem Maria.
"Por que você usa essa coisa se ela pode ser rastreada?"
 
   
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Em seus olhos estava o que as pessoas chamavam de “olhar convidativo”.
"Eu já te disse, é uma barreira defensiva de alto nível, lembra? Embora sua mão direita tenha a rasgado em pedaços."
 
   
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“O azar de verdade não seria ter nascido com esse poder?♪”
"..."
 
   
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A freira sorridente trouxe lágrimas aos olhos de Kamijou e ele finalmente percebeu que a conversa havia se desviado do tema principal.
"Embora sua mão direita tenha a rasgado em pedaços."
 
   
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“E-ei, deixa isso pra lá! Você tem algum lugar pra ir depois daqui? Eu não sei qual é a sua situação, mas você pode se esconder aqui se esses magos ou o que quer que eles sejam estiverem por perto.”
"..."
 
   
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“Se eu ficar aqui, os inimigos virão.”
"Embora sua mão direita tenha a rasgado em pedaços!!"
 
   
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“Como você pode ter certeza? Se você ficar no meu quarto e não chamar atenção, eles não devem te achar.”
"Não comece a chorar, eu já pedi desculpas. Mas o Imagine Breaker destruiu essa Walking Church, certo? Não significa que ela não pode mais ser rastreada?"
 
   
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“Não é verdade.” Index puxou a roupa em seu peito. “Essa Igreja Ambulante funciona usando poder mágico. Parece que a igreja chama isso de 'poder divino', mas é a mesma coisa. Resumindo, o inimigo parece estar procurando pelo poder mágico da Igreja Ambulante.”
"Mesmo se esse fosse o caso, eles iriam saber que a Walking Church foi destruída. Como eu disse antes, é uma barreira de alto nível. É como uma fortaleza. Se eu fosse o inimigo, eu iria aparecer quando essa fortaleza fosse destruída."
 
   
  +
“Então por que você tá usando isso se essa roupa é um tipo de rastreador?”
"Espera um segundo. É mais uma razão para eu não deixar você ir. Eu ainda não acredito nessa história, mas se alguém está atrás de você, eu não posso deixar você simplesmente ir." Index olhava para ele fixamente. Com aquele olhar, ela realmente parecia uma garota normal.
 
   
  +
“Eu te disse que o poder defensivo dela é da classe papal, lembra? ...Mas a sua mão direita rasgou ela toda.”
"...Então, você vai me seguir até as profundezas do inferno?"
 
   
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“...”
Ela deu um sorriso desolador que deixou Kamijou sem palavras por um instante. Index usou palavras gentis para deixar implícito, "Não venha comigo."
 
   
  +
“Mas você rasgou ela inteirinha.”
"Não se preocupe. Eu não estou sozinha. Se eu escapar até a igreja, eles irão me acolher."
 
   
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“Eu pedi desculpas, então não me olha com essa cara de choro! ...Mas o Imagine Breaker destruiu essa Igreja Ambulante, né? Essa função de rastreador não deveria ter sido destruída junto?”
"...Hmm. Onde fica essa igreja?"
 
   
  +
“Mesmo que tenha sido, eles vão saber que a Igreja Ambulante foi destruída. Como eu disse antes, seu poder defensivo é da classe papal. Resumindo, é tipo uma fortaleza. Se eu fosse o inimigo, eu apareceria quando essa fortaleza fosse destruída, seja lá qual for a razão.”
"Em Londres."
 
   
  +
“Espera um segundo. Isso aí é mais um motivo pra eu não te deixar ir. Eu ainda não acredito no oculto, mas se alguém está atrás de você, eu não posso permitir que você vá.”
"É muito longe!"
 
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Index olhou para ele fixamente.
   
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Daquele jeito, ela verdadeiramente parecia uma garota completamente normal.
"Hm? Ah, não se preocupe. Acho que há algumas filiais no Japão." Ela respondeu enquanto a extremidade de seu hábito flutuava.
 
   
  +
“...Então você me seguiria até as profundezas do inferno?”
"Uma igreja? Acho que há uma na cidade."
 
   
  +
Ela sorriu.
O termo "igreja" fazia lembrar um grande salão para casamento, mas os exemplos no Japão eram bem pobres. Primeiramente, a cultura japonesa tinha pouco a ver com o Cristianismo. Além disso, um país propenso a tantos terremotos carecia de construções históricas. As igrejas que Kamijou havia visto eram edifícios pré-fabricados com cruzes no topo.
 
   
  +
Era um sorriso tão triste que Kamijou ficou sem palavras por um instante.
"Ah, mas não pode ser qualquer igreja. Tem que ser a vertente britânica da qual eu pertenço."
 
   
  +
Index havia usado palavras gentis para implicitamente dizer: “Não venha atrás de mim.”
"?"
 
   
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“Não se preocupe. Eu não estou só. Se eu puder chegar até a igreja, eles vão me acolher.”
"Hm, há vários tipos de Cristianismo." Disse Index com um sorriso. "Primeiro, há a distinção entre os Católicos antigos e os Protestantes. E embora eu esteja do lado dos Católicos, há várias versões deles, também. Por exemplo: a Igreja Católica Romana no Vaticano, a Igreja Ortodoxa Russa sediada na Russia, e a Igreja Anglicana com sua sede na Catedral de São Jorge, na Inglaterra."
 
   
"...O que acontece se você acidentalmente ir para a igreja errada?"
+
...Hmm. E onde é que essa igreja?
   
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“Em Londres.”
"Eles iriam me rejeitar." Disse Index ainda sorrindo. "A Igreja Ortodoxa Russa e a Igreja Anglicana existem principalmente dentro de seus próprios países. Igrejas Anglicanas são raras no Japão."
 
   
  +
“Isso é longe demais! Como é que você vai chegar até lá!?”
"..."
 
   
  +
“Hm? Ah, não se preocupe. Eu acho que tem algumas filiais no Japão,” Index respondeu enquanto seu hábito de freira que parecia o resultado do trabalho de uma esposa injustiçada balançou com o vento.
As coisas estavam sombrias.
 
   
  +
“Uma igreja, hm? Deve ter uma aqui na cidade.”
Seria possível que Index havia tentado ir de igreja em igreja antes de desmaiar de fome? Como ela deve ter se sentido após ter sido rejeitada por cada igreja que visitou?
 
   
  +
Para Kamijou, o termo “igreja” invocava o imaginário de um grande salão para casamentos, mas os exemplos no Japão eram um tanto patéticos. Pra começo de conversa, a cultura tinha pouco haver com o Cristianismo e um país com terremotos frequentes tinha poucos prédios históricos. As igrejas que Kamijou tinha visto pelas janelas de trens eram pequenas construções pré-fabricadas com uma cruz no telhado. Ele tinha a sensação de que ele estava errado em pensar que aquelas eram igrejas propriamente ditas.
"Não se preocupe. Eu só preciso continuar até achar uma Igreja Britânica."
 
   
  +
“Ah, mas não pode ser qualquer igreja. Tem que ser uma na vertente britânica que eu faço parte.”
"..."
 
   
  +
“???”
Por um instante, Kamijou pensou sobre o poder na sua mão direita.
 
   
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“Hm, tem vários tipos diferentes de Cristianismo,” Index disse com um sorriso amargo. “Primeiro, tem a distinção entre os estilos antigos no Catolicismo e os estilos novos no Protestantismo. E aí, enquanto eu pertenço a um estilo Católico, tem vários tipos deles também. Por exemplo, tem a Igreja Católica Romana<ref>Como com a Igreja Anglicana/Puritana Inglesa, o termo usado é ローマ正教 (''Rouma Seikyou'', lit. Igreja Ortodoxa Romana) mas iremos manter o nome real da igreja.</ref> centralizada no Vaticano, a Igreja Ortodoxa Russa<ref>Assim como as outras Igrejas, apesar do termo usado ser ロシア成教 (''Roshia Seikyou'', lit. Igreja de Realização Russa), iremos com o nome real da igreja.</ref> sediada na Rússia, e a Igreja Anglicana com o núcleo na Catedral de São Jorge em Londres.
"Ei! Se você estiver com problemas, pode aparecer por aqui se quiser."
 
   
  +
“...E o que acontece se você acidentalmente ir pra a igreja errada?”
Isso era tudo o que ele podia dizer.
 
   
  +
“Eles me rejeitariam,” Index disse com o mesmo sorriso amargo. “A Igreja Ortodoxa Russa e a Igreja Anglicana existem primariamente dentro de seus respectivos países, então igrejas Anglicanas são raras no Japão.”
Ele tinha o poder para matar até mesmo Deus e isso era tudo o que ele podia dizer.
 
   
  +
“...”
"Claro. Eu virei se estiver com fome."
 
   
  +
As coisas não pareciam estar indo numa boa direção.
O sorriso dela era tão perfeito que Kamijou não podia dizer nada em resposta.
 
   
  +
Era possível que Index havia tentado ir de igreja em igreja antes de cair de fome? Como ela havia se sentido enquanto fugia e fugia enquanto era rejeitada em cada igreja em que ela buscava abrigo?
Em seguida, um robô de limpeza passou perto de Index.
 
   
  +
“Não se preocupe, eu só tenho que continuar correndo até encontrar uma igreja na vertente britânica.”
"Hyah?!"
 
   
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“...”
Aquele sorriso perfeito sumiu em um instante. Index pulou e tropeçou para trás. Com um som de baque, sua cabeça bateu na parede atrás dela.
 
   
  +
Por um instante, Kamijou pensou no poder em sua mão direita.
"Uma coisa estranha apareceu de repente!"
 
   
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“Ei! ...Se você tiver qualquer problema, você pode voltar pra cá.”
Index estava com lágrimas nos olhos, mas esqueceu completamente de passar a mão na parte de trás de sua cabeça que foi atingida.
 
   
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Era tudo que ele podia dizer.
"Não é nada estranho. É apenas um robô de limpeza."
 
   
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Ele tinha o poder de matar até mesmo Deus, e ainda assim isso era tudo que ele podia dizer.
Kamijou suspirou.
 
   
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“Tá. Eu volto se eu senti fome.”
Seu tamanho e forma eram similares aos de uma lata de lixo grande. Tinha pneus pequenos na parte inferior e um esfregão circular rotativo similar aos limpadores de rua. Também possuía câmeras para desviar de pessoas e outros obstáculos. Eles eram odiados por garotas que usavam minissaias.
 
   
  +
Seu sorriso brilhante era tão perfeito que Kamijou não pode dizer nada em resposta.
"...Eu vejo. Eu ouvi falar que o Japão era uma nação líder em tecnologia, mas eu não sabia que vocês conseguiram criar Agathions mecanizados."
 
   
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E então, um robô de limpeza passou por eles, tendo que sair de sua rota para não bater em Index.
"Olá?" Kamijou pareceu estar um pouco assustado com a impressão errada que Index teve. "Essa é a Academy City. Essas coisas estão por toda a cidade."
 
   
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“Hyah!?”
"Academy City?"
 
   
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Aquele sorriso perfeito foi desfeito em um instante. Index pulou como se ela tivesse uma cãibra em sua perna e tropeçou para trás. Com o som de uma pancada terrível, sua cabeça bateu na parede atrás dela.
"Sim. É uma cidade criada na região oeste de Tóquio, onde o desenvolvimento havia diminuído. Ela tem esse nome porque há centenas de escolas de ensino fundamental, médio e superior por aqui." Kamijou suspirou. "Oitenta por cento dos habitantes são estudantes, todos os edifícios de apartamentos que você vê são dormitórios estudantis."
 
   
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“~ ~ ~ ~! E-esse treco esquisito apareceu do nada!”
Ele omitiu o fato de que poderes eram desenvolvidos juntamente com os estudos.
 
   
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Os olhos de Index estavam marejados, mas ela esqueceu completamente de colocar as mãos no machucado, preocupando-se apenas com a coisa em sua frente.
"É por isso que essa cidade é um pouco estranha. A cidade está cheia de experimentos de universidades, como a eliminação automática de resíduos de cozinha, as turbinas eólicas, e os robôs de limpeza como este. Graças a tudo isso, nosso nível de cultura tecnológica está 20 anos a frente de qualquer outro lugar."
 
   
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“Não fica apontando e chamando isso de esquisito. É só um robô de limpeza.”
"Hmm." Index cuidadosamente examinou o robô. "Então todas essas construções são parte da Academy City?"
 
   
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Kamijou deu um suspiro.
"Sim. Eu acho que é melhor você sair da cidade se você está procurando por uma Igreja Anglicana. Todas as igrejas por aqui são provavelmente instituições de ensino de teologia ou psicologia analítica."
 
   
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Seu tamanho e formato eram semelhantes ao de um tambor de óleo. Ele tinha três pequenos pneus no fundo e um esfregão circular que girava ao seu redor similar àqueles limpadores de estrada. Ele tinha câmeras para poder evitar as pessoas e outros obstáculos, então eles eram um tanto odiados pelas garotas vestindo minissaias.
"Hm."
 
   
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“...Entendi. Eu tinha ouvido falar que o Japão era o líder em desenvolvimento tecnológico, mas eu não sabia que vocês tinham feito Agathions mecanizados.”<ref>Um Agathion é um espírito familiar que aparece apenas no meio-dia na forma de um humano ou um animal, ou até mesmo dentro de um talismã, de uma garrafa ou de um anel mágico.</ref>
Index acenou e colocou a mão em sua cabeça.
 
   
  +
“Oi?” Kamijou estava um pouco assustado com o quão impressionada Index parecia. “Essa é a Cidade Acadêmica. Você pode encontrar essas coisas em todos os lugares da cidade.”
"Ah! Meu capuz sumiu?!"
 
   
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“Cidade Acadêmica?”
"Você finalmente notou? Ele caiu agora a pouco."
 
   
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“Sim. É uma cidade que foi feita depois de comprarem toda a área ocidental de Tóquio onde o desenvolvimento tinha desacelerado. O nome vem do fato de que tem dezenas de universidades e centenas de escolas nela.” Kamijou suspirou. “Oitenta por cento dos moradores são estudantes, então todos os prédios de apartamentos que você encontrar são dormitórios estudantis.”
"Ahn?!"
 
   
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Ele omitiu o fato de que a cidade tinha uma face oculta onde habilidades e corpos sobrenaturais eram desenvolvidos juntamente aos estudos.
Por "a pouco", Kamijou quis dizer quando ela estava se vestindo no cobertor, mas Index pareceu ter confundido com quando ela tropeçou para trás após ser surpreendida pelo robô de limpeza.
 
   
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“É por isso que a cidade é um pouco estranha. A cidade tá cheia de experimentos de universidades como o descarte automatizado de resíduos de cozinha, as turbinas eólicas que funcionam bem o suficiente para serem práticas e os robôs de limpeza como esse aqui. Graças a tudo isso, o nosso nível de cultura tá cerca de vinte anos à frente de qualquer outro lugar do mundo.”
"Ah, eu sabia! Aquele Agathion elétrico!" Ainda enganada, ela correu atrás do robô de limpeza.
 
   
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“Hm.” Index cuidadosamente examinou o robô de limpeza. “Então todos os prédios aqui são parte da Cidade Acadêmica?”
"...Ah, o que está acontecendo?"
 
   
  +
“É, eu acho que seria melhor você sair dessa cidade se você estiver procurando por uma igreja Anglicana. Todas as igrejas daqui provavelmente são instituições de ensino para Teologia ou Psicologia Jungiana.”
Kamijou olhou para a porta de seu quarto onde o capuz de Index estava e então para o corredor. Index não podia mais ser vista. Não houve despedidas.
 
   
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“Hm.”
Com aquele olhar, eu tenho a sensação que ela sobreviverá mesmo se o mundo for destruído, ele pensou.
 
   
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Index acenou e finalmente levou uma mão à nuca, onde ela havia batido na parede.
Ele não tinha provas disso, era apenas a sensação que ele tinha.
 
   
  +
“Hyah!? Q-que? Meu capuz sumiu!?”
===Parte 5===
 
   
  +
“Ah, você só percebeu agora? Ele caiu mais cedo.”
"Certo, eu fiz um folheto para vocês. Vocês devem segui-lo nas aulas suplementares."
 
   
  +
“Hyah?”
Mesmo após ter passado muito tempo naquela classe, Kamijou ainda não acreditava.
 
   
  +
Com “mais cedo”, Kamijou queria dizer “quando você estava se trocando”, mas Index pareceu ter interpretado isso como “quando você tropeçou por causa do susto com o robô de limpeza”. Ela começou a procurar no chão ao seu redor e um sinal de interrogação surgiu em cima de sua cabeça.
A professora da Classe 7 do primeiro ano, Tsukuyomi Komoe, era uma professora ridícula que era tão baixinha que apenas a cabeça dela podia ser vista quando ela ficava atrás de sua mesa.
 
   
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“Ah, já sei! Aquele Agathion elétrico!”
Aquela garotinha era um dos sete mistérios da escola: com 1,35m de altura, havia uma lenda dizendo que não foi permitida a entrada dela em uma montanha-russa por segurança.
 
   
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Ainda confundindo as coisas, ela correu atrás do robô de limpeza e desapareceu na curva do corredor.
"Eu não vou pedir para vocês pararem de conversar, mas eu preciso que vocês escutem o que eu digo. Eu me esforcei bastante fazendo um questionário, se vocês não se saírem bem, serão punidos com a lição de Adivinhação."
 
   
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“...Ah, o que é que tá acontecendo?”
"Sensei, você não joga poker vendado nessa lição?! Isso é parte do Curriculum para Clarividência! Eu ouvi falar que você não pode ir embora até vencer 10 vezes seguidas, apesar de não conseguir ver suas próprias cartas. Nós não ficaríamos aqui até amanhã de manhã jogando?!" protestou Kamijou.
 
   
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Kamijou olhou para a porta do seu quarto onde o capuz de Index estava e então para o corredor. Index havia sumido de vista. Não havia ocorrido nenhuma despedida, seja ela triste ou de outro tipo.
"Ah, mas Kamijou-chan, você não tem créditos de desenvolvimento o suficiente. Fará a lição de Adivinhação de qualquer jeito."
 
   
  +
(Desse jeito, eu sinto que ela vai sobreviver mesmo que o mundo seja destruído.)
"Uh," Kamijou perdeu as palavras quando encarou o sorriso de vendedor da professora.
 
   
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Ele não tinha nenhuma prova disso, mas, de qualquer forma, esse foi o pensamento que lhe ocorreu.
"...Hm. Entendo. A Komoe-chan acha você tão fofo que ela não consegue se conter, Kami-yan." disse o representante de classe Aogami Pierce, que estava sentado ao lado de Kamijou.
 
   
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===Parte 5===
"...Você não sente a malícia vindo das costas daquela professora enquanto ela alegremente se estica toda para conseguir escrever na lousa?"
 
   
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“Ok, eu tenho uma apostila para vocês. Sigam por ela enquanto a gente participa dessas aulas de reforço.”
"O quê? Qual o problema em ser repreendido por uma professora tão fofa por falhar em um questionário? Ser fisicamente abusado por uma criancinha como essa te garante altos pontos de experiência, Kami-yan."
 
   
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Mesmo depois de passar um trimestre inteiro naquela turma, Kamijou ainda não conseguia acreditar.
"Eu sabia que você era um lolicon, mas você é um masoquista também?! Você não tem salvação!!"
 
   
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A professora da sala da Turma 7 do 1º Ano, Tsukuyomi Komoe, era um professora ridícula que era tão baixa que apenas sua cabeça podia ser vista quando ela ficava atrás da própria mesa.<ref>Em algumas escolas de países estrangeiros existe um conceito chamado “homeroom”, que é um breve período administrativo que acontece numa sala de aula designada para um grupo de alunos pela duração de suas vidas escolares. Cada homeroom tem o seu próprio “homeroom teacher”, ou “professor da sala”, que assume uma turma durante toda a sua vida escolar em determinada escola.</ref> A professora “criança” era um dos sete mistérios da escola, ela tinha 1,35m de altura, havia uma lenda sobre ela ter sido impedida de entrar numa montanha-russa por causa de regras de segurança, e ela era idêntica a uma garotinha de 12 anos que deveria carregar uma flauta doce, usar um capacete amarelo e se equipar com um randoseru<ref>ランドセル (Randoseru) é uma espécie de mochila rígida feita de couro ou de couro sintético, comumente usada por crianças do Ensino Fundamental, tradicionalmente sendo usadas por elas até o 6º ano.</ref> vermelho.
"Haha! Não é que eu goste de lolis! É que eu 'também' gosto de lolis!"
 
   
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“Eu não vou impedir que vocês conversem entre si, mas vocês precisam me ouvir também. Eu me esforcei muito pra fazer esse questionário, então quem se sair mal vai ter que passar por um teste de Pôquer Vendado.”
Kamijou quase gritou "Você é onívoro?!", mas foi interrompido.
 
   
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“Sensei, esse não é aquele que você joga pôquer com uma venda!? Isso é parte do Curriculum pra Clairvoyance!<ref>Anteriormente, “clarividência” foi escrito como 千里眼 (Senrigan), mas aqui temos, em japonês, 透視能力 (''Toushi Nouryoku'', Habilidade de Enxergar Além) com a pronúncia estrangeira クレアボイアンス (Kureaboiansu), então manteremos o termo estrangeiro “Clairvoyance”.</ref> E eu ouvi dizer que você não pode ir embora a não ser que você vença dez vezes seguidas mesmo sem poder ver as cartas, então a gente não ficaria preso aqui até amanhã de manhã!?” protestou Kamijou Touma.
"Vocês dois aí! Se disserem mais uma palavra, irão participar do Ovo de Colombo."
 
   
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“Ah, mas Kamijou-chan, você não tem pontos de desenvolvimento o suficiente, então você vai fazer o teste de Pôquer Vendado de todo jeito.”
O Ovo de Colombo se tratava em manter um ovo de pé em uma mesa sem nenhum apoio. Os espers especializados em psicocinese conseguiam realizar a tarefa após se concentrarem ao ponto de suas veias do cérebro quase explodirem. Era um desafio extremamente difícil pois o ovo iria quebrar se a psicocinese fosse forte demais. Se você não pudesse completá-lo, iria ficar preso na escola até o sol nascer.
 
   
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“Ugh,” Kamijou ficou sem palavras quando encarado com o sorriso de vendedor de sua professora.
Kamijou e Aogami Pierce olharam para Tsukuromi Komoe sem respirar.
 
   
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“...Mhh. Saquei. Komoe-chan te acha tão fofo que ela não pode se segurar, Kami-yan,” disse o representante de classe (masculino) de cabelo azul e com um brinco<ref>Em japonês, esse personagem é sempre referido como 青髪ピアス (''Aogami Piasu'', lit. Cabelo Azul e Brinco). Ficar escrevendo “rapaz de cabelo azul e brinco” seria muito trabalhoso e monótono, então usaremos “Azulão” enquanto um nome oficial não é revelado.</ref> que estava sentado ao lado de Kamijou.
"Tudo bem?"
 
   
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“...Você não sente a malícia vindo das costas daquela professora enquanto ela se estica pra alcançar o quadro-negro?”
O sorriso dela era assustador.
 
   
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“Que foi? Qual o problema em ter uma professora tão fofa quanto ela te dando um esporro por errar todo o questionário? Ser abusado fisicamente por uma criancinha como ela te dá muitos pontos de experiência, Kami-yan.”
Embora Komoe-sensei amasse ser chamada de "fofa", ela ficaria incrivelmente irritada se fosse chamada de "pequena".
 
   
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“Eu sabia que você era um lolicon,<ref>Lolicon é uma abreviação de ''lolita complex'', complexo de lolita, e envolve a atração à garotas fictícias, geralmente de animes e mangás, na faixa de 6 à 14 anos (lolis).</ref> mas você também é um masoquista!? Você não tem salvação!!”
Entretanto, ela não se importava em ser desprezada pelos outros estudantes. Isso era algo quase inevitável na Academy City. A cidade era uma verdadeira Terra do Nunca onde mais de 80% da população eram estudantes. A oposição aos professores era dura. E mais importante, a "força" de um estudante era baseada em suas habilidades acadêmicas e seu poder.
 
   
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“Ah hah! Não é que eu gosto de lolis! Eu ''também'' gosto de lolis!!”
Os professores eram aqueles que "desenvolviam" os estudantes, mas os professores em si não possuíam poderes. Alguns, como os professores de Educação Física e orientadores pareciam ser de exércitos estrangeiros, pois conseguiam treinar monstros de Level 3 com seus próprios punhos. Mas seria cruel esperar isso de uma professora de Química igual a Komoe.
 
   
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Kamijou quase gritou “Você é onívoro!?”, mas ele foi interrompido.
"...Ei, Kami-yan."
 
   
  +
“Vocês dois aí! Se vocês disserem mais uma palavra, vocês vão ter que jogar o Ovo de Colombo.”
"O que foi?"
 
   
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Como esperado, o Ovo de Colombo envolvia equilibrar um ovo de ponta-cabeça numa mesa sem usar suportes. Aqueles especializados em Telekinesis<ref>Em japonês, 念動力 (''Nendouryoku'', Habilidade de Telecinesia) é exibido com a pronúncia estrangeira テレキネシス (Terekineshisu), então manteremos o termo estrangeiro “Telekinesis”.</ref> podiam impedir que o ovo virasse quando eles se esforçavam ao ponto de quase romper os vasos sanguíneos em seus cérebros. (Era um desafio extremamente difícil porque o ovo podia quebrar se a Telekinesis fosse muito poderosa.) Como no exemplo anterior, você ficaria preso lá até a manhã do dia seguinte se não pudesse completar a tarefa.
"Você ficaria excitado se fosse repreendido pela Komoe-sensei?"
 
   
  +
Kamijou e Azulão encararam Tsukuyomi Komoe enquanto se esqueciam como se respirava.
"Eu não sou você! E cala essa boca, idiota! Se nós formos obrigados a fazer aquela parada do ovo sendo que nós não temos psicocinese, vamos ficar as férias de verão inteiras aqui! Então cala essa boca cheia de dialeto de Kansai falso!"
 
   
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“Ok?”
"Falso... N-N-Não é falso! Eu sou realmente de Osaka!"
 
   
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Seu sorriso era bastante assustador.
"Fica quieto. Eu sei que você vem de uma região cultivadora de arroz. Eu estou de mau humor, não me irrite."
 
   
  +
Enquanto Komoe-sensei amava ser chamada de “fofa”, ela ficava incrivelmente zangada quando chamada de “pequena”.
"E-Eu não sou não! A-Ahhh! Eu amo takoyaki."
 
   
  +
Entretanto, ela não parecia se importar com alunos a olhando de cima para baixo. Parte disso era algo que ocorria naturalmente na Cidade Acadêmica. A cidade era uma verdadeira Terra do Nunca onde mais de oitenta por cento da população era composta de estudantes. A oposição aos professores era dura mesmo quando comparada com uma escola normal e, acima de tudo, a “força” de um aluno era baseada tanto em sua habilidade acadêmica quanto no seu poder.
"Pare de tentar fingir! Não me diga que você irá começar a trazer takoyaki para o lanche só por causa disso?"
 
   
  +
Os professores eram aqueles que desenvolviam os alunos, mas os próprios professores não tinham poderes. Alguns, como os professores de Educação Física e orientadores, pareciam fazer parte de uma equipe estrangeira por que eles tinham que treinar monstros do Level 3<ref>Em japonês, 強能力者 (''Kyounouryokusha'', Pessoa com Poderes Fortes) é exibido com a pronúncia estrangeira レベル3 (Reberu Surii), então manteremos o termo estrangeiro “Level 3”.</ref> com seus próprios punhos, mas seria cruel esperar isso de uma professora de química como Komoe.
"Do que você está falando? Nem todas as pessoas de Osaka comem apenas takoyaki, certo?"
 
   
  +
“...Ei, Kami-yan.”
"..."
 
   
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“Que é?”
"Certo? Acho que sim... não, espera... é, eu acho. O que foi, Kami-yan?"
 
   
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“Você ficaria excitado recebendo uma bronca da Komoe-sensei?”
"Sua máscara está caindo, sr. Kansai Falso." disse Kamijou antes de suspirar e olhar para fora da janela.
 
   
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“Eu não sou você! Só cala a boca, seu idiota! Se a gente tiver que brincar com um ovo cru apesar de não ter Telekinesis, a gente vai ficar as férias de verão inteiras aqui! Se você entendeu, fica de bico fechado com esse teu dialeto de Kansai<ref>Semelhante aos sotaques regionais aqui no Brasil, algumas regiões do Japão usam dialetos próprios, “Olá” no japonês padrão é “こんにちは” (kon'nichiwa), mas alguém da região de Kansai diria “まいど” (maido); algumas pessoas que não são da região tentam imitar esse dialeto por n motivos. A região de Kansai é composta de Nara, Wakayama, Quioto, Osaka, Hyogo e Shiga, portanto, um morador da Cidade Acadêmica, situada em Tóquio, não usaria esse dialeto.</ref> falso!”
Ele sentiu que deveria estar ao lado de Index ao invés de estar nessa aula suplementar sem sentido algum.
 
   
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“Falso... N-n-n-n-n-não chama ele de falso! Eu realmente sou de Osaka!”
A Walking Church que ela vestia reagiu à mão direita de Kamijou. Mas isso não significava que ele tinha que acreditar. Provavelmente a maioria das coisas que Index disse eram mentiras. E mesmo se não fossem, ela deve ter confundido algum fenômeno natural com o oculto.
 
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“Xiu. Eu sei que você é de uma região de arroz.<ref>Regiões de arroz são... Regiões do Japão notórias por produzirem arroz, geralmente no norte do país. O ponto feito por Kamijou aqui é que Azulão vem de uma região na direção oposta de Kansai, localizada mais ao sul do país.</ref> Eu tô mal-humorado, então não me faz ter que bancar o escada.”
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“E-e-eu não sou de uma região de arroz! Ah. A-ahhh! Como eu amo takoyaki.”<ref>Takoyaki é um lanche japonês feito de massa à base de farinha de trigo e cozido em uma panela moldada especial. Normalmente ele é recheado com polvo (tako) picado ou em cubos e algumas verduras. É um lanche típico de Osaka.</ref>
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“Para de se forçar nesse papel de morador da região de Kansai! Você vai ficar trazendo takoyaki pro lanche também?”
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“Do que você tá falando? Nem todo mundo de Osaka só come takoyaki, né?”
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“...”
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“Né? Eu acho que isso tá certo... Não! Pera! Mas...mas, é... mas... hein? Eu esqueci?”
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“Você tá saindo do personagem, Sr. Kansai Falso,” Kamijou disse antes de suspirar e olhar pela janela.
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Ele sentiu que deveria estar ao lado de Index neste momento, ao invés de lidar com essa aula de reforço sem sentido.
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A Igreja Ambulante que a freira vestia realmente tinha reagido à mão direita de Kamijou (apesar de que “reagir” possa ser um eufemismo), mas isso não significava que ele acreditava em mágica. Provavelmente, a maioria das coisas que Index contou era mentira, e mesmo que ela não estivesse mentindo, ela podia ter simplesmente se pensado que alguns fenômenos naturais eram na verdade parte do oculto.
   
 
Mesmo assim...
 
Mesmo assim...
   
Eu acho que o peixe que foge sempre parece ser grande, ele ponderou.
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(Eu acho que o peixe que escapa sempre parece grande.)
   
Kamijou suspirou novemente. Se a alternativa era ficar preso em uma sala de aula sem ar-condicionado, entrar em um mundo de mágica, fantasia e espadas era melhor. E de brinde ainda haveria uma heroína bonitinha.
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Kamijou suspirou mais uma vez. Se a alternativa era ficar preso nessa mesa numa sala de aula que mais parecia uma sauna sem ar-condicionado, se aventurar numa fantasia de espadas e mágica parecia melhor. E ele até tinha uma heroína fofa (ele estava um pouco hesitante em chamá-la de linda) pra o acompanhar.
   
"..."
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...
   
Kamijou lembrou do capuz que Index havia esquecido em seu quarto.
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Kamijou lembrou-se do capuz que Index havia esquecido em seu quarto.
   
Ele não conseguiu devolvê-lo para ela. Mas ele não achava que era incapaz de devolvê-lo. Mesmo se Index tivesse desaparecido, ele provavelmente iria encontrá-la se ele seriamente procurasse por ela. E mesmo se ele não fizesse isso, ele ainda poderia sair pela cidade procurando por ela com o capuz na mão esquerda.
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No fim das contas, ele não o devolveu. ''Ele não viu aquela situação como ele sendo incapaz de devolver o capuz.'' Mesmo que Index tivesse desaparecido, ele provavelmente a encontraria se ele começasse a procurar. E mesmo que ele não tivesse devolvido o capuz, ele ainda podia correr pela cidade procurando por ela com ele em uma das mãos.
   
Quando ele pensou sobre isso, percebeu que ele queria algum tipo de conexão. Ele havia sentido que ela iria voltar para pegá-lo um dia.
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Pensando nisso, ele percebeu que ele queria algum tipo de conexão. Ele sentiu que ela podia voltar um dia.
   
Pois aquela garota branca havia mostrado a ele um sorriso tão perfeito...
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Por que aquela garota branca havia lhe mostrado um sorriso tão perfeito...
   
Ele sentiu que ela iria desaparecer como uma ilusão se ele não deixasse alguma conexão com ela.
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Ele sentia que ela poderia desaparecer como uma ilusão se ele não criasse um tipo de conexão.
   
Ele estava com medo.
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Ele teve medo.
   
...Ah, então é isso, ele concluiu.
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(...Ah, então era isso.)
   
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Após passar por aqueles pensamentos levemente poéticos, Kamijou finalmente percebeu algo.
Após pensar bastante poeticamente, Kamijou finalmente percebeu algo. Ele não odiava a garota que caiu na sua varanda. Ele gostava dela o suficiente para que a ideia de nunca mais a vê-la o deixasse com uma pontada de arrependimento.
 
   
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No fim das contas, ele não havia odiado a garota que havia caído em sua varanda. Ele tinha gostado dela o suficiente pra a ideia de nunca mais vê-la deixá-lo com uma leve pontada de arrependimento.
"...Ah, droga."
 
   
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“...Ah, droga.”
Ele estalou sua língua. Ele não queria deixá-la partir.
 
   
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Ele estalou a língua. Com o tanto que ela estava pesando em sua mente, ele desejou ter impedido que ela fosse embora.
Pensando bem, o que eram esses 103,000 grimórios que ela mencionou?
 
   
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(Parando pra pensar, o que foi aquilo sobre 103.000 grimórios?)
Index havia dito que o grupo, uma associação mágica (algo como uma corporação), estava atrás dela porque queria esses 103,000 grimórios. E aparentemente, Index fugiu com esses 103,000 grimórios em sua posse.
 
   
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Index havia dito que a cabalá mágica que estava perseguindo ela (cabalá era algum tipo de corporação?) parecia estar a caçando porque eles queriam aqueles 103.000 grimórios. E aparentemente, Index estava fugindo com aqueles 103.000 grimórios em sua posse.
Não era uma chave ou um mapa para onde estes livros estão armazenados.
 
   
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Não era uma chave ou um mapa para o local de armazenamento de todos esses livros.
Quando Kamijou perguntou onde estes livros estavam, ela simplesmente disse, "Bem aqui." Mas Kamijou percebeu que não havia nenhum livro com ela. Mesmo se houvesse, o quarto de Kamijou não era grande o suficiente para conter 100,000 livros.
 
   
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Quando Kamijou havia perguntado onde estavam todos aqueles livros, ela simplesmente respondeu: “Eu tenho cada um deles comigo.” Entretanto, depois de tudo que Kamijou viu, ela não carregava um único livro. De qualquer forma, o quarto de Kamijou não era grande o suficiente para guardar cem mil livros.
"...O que está acontecendo?"
 
   
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“...O que é que foi tudo aquilo?”
Kamijou inclinou a cabeça para o lado, confuso. A Walking Church de Index reagiu ao Imagine Breaker, portanto suas palavras não eram um completo delírio. Mas...
 
   
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Kamijou inclinou a cabeça para o lado em indagação. Já que a Igreja Ambulante de Index havia reagido ao Imagine Breaker, o que ela estava falando não era puramente um delírio. Mas...
"Sensei? Kamijou-kun está olhando as saias esvoaçantes das garotas do time de tênis pela janela!"
 
   
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“Sensei? Kamijou-kun tá observando as saias das garotas do time de tênis pela janela.”
O dialeto de Kansai forçado de Aogami Pierce revirou o foco de Kamijou para a sala de aula.
 
   
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O dialeto de Kansai forçado de Azulão imediatamente trouxe o foco de Kamijou de volta para a sala de aula.
"..."
 
   
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“...”
Komoe-sensei ficou em silêncio.
 
   
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Komoe-sensei se calou.
Ela deve estar em choque por "aquele" Kamijou Touma-kun não estar prestando atenção na lição. Ela parecia uma garota de 12 anos de idade que descobriu a verdade sobre o Papai Noel.
 
   
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Ela parecia ter ficado bastante chocada pelo fato de que Kamijou Touma-kun não estava focado na aula. Ela tinha a mesma expressão que uma garotinha de doze anos que acabou de descobrir a verdade sobre o Papai Noel.
Logo que esse pensamento chegou a sua mente, Kamijou Touma foi o alvo de olhares hostis de seus colegas de classe que desejavam proteger os direitos humanos daquela criança.
 
   
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Assim que esse pensamento o atingiu, Kamijou Touma foi perfurado pelos olhares hostis de seus colegas de classe que desejavam proteger os direitos humanos daquela “criança”.
   
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Embora sejam aulas suplementares, eles ficaram presos lá até o horário em que todos os estudantes deveriam sair da escola.
 
   
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Apesar de elas serem chamadas de aulas de reforço, eles ficaram presos lá até o horário em que todos os estudantes deveriam ir para casa.
"...Que azar." Kamijou resmungou olhando as turbinas eólicas que brilhavam ao pôr do sol.
 
   
Qualquer tipo de vida noturna era proibida, então o último ônibus e trem na Academy City partiam logo após os estudantes saírem das escolas.
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“...Que azar,” murmurou Kamijou ao olhar para as três pás de uma turbina de vento brilhando no por do sol. Qualquer tipo de vida noturna na cidade era proibida, então os últimos ônibus e trens da Cidade Acadêmica estavam programados para sair quando os alunos estivessem saindo de suas escolas.
   
Kamijou perdeu o último ônibus. Ele estava caminhando no distrito comercial que não parecia terminar nunca. Um robô de segurança passou por ele enquanto isso. Também era uma lata grande com rodas e funcionava como uma câmera de segurança ambulante. Eles originalmente eram versões melhoradas de cães robóticos, mas crianças iriam começar a persegui-los se continuassem naquela forma. Por essa simples razão, os robôs da cidade tinham o formato de tambor.
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Kamijou havia perdido o último ônibus, então ele estava caminhando penosamente ao longo do escaldante distrito comercial que parecia nunca acabar. Um robô de segurança passou por ele enquanto isso. Ele também era um tambor com rodas e ele funcionava como uma espécie de câmera de segurança móvel. Originalmente eles eram como cães robôs melhorados, mas crianças costumavam fazer aglomerações ao redor deles, bloqueando seu caminho. Por esse motivo, todos os robôs de trabalho haviam sido transformados em tambores de todos os tamanhos.
   
"Ah, aí você está, seu imbecil! Espera... espera! Você! Eu estou falando com você! Pare!!"
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“Ah, maldito, aí está você! Espera...pera! Você! Eu falando com você! Para!!
   
Kamijou estava olhando para o robô de segurança. Ele estava se lembrando de como Index correu atrás do robô de limpeza, e finalmente percebeu que uma voz estava chamando por ele.
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O calor do verão havia fritado Kamijou, então ele apenas encarou o lento robô de segurança e pensou sobre como Index havia corrido atrás de um robô de limpeza. Finalmente, ele percebeu que aquela voz estava chamando-o.
   
Ele se virou para ver o que estava acontecendo.
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Ele se virou para entender o que estava acontecendo.
   
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Era a garota do ensino fundamental. Seu cabelo castanho na altura dos ombros brilhava como vermelho-fogo no por do sol e seu rosto estava ainda mais vermelho. Ela vestia uma saia plissada cinza, uma blusa de manga curta e um suéter de verão... Aí, ele repentinamente percebeu quem ela era.
[[Image:Index v01 071.jpg|thumb]]
 
   
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“...Ah, é você de novo, Biribiri<ref>Biribiri é uma onomatopeia japonesa para eletricidade. A alternativa aqui era chamar ela de “zapzap”, mas pra conservar o legado desse apelido, manteremos “Biribiri”.</ref> do fundamental.”
Ela era uma garota que estava na escola secundária, com cabelos castanhos à altura dos ombros que brilhavam como uma chama vermelha ao pôr do sol, mas sua face estava ainda mais vermelha. Ela vestia uma saia cinza plissada, uma blusa de manga curta e um suéter de verão. De repente, ele percebeu quem ela era.
 
   
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“Não me chama de Biribiri! Eu tenho um nome! É Misaka Mikoto! Por que você não aprende isso de uma vez!? Você tá me chamando de Biribiri desde que a gente se conheceu!”
"Ah, é você de novo, Biri Biri."
 
   
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[[Image:Index v01 071.jpg|thumb]]
"Não me chame de Biri Biri! Eu tenho um nome! É Misaka Mikoto! Por que você não aprende ele?! Você me chama de Biri Biri desde que nós nos vimos pela primeira vez!"
 
   
Desde que nós nos vimos pela primeira vez...? Kamijou tentou relembrar. Ah, sim!
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(Desde que a gente se conheceu...?) Kamijou tentou se lembrar. (Ah, sim.)
   
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Quando eles se conheceram, ela estava cercada de delinquentes assim como ontem. Enquanto os rapazes aproximavam-se dela, ele pensou que eles estavam tentando roubá-la e então resolveu dar uma de Urashima Tarou.<ref>Urashima Tarou (浦島 太郎) é o protagonista de uma lenda japonesa. Ele é um pescador que salva uma tartaruga de agressores e é levado até o Ryuuguu-jou (竜吾城 ou 龍宮城, Palácio do Dragão) debaixo do mar. Lá ele é entretido pela princesa Otohime, a segunda filha de Ryuujin (龍神, Deus Dragão), como recompensa. Ele passa alguns dias com a princesa e então decide voltar para sua vila. Otohime lhe entrega tamatebako, uma caixa adornada com jóias que ele não deve abrir, como presente de despedida. Quando ele retorna para sua vila, ele descobre que passou 300 anos no Palácio. Quando ele abre tamatebako ele se transforma num velho e a voz de Otohime ecoa dizendo que a abertura da caixa era proibida, pois nela estavam contidos todos os seus anos de vida.</ref> Entretanto, por algum motivo, foi a garota que se irritou, dizendo, “Cala a boca! Não vai se metendo nas brigas dos outros! Biribiri!” Quando Kamijou bloqueou o Biribiri dela com sua mão direita e ela respondeu com um “Hein? Por que isso não funcionou? E que tal isso? Hein?” uma coisa levou à outra, e as coisas terminaram no estado atual.
Quando eles se encontraram pela primeira vez, ela estava cercada por delinquentes como no outro dia. Ele tinha pensado que eles estavam atrás da carteira dela e firmemente bancou o Urashima Tarou.
 
   
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“...Hã? Quê? Eu não tô triste, então por que estou chorando, mãe?”
Mas, por algum motivo, a garota foi quem ficou irritada, dizendo, "Cala a boca! Não se intrometa na luta dos outros! Biri Biri!" Kamijou bloqueou as faíscas dela com sua mão direita e ela respondeu com, "Hã? Por que não funcionou? E que tal isso? Hã?" Uma coisa levou a outra, e assim a relação atual deles se concretizou.
 
   
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“Por que você tá com esse olhar distante?”
"...Hã? O quê? Eu não estou triste, então por que estou chorando, mãe?"
 
   
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Kamijou estava exausto por causa da aula de reforço, então ele decidiu não pensar muito em como lidar com a garota Biribiri.
"Por que você está com um olhar tão distante?"
 
   
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“A garota encarando Kamijou com uma expressão atordoada é a garota Railgun de ontem. Ela ficou tão frustrada por perder uma lutinha que ela continuou aparecendo de novo e de novo, chamando Kamijou para uma revanche.”
Kamijou estava exausto das aulas suplementares e decidiu não pensar muito em como lidar com a Biri Biri.
 
   
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“...Pra quem você tá explicando isso?”
"A garota perplexa olhando para Kamijou é a garota Railgun de ontem. Ela está tão frustrada por perder uma luta que voltou até Kamijou para pedir revanche."
 
   
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“Ela é obstinada e odeia perder, mas na verdade ela é uma pessoa solitária que está encarregada em cuidar da mascote da turma.”
"Para quem você está explicando isso?"
 
   
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“Não vai colocando coisas estranhas no cenário!!”
"Ela tem muita determinação e odeia perder, mas na verdade é uma pessoa solitária e está encarregada de cuidar do animal de estimação da classe."
 
   
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A garota, Misaka Mikoto, sacudiu seus braços e todo foco na rua foi atraído para ela. Isso não era tão surpreendente. O uniforme de verão completamente normal que ela vestia era o uniforme da Escola Tokiwadai de Ensino Fundamental,<ref> Tokiwadai Chuugaku (常盤台中学, Escola Média Tokiwadai) no original. Estabelecemos anteriormente que “Escola Média” (e “Escola Primária”) é o equivalente do nosso Fundamental, portanto ficamos com “Escola Tokiwadai de Ensino Fundamental”, ou “Escola Tokiwadai” pra facilitar o ritmo de leitura.</ref> uma das cinco escolas de elite mais prestigiadas da Cidade Acadêmica. Por algum motivo, as garotas explosivamente refinadas de Tokiwadai pareciam se destacar até mesmo numa estação de trem na hora do rush, então qualquer um ficaria surpreso ao ver uma delas sentada no chão mexendo no celular como uma pessoa normal.
"Não adicione coisas estranhas ao cenário!!"
 
   
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“E o que você quer, Biribiri? Na verdade, por que você tá usando seu uniforme durante as férias de verão? Você tem aulas de reforço?”
A garota, Misaka Mikoto, agitou seus braços e toda a atenção foi chamada para ela. Não era tão surpreendente, o uniforme de verão que ela vestia era o uniforme da Escola Secundária Towiwadai, uma das 5 escolas mais prestigiadas na Academy City. Por algum motivo, as garotas explosivas e refinadas da Tokiwadai pareciam se destacar mesmo em uma estação de trem na hora do rush.
 
   
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“Gh...Ca-cala a boca.”
"O que você quer, Biri Biri? E por que você está usando seu uniforme durante as férias de verão? Você precisa de aulas suplementares?"
 
   
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“Você ficou preocupada com o coelho da turma?”
"Ah... Cala a boca."
 
   
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“Eu disse pra você parar de colocar essas coisas de animais! Aliás, hoje eu vou fazer você se contorcer como pernas de sapos ligados em eletrodos, então vai preparando seu testamento e sua herança!”
"Você ficou preocupada com o coelho de estimação da classe?"
 
   
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“Acho que não vai rolar.”
"Eu já te disse para parar com isso! Hoje eu vou fazer você se contorcer como pernas de sapo com eletrodos ligados! Prepare-se!"
 
   
"Eu acho que não."
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“Por que não!?”
   
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“Por que eu não tô encarregado em cuidar da mascote da minha turma.”
"Por que não?!"
 
   
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“Ora seu... Para de tirar onda com a minha cara!!”
"Porque eu não sou responsável pelo animal de estimação da minha classe."
 
   
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A garota do fundamental pisou forte nos ladrilhos da calçada.
"Você... Chega de zombar de mim!"
 
   
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Ao mesmo tempo, um barulho imenso saiu dos celulares das pessoas andando na área. Além disso, a transmissão dos telões do distrito comercial também foi cortada e um barulho terrível veio dos robôs de segurança.
A garota pisou forte no chão.
 
   
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O som crepitante de estática elétrica veio do cabelo da garota.
Nesse exato momento, um ruído violento veio dos celulares das pessoas passando por ali. A transmissão a cabo do distrito comercial foi cortada e um barulho horrível saiu do robô de segurança.
 
   
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Aquela garota Level 5 que podia usar uma Railgun com nada além de seu próprio corpo sorriu tanto que seus caninos ficaram a mostra como se ela fosse uma fera.
O som crepitante de eletricidade estática saiu do cabelo da garota. Aquela Level 5, que disparava Railguns com seu poder, sorriu como uma besta.
 
   
"Hmph. Que tal isso? Será que mudou essa sua mente covarde? ...Mgh!"
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“Hmf. O que achou? Isso mudou sua opinião covarde? ...Mgh!
   
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Numa tentativa desesperada de cobrir a boca dela, a mão de Kamijou cobriu o rosto inteiro de Misaka Mikoto.
Para tentar cobrir sua boca, a mão de Kamijou Touma cobriu totalmente o rosto dela. "C-Cala a boca." ele sussurou. "Por favor, fica quieta! Os celulares de todas as pessoas aqui foram fritos e elas não parecem felizes! Se descobrirem que a gente fez isso, eles irão nos fazer pagar, e eu não tenho ideia de quanto isso vai custar!"
 
   
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(Si-silêncio. Por favor, cala a boca! Os celulares de todo mundo foram fritados e eles não parecem felizes!! Se ele descobrirem que foi a gente, eles vão fazer a gente pagar e eu não faço ideia do quanto custa um telão!!)
Devido ao seu encontro recente com a freira de cabelo prateado, Kamijou rezou com todas suas forças para o Deus cujo Kamijou só pensava sobre no Natal.
 
   
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Devido seu encontro recente com aquela freira de cabelo prateado, Kamijou rezou com todas as suas forças ao deus em quem ele normalmente só pensava na época do Natal.
Suas preces devem ter sido ouvidas, pois ninguém se aproximou de Kamijou e Mikoto.
 
   
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Suas preces devem ter chegado ao céu, pois ninguém se aproximou de Kamijou e Mikoto.
Graças a Deus, ele disse, diminuindo sua apreensão.
 
   
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(Graças a deus.)
Kamijou soltou um suspiro de alívio... enquanto continuava a sufocar Mikoto.
 
   
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Kamijou deu um suspiro de alívio (enquanto continuava a sufocar Mikoto).
"Mensagem. Erro Nº 100231-YF. Ondas eletromagnéticas ofensivas detectadas. Defeito no sistema detectado. Por se tratar de um possível terrorismo cibernético, evite usar aparelhos eletrônicos."
 
   
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“Mensagem, mensagem. Erro Nº 100231-YF. Ondas eletromagnéticas ofensivas em violação às leis de rádio detectadas. Mau funcionamento do sistema detectado. Como isso é um possível terrorismo cibernético, evite usar aparelhos eletrônicos.”
Imagine Breaker e Railgun hesitantemente se viraram.
 
   
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Imagine Breaker e Railgun se viraram hesitantemente.
Um segundo depois, o robô de segurança disparou um alarme altíssimo.
 
   
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Um tambor estava virado de lado na calçada, esfumaçando enquanto falava para si mesmo de maneira incoerente.
   
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Logo em seguida, o robô de segurança começou a soar um alarme agudo.
Naturalmente, eles fugiram.
 
   
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Naturalmente, eles correram.
Ambos entraram em um beco, chutaram um balde de plástico sujo, e assustaram um gato negro enquanto continuavam a correr.
 
   
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Eles entraram num beco, chutaram um balde de plástico e assustaram um gato preto enquanto continuavam sua corrida.
Pensando bem, eu não fiz nada de errado, ele pensou. Por que eu estou correndo com ela?
 
   
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(Parando pra pensar, eu nem fiz nada errado. Por que eu tô fugindo com ela?)
Mesmo pensando assim, ele continuou correndo. Apesar de tudo, ele ouviu falar que esses robôs de segurança custam 1.2 milhões de ienes cada (aprox. R$30,000).
 
   
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Mesmo depois de pensar isso, ele continuou correndo. Afinal, ele havia visto num talk show que esses robôs de segurança custavam 1,2 milhões de ienes<ref>R$32.520,00 em Abril de 2004.</ref> cada.
"Uhhh, que azar. Por que eu sempre sou pego em coisas relacionadas a ela?"
 
   
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“Uuhh...Mas que azar. Por que eu sempre me envolvo nos problemas ''dela''?”
"O que você quer dizer com isso?! E o meu nome é Misaka Mikoto!"
 
   
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“O que você tá querendo dizer!? E meu nome é Misaka Mikoto!”
Eles finalmente pararam de correr em um beco longe do local do evento anterior. Um dos prédios alinhados deve ter sido demolido pois havia uma área retangular aberta ali. Parecia um bom lugar para jogar basquete.
 
   
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Os dois finalmente tinham parado num beco de um beco de um beco. Um dos prédios enfileirados devia ter sido demolido pois uma área retangular havia aparecido ali. Parecia um lugar bom para jogar basquete.
"Cale-se, Biri Biri! Você destruiu todos os meus eletrônicos com aquele ataque ontem! O que você quer após isso ter acontecido?!"
 
   
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“Ah, cala essa boca, Biribiri! Você já destruiu todos os meus aparelhos eletrônicos com aquele raio de ontem! O que mais você quer!?”
"Foi sua culpa por ter me irritado!"
 
   
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“É culpa sua por me irritar!”
"Eu não entendo por que você ficou tão brava! Eu não encostei um dedo em você!"
 
   
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“Eu nem sei do que você tá com raiva! Eu nunca nem toquei em você!”
Após isso, Mikoto atacou Kamijou com seu arsenal completo, mas Kamijou negou tudo com sua mão direita. Desta vez, os ataques dela não terminaram com uma Railgun. Suas investidas variaram, reunindo areia de ferro para criar uma espada de ferro parecida com um chicote, enviando ondas eletromagnéticas poderosas para danificar orgãos internos ou até mesmo atrair um relâmpago do céu para atacar.
 
   
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Depois daquilo, Mikoto havia atacado Kamijou com tudo que ela tinha, e Kamijou havia bloqueado tudo com sua mão direita. O arsenal dela não acabava com aquela Railgun. Ela podia manipular pó de ferro para criar uma espada de metal que também funcionava como um chicote, mandar poderosas ondas eletromagnéticas para bagunçar seus órgãos internos, e ela podia acabar com tudo puxando um verdadeiro raio diretamente dos céus.
Mas nada disso foi páreo para Kamijou Touma.
 
   
Desde que houvesse uma origem sobrenatural, Kamijou Touma poderia negar.
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Mas nada disso era páreo para Kamijou Touma.
   
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Contanto que fosse um poder sobrenatural, Kamijou Touma podia negar.
"Você continua atacando e se cansando! Não use seus poderes tanto para depois me culpar por você não ter energia o suficiente para continuar, Biri Biri!"
 
   
  +
“Você continuou vindo com tudo pra cima de mim e se cansou! Não use seus poderes demais e depois me culpe quando não tiver força o suficiente pra continuar, Biribiri!”
"...!" Mikoto começou a ranger seus dentes. "Isso não contou. Não contou! Você não me atacou, então é um empate!!"
 
   
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“~~!!” Mikoto rangeu os dentes. “A-aquilo não valeu. Não pode valer! Você nunca me atacou! Foi um empate!!”
...
 
   
"...Tá. Você venceu. Te socar não vai consertar meu ar-condicionado."
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“Ah...Tá, tá. Você venceu. Te socar não vai consertar meu ar-condicionado.
   
"Ahh...! Espera! Leve isso a sério!!" Mikoto gritou enquanto agitava seu braço.
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“Gah...! P-pera! Leva isso a sério!! Mikoto gritou enquanto sacudia os braços.
   
 
Kamijou suspirou.
 
Kamijou suspirou.
   
"Você quer mesmo que eu leve isso a sério?"
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“''Você tem certeza que quer que eu leve isso a sério''?
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“Ah...” Mikoto se interrompeu.
   
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Kamijou cerrou levemente o punho direito e então o abriu novamente. Um suor frio começou a escorrer pelo corpo de Misaka Mikoto por causa daquela simples ação. Ela congelou, incapaz de sequer recuar.
"Ah..." Mikoto congelou.
 
   
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Mikoto não sabia qual era o verdadeiro poder de Kamijou, então Kamijou era verdadeiramente um terror desconhecido para ela por ter selado todos os seus trunfos sem nem mesmo suar a camisa.
Kamijou abriu e fechou seu punho. Misaka Mikoto começou a soar frio com essa simples ação. Ela congelou, não conseguiu nem mesmo dar um passo para trás.
 
   
  +
Não era tão surpreendente. Kamijou Touma havia recebido os ataques de Misaka Mikoto por mais de duas horas seguidas sem receber um único arranhão. Era natural da parte dela questionar o que aconteceria se ele levasse as coisas a sério.
Mikoto não sabia o que o poder de Kamijou era. Então, para ela, Kamijou era um terror desconhecido que selava todas as cartas da sua manga sem nem mesmo ofegar.
 
   
  +
Kamijou suspirou e desviou o olhar.
Não era surpreendente. Kamijou Touma resistiu os ataques de Misaka Mikoto por duas horas seguidas sem sofrer um arranhão. Era natural para ela se perguntar se ele estava levando a sério.
 
   
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Como se as cordas prendendo-a tivessem sido cortadas, Mikoto finalmente deu alguns passos tortos para trás.
Kamijou suspirou e desviou seu olhar.
 
   
  +
“...Do que mais eu posso chamar isso além de azar?” Kamijou estava chocado com o quão assustada ela estava. “Primeiro os meus eletrodomésticos foram fritados, depois apareceu aquela suposta maga, e agora eu encontro a usuária de habilidade Biribiri de tarde.”
Mikoto finalmente deu alguns passos para trás.
 
   
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“Maga? Hein?”
"...O que seria isso se não azar?" Kamijou ficou chocado ao ver o quão assustada ela estava. "Primeiro os eletrônicos do meu quarto foram dizimados, depois uma garota afirmando ser uma maga apareceu, e agora essa esper Biri Biri."
 
   
  +
“...” Kamijou parou por um momento. “É... É isso que eu quero saber.”
"Maga...? O quê?"
 
   
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Normalmente, Mikoto teria gritado “Você tá me zoando!? Sua cabeça é tão confusa quanto seu poder!?” e então feito Biribiri. No entanto, ela estava pulando de susto toda vez que ele olhava em sua direção.
"..." Kamijou pensou por um momento. "É... É isso o que eu queria saber."
 
   
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Tinha sido um blefe para enganar ela, mas ele havia se sentido mal com o quão efetivo ele tinha sido.
Normalmente, Mikoto gritaria, "Você tá brincando comigo?! Seu cérebro é tão estranho quanto esse poder?!" e então iria "Biri Birizar". Mas naquele dia, ela só poderia pular de susto.
 
   
O que era toda essa coisa de magia? Kamijou se perguntou.
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(Afinal, o que era aquela história de magos?)
   
Kamijou se lembrou do que aconteceu naquela manhã. A freira branca realmente usou aquela palavra, mas agora que ele pensou novamente, aquele termo era realmente removido da realidade.
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Kamijou havia se lembrado dos eventos daquela manhã. Aquela freira branca havia usado aquela palavra com naturalidade, mas agora que ele pensava nisso, o termo era definitivamente algo removido da realidade.
   
Eu me pergunto por que eu não senti isso quando Index estava por perto, ele considerou.
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(Eu me pergunto por que não pareceu tão estranho quando Index estava por perto.)
   
Havia algo misterioso que fez magia se tornar algo mais acreditável?
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Havia algo misterioso ali que havia feito aquilo parecer mais crível?
   
"...O que eu estou pensando?" murmurou Kamijou enquanto ignorava completamente Misaka Mikoto que estava tremendo como um cachorrinho.
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...Pera, no que eu pensando? murmurou Kamijou ignorando completamente aquela Biribiri chamada Misaka Mikoto que estava tremendo de medo como um cachorrinho.
   
Ele cortou seus laços com Index e o mundo em que ela vivia. O mundo era bem grande e era improvável encontrá-la em uma coincidência. Pensar sobre magos não tinha sentido.
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Ele tinha cortado laços com Index e o mundo em que ela vivia. O mundo era um lugar grande, então era improvável que ele esbarrasse com ela de novo por mera coincidência. Pensar sobre magos não tinha sentido.
   
Apesar disso, ele não conseguia tirar aquilo da sua mente.
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Apesar disso, ele não conseguia tirar aquilo da cabeça.
   
Ele ainda tinha o capuz que ela havia esquecido de manhã.
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Ele ainda tinha aquele capuz branco que ela havia esquecido em seu quarto.
   
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Aquela conexão restante continuou a cutucar irritantemente os cantos de sua mente.
Essa conexão continuava irritando seu cérebro
 
   
Nem mesmo Kamijou sabia por que ele estava pensando nisso.
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Nem mesmo Kamijou Touma sabia por que ele estava pensando tanto nisso.
   
Afinal, ele possuía o poder para matar até mesmo Deus.
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Afinal, ele tinha o poder para matar até mesmo Deus.
   
 
===Parte 6===
 
===Parte 6===
   
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Nos tempos modernos, não dava pra comprar um gyuudon<ref>Um prato japonês que consiste em uma tigela de arroz coberta de bife e cebola cozidos com um molho levemente adocicado feito de dashi (peixe e algas), shouyu (molho de soja) e mirin (vinho de arroz doce). As vezes vem com ovo cru ou cozido, negi (alho-poró), queijo ralado e/ou kimchi. Popularmente no Japão é acompanhado de beni shouga (gengibre picado), shichimi (pimentas amassadas), e um prato de sopa misoshiru (sopa de missô).</ref> grande com apenas 320 ienes.
Não dava para comprar um gyuudon grande com apenas 320 ienes, na Academy City.
 
   
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“.............................................Normal, eh?”
"... ... ...Tamanho regular, hm?"
 
   
As garotas que alegremente comiam um bento do tamanho de uma light novel não iriam entender, mas um garoto cansado e em fase de crescimento considerava o tamanho regular apenas um lanchinho.
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As garotas que alegremente comiam um bentou<ref>Também chamado de “obentou” (お弁当), é um tipo de marmita japonesa para uma pessoa.</ref> do tamanho de uma light novel provavelmente não entenderiam, mas um garoto em fase de crescimento não conseguia ver um bentou de tamanho normal como algo além de um lanchinho.
   
Após se despedir da garota Biri Biri, Kamijou foi a um restaurante de gyuudon para comer seu "lanchinho". Com apenas 30 ienes sobrando, ele chegou ao seu dormitório após o pôr do sol.
+
Depois de se livrar da garota Biribiri, Kamijou tinha ido para um restaurante de gyuudon para comer seu “lanche”. Com apenas trinta ienes<ref>R$0,81 em Abril de 2004</ref> sobrando (incluindo impostos), ele se aproximou do prédio de seu dormitório após o por do sol.
   
 
O lugar parecia deserto.
 
O lugar parecia deserto.
   
  +
Era o primeiro dia das férias de verão, então todo mundo devia estar se divertindo na cidade.
Era o primeiro dia das férias de verão e a maioria das pessoas saíram para se divertir. A construção parecia um típico edifício de apartamentos. Fileiras de portas se estendiam ao longo dos corredores. Por ser um dormitório masculino, não havia nenhuma proteção no corrimão para proteger as garotas de eventuais espiadelas por baixo de suas saias.
 
   
  +
O prédio parecia com um prédio padrão de kitnets. Fileiras de portas se alinhavam ao longo de corredores numa das paredes. O corrimão de metal não tinha coberturas de plástico impedindo que pessoas espiassem debaixo da saia de garotas, pois este era um dormitório masculino.
As portas dianteiras e as sacadas ao fundo eram construídas nas partes laterais da construção.
 
   
  +
As portas de entrada encaravam a rua e as sacadas eram construídas no lado oposto, em outras palavras, nos vãos entre os prédios.
A entrada para o prédio possuía auto-travamento, mas a distância entre este e os prédios vizinhos era de apenas dois metros. Qualquer um poderia invadir o dormitório pulando de um prédio para outro, como Index havia feito naquela manhã.
 
   
  +
A entrada do prédio tinha uma trava automática, mas a distância entre prédios era de apenas dois metros. Qualquer um podia invadir o dormitório pulando de telhado para telhado como Index havia feito naquela manhã.
Kamijou entrou, passou pela despensa (também conhecida como "quarto do administrador do dormitório") e pegou o elevador. O elevador era desagradável, sujo e estreito. Parecia um daqueles pequenos elevadores de carga utilizados nas construções. O botão com a letra "R", indicando acesso ao terraço estava bloqueado com uma pequena placa de metal para que os Romeus e Julietas não passassem a noite lá.
 
   
  +
Kamijou passou pela entrada com trava automática, passou pelo ''depósito conhecido como o quarto do supervisor do dormitório'' e entrou no elevador. O elevador era mais apertado e sujo do que um elevador de carga de uma fábrica, e o botão “C”, indicando a cobertura, estava bloqueado com uma pequena placa de metal para impedir os Romeus e as Julietas de passarem as noites lá.
Com o soar de um "ding", o elevador parou no sétimo andar.
 
   
  +
Com um ''ding'' parecido com o de um forno micro-ondas, o elevador parou no sétimo andar.
Kamijou forçou a porta que lentamente abria com um som metálico e entrou no corredor. Ele estava no sétimo andar, mas não havia vento. Por isso, o clima parecia mais quente e abafado do que de costume.
 
   
  +
Kamijou empurrou a porta que travou ao abrir e saiu para o corredor. Ele estava no sétimo andar, mas não tinha vento e parecia estar mais quente e abafado do que antes.
"Hm?"
 
   
  +
“Hm?”
Kamijou finalmente percebeu algo. Na frente da porta de seu quarto, estavam três robôs de limpeza. Era algo raro ver três deles juntos. Ele tinha certeza de que apenas cinco estavam designados para aquele dormitório.
 
   
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Kamijou finalmente percebeu algo. Seguindo o corredor, bem na frente de sua porta, três robôs de limpeza estavam reunidos. Ver três deles era raro. Pra começo de conversa, ele tinha quase certeza que apenas cinco deles trabalhavam naquele dormitório.
Pela maneira que estavam se movendo para frente e para trás, eles pareciam estar limpando uma tremenda sujeira. Por alguma razão desconhecida, Kamijou sentiu o cheiro do azar retornar.
 
   
  +
Do jeito em que eles estavam tremendo para frente e para trás, eles pareciam estar limpando uma bagunça terrível.
Os robôs conseguiam arrancar até mesmo chiclete grudado no chão. Era difícil imaginar algum tipo de sujeira que daria problemas a três deles.
 
   
  +
Por algum motivo, Kamijou teve uma intensa premonição de azar.
Kamijou estremeceu ao pensar que talvez seu vizinho Tsuchimikado Motoharu tenha se embebedado tentando agir como um delinquente para perder sua virgindade e acabou vomitando em absurdas quantidades, utilizando a porta de Kamijou como poste telefônico.
 
   
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Cada um daqueles robôs tinha poder o suficiente para arrancar chiclete mascado preso ao chão, então o que estava sendo trabalhoso para três? Kamijou estremeceu ao pensar na possibilidade de seu vizinho, Tsuchimikado Motoharu, ter ficado bêbado enquanto agia feito um delinquente para perder a virgindade e então vomitado em quantidades absurdas, usando a porta de Kamijou como um poste telefônico.
"O que aconteceu...?"
 
   
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“O que aconteceu...?”
As pessoas possuem uma tendência desgraçada de querer ver coisas horríveis.
 
   
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As pessoas tinham uma tendência infeliz de querer ver coisas terríveis.
Após dar alguns passos para frente, ele finalmente viu.
 
   
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Depois de dar alguns passos para frente no automático, ele finalmente viu.
A garota misteriosa chamada Index havia desmaiado de fome.
 
   
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A misteriosa garota chamada Index havia desmaiado de fome.
"... ... ...Ah!"
 
   
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“...............................................................Ahh.”
Ela não estava inteiramente visível por causa dos robôs, mas alguém vestindo um hábito de freira coberto por alfinetes estava desmaiada.
 
   
  +
Ele não conseguia ver ela por inteiro por causa dos robôs, mas alguém vestindo um hábito de freira branco coberto em pinos de segurança estava claramente deitado com a cara no chão.
Embora os três robôs constantemente batiam nela, Index não estava se movendo. Parecia que ela estava sendo bicada por corvos.
 
   
  +
Mesmo que os robôs de limpeza estivessem se chocando contra ela, Index não estava se mexendo. Fazia-a parecer ainda mais patética, como se ela estivesse sendo bicada por corvos da cidade. Pra início de conversa, os robôs de limpeza eram programados pra evitar as pessoas e outros obstáculos, então por que ela estava sendo tratada como lixo por aquelas máquinas?
Os robôs foram feitos para desviar das pessoas e outros obstáculos. Por que as máquinas falharam em confirmá-la como "humana"?
 
   
"...Que azar."
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...Eu acho que isso também é azar.
   
  +
Kamijou Touma teria se surpreendido se visse seu próprio rosto num espelho naquele momento. Ele tinha um grande sorriso em seu rosto.
Se Kamijou Touma tivesse visto seu rosto no espelho, ele se surpreenderia ao ver um sorriso. No fundo, ele estava preocupado. Ele não acreditava nos magos, mas era possível que alguma seita estivesse perseguindo a garota.
 
   
  +
No fundo ele esteve preocupado. Ele podia não ter acreditado naquela história sobre magos, mas era possível que um culto estivesse caçando a garota por aí.
Ele estava feliz por vê-la em seu estado habitual: faminta.
 
   
Na verdade, ele estava feliz por simplesmente vê-la novamente.
+
Ele estava feliz em ver ela em seu estado natural(?).
   
  +
E mesmo ignorando essas preocupações, ele simplesmente estava feliz em vê-la de novo.
Kamijou então se lembrou do que ela havia esquecido: o capuz branco que estava em seu quarto. Ele achou estranho, mas Kamijou via aquele capuz como um amuleto.
 
   
  +
Kamijou então se lembrou daquilo que ela tinha esquecido: o capuz branco que ele não havia devolvido. Ele achou estranho ver aquele capuz como um tipo de amuleto.
"Ei! O que você está fazendo aqui?"
 
   
  +
“Ei! O que você tá fazendo aqui?”
Ele a chamou e foi até ela.
 
   
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Ele a chamou e correu até ela.
Por que a simples ação de ir até ela me faz sentir como um estudante do ensino fundamental que não consegue dormir a noite anterior a uma viagem escolar? Por que a cada passo que dou eu me sinto como se estivesse indo a uma loja para comprar o lançamento de um RPG aguardado? Era o que ele pensava naquele momento.
 
   
  +
(Por que correr até lá tá fazendo eu me sentir como uma criancinha que não consegue dormir na noite anterior a uma viagem? Por que cada passo que eu dou me passa a sensação de que eu tô indo pra uma loja no dia de lançamento de um RPG dos grandes?)
Index ainda não o notou.
 
   
  +
Index ainda não tinha percebido ele.
Kamijou Touma forçou um sorriso ao ver como Index se adequava naquela situação.
 
   
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Kamijou Touma se impediu de sorrir por aquilo ser muito “a cara da Index”.
E então, ele notou que Index estava caída em uma poça de sangue.
 
   
  +
E então ele finalmente notou que Index estava deitada em uma poça de sangue.
"...Ah...?"
 
   
  +
“...Ah...?”
A primeira coisa que ele sentiu foi confusão, não surpresa.
 
   
  +
A primeira coisa que ele sentiu foi confusão, não choque.
Ele não conseguiu ver isso antes porque os robôs estavam na frente. Index tinha um corte horizontal na parte inferior das suas costas. A ferida foi causada por uma espada, mas era muito reta. Parecia que alguém havia usado uma régua e um estilete para feri-la. A ponta de seu cabelo prateado, que caía à altura da cintura, foi cortada e estava no chão, encharcado com o líquido vermelho.
 
   
  +
Ele não tinha visto antes por causa dos robôs de limpeza no caminho. Como ela estava deitada com a cara no chão, ele conseguia ver um corte horizontal na parte inferior das suas costas. O ferimento era de uma lâmina, mas ele era tão reto que parecia que alguém havia usado uma régua e um estilete. As pontas de seu cabelo prateado que caia à altura da cintura haviam sido cortadas e aquele cabelo prateado havia sido tingido de vermelho pela substância vermelha saindo da ferida.
Por um instante, Kamijou não havia compreendido que aquilo era sangue humano.
 
   
  +
Por um momento, Kamijou foi incapaz de compreender que aquilo era sangue humano.
A diferença na realidade entre o momento anterior e o momento após deixou a mente de Kamijou um completo caos. Ketchup...? Será que Index estava com tanta fome que tomou ketchup antes de desmaiar? Com essa imagem agradável e errada da situação, Kamijou quase sorriu.
 
   
  +
A diferença na realidade entre o momento anterior e o momento seguinte mandou seus pensamentos para o espaço. Vermelho...vermelho...ketchup? Teria Index usado o restante de suas forças para beber ketchup antes de desmaiar de fome? Com essa figura agradável em mente, Kamijou quase sorriu.
Ele quase sorriu, mas não o fez.
 
   
  +
Ele quase sorriu, mas ele no fim não conseguiu.
Não haveria como ele fazer isso.
 
   
  +
Não tinha como ele sorrir.
Os três robôs de limpeza continuavam a se movimentar, criando um ruído metálico. Eles estavam limpando a mancha no chão. Eles estavam limpando a substância vermelha espalhada no chão. Eles estavam limpando a substância vermelha que emanava do corpo de Index. Eles estavam sugando o sangue de Index.
 
   
  +
Os três robôs de limpeza continuaram a se mover pra frente e pra trás, fazendo ruídos metálicos a cada colisão. Eles estavam limpando a mancha no chão. Eles estavam limpando a substância vermelha que se espalhava no chão. Eles estavam limpando a substância vermelha que saía do corpo de Index. Como o ato de limpar uma ferida com um trapo sujo, eles estavam drenando tudo de dentro do corpo de Index.
"Parem... Parem! Merda!!"
 
   
  +
“Pa...rem. Parem! Droga!!”
Enfim, os olhos de Kamijou voltaram à realidade. Ele tentou retirar dali os robôs que estavam próximos a Index. Ele falhou, pois os robôs eram pesados justamente para previnir roubos. Além disso, os robôs de limpeza possuíam uma força considerável.
 
   
  +
Os olhos de Kamijou finalmente retomaram foco na realidade. Ele desesperadamente agarrou um dos robôs de limpeza reunidos ao redor da Index gravemente ferida. Os robôs foram construídos com um peso inacreditável e desnecessário para prevenir roubos e eles tinham bastante potência de locomoção, então ele falhou em afastá-los dela.
Na realidade, os robôs de limpeza estavam apenas limpando o sangue no chão. Não haviam tocado na ferida de Index. Mesmo assim, Kamijou os viu como insetos em volta de uma ferida podre.
 
   
  +
Claro, os robôs de limpeza estavam apenas limpando a mancha que continuava a se espalhar no chão, então eles não estavam tocando o ferimento de Index. Ainda assim, Kamijou viu eles como insetos reunidos em volta de uma ferida podre.
Ele tinha dificuldades em tentar movimentar um desses robôs pesados, imagine três. Enquanto ele tentava afastar um, os outros dois continuavam limpando o sangue.
 
   
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E ainda assim, ele estava tendo dificuldades em mover um daqueles robôs pesados e poderosos, quem dirá três? Enquanto seu foco estava em um deles, os outros dois iriam se livrar da mancha.
Ele tinha o poder para matar até mesmo Deus.
 
   
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Ele devia ter o poder capaz de matar até mesmo deus.
Mas era incapaz de tirar esses brinquedos do caminho.
 
   
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E ainda assim, ele era incapaz de tirar esses brinquedos do caminho.
Index estava em silêncio.
 
   
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Index não disse nada.
Seus lábios pálidos estavam imóveis, ele não tinha certeza se ela estava respirando.
 
   
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Seus lábios roxos e pálidos estavam tão imóveis que ele não tinha certeza se ela estava respirando.
"Merda! Merda!!" Kamijou gritou, confuso. "O que aconteceu? Que porra aconteceu?! Droga! Quem foi o desgraçado que te fez isso?!"
 
   
  +
“Droga, droga!!” Kamijou gritou em confusão. “O que aconteceu? O que aconteceu, porra!? Caralho! Quem foi o desgraçado que fez isso com você!?”
"Hm? Nós, os magos."
 
   
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“Hm? Fomos nós, os magos.”
Uma voz surgiu. Ela não pertencia a Index.
 
   
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A voz que vinha detrás dele não era de Index.
Kamijou virou-se freneticamente. Um homem estava parado ali. Ele pareceu ter chegado lá pelas escadas de emergência, próximas ao elevador.
 
   
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E foi exatamente por isso que Kamijou girou o corpo inteiro como se ele fosse socar a pessoa. Um homem estava parado lá, ele tinha vindo do...não, não do elevador. Parecia que ele tinha vindo da escadaria de emergência próxima ao elevador.
Ele era branco, tinha dois metros de altura, mas sua face dava a impressão de que ele era mais jovem que Kamijou.
 
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O homem branco tinha mais de dois metros de altura, mas seu rosto parecia mais jovem que o de Kamijou.
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Sua idade era...provavelmente quatorze ou quinze anos, assim como Index. Sua altura era característica de estrangeiros. Suas roupas eram...uma versão completamente preta dos hábitos vestidos por padres nas igrejas. Entretanto, era improvável que você encontrasse alguém que chamaria aquele homem de padre, mesmo que você rodasse o mundo inteiro.
   
 
[[Image:Index v01 085.jpg|thumb]]
 
[[Image:Index v01 085.jpg|thumb]]
   
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Podia ser por que ele estava contra o vento, mas Kamijou conseguia sentir o cheiro do perfume nauseantemente doce dele apesar dele estar a mais de quinze metros de distância. Seu cabelo loiro na altura dos ombros havia sido tingido de vermelho como o por do sol, anéis prateados brilhavam em seus dez dedos como se ele estivesse usando um soco-inglês, ele tinha brincos venenosos em suas orelhas, uma alça de celular podia ser vista em um de seus bolsos, um cigarro aceso movia-se no canto de sua boca, e pra finalizar, ele tinha uma tatuagem semelhante a um código de barras debaixo de seu olho direito.
Ele tinha... 14 ou 15 anos de idade. Parecia ser estrangeiro, suas roupas... eram iguais aos hábitos dos padres. Mas julgando pela sua aparência, ele não tinha nada a ver com um padre.
 
   
  +
Não dava pra o chamar de padre, mas também não dava pra o chamar de delinquente, para ser preciso.
Kamijou sentia o odor horrível de seu perfume doce mesmo estando a 15 metros de distância dele. Seu cabelo loiro na altura do ombro era tingido de vermelho, anéis prateados brilhavam em todos os seus dedos, brincos estavam pendurados em suas orelhas, a ponta de seu celular podia ser vista em seu bolso, um cigarro aceso movia-se em sua boca, e, para completar, ele tinha uma tatuagem de código de barras embaixo de seu olho direito.
 
   
  +
O ar ao redor de onde aquele homem estava parado no corredor era claramente estranho.
No corredor, a atmosfera em torno daquele homem era estranha.
 
   
Era como se a área estivesse sendo controlada por forças diferentes das que Kamijou estava acostumado. Esse estranho sentimento se espalhou pela área como tentáculos gelados.
+
Era como se a área estivesse sendo governada por regras completamente diferentes das que Kamijou havia usado até aquele ponto. Aquela sensação estranha se espalhou na área como tentáculos gelados.
   
O que Kamijou sentia não era medo ou raiva...
+
O que Kamijou sentiu primeiro não foi medo nem raiva.
   
...Mas sim confusão e mal-estar. Era uma solidão desesperadora, semelhante a ter sua carteira roubada em um país estrangeiro. Esses tentáculos gelados entraram em seu corpo e congelaram seu coração. Foi quando Kamijou percebeu algo.
+
Foi confusão e desconforto. Era uma solidão desesperadora, como se sua carteira tivesse sido roubada em um país no qual ele não conhecia a língua. O a sensação de “tentáculos gelados” se espalhou pelo seu corpo e congelou seu coração, mas então Kamijou percebeu algo.
   
''Um mago.
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''Isso é um mago''.
   
Este é um mundo diferente, onde coisas estranhas como magos existem.''
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''Este se tornou um mundo diferente onde coisas estranhas como magos existem''.
   
Ele podia dizer isso à primeira vista.
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Ele podia dizer com confiança.
   
 
Ele ainda não acreditava em magos...
 
Ele ainda não acreditava em magos...
   
Mas, ele podia dizer que esse sujeito era residente de um lugar que estava além do mundo em que ele vivia.
+
Mas ele podia dizer que este era definitivamente um habitante de um lugar além do mundo em que ele vivia.
   
"Hm? Hm... hm... hm. Ela pegou ela de jeito." O mago olhou em volta e balançou o cigarro no canto de sua boca enquanto falava. "Eu sabia que Kanzaki havia cortado ela, mas isto é... Eu achei que não havia nada para me preocupar pois não havia nenhum rastro de sangue..."
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“Hm? Hm, hm, hm. Ela pegou ela de jeito. O mago olhou ao redor e o cigarro no canto de sua boca balançou enquanto ele falava. “Eu soube que a Kanzaki cortou ela, mas isso... Eu achei que não havia motivos para me preocupar pois não tinha um rastro de sangue...
   
O mago observou os robôs de limpeza que estavam atrás de Kamijou Touma.
+
O mago olhou para os robôs de limpeza reunidos atrás de Kamijou Touma.
   
Provavelmente, Index foi "cortada" em outro lugar e conseguiu chegar com vida antes de desmaiar. Ela certamente havia deixado um rastro de sangue, mas os robôs de limpeza apagaram qualquer marca.
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Possivelmente, Index havia sido “cortada” em outro lugar e conseguido escapar até aqui com vida antes de desmaiar. Ela devia ter deixado um rastro de sangue fresco no caminho, mas os robôs de limpeza haviam coberto seu rastro.
   
"Mas... por quê?"
+
“Mas...por que?
   
"Hã? Você quer dizer por que ela voltou para cá? Quem sabe? Talvez ela tenha esquecido algo. Pensando bem, ela estava com seu capuz quando eu atirei nela ontem. Será que ela perdeu em algum lugar por aqui?"
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“Hm? Você pergunta por que ela voltou pra cá? Quem sabe. Talvez ela tenha esquecido algo. Parando pra pensar, ela estava com seu capuz quando eu atirei nela ontem. Ela o perdeu em algum lugar?
   
  +
O mago parado na frente de Kamijou havia dito “voltou”.
O mago usou a palavra "voltou".
 
   
Em outras palavras, ele estava seguindo as ações de Index o dia inteiro. E ele sabia que ela havia perdido o capuz de sua Walking Church.
+
Em outras palavras, ele havia seguido os passos de Index durante todo o dia. E ele sabia que ela havia perdido o capuz de sua Igreja Ambulante.
   
Index havia falado algo sobre os magos estarem rastreando o poder mágico na sua Walking Church.
+
Index havia dito algo sobre os magos procurando o poder mágico da Igreja Ambulante.
   
Isso significa que os magos estavam seguindo Index detectando o poder sobrenatural na sua Walking Church. Eles saberiam que a Walking Church foi destruída quando o "sinal" cortasse. Index havia mencionado isso também.
+
Isso significava que os magos estavam seguindo Index ao detectar o poder sobrenatural de sua Igreja Ambulante. Eles saberiam que a Igreja Ambulante havia sido destruída quando o “sinal” desapareceu...Index havia mencionado isso também.
   
Index sabia que ficaria vulnerável.
+
Mas Index também deveria saber disso.
   
Ela sabia, mas pareceu ter contado com os poderes defensivos da Walking Church.
+
Ela tinha que saber, mas parece que ainda assim ela contou com os poderes defensivos da Igreja Ambulante.
   
Mas por que ela voltou? Por que ela precisiva recuperar uma parte da Walking Church que foi destruída e era inútil? A mão direita de Kamijou havia inutilizado inteiramente a Walking Church, não havia sentido em recuperar o capuz.
+
Mas por que voltar, então? Por que ela precisava recuperar uma porção da destruída, e portanto inútil, Igreja Ambulante? A mão direita de Kamijou havia inutilizado toda a Igreja Ambulante, então não fazia sentido recuperar o capuz.
   
''"...Então, você vai me seguir até as profundezas do inferno?"''
+
“—''Então você me seguiria até as profundezas do inferno?''
   
De repente, ele entendeu.
+
De repente, tudo se encaixou.
   
Ele nunca tocou no capuz da Walking Church que estava em seu quarto. Em outras palavras, o capuz ainda possuía poder mágico. Ela deve ter pensado que os magos poderiam rastreá-lo até o quarto de Kamijou.
+
Kamijou lembrou-se de algo. Ele nunca tocou no capuz da Igreja Ambulante que havia sido deixado em seu quarto. Em outras palavras, o capuz ainda tinha poder mágico. Ela deve ter pensado que os magos poderiam detectá-lo e ir até .
   
E então, Index encarou o perigo e decidiu "voltar".
+
E então Index havia enfrentado o perigo para “voltar”.
   
"...Sua idiota."
+
...Sua idiota.
   
Não havia necessidade de fazer isso. Foi a falta de jeito de Kamijou que havia destruído sua Walking Church, foi ele que percebeu que ela havia esquecido seu capuz no seu quarto e deixou por assim mesmo. E mais importante, Index não tinha o dever, obrigação, ou direito de proteger Kamijou.
+
Não havia necessidade para fazer isso. Tinha sido a falta de tato de Kamijou que destruiu sua Igreja Ambulante, e ele havia percebido que ela havia deixado seu capuz no seu quarto e ainda assim ele o deixou lá. E acima de tudo, Index não tinha nenhuma obrigação, dever ou direito de proteger Kamijou.
   
Mesmo assim, ela voltou.
+
Mesmo assim, ela não conseguiu evitar e voltou.
   
Kamijou Touma era um completo estranho que ela conheceu a muito pouco tempo.
+
Kamijou Touma era um completo estranho que ela conhecia menos de meia hora.
   
Mesmo assim, ela arriscou sua vida para impedir que ele se envolvesse em uma luta entre magos.
+
E ainda assim ela não pode evitar, arriscou sua vida e voltou para impedi-lo de se envolver naquela luta com magos.
   
"Sua idiota!!"
+
“Sua idiota!!
   
O estado imóvel de Index o irritou por alguma razão.
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As costas imóveis de Index o irritou por algum motivo estranho.
   
Antes, Index havia dito que a causa do azar de Kamijou era sua mão direita.
+
Index havia dito a Kamijou que seu azar era por causa de sua mão direita.
   
Aparentemente, sua mão direita estava subconscientemente negando os poderes sobrenaturais como a proteção divina de Deus e a linha vermelha do destino.
+
Aparentemente, sua mão direita estava negando inconscientemente até mesmo os leves poderes sobrenaturais em coisas como a proteção divina de deus e o fio vermelho do destino.
   
Se Kamijou não houvesse tocado e destruído sua Walking Church, não haveria motivo para ela retornar.
+
E se Kamijou não tivesse a tocado tão desleixadamente e destruído sua Igreja Ambulante, ao menos ela não teria voltado.
   
Não. Essas desculpas não importam, ele considerou.
+
(Não. Essas desculpinhas não importam.)
   
Sua mão direita e a destruição da Walking Church não eram a razão para ela sentir que deveria voltar.
+
Sua mão direita e a destruição de sua Igreja Ambulante não era a razão pela qual ela havia voltado.
   
Se Kamijou não tivesse desejado por uma conexão... Se ele tivesse devolvido o capuz dela naquela hora.
+
Se Kamijou não tivesse desejado por aquela conexão...
   
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Se ele tivesse devolvido o capuz caído dela naquele momento...
"Hm? Hm... hm... hm? Vamos, não me olhe assim." O cigarro no canto da boca do mago se movia enquanto ele falava. "Não fui eu que fiz isso e eu duvido que Kanzaki tenha feito isso de propósito. A Walking Church deveria ser uma defesa absoluta, ela não deveria ter sido ferida. Honestamente, o que aconteceu para aquilo ter sido destruído? A menos que o Dragão de São Jorge tenha atacado, eu não vejo como uma barreira de um nível tão alto poderia ser quebrada."
 
   
  +
“Hm? Hm, hm, hm? Vamos, não olhe pra mim desse jeito.” O cigarro no canto da boca do mago balançou quando ele falou. “Não fui eu que cortei ela, e eu duvido que a Kanzaki tenha planejado que isso virasse algo sangrento. A Igreja Ambulante devia ser uma defesa absoluta, afinal. Sério, ela não devia ter sido ferida por aquilo. ...Sinceramente, que tipo de reviravolta do destino fez com que aquilo fosse destruído? A não ser que o Dragão de São Jorge tenha retornado, eu não vejo como uma barreira de classe papal poderia ser destruída.”
Ele falou para si mesmo esta última parte e seu sorriso desapareceu quando ele o fez.
 
   
  +
Aquela última parte ele falou para si mesmo e seu sorriso desapareceu.
Porém, durou apenas um instante. O cigarro no canto de sua boca se contorceu novamente, como se repentinamente ele tivesse se lembrado de como sorrir.
 
   
  +
Entretanto, isso foi por apenas um instante. O cigarro no canto de sua boca moveu-se para cima como se ele tivesse repentinamente lembrado-se de sorrir.
"Por quê?" Kamijou perguntou mesmo não esperando uma resposta. "Por quê? Eu não acredito em magia de contos de fadas e eu não entendo os magos ou seja lá o que vocês são. Mas não há vilões e mocinhos entre vocês? Não há magos que protegem as pessoas?"
 
   
  +
“Por que?” Kamijou perguntou apesar de não esperar uma resposta. “Por que? Eu não acredito na magia dos contos de fadas e eu não entendo magos ou o que quer que você seja. Mas não existem os tipos bons e maus entre vocês? Não existem magos que protegem coisas e pessoas?”
Ele sabia muito bem que não tinha o direito de ser moralista.
 
   
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Ele sabia muito bem que ele não tinha o direito de ser moralista.
Quando Index foi embora, Kamijou Touma a deixou ir e voltou para sua vida normal.
 
   
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Quando Index saiu, Kamijou Touma havia a deixado ir e voltou para sua vida ordinária.
Mas ele não conseguiu suprimir estas palavras na sua garganta.
 
   
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E mesmo assim ele não pode evitar que as palavras escapassem de sua garganta.
"Você encurralou essa garota, a perseguiu por todos os lugares, e depois a machucou desse jeito. Você consegue mesmo dizer que você é justo com essa realidade na sua frente?!"
 
   
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“Vocês encurralaram essa garotinha, caçaram ela por todos os lugares, e então feriram ela desse jeito. Você pode dizer que é justo com essa realidade te encarando!?”
"Como eu disse antes, Kanzaki fez isso, não eu." O mago pausou por um segundo. As palavras de Kamijou não o atingiram em nada. "E não importa se ela está ferida ou não, nós temos que recuperá-la."
 
   
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“Como eu disse, foi a Kanzaki que fez isso, não eu.” O mago parou por um segundo. As palavras de Kamijou não tinham o afetado de jeito algum. “E ferida ou não, nós temos que recuperá-la.”
"Recuperá-la?"
 
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“Recuperá-la?”
   
 
Kamijou não entendeu o que o mago quis dizer.
 
Kamijou não entendeu o que o mago quis dizer.
   
"Hm? Ah, entendo. Você conhecia a palavra 'mago', então pensei que você entendia a situação. Acho que ela estava com medo de te envolver nisso." O mago exalou fumaça de cigarro. "Sim, nós precisamos recuperá-la. Tecnicamente, não é ela que nós precisamos recuperar, e sim os 103,000 grimórios que ela possui."
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“Hm? Ah, entendi. Você conhecia a palavra ‘mago’, então eu assumi que você tinha sido bem informado sobre a situação. Acho que ela teve medo de te envolver. O mago exalou fumaça do cigarro. “É, temos que recuperá-la. Se bem que, tecnicamente, não é dela que precisamos; é dos 103.000 grimórios que ela possui.
   
...Esses 103,000 grimórios de novo.
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...Lá estavam aqueles 103.000 grimórios de novo.
   
"Sim, sim. Esse país não é muito religioso, então acho que você não entende," disse o mago em um tom entediado apesar de estar sorrindo. "A Index Librorum Prohibitorum é uma lista criada pela igreja de todos os livros malígnos que sujam sua alma apenas por lê-los. Mesmo se você anunciasse a existência desses livros perigosos, as pessoas, sem saberem, ainda poderiam comprá-los se não souberem os títulos dos livros. Portanto, ela se tornou algo como a prova severa de 103,000 livros deste tipo. Mas cuidado, ler um dos livros que ela possui tornaria alguém de uma nação irreligiosa como esta em um vegetal."
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“Eu entendo. Esse país não é muito religioso, então eu acho que você não compreende, disse o mago numa voz que parecia entediada apesar dele estar sorrindo. “O Index-Librorum-Prohibitorum<ref>Em japonês, isso está escrito desta maneira, ao invés do uso de kana. Do latim, Índice de Livros Proibidos.</ref> é a lista criada pela Igreja com todos os livros malignos que vão manchar sua alma ao serem lidos. Mesmo que você anuncie que esses livros estão por aí, as pessoas ainda podem conseguir um por acidente se elas não souberem seus títulos. Então, ela se tornou algo parecido com um cadinho de livros venenosos com 103.000 desses livros. Ah, e cuidado. Ler apenas um desses livros que ela possui transformaria alguém de uma nação irreligiosa como essa num vegetal.
   
Desconsiderando as palavras dele, Index não possuía um único livro. As linhas do corpo dela eram bem visíveis naquele hábito e seria óbvio se ela estivesse escondendo algum livro dentro de suas roupas. Não é nem mesmo necessário mencionar que seria impossível para uma pessoa carregar 100,000 livros por .
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Apesar do que ele disse, Index não tinha consigo nenhum livro. As linhas de seu corpo eram bem visíveis naquele hábito de freira, então estaria na cara se ela estivesse escondendo algo dentro de suas vestes. Sem levar em conta que ninguém poderia andar por carregando cem mil livros. Isso era o equivalente a uma livraria inteira.
   
"N-Não seja ridículo! Onde exatamente estão esses livros?!"
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“D-deixa de palhaçada! E onde é que estão todos esses livros!?”
   
"Ah, eles estão bem ali, na memória dela," o mago complementou como se fosse algo óbvio. "Você sabe o que é memória fotográfica perfeita? É a habilidade de memorizar tudo o que você vê em um instante e nunca esquecer um detalhe, frase ou letra. É como ser um escaneador humano." O mago sorriu, desinteressado. "Não está relacionado com o nosso oculto ou sua ficção científica. É uma condição natural. Ela esteve no Museu Britânico, no Museu do Louvre, na biblioteca do Vaticano, nas ruinas de Pataliputra, no Castelo de Compiègne, no Monastério do Monte Saint-Michel, e em qualquer outro lugar que continha grimórios que não poderiam ser retirados de onde estavam selados. Ela os roubou com seus olhos."
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“Ah, eles estão ali. Na memória dela, o mago disse como se isso fosse óbvio. “Você sabe o que é uma Memorização Perfeita?<ref>Em japonês, 完全記憶能力 (''Kanzen Kioku Nouryoku'', Habilidade de Memorização Perfeita); é, de alguma forma, diferente de 映像記憶 (''Eizou Kioku'', Memória Eidética), 写真記憶 (''Shashin Kioku'', Memória Fotográfica) e 直観像記憶 (''Chokkan-zou Kioku'', Memória de Imagem Intuitiva). Como “habilidade” é uma palavra normalmente associada ao Lado da Ciência, resolvemos ocultar ela por ser mencionada por um personagem do Lado da Magia.</ref> Parece ser a capacidade de memorizar tudo que você vê num instante e nunca esquecer uma única frase ou letra. Em termos leigos, ela te transforma numa escaneadora humana. O mago sorriu de maneira desinteressada. “Não tem nada a ver com o nosso oculto ou a sua ficção científica. É uma condição natural. Ela esteve no Museu Britânico, no Museu do Louvre, na Biblioteca Apostólica Vaticana, as ruinas de Pātaliputra,<ref>Pāṭaliputra(पाटलिपुत्र, Paataliputr) foi uma cidade da Índia Antiga, atualmente é a cidade Patná, capital do estado de Bihar.</ref> o Castelo de Compiègne, a Abadia do Monte Saint-Michel e todos os outros lugares com grimórios que não podem ser retirados de onde estão selados. Ela ''roubou eles com seus olhos'' e armazenou eles como uma biblioteca de grimórios.
   
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Kamijou simplesmente não podia acreditar.
Ele não conseguia.
 
   
Ele não conseguia acreditar na existência desse grimórios ou que ela tem uma memória perfeita.
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Ele não conseguia acreditar na existência desses grimórios, ou que ela tinha uma Memorização Perfeita.
   
Entretanto, o que importava não era se isso era verdade ou mentira, ''mas o fato de que alguém acreditava que isso era verdade'', resultando em um ferimento de corte nas costas de uma garota.
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Mas o que importava não era se isso era correto. O que importava era que alguém ''acreditava'' que isso era verdade e havia aberto as costas de uma garota.
   
"Bem, ela não tem capacidade para refinar poder mágico, portanto, ela é inofensiva." O cigarro no canto da boca do mago se moveu. "Mas eu acho que a igreja deve ter suas preocupações. Bom, isso não tem nada a ver com um reles mago como eu. De qualquer maneira, esses 103,000 grimórios são bem poderosos, então eu estou aqui para proteger ela antes que alguém que possa usá-los a leve."
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“Bem, ela não tem a capacidade de refinar poder mágico, então ela é inofensiva. O cigarro no canto da boca do mago moveu-se alegremente. “Mas que essa trava foi colocada, a Igreja deve ter suas preocupações. Não que isso tenha a ver com um mago como eu. De qualquer forma, esses 103.000 grimórios são bem perigosos, então eu vim proteger ela antes que ''alguém que possa usá-los'' venha pegá-la.
   
"Proteger... ela?"
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“Proteger...ela?
   
Kamijou estava perplexo. O que aquele homem acabou de dizer diante de uma cena tão sangrenta?
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Kamijou Touma estava abismado. O que aquele homem havia acabado de dizer na frente de uma cena tão sangrenta?
   
"Exatamente. Proteger ela. Não importa o quão sensível ou gentil ela seja, ela é suscetível à drogas e tortura. Apenas pensar em entregar uma garota para pessoas que fariam tudo para ler um grimório faz doer o meu coração, sabe?"
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“É, isso mesmo. Proteger ela. Não importa o quão sensível e gentil ela seja, ela não pode resistir torturas e drogas. O mero pensamento de entregar uma garota para pessoas como eles faz meu coração doer, sabe?
   
"..."
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...
   
O corpo de Kamijou tremeu.
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O corpo de Kamijou estava tremendo.
   
Não era puramente raiva, o braço de Kamijou arrepiou completamente. O homem em sua frente via-se como o único que tem a razão. Ele vivia ignorando seus próprios erros. O corpo de Kamijou encheu-se de calafrios, como se estivesse sendo mergulhado em uma banheira cheia de lesmas.
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Não era puramente raiva. Arrepios percorreram seu braço. O homem na sua frente via suas ações como corretas. Ele vivia ignorando os próprios erros. Tudo isso combinado mandou calafrios pelo corpo de Kamijou como se ele tivesse sido enfiado numa banheira com dezenas de milhares de lesmas.
   
O termo "seita religiosa" surgiu.
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O termo “culto insano” preencheu seu cérebro.
   
A ideia de magos caçando pessoas baseando-se em crenças infundadas o deixou irado.
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A ideia de magos que caçavam pessoas baseados em crenças sem fundamento fez com que ele sentisse como se as terminações nervosas em seu cérebro fossem explodir.
   
"Quem você pensa que é?!"
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“Porra, quem você pensa que é!?”
   
Ele sentiu sua mão direita esquentar, como se estivesse respondendo à sua raiva.
+
Sua mão direita parecia ter esquentado em resposta a sua raiva.
   
Seus dois pés que estavam plantados no chão começaram a se movimentar antes mesmo de seu cérebro pensar em fazer isso. Seu corpo espesso, de carne e sangue, foi em direção ao mago como uma bala. Ele cerrou seu punho direito com tanta força que parecia que seus dedos seriam esmagados.
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Seus pés que estavam plantados no chão moveram-se antes que ele sequer pensasse em mexê-los. Seu corpo espesso cheio de carne e sangue avançou contra o mago como uma bala. Ele cerrou seu punho direito com tanta força que ele sentiu que quebraria seus próprios dedos.
   
Sua mão direita não ajudaria contra um delinquente, não ajudaria a aumentar suas notas nas provas, e não ajudaria a torná-lo popular com as garotas.
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Sua mão direita era inútil. Ela não o ajudaria a derrotar nenhum delinquente, ela não aumentaria suas notas nos testes e ela não o faria popular com as garotas.
   
Mas ela poderia ser bem útil hoje. Afinal, ele poderia usá-la para espancar o imbecil na frente dele.
+
Mas sua mão direita podia ser muito útil. Afinal, ele podia usá-la para socar o desgraçado em sua frente.
   
"Meu nome é Stiyl Magnus, mas acho que neste momento devo me apresentar como Fortis931."
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“Eu preferiria me introduzir como Stiyl Magnus, mas pelo visto terei que ir com Fortis931.
   
O mago estava completamente imóvel, exceto pelo cigarro que se movimentava no canto de sua boca.
+
Entretanto, o mago estava completamente imóvel com exceção do cigarro balançando no canto de sua boca.
   
Após murmurar algo, ele falou para Kamijou como se estivesse apresentando o gato negro de estimação de que ele tinha tanto orgulho.
+
Após murmurar algo para si, ele falou para Kamijou como se estivesse introduzindo um gato preto de estimação no qual ele tinha orgulho.
   
"Esse é o meu nome mágico. Não conhece? Parece que nós magos não podemos usar nossos nomes reais. É uma tradição bem antiga, então eu não sei o porquê disto."
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“Este é o meu nome mágico. Não está familiarizado? Parece que nós, magos, não podemos usar nosso verdadeiro nome quando usamos magia. É uma tradição antiga, então eu mesmo não a entendo.
   
Havia uma distância de 15 metros entre eles.
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Havia 15 metros entre eles.
   
Em três passos, Kamijou bateu metade desta distância.
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Kamijou Touma cobriu metade dessa distância com apenas três passos.
   
"Fortis... Eu acho que significa 'o forte' em japonês. Bem, isso não importa. Para nós magos, não é apenas um aviso que iremos usar magia, mas sim..."
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“Fortis...Eu acho que em japonês, isso seria 'o forte'. Bem, a etimologia não importa tanto assim. O que importa é que eu lhe dei o nome. Para nós, magos, isso não é exatamente um nome que usamos para praticar magia, tá mais pra...
   
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Kamijou Touma deu mais dois passos no corredor.
Apesar de Kamijou ter avançado mais dois passos em sua direção, o sorriso do mago não se desfez. Era como se ele estivesse certo de que Kamijou não era um oponente à altura.
 
   
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Ainda assim, o sorriso do mago não se desfez. Ele parecia dizer que Kamijou não era um oponente digno a altura dele.
"...um aviso de que sangue será derramado, eu acho."
 
   
  +
“...um nome de assassinato, eu acho.”
O mago chamado Stiyl Magnus jogou o cigarro de sua boca para o lado.
 
   
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O mago chamado Stiyl Magnus pegou o cigarro em sua boca e o jogou para o lado.
O cigarro aceso voou horizontalmente, sobre o corrimão de metal, e acertou na parede do prédio vizinho.
 
   
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O cigarro aceso voou horizontalmente, sobre o corrimão de metal, e atingiu a parede do prédio vizinho.
Uma linha laranja seguiu o caminho percorrido pelo cigarro e faíscas surgiram quando a mesma atingiu a parede.
 
   
  +
Uma linha laranja se formou no caminho trilhado pelo cigarro e faíscas voaram quando ele atingiu a parede.
"Kenaz (Chamas)."
 
   
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“Kenaz.”<ref>Aqui Stiyl diz “炎よ” (''Honou yo'', Chamas), mas a pronúncia apresentada é ケナズ (''Kenazu'').</ref>
No momento em que Stiyl sussurou, a linha laranja explodiu.
 
   
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No instante que Stiyl murmurou isso, a linha laranja explodiu.
Uma espada de chamas surgiu em uma linha reta, como se alguém tivesse colocado fogo em uma mangueira de incêndio cheia de gasolina. A tinta da parede mudou de cor como uma pintura sendo chamuscada por um isqueiro.
 
   
  +
Uma espada de fogo apareceu numa linha reta como se alguém tivesse ateado fogo numa mangueira de incêndio cheia de gasolina.
Kamijou sentiu que seus olhos estavam sendo queimados apenas por ver tudo isso. Ele instintivamente parou e elevou suas mãos para cobrir sua face.
 
   
  +
A tinta na parede lentamente mudou de cor, como uma foto sendo queimada por um isqueiro.
Parecia que seus pés haviam sido cravados no chão. Uma questão entrou em sua mente.
 
   
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Ele não estava tocando as chamas, mas parecia que seus olhos estavam sendo queimados só de ver tudo isso, então Kamijou parou de correr instintivamente e ergueu suas mãos para proteger seu rosto.
O Imagine Breaker poderia negar qualquer tipo de poder sobrenatural em um segundo. Nem mesmo a Railgun da Biri Biri Level 5, que poderia destruir um abrigo nuclear facilmente, era uma exceção.
 
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Kamijou parou tão abruptamente que parecia que seus pés haviam sido pregados no chão.
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Uma dúvida repentina entrou em sua mente.
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Imagine Breaker podia negar qualquer tipo de poder sobrenatural com um toque. Nem mesmo a Railgun daquela Biribiri Level 5 que podia destruir um abrigo nuclear numa tacada só era uma exceção.
   
 
Mas...
 
Mas...
   
Kamijou ainda não havia visto poderes sobrenaturais cuja natureza não era psíquica.
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Kamijou ainda não tinha visto um poder sobrenatural que não era de origem científica.
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Em outras palavras, ele nunca tinha testado.
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''Ele nunca tinha testado o Imagine Breaker em magia''.
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''Sua mão direita funcionaria no poder estranho conhecido como magia''?
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“Purisaz Naupiz Gebo.”<ref>Mais uma vez, em japonês é dito 巨人に苦痛の贈り物を (''Kyojin ni kutsuu no okurimono o'', Dê o presente da dor aos gigantes), mas a leitura é プリサズ・ナウピス・ゲボ (''Purisazu Naupisu Gebo'').</ref>
   
  +
Além das mãos cobrindo seu rosto, Kamijou pôde ver o mago sorrindo.
Ou seja, ele ainda não havia testado.
 
   
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Enquanto sorria, Stiyl Magnus brandiu a espada de chamas ardentes horizontalmente na direção de Kamijou Touma.
''Ele ainda não havia testado seu poder em magia.''
 
   
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No instante em que ela o tocou, ela perdeu sua forma e explodiu em todas as direções como um vulcão em erupção.
''Sua mão direita iria funcionar contra um poder desconhecido?''
 
   
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Ondas de calor, flashes de luz, barulhos explosivos e fumaça negra espalharam-se em todas as direções.
"Purisaz Naupiz Gebo (Um presente de dor para o gigante)."
 
   
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“Talvez eu tenha exagerado.”
Apesar de suas mãos estarem cobrindo seu rosto, Kamijou conseguia ver o mago sorrindo.
 
   
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Stiyl coçou a cabeça diante do que lhe parecia o resultado de um bombardeio. Apenas para ter certeza, ele olhou ao redor para ver se alguém havia aparecido para ver o que estava acontecendo. Era o primeiro dia das férias de verão, então a maioria dos residentes do dormitório daquele garoto estariam fora. Entretanto, seria ruim se um recluso sem amigos estivesse em um dos quartos.
Sorridente, Stiyl Magnus movimentou a espada de fogo horizontalmente em direção a Kamijou Touma.
 
   
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Ele não podia ver muito bem o que estava a sua frente por causa de uma cortina de chamas e fumaça.
No momento em que o tocou, ela perdeu sua forma e o fogo explodiu em todas as direções como um vulcão em erupção.
 
   
  +
Entretanto, ele não precisava checar. Aquele golpe havia criado chamas infernais de três mil graus Celsius. Em temperaturas acima de dois mil graus Celsius, o corpo humano derreteria antes mesmo de queimar, então o garoto possivelmente pareceria com um corrimão de metal que havia derretido como uma escultura de açúcar. Ele provavelmente estava espalhado pela parede do dormitório como um pedaço de chiclete.
As ondas de calor, as luzes, o ruído explosivo e a fumaça negra irromperam em todas as direções.
 
   
  +
Stiyl deu um suspiro enquanto refletia sobre sua decisão de afastar aquele garoto de Index. As coisas teriam sido um pouco mais complicadas se o garoto houvesse usado o corpo de Index como um escudo.
"Talvez eu tenha exagerado."
 
   
  +
Mas ele não podia recuperar Index desse jeito.
Stiyl coçou sua cabeça. Parecia que aquele local havia sido bombardeado. Só para ter certeza, ele olhou em volta para ver se alguém estava saindo para ver o que estava acontecendo. Era o primeiro dia das férias de verão, então a maioria dos residentes do dormitório daquele garoto saíram. Mas seria ruim se algum inútil sem amigos estivesse dentro de um dos quartos.
 
   
  +
Stiyl suspirou mais uma vez. A parede de chamas bloqueava seu caminho para o outro lado do corredor onde Index se encontrava. Se houvesse outra escadaria de emergência do outro lado do corredor, ele poderia chegar lá, mas a situação dificilmente seria engraçada se Index pegasse fogo enquanto ele dava a volta.
Havia muito fogo e fumaça na sua frente, ele não conseguia ver nada.
 
   
  +
Stiyl, incomodado, balançou a cabeça e falou enquanto encarava a fumaça uma última vez como se pudesse ver além dela.
Mas ele não precisava verificar o estado de Kamijou. Aquele golpe criou chamas infernais de 3000 graus Celsius. Em temperaturas acima de 2000 graus, o corpo humano iria derretar antes mesmo de queimar. Isso significa que o corpo do garoto derreteu como uma escultura de açucar. Era provável que ele estivesse espalhado na parede do dormitório como um chiclete mastigado.
 
   
  +
“Obrigado, ótimo trabalho, e que pena. Bem, nesse nível você não venceria nem se tentasse mil vezes.”
Stiyl suspirou refletindo na precisão de seus atos para irritar o garoto e fazer com que ele se afastasse de Index. As coisas complicariam se ele usasse Index como escudo ou se ela fosse atingida pela explosão.
 
   
  +
“Você tem certeza que eu não posso vencer não importa quantas vezes eu tente?”
Mas ele não podia recuperar Index agora.
 
   
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Por um momento, o mago congelou ao som daquela voz saindo das chamas infernais.
Stiyl suspirou novamente. A parede de chamas o bloqueava, impedindo-o ir até onde Index estava. Se houvesse uma escada de emergência no outro lado do corredor, ele conseguiria. Mas haveria o risco de Index ser pega pelas chamas se ele fizesse isso.
 
   
  +
Com um rugido, a parede de chamas e fumaça rodou e desapareceu.
Stiyl, aborrecido, balançou sua cabeça e falou olhando para a fumaça como se ele pudesse ver através dela.
 
   
  +
Era como se um tornado tivesse aparecido no meio das chamas e da fumaça e soprado elas para longe.
"Obrigado. Excelente trabalho. Mas no seu nível, você não conseguiria vencer nem se lutasse comigo mil vezes."
 
   
  +
Kamijou Touma estava lá.
"Você tem certeza de que eu não posso vencer não importa o quanto eu tente?"
 
   
  +
O corrimão de metal havia sido derretido como uma escultura de açúcar, a tinta no chão e nas paredes havia descascado, e as lâmpadas fluorescentes haviam derretido e estavam pingando com o calor intenso, mas aquele garoto permanecia intacto no meio daquelas chamas infernais e do calor ardente.
Por um instante, o mago congelou ao ouvir a voz que vinha das chamas infernais.
 
   
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“Sinceramente, do que eu tinha tanto medo?” disse Kamijou com os cantos de sua boca torcidos em desinteresse. “''Essa é a mesma mão direita que destruiu a Igreja Ambulante da Index.''”
Com um rugido, a parede de fogo e fumaça girou em torno de si e se desintegrou.
 
   
  +
Kamijou verdadeiramente não entendia nada sobre o que era conhecido como mágica.
Era como se um tornado aparecesse no centro das chamas.
 
   
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Ele não sabia como ela funcionava ou as mecânicas por trás dos panos. Provavelmente, ele apenas entenderia metade dela se tudo lhe fosse explicado do começo ao fim.
Kamijou Touma estava ali.
 
   
  +
Mas tinha algo que até um idiota como ele sabia.
O corrimão de metal havia derretido, a tinta do chão e das paredes havia descascado, as lâmpadas fluorescentes haviam derretido e estavam escorrendo, mas aquele garoto estava completamente ileso no meio destas chamas sobrenaturais e calor desesperador.
 
   
  +
No fim, ela era apenas um poder sobrenatural.
"Honestamente, por que eu estava com medo?" perguntou Kamijou com desinteresse. ''"Esta é a mesma mão direita que destruiu a Walking Church da Index."''
 
   
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A chama carmesim que ele havia dissipado não havia sido completamente extinguida.
Na realidade, Kamijou não sabia nada sobre magia.
 
   
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Em um círculo perfeito em volta de Kamijou, as chamas ardentes continuavam a queimar. Mas...
Ele não sabia como funcionava e provavelmente entenderia a metade se explicassem para ele desde o começo.
 
   
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“Sai da minha frente.”
Mas havia uma coisa que até um idiota como ele entenderia: aquilo era apenas um poder sobrenatural.
 
   
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Com uma frase, Kamijou tocou nas chamas mágicas de três mil graus Celsius com sua mão direita e o resto das chamas desapareceu.
As chamas escarlates não foram completamente extintas.
 
   
  +
Era como se as velas de um bolo de aniversário tivessem sido apagadas de uma só vez.
"Fora do meu caminho."
 
   
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Kamijou Touma olhou para o mago parado na sua frente.
Com esta frase, Kamijou tocou as chamas mágicas de 3000 graus com sua mão direita e o resto do fogo desapareceu.
 
   
  +
O mago ficou tão nervoso quanto qualquer ser humano normal diante essa reviravolta inesperada estaria.
Era como se as velas de um bolo de aniversário fossem assopradas.
 
   
  +
Na verdade, ele ''era'' um ser humano normal.
Kamijou Touma observou o mago parado na sua frente.
 
   
  +
Se você o socasse, ele sentiria dor, e se você o cortasse com uma faca barata, ele sangraria vermelho.
O mago estava perturbado com esta série de eventos inesperados, como um ser humano normal.
 
   
De fato, ele ''era'' um ser humano normal.
+
''Ele era um mero ser humano''.
   
  +
As pernas de Kamijou não estavam mais travadas de medo e seu corpo não estava mais congelado de nervosismo.
Se você atingisse um soco, ele sentiria dor, e se você o cortasse com uma faca qualquer, ele iria sangrar.
 
   
  +
Seus braços e pernas se moveram normalmente.
''Ele era um mero ser humano.''
 
   
  +
Ele se moveu!
As pernas de Kamijou não tremiam mais de medo.
 
   
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“...Quê-?”
Seus braços e pernas começaram a se mover normalmente.
 
   
  +
Enquanto isso, Stiyl quase deu um passo para trás em choque diante daquele fenômeno incompreensível a sua frente.
Ele se movimentou!
 
   
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Vendo o que havia acontecido com os arredores, aquele ataque não podia ter fracassado. Isso queria dizer que aquele garoto era poderoso o suficiente para suportar três mil graus Celsius? Não, sendo esse o caso ele não seria mais humano.
"O quê?"
 
   
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Kamijou Touma não ligou para a confusão de Stiyl.
Enquanto isso, Stiyl deu um passo para trás, chocado com o fenômeno incompreensível diante dele.
 
   
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Ele cerrou seu punho direito aquecido tão forte quanto uma pedra e deu um passo na direção de Stiyl que estava com as pernas bambas.
O ataque o atingiu, o dano nas redondezas confirma isso. Isso significa que aquele garoto era poderoso o suficiente para aguentar um golpe certeiro de 3000 graus Celsius? Impossível. Se esse fosse o caso, ele não seria humano.
 
   
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“Tch!!”
Kamijou não prestou atenção na confusão de Stiyl.
 
   
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Stiyl balançou sua mão direita na horizontal. A espada de chamas que apareceu voou com força na direção de Kamijou.
Ele cerrou seu punho direito e avançou em direção ao mago.
 
   
  +
Ela explodiu. Chamas e fumaça voaram.
"Tch!!"
 
   
  +
Mas após as chamas e a fumaça desaparecerem, Kamijou Touma continuava lá.
Stiyl movimentou sua mão horizontalmente. Uma espada de fogo surgiu e atingiu Kamijou.
 
   
  +
“...Ele está usando mágica?” Stiyl murmurou para si, mas imediatamente rejeitou a ideia.
Chamas e fumaça voaram.
 
   
  +
Não podia haver magos naquele país que conhecia mais sobre o Natal do que sobre mágica e que apenas conhecia o Natal como um dia de encontros e sexo.
Mas após ambos cederem, Kamijou Touma continuava lá, parado.
 
   
  +
E... E também, se Index, que não tinha poderes mágicos, tivesse se unido a um mago, ela não teria precisado fugir. As memórias de Index eram perigosas desse jeito.
"...Será que ele... está usando magia?" Stiyl murmurou, mas imediatamente rejeitou essa ideia.
 
   
  +
Aqueles 103.000 grimórios estavam num nível completamente diferente de possuir uma bomba nuclear.
Não haveria nenhuma chance de ter algum mago naquele país que considerava o Natal um dia para marcar encontros e fazer sexo.
 
   
  +
Todas as criaturas vivas eventualmente morreriam, uma maçã largada de cima cairia para baixo, e 1+1=2. Você poderia pegar essas regras naturais e imutáveis do mundo, destruí-las, reescrevê-las e criar novas. Você poderia fazer com que 1+1=3, com que uma maçã largada de baixo caísse para cima e com que todas as criaturas mortas eventualmente vivessem.
Além disso, se Index, que não possui poderes mágicos, unisse suas forças com um mago, ela não teria motivos para fugir. As memórias de Index eram perigosas assim.
 
   
  +
Magos chamavam um ser assim de Deus Mágico.
Ter sob controle os 103,000 grimórios é mais perigoso do que possuir uma bomba nuclear.
 
   
  +
Não o deus do reino dos demônios,<ref>Em japonês, 魔神 (''Majin'', Deus Mágico) pode ser escrito como 間神 (''Majin'', Deus Demônio).</ref> mas um mago que havia dominado a magia ao ponto de entrar nos domínios de um deus.
Todos os seres vivos eventualmente morrem, uma maçã que está em cima sempre cairá para baixo, e um mais um é dois. Estes grimórios poderiam facilmente modificar a natureza e as regras imutáveis do mundo, destruí-las, reescrevê-las, e criar novas. Você poderia fazer com que um mais um seja três, fazer uma maçã cair para cima, e fazer todas as criaturas mortas eventualmente ressuscitarem. Um mago capaz de fazer tudo isso é classificado como Deus Mágico.
 
   
  +
Um Deus Mágico.
Um mago que dominou a magia completamente, rivalizando Deus.
 
   
  +
Mas Stiyl não conseguia sentir nenhum poder mágico vindo do garoto em sua frente.
Deus Mágico.
 
   
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Ele saberia com um olhar se ele fosse um mago. O garoto não tinha o “cheiro” de alguém do mesmo mundo que ele.
Mas Stiyl não sentia nenhum poder mágico no garoto.
 
   
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Mas então por quê?
Ele poderia dizer se alguém é um mago ou não com apenas um olhar. O garoto não tinha o 'cheiro' de alguém que pertencia ao mesmo mundo que ele.
 
   
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“!!”
Então, por quê?
 
   
  +
Pra esconder o tremor se espalhando por seu corpo, Stiyl criou outra espada de chamas e atacou Kamijou.
"!!"
 
   
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Dessa vez, ela nem ao menos explodiu.
Para camuflar a tremência de seu corpo, Stiyl criou outra espada de fogo e atacou Kamijou. Desta vez, ela nem mesmo explodiu.
 
   
A espada quebrou como vidro e as chamas desapareceram no ar.
+
Kamijou golpeou a espada de chamas com sua mão direita como se ela fosse uma mosca e a espada de chamas se quebrou como se fosse vidro e desapareceu no ar.
   
Ele destruiu uma espada de fogo de 3000 graus com uma mão direita que não possui poderes mágicos de qualquer natureza.
+
Ele estilhaçou aquela espada de chamas de três mil graus Celsius com uma mão direita que não tinha nenhum tipo de reforço mágico.
   
"...Ah."
+
...Ah.
   
De repente, algo surgiu na mente de Stiyl Magnus.
+
Repentinamente, verdadeiramente repentinamente, algo surgiu no fundo da mente de Stiyl Magnus.
   
A Walking Church de Index era de altíssimo nível, seu poder mágico defensivo equiparava-se à Catedral de Londres inteira. Era absolutamente impossível destruí-la, a menos que o lendário dragão de São Jorge aparecesse novamente.
+
O hábito de freira de Index, a Igreja Ambulante, era de classe papal e sua proteção rivalizava uma catedral de Londres em poder. Era absolutamente impossível destruí-la a não ser que o lendário Dragão de São Jorge aparecesse.
   
Mas a Walking Church de Index foi claramente destruída. Kanzaki nunca teria conseguido feri-la se ela estivesse intacta.
+
Mas a Igreja Ambulante de Index claramente havia sido destruída que Kanzaki havia sido capaz de corta-la.
   
Quem fez isso? E como?
+
Quem havia a destruído? E como?
   
  +
“.........................................................”
"... ... ..."
 
   
Kamijou Touma havia caminhado até Stiyl.
+
A essa altura, Kamijou Touma havia andado até Stiyl.
   
Se ele desse mais um passo, estaria perto o suficiente para atingir o mago com um soco.
+
Com mais um passo, ele estaria perto o suficiente para socar o mago.
   
  +
“MTWOTFFTO. (És a chama do grande início.) IIGOIIOF. (Um dos cinco elementos que constroem o mundo.)”<ref>Aqui, o autor pega sentenças escritas em japonês, traduz para outro idioma (desconhecido, muitas vezes inglês) e pega as iniciais de cada palavra pra construir um “notariqon”: um método de derivação de uma palavra, usando cada uma das suas letras inicial ou letras finais para dar suporte a outra, para formarem uma frase ou ideia ausente na sentença.</ref>
"M T W O T F F T O (Um dos cinco elementos que constitui o mundo). I I G O I I O F (A grande chama inicial)."
 
   
Stiyl começou a suar desagradavelmente pelo corpo inteiro. Isso porque a criatura na frente dele tinha a forma humana. Ele sentia que o garoto era formado por um poder estranho, e não por carne e sangue.
+
Um suor desagradável começou a fluir por todo o corpo de Stiyl. Era por causa da criatura vestindo um uniforme de verão diante dele havia tomado a forma de um humano. A coluna de Stiyl tremeu com a sensação de que abaixo da pele daquele garoto não havia carne e sangue, mas algo estranho e pegajoso.
   
"I I B O L A I I A O E (É a luz da bênção que cria a vida e a luz do julgamento que pune o mal). I I M H A I I B O D (Contém a graça pura e calma, e o infortúnio congelante que esmaga as trevas). I I N F I I M S (Seu nome é fogo e a espada é o seu exercício). I C R M M B G P (Manifesta-te e torna-te o poder que come em minha carne)!"
+
“IIBOLAIIOAE. (És a luz da graça que nutre a vida e a luz do julgamento que pune o mal.) IIMHAIIBOD. (Trazes uma felicidade serena, mas ao mesmo tempo destrói a escuridão fria.) IINFIIMS. (Teu nome é Fogo, seu papel é uma Espada.) ICRMMBGP! (Apareça, devore meu corpo e use-o como poder!)
   
Partes do hábito de padre de Stiyl rasgaram e os botões de sua roupa se soltaram.
+
O hábito de padre de Stiyl estufou-se e o poder dentro dele estourou os botões em seu peito.
   
Com um rugido de chamas sugando o oxigênio, uma gigantesca quantidade de fogo saiu de suas roupas.
+
Com um rugido de chamas queimando o oxigênio, uma grande massa de fogo saiu de suas vestes.
   
Não eram chamas comuns.
+
Não era uma mera massa de chamas.
   
  +
As ardentes chamas carmesins tinham algo preto e derretido, como óleo, em seu núcleo. Sua forma era a de um humano, mas a coisa parecia uma ave que havia sido coberta de petróleo após um incidente numa plataforma e que queimava eternamente.
Havia algo negro parecido com óleo no meio das chamas. Tinha a forma humana.
 
   
  +
Seu nome era “Innocentius”.<ref>Em japonês, 魔女狩りの王 (''Majogari no Ou'', Rei da Caça às Bruxas) possui a leitura イノケンティウス (''Inokentiusu'') que é baseada na tradução japonesa nome latino Innocentius (インノケンティウス, ''In'nokentiusu''), portanto manteremos o nome como “Innocentius”. É provável que o nome seja uma referência ao Papa Inocêncio VIII, que intensificou a caça às bruxas no Século XV.</ref> Seu significado era “morte certa”.
Seu nome era Innocentius, que significava, "Eu certamente irei te matar."
 
   
O gigante deus de fogo abriu seus braços e voou na direção de Kamijou como uma bala.
+
Aquele gigante deus de chamas que carregava o significado de morte certa abriu seus braços e avançou na direção de Kamijou Touma como uma bala.
   
"Fora do meu caminho."
+
“Saia do meu caminho.
   
Kamijou tapeou aquelas chamas que possuíam a forma humana como se estivesse retirando teia de aranha de seu rosto.
+
Kamijou golpeou com as costas da mão, com a atitude incomodada de quem afasta uma teia de aranha em seu caminho.
   
Kamijou acabou com a carta na manga de Stiyl. Como se ele tivesse explodido um balão d'água com um prego, as chamas com óleo com forma humana simbolizando o grande deus do fogo perderam sua forma e se espalharam pela área.
+
Kamijou Touma estourou a última carta na manga de Stiyl Magnus. Como se ele tivesse furado um balão de água com uma agulha, o óleo preto em formato de humano que representava o gigante deus de chamas explodiu e se espalhou pela área.
   
"...?"
+
...?
   
Kamijou Touma não tinha motivos para não dar seu último passo em direção a Stiyl.
+
Kamijou Touma não tinha um motivo real para não avançar naquele momento.
   
Mas Stiyl estava sorrindo apesar de ter sua carta na manga destruída. Esta expressão era o suficiente para ele hesitar antes de dar este último passo.
+
Era simplesmente por que Stiyl ainda estava parado e sorrindo apesar de sua carta na manga ter sido destruída. Aquela expressão era o suficiente para fazê-lo hesitar antes de dar um último passo descuidado.
   
O som de um líquido viscoso se movendo podia ser ouvido.
+
O som de um líquido viscoso se movendo pode ser ouvido ao seu redor.
   
  +
“Que—!?”
"Mas o... quê?!"
 
   
Kamijou, surpreso, deu um passo para trás. As chamas e aquela matéria negra que haviam se espalhado reuniram-se no ar, ganhando novamente a forma humana.
+
Kamijou deu um passo para trás em surpresa, as manchas pretas voltaram de todas as direções, reuniram-se no ar e então reconstruíram o formato humano.
   
Se Kamijou tivesse avançado aquele último passo, ele seria atingido pelas chamas.
+
Se Kamijou tivesse dado aquele último passo, ele certamente teria sido coberto pelas chamas em todas as direções.
   
Kamijou ficou confuso. Se sua mão direita pudesse fazer o que ele sempre afirmava, ele poderia negar até mesmo os poderes divinos descritos nos mitos. Se aquilo fosse um poder sobrenatural, ele deveria ter sido capaz de negá-lo com um toque. Mesmo assim...
+
A mente de Kamijou entrou em confusão por causa da cena diante de seus olhos. Se sua mão direita podia fazer o que ele sempre disse que ela podia, ela podia negar até mesmo os sistemas de deuses vistos em mitos com um único golpe. Se aquilo era o poder sobrenatural conhecido como mágica, ele devia ter sido capaz de negá-lo com aquele único toque. E ainda assim...
   
A coisa negra no meio das chamas parecida com óleo mudou de forma. Agora, parecia estar segurando uma espada em ambas as mãos.
+
O óleo dentro das chamas se contorceu, mudou de forma e agora parecia estar segurando uma espada com ambas as mãos.
   
Não... não era uma espada, mas sim uma cruz gigante, com mais de dois metros de comprimento.
+
Não, não era uma espada. Era uma cruz gigante com mais de dois metros de comprimento, do tipo usado para crucificar pessoas.
   
Aquela coisa flamejante elevou a cruz com ambas as mãos e golpeou Kamijou como se a cruz fosse um machado.
+
Ele ergueu a cruz com ambas as mãos e balançou-a contra a cabeça de Kamijou como se ela fosse uma picareta.
   
"...!!"
+
...!!
   
Kamijou imediatamente moveu sua mão direita para cima para receber o golpe. Apesar de sua mão direita, Kamijou era um simples estudante. Ele não possuía as habilidades de luta necessárias para desviar daquele ataque.
+
Kamijou imediatamente ergueu sua mão direita para receber o impacto. Sem contar com sua mão direita, Kamijou era um simples estudante do ensino médio. Ele não tinha as habilidades de combate necessárias para ler o ataque e desviar dele.
   
A cruz e a mão direita dele se chocaram.
+
A cruz e sua mão direita se chocaram.
   
Desta vez, o gigante nem mesmo desapareceu. Como se ele estivesse apertando um pedaço grande de borracha, Kamijou sentiu que iria perder se continuasse assim. Seu oponente usava ambas as mãos, enquanto ele poderia usar apenas sua mão direita. A cruz ardente se aproximava do rosto de Kamijou milímetro por milímetro.
+
Dessa vez, ela nem ao menos desapareceu. Como se ele estivesse segurando numa massa de borracha, Kamijou sentiu que iria ser o perdedor naquele confronto. Seu oponente estava usando ambas as mãos enquanto ele podia apenas usar sua mão direita. A cruz flamejante se aproximava do rosto de Kamijou, milímetro por milímetro.
   
Apesar de estar confuso, Kamijou percebeu uma coisa: aquele monte de chamas que se chamava Innocentius estava reagindo ao seu Imagine Breaker, mas estava revivendo logo após ser dissipado. Provavelmente, o tempo entre a destruição e a ressureição das chamas era menor do que um décimo de segundo.
+
Apesar de sua confusão, Kamijou conseguiu perceber uma coisa. O conjunto de chamas conhecido como Innocentius estava definitivamente reagindo ao seu Imagine Breaker. Entretanto, ele estava sendo revivido assim que era aniquilado. Possivelmente, o atraso entre a aniquilação e a ressurreição era menos do que um décimo de segundo.
   
 
Sua mão direita havia sido selada.
 
Sua mão direita havia sido selada.
   
Se ele perdesse, seria transformado em cinzas pelo Innocentius em um instante.
+
Se ele largasse aquela cruz, ele provavelmente seria transformado em cinzas por Innocentius no mesmo instante.
   
  +
“Runas.”
"Runas."
 
   
 
Kamijou Touma ouviu algo.
 
Kamijou Touma ouviu algo.
   
Devido ao perigo que encarava, ele não podia olhar para trás, mas ele certamente ouviu a voz de alguém.
+
Devido o perigo em sua frente, ele não pode se virar, mas ele certamente ouviu a voz de alguém.
   
"São vinte e quatro carácteres usados para indicar mistérios e segredos que foram usados como linguagem mágica pelas tribos Germânicas no século II. Fazem parte das raízes do inglês antigo."
+
“Os vinte e quatro caracteres usados para indicar mistérios e segredos tem sido usados como um idioma mágico por tribos germânicas desde o segundo século e são encontradas nas raízes do Inglês Antigo.
   
  +
Entretanto, Kamijou não podia acreditar que aquela era a voz de Index apesar de saber que era ela.
Era a voz de Index, mas Kamijou não conseguia acreditar.
 
   
  +
“O qu—?”
"O quê?"
 
   
  +
''Estando tão machucada e ensanguentada, como ela conseguia falar de maneira tão tranquila''?
Ela está gravemente ferida, como pode estar falando tão tranquilamente? Ele pensou.
 
   
"Atacar o Innocentius não terá efeito algum. A menos que as gravuras das runas sejam eliminadas, ele irá continuar revivendo."
+
“Atacar Innocentius não trará resultados. A não ser que as runas cravadas nas paredes, chão e teto sejam eliminadas, ele será revivido quantas vezes forem necessárias.
   
Kamijou Touma apoiou seu pulso direito com sua mão esquerda para evitar que a cruz avance ainda mais.
+
Kamijou Touma agarrou seu pulso direito com sua mão esquerda e, de alguma forma, conseguiu impedir que a cruz avançasse mais ainda.
   
Kamijou ''timidamente'' olhou para trás;
+
Kamijou ''timidamente'' virou a cabeça.
   
A garota estava mesmo deitada ali, mas Kamijou não considerava ''aquilo'' Index. Faltava emoção em seus olhos.
+
De fato, a garota estava caída lá. Mas Kamijou era incapaz de chamar “aquilo” de Index. Como uma máquina, seus olhos não tinham nenhum traço de emoção.
   
Quanto mais ela falava, mais sangue fluía de sua ferida nas costas.
+
Com cada palavra que ela falava, mais sangue saía da ferida em suas costas.
   
Ela parecia um sistema feito para explicar coisas relacionadas à magia.
+
Ela ignorou isso e parecia não passar de um sistema criado para explicar magia.
   
"Você é... a Index, não é?"
+
“Você é... Index, ?
   
"Sim. Eu sou a biblioteca de grimórios pertencente a Necessarius, a paróquia número 0 da Igreja Anglicana. Meu nome completo é Index Librorum Prohibitorum, mas pode ser abreviado para Index."
+
“Sim. Eu sou a biblioteca de grimórios que pertence à Necessarius<ref>Em japonês, 必要悪の教会 (''Hitsuyouaku no Kyoukai'', Igreja do Mal Necessário) possui a leitura latina ネセサリウス (''Nesesariusu''), então manteremos como Necessarius.</ref>, 0ª Paróquia da Igreja Anglicana. Adequadamente, meu nome é Index-Librorum-Prohibitorum, mas isso pode ser abreviado para Index.
   
Kamijou quase esqueceu do gigante que estava tentando matá-lo ao ouvir Index. Ele ficou com calafrios ao ouvi-la.
+
Com o jeito que a biblioteca de grimórios chamada Index estava agindo, Kamijou quase se esqueceu do gigante de chamas tentando matá-lo. Ele sentiu um frio vindo dela.
   
"Após me introduzir, voltarei a explicar sobre as runas. Basicamente, é como o reflexo da lua em um lago. Não importa quantas vezes você atingir a superfície do lago com uma espada, você não irá atingir a lua. Se você quiser atingir o reflexo da lua no lago, deverá golpear a lua no céu noturno."
+
“Com minha introdução completa, eu vou retomar minha explicação de magia rúnica. De maneira simplificada, é como um reflexo da lua num lago durante a noite. Não importa quantas vezes você atinja a superfície do lago com uma espada, nada acontecerá. Se você quer atingir a lua na superfície do lago, você deve primeiro apontar sua espada para a lua real flutuando no céu noturno.
   
Após ouvir esta explicação, Kamijou finalmente se lembrou do inimigo que está na sua frente.
+
Após ouvir aquela explicação, Kamijou finalmente se lembrou do inimigo em sua frente.
   
Isso significa que o que estava diante dele não era a forma verdadeira do poder sobrenatural? Era algo como uma fotografia e sua figura? Iria continuar a reviver a não ser que ele destruísse o poder sobrenatural que estava criando o gigante de fogo?
+
Ela queria dizer que o que estava diante dele não era a ''forma verdadeira'' daquele poder sobrenatural? Era como uma foto e seu negativo, e que ele continuaria a se reconstruir até que ele destruísse um poder sobrenatural diferente que estava criando o deus de chamas gigante?
   
Mesmo assim, Kamijou não acreditava completamente no que Index estava dizendo.
+
Mesmo assim, Kamijou não acreditou completamente nas palavras que Index estava dizendo.
   
Não importa o que estava acontecendo em volta dele, magia não existia e não havia como contrariar isso.
+
O que estava acontecendo ao seu redor não importava, o senso comum de que mágica não existe se recusava a deixá-lo.
   
Mas Innocentius estava bloqueando sua mão direita, impedindo seus movimentos. Não haveria como ele testar a sugestão dela. Além disso, seria complicado pedir ajuda para ela, que Index estava sangrando bastante.
+
Mas com Innocentius selando sua mão direita e o impedindo de se mover, ele não podia testar nada. E seria difícil pedir a ajuda de Index devido o estado ensanguentado dela.
   
  +
“Ash To Ash...”<ref>Em japonês, 灰は灰に (''Hai ha hai ni'', Cinzas às cinzas) é escrito em inglês com letras ao invés de kana.</ref>
"Cinzas para cinzas..."
 
   
Kamijou olhou para Stiyl. Uma espada de fogo havia se formado na mão direita dele.
+
Kamijou olhou para cima em choque. De trás do gigante deus de chamas, uma espada de fogo apareceu na mão direita de Stiyl.
   
  +
“...Dust To Dust...”<ref>Em japonês, 塵は塵に (''Chiri ha chiri ni'', Pó ao pó) é escrito em inglês com letras ao invés de kana.</ref>
"...Pó para pó..."
 
   
Outra. Uma espada de fogo branco-azulada surgiu em sua mão esquerda.
+
E outra. Uma espada flamejante branco-azulada se estendeu silenciosamente de sua mão esquerda.
   
  +
“...Squeamish Bloody Rood!”<ref>Em japonês, 吸血殺しの紅十字 (''Kyuuketsu-goroshi no Kurenai Juuji'', Cruz Vermelha Assassina de Vampiros) é escrito em inglês com letras ao invés de kana.</ref>
"...Crucifixo Sangrento Suscetível!"
 
   
Com estas palavras cheias de poder, ele movimentou as duas espadas de fogo horizontalmente para cortar através do gigante de fogo como um par de tesouras. Com sua mão direita selada pelo Innocentius,
+
Com aquelas palavras cheias de poder, ele balançou as duas espadas de chamas horizontalmente para que elas cortassem o gigante deus de chamas pelos lados como uma tesoura gigante. Com sua mão direita selada por Innocentius, Kamijou não podia bloquear mais nada.
   
  +
(Droga... Eu preciso fugir!!)
Kamijou não conseguiria bloquear outro ataque.
 
   
  +
Antes mesmo que Kamijou Touma pudesse gritar, as duas espadas de fogo atingiram o deus gigante de chamas e tudo virou uma enorme bomba que explodiu.
Merda... eu preciso fugir!! Ele desesperadamente pensou.
 
 
Mas antes que Kamijou Touma pudesse gritar, as duas espadas atingiram o gigante de fogo, criando uma enorme explosão.
 
   
 
===Parte 7===
 
===Parte 7===
   
Quando as chamas e a fumaça cederam, a área inteira parecia um inferno.
+
Quando a fumaça e as chamas desapareceram, o lugar ficou parecendo com o inferno.
   
O corrimão de metal estava deformado pelo calor e até os azulejos no chão haviam derretido. A tinta nas paredes havia descascado, tornando visível o concreto.
+
Os corrimões de metal havia se contorcido como esculturas de açúcar e até mesmo os azulejos do piso haviam derretido em uma substância parecida com cola. A tinta nas paredes havia descascado e o concreto estava visível.
   
O garoto não podia ser visto.
+
O garoto não estava à vista.
   
Mas Stiyl ouviu os passos de alguém correndo.
+
Entretanto, Stiyl ouviu os passos de alguém correndo no corredor do andar de baixo.
   
"...Innocentius," ele sussurou e as chamas se reuniram novamente para seguir o ruído.
+
...Innocentius, ele sussurrou e as chamas espalhadas pela área retomaram a forma humana, pularam o corrimão e seguiram os passos.
   
Stiyl estava perplexo. Logo antes da explosão, no instante em que Stiyl havia atingido o gigante de fogo com as duas espadas, Kamijou afastou sua mão direita e pulou o corrimão do corredor.
+
Por dentro, Stiyl estava surpreso. Nada de mais havia acontecido. Logo antes da explosão, no instante em que Stiyl havia cortado através do gigante deus de chamas com as duas espadas de fogo, Kamijou havia largado a cruz e saltado por cima do corrimão.
   
Na queda, Kamijou se segurou no corrimão do andar debaixo e conseguiu sair pelo corredor. Ele não tinha nenhuma corda de segurança ou algo do tipo. Conseguiu fazê-lo apenas com coragem.
+
Enquanto ele caia, Kamijou havia agarrado o corrimão do andar inferior e se puxado para o corredor. Ele não tinha nenhuma garantia de sucesso e havia feito isso com pura coragem, então a ação havia sido bastante imprudente.
   
"Mas..."
+
“Mas...
   
Stiyl sorriu gentilmente. Agora Kamijou sabia a fraqueza das runas graças ao conhecimento dos 103,000 grimórios de Index. Como ela havia dito, a magia que Stiyl havia usado seria destruída apenas se as gravuras das runas fossem eliminadas. Qualquer magia, não importa o quão forte, seria negada se suas runas fossem destruídas.
+
Stiyl deu um sorriso gentil. Kamijou agora sabia a fraqueza das runas graças ao conhecimento dos 103.000 grimórios de Index. Como ela havia dito, a magia rúnica que Stiyl usava era ativada por gravuras cravadas. Isso também significava que se livrar das marcações também negaria sua magia mais poderosa.
   
"E daí?" Stiyl não estava nada preocupado. "Você não pode fazer isso. Eliminar completamente as runas gravadas nesse dormitório é algo impossível para você."
+
“E daí?” A expressão de Stiyl não demonstrou nenhum sinal de preocupação. “Você não vai conseguir fazer isso. Pra você é completamente impossível remover as runas cravadas nesse prédio.
   
  +
::::::::::::::::::::::::::::::♦
   
"Eu...! Eu realmente...! Eu realmente achei que iria morrer!!"
+
“Eu! Eu realmente achei! Eu realmente achei que ia morrer lá trás!!
   
Após pular do andar, o coração de Kamijou batia forte em seu peito.
+
Após pular por cima do corrimão no sétimo andar sem garantias de sobrevivência, o coração de Kamijou ainda estava martelando em seu peito.
   
Ele olhou para trás enquanto corria pelo corredor. De alguma forma, ele duvidava das palavras de Index. Ele estava tentando fugir da próxima investida de Innocentius.
+
Enquanto ele voava pelo corredor, ele olhou ao redor. Ele não acreditava completamente no que Index havia dito. Ele estava meramente tentando se afastar de Innocentius para poder ganhar tempo e se preparar.
   
  +
“Porcaria! Mas que diabos é isso!?”
"Droga! O que tá acontecendo?!"
 
   
Kamijou não conseguiu se conter e gritou ao notar a situação em que ele estava.
+
Kamijou não pode evitar gritar quando ele viu o que estava em sua frente.
   
  +
Ele não precisava se perguntar onde as runas estavam cravadas naquele grande dormitório. Na verdade, ele já havia as encontrado. Elas estavam no chão, nas portas e nos extintores de incêndio. Pedaços de papel do tamanho de cartões telefônicos estavam coladas por todo o prédio como Houichi, o Sem Orelhas.<ref>Houichi, o Sem Orelhas (耳なし芳一, ''Miminashi Houichi'') é o protagonista cego de uma lenda japonesa. Ele vivia no templo budista Amidaji e que era conhecido por ser muito bom em interpretar o Conto dos Heike, particularmente a parte da Batalha de Dan no Ura e a morte do Imperador Antoku. Uma noite Houichi estava tocando seu biwa, instrumento de cordas, na porta do templo quando um samurai o visitou e exigiu que ele tocasse o Conto dos Heike para seu senhor e sua corte. O desempenho de Houichi fez com que todos se emocionassem e o senhor pediu que Houichi voltasse na noite seguinte e tocasse mais uma vez, mas que não revelasse a ninguém para onde ele estava indo. Após um tempo, o sumo sacerdote de Amidaji notou que Houichi estava saindo todas as noites e ordenou que seus servos o seguissem. Os servos do templo encontraram Houichi em um cemitério da família Heiki, onde viram o músico sentado diante do túmulo do Imperador Antoku, rodeado de hitodama (人魂, Alma Humana), bolas de fogo que representam os espíritos dos mortos, que dançavam ao som da música. Os servos, percebendo que Houichi estava em perigo, correram e o levaram de volta para o templo onde o sumo sacerdote explicou para Houichi que sua plateia eram os fantasmas daqueles que haviam perecido na Batalha de Dan no Ura, que eles não estavam felizes com sua performance e que iriam matá-lo e ficar com sua alma. Como medida protetora, o sumo sacerdote pintou o Sutra do Coração por todo o corpo de Houichi para protegê-lo e torná-lo invisível para os fantasmas, apesar deles ainda poderem ouvi-lo. Na noite seguinte, o samurai fantasma procura Houichi, mas ele só consegue ver o instrumento e as orelhas do músico, então ele decide levar as orelhas para seu mestre como prova de que ele fez o melhor que pode para levar o homem. De manhã, os servos do templo encontram Houichi e o sumo sacerdote percebe que ele pintou todo o corpo de Houichi, exceto suas orelhas, por isso elas permaneceram visíveis ao fantasma.</ref>
Ele não precisava se perguntar onde as runas estavam. Na verdade, ele já havia as encontrado. Elas estavam gravadas no chão, nas portas, e no extintor de incêndio. Pedaços de papel do tamanho de cartões telefônicos estavam espalhados por todas as partes.
 
   
De acordo com o conselho de Index, ele tinha pensado que essas runas eram como "antenas" enviando um sinal mágico para um receptor. Mas como ele iria destruir cada uma das dezenas de milhares de antenas?
+
Baseando-se no conselho de Index (ele não gostava de se lembrar daquele rosto mecânico), ele adivinhou que a magia era como um sinal de interferência chamado de barreira e as runas eram como as antenas enviando o sinal. Mas ele conseguiria arrancar aquelas dezenas de milhares de “antenas”?
   
Com o som de fogo sugando o oxigênio, a chama com formato humano desceu até o andar onde Kamijou estava.
+
Com o rugido de oxigênio sendo absorvido, um fogaréu em formato humano caiu no lado oposto do corrimão de metal.
   
  +
“Droga!!”
"Merda!!"
 
   
Destruir as runas seria impossível se ele fosse pego pelo Innocentius novamente. Kamijou imediatamente correu para a escada de emergência. Conforme corria, ele podia ver pedaços de papel espalhados em todos os lugares.
+
Se ele fosse pego de novo, ele não seria capaz de se livrar. Kamijou imediatamente correu para a escadaria de emergência ao seu lado. Enquanto ele descia cada vez mais, ele podia ver pedaços de papel colados nos cantos da escadaria e pelo teto com símbolos estranhos que deviam ser as runas.
   
Foram claramente feitos com uma copiadora.
+
Elas claramente tinham sido produzidas em massa com uma copiadora.
   
Kamijou quase gritou “Como uma cópia ridícula dessas pode funciona assim?!” mas ele então se lembrou que os cartões de tarô que geralmente vinham de brinde dos mangás shoujo também poderiam ser usados para adivinhação e até mesmo a Bíblia era produzida em massa.
+
Kamijou quase gritou “Como é que uma cópia porca dessas funciona!?” mas então ele lembrou-se que brindes em mangás shoujo podiam ser usados como cartas de tarô e que até mesmo a bíblia era produzida em massa em gráficas.
   
O oculto não é justo, ele pensou.
+
(Sabe...o oculto não é nada justo.)
   
Ele achou que iria chorar. Dezenas de milhares dessas “gravuras de runas” estavam espalhadas por todo o dormitório. Haveria como ele encontrar cada uma delas? Além disso, Stiyl poderia simplesmente gravar mais runas.
+
Ele queria chorar. Provavelmente dezenas de milhares daquelas “gravuras rúnicas” estavam espalhadas por todo o prédio. Ele podia encontrar todas elas? Até onde ele sabia, Stiyl podia estar colando cópias novas neste exato momento.
   
Como se tivesse feito isso para impedi-lo de raciocinar, Innocentius surge de cima, para continuar a perseguir Kamijou.
+
Como se ele quisesse cortar sua linha de raciocínio, Innocentius caiu ainda mais pela escadaria.
   
 
“Merda!”
 
“Merda!”
   
Kamijou desistiu de continuar a descer as escadas e entrou no corredor. Quando o gigante de fogo chegou naquele andar, chamas se espalharam pela área, e ele disparou em direção ao corredor.
+
Kamijou desistiu de continuar descendo pela escadaria e saiu para o corredor ao lado. Quando o gigante deus de fogo atingiu o chão, chamas se espalharam na área e ele avançou pelo corredor como se tivesse quicado no chão.
   
O corredor era reto, e Innocentius era mais rápido. Kamijou não conseguiria escapar se a situação permanecesse assim.
+
O corredor era reto, e Kamijou não tinha como escapar de Innocentius com pura velocidade.
   
 
“...!”
 
“...!”
   
Kamijou olhou para a entrada das escadas de emergência. De acordo com a placa, ele estava no andar. Com um rugido, Innocentius jogou-se na direção de Kamijou para reprimir sua mão direita.
+
Kamijou olhou para a entrada da escada de emergência. De acordo com a placa, ele estava no segundo andar.
   
  +
Com um rugido, Innocentius lançou-se para prender a mão direita de Kamijou.
“Ah!!”
 
   
  +
“O-ooah!!”
Ao invés de usar sua mão direita ou continuar a correr, Kamijou pulou do segundo andar.
 
   
  +
Ao invés de usar sua mão direita ou continuar correndo, Kamijou pulou por cima do corrimão do segundo andar.
Após ter pulado, ele percebeu que o chão onde iria cair era de asfalto e algumas bicicletas estavam estacionadas ali.
 
   
  +
Foi só depois de pular que ele percebeu que o chão lá embaixo era asfaltado e que haviam algumas bicicletas estacionadas lá.
“Ahhhhhhh!!”
 
   
  +
“Hwaaaaaaaaaahhhh!!”
Por pouco, ele conseguiu aterrissar no espaço entre duas bicicletas, mas ainda havia caído no duro asfalto. Ele tentou dobrar seus joelhos para absorver melhor o impacto da queda, mas ouviu um estalo nada agradável vindo do seu tornozelo.
 
   
  +
Ele havia conseguido aterrissar entre duas bicicletas, mas ele ainda caiu no duro asfalto. Ele tentou dobrar seus joelhos para absorver o impacto, mas ele ouviu um som desagradável vindo de seu tornozelo. Ele só tinha pulado do segundo andar e ele não havia sentido ele quebrar, mas ele tinha machucado seu tornozelo do mesmo jeito.
Ele ouviu o rugido de chamas absorvendo o oxigênio acima.
 
   
  +
Ele ouviu o rugido de chamas queimando o oxigênio vindo de cima.
“?!”
 
   
  +
“!?”
Kamijou imediatamente rolou no chão, correu, tropeçou em algumas bicicletas...
 
   
  +
Kamijou se arrastou pelo chão, chutando bicicletas no processo, mas nada mais aconteceu.
Mas... nada aconteceu.
 
   
“?!
+
“?”
   
Kamijou olhou para cima com um olhar confuso.
+
Kamijou olhou para cima com curiosidade em seu rosto.
   
Innocentius ainda estava rugindo no segundo andar, olhando fixamente para Kamijou. Era como se houvesse uma barreira invisível impedindo-o de seguir Kamijou.
+
Ainda rugindo, Innocentius estava se segurando no corrimão do segundo andar e encarando Kamijou, que estava no chão. Era quase como se houvesse uma parede invisível impedindo que ele seguisse Kamijou.
   
Aparentemente, as runas foram apenas colocadas no dormitório. Kamijou conseguiu escapar das chamas de Stiyl saindo do prédio.
+
Aparentemente, as runas haviam sido colocadas apenas no dormitório. Kamijou havia conseguido escapar das chamas de Stiyl ao sair do prédio.
   
Agora que ele sabia um pouco mais sobre o “sistema invisível” da magia, ele viu que não estava lutando contra um oponente ridículo que poderia fazer tudo apenas lendo um feitiço, como em um RPG. Ao contrário, parece que a magia também possui regras estabelecidas. Não era diferente dos poderes psíquicos dos espers, dos quais Kamijou conhecia bem.
+
Ver este aspecto das runas fez com que ele sentisse que agora sabia um pouco sobre o sistema invisível da magia. Ele não estava lutando contra um oponente ridículo como os magos num RPG que podiam fazer qualquer coisa recitando feitiços. Ao invés disso, seu oponente agia baseado num conjunto de regras semelhantes aos usuários de habilidade que Kamijou conhecia.
   
 
Ele suspirou.
 
Ele suspirou.
   
Após escapar de qualquer ameaça imediata, o corpo de Kamijou perdeu sua força. Ele se sentou no chão. Ele não estava com medo, mas seu corpo foi agredido com uma sensação de exaustão forte. Ele começou a se perguntar se poderia escapar de todo o perigo apenas correndo.
+
Tendo se libertado de qualquer ameaça direta a sua vida, a força fugiu do corpo de Kamijou. Ele sentou-se no chão sem nem pensar. Ele não estava com medo. Pelo contrário, ele foi atacado por um sentimento diferente que era mais parecido com uma exaustão apática. Ele começou a se perguntar se ele podia escapar de qualquer perigo se ele simplesmente corresse.
   
  +
“Já sei. Anti-Skill,”<ref>Em japonês, 警備員 (''Keibi'in'', Guarda) é escrito com a leitura ingles アンチスキル (''Anchisukiru''), então manteremos como “Anti-Skill”.</ref> Kamijou murmurou.
“Já sei. A polícia.” Kamijou murmurou.
 
   
  +
Por que ele não tinha pensado nisso antes? A Anti-Skill da Cidade Acadêmica era como uma unidade especial anti-usuários de habilidade. Kamijou podia simplesmente ligar para eles ao invés de arriscar a própria vida.
Por que ele não havia pensado nisso antes?
 
   
  +
Kamijou procurou em seus bolsos da calça, mas seu celular havia sido esmagado debaixo de seu próprio pé naquela manhã.
A polícia da Academy City era como uma “unidade anti-esper”. Kamijou poderia simplesmente alertá-los ao invés de arriscar sua própria vida.
 
   
  +
Kamijou olhou para a rua. Ele estava procurando por um telefone público.
Kamijou verificou os bolsos de sua calça, mas seu celular havia sido quebrado naquela manhã.
 
   
  +
Ele não estava fugindo.
Kamijou então procurou por um telefone público na estrada.
 
   
Ele não estava querendo fugir.
+
Ele não estava fugindo.
   
  +
“—''Então você me seguiria até as profundezas do inferno?''”
Ele não estava querendo fugir.
 
   
  +
E ainda assim aquelas palavras pareciam apunhalar seu coração.
''“...Então, você vai me seguir até as profundezas do inferno?”''
 
   
  +
Ele não estava fazendo nada de errado. Ele não estava fazendo nada de errado, e ainda assim...
Estas palavras apunhalaram seu peito.
 
   
  +
Naquela mesma situação, Index havia voltado por Kamijou Touma. Kamijou não conseguia pensar em ir até o inferno com uma estranha que ele conhecia por menos de meia hora.
Ele não estava fazendo nada de errado. Ele não estava fazendo nada de errado, mas...
 
   
  +
“Droga. É verdade. Se eu não quero te seguir até as profundezas do inferno,” Kamijou sorriu, “então eu só tenho que te tirar das mãos deles.”
Naquela mesma situação, Index havia escolhido voltar por Kamijou Touma. Kamijou não seguiria uma estranha que ele conheceu a muito pouco tempo até as profundezas do inferno.
 
   
  +
Ele pensou que já era a hora de entender isso.
“Droga. É isso. Se eu não quero te seguir até as profundezas do inferno,” Kamijou sorriu. “Eu só preciso tirar você de lá.”
 
   
  +
Ele não sabia como mágica funcionava, mas ele não precisava saber o que acontecia por trás dos panos. Ele podia mandar um e-mail sem conhecer o diagrama dos circuitos de seu celular.
Ele pensou que já estava na hora de entender isso.
 
   
  +
“''...Hm. Quando você entende isso, realmente não parece tão complicado.''”
Ele não sabia como a magia funcionava direito, mas ele não precisava entender os detalhes do que ele não conseguia ver. Ele poderia, por exemplo, enviar um e-mail sem conhecer o diagrama de circuitos do seu celular.
 
   
  +
Ele sabia o que ele tinha que fazer, então agora ele só precisava tentar.
“Agora que eu entendi isso, não é tão complicado assim.”
 
   
  +
Mesmo se ele falhasse, ainda seria melhor do que não fazer nada.
Ele sabia o que tinha que fazer, ele só precisava tentar.
 
   
  +
Um brilhante e laranja corrimão de metal distorcido caiu e Kamijou rolou pelo chão desesperadamente.
Mesmo se ele falhasse, era melhor do que não ter feito nada.
 
   
  +
Ele podia ter se decidido, mas ele ainda tinha que fazer algo sobre Innocentius antes de salvar Index. O problema real eram as dezenas de milhares de runas. Mas ele podia mesmo rasgar todos os pedaços de papel colados no prédio?
Um pedaço do corrimão de metal derretido caiu. Kamijou rolou para o lado, desviando.
 
   
  +
“...Sabe, eu tô surpreso que o alarme de incêndio não tenha sido ativado com tudo isso acontecendo.”
Ele ainda tinha que fazer algo em relação a Innocentius antes de poder salvar Index. O verdadeiro problema eram as dezenas de milhares de runas. Ele conseguiria destruir tantos pedaços de papel gravados naquele prédio?
 
   
  +
Tinha sido apenas um comentário solto, mas Kamijou Touma congelou quando ele disse isso.
“O alarme de incêndio não ativou mesmo com tudo isso acontecendo?”
 
   
  +
O alarme de incêndio?
Havia sido apenas um comentário sem importância alguma, mas Kamijou congelou após dizer estas palavras. O alarme de incêndio?
 
   
  +
::::::::::::::::::::::::::::::♦
   
  +
Os alarmes de incêndio instalados por todo o prédio foram ativados de uma vez só.
O alarme de incêndio ativou.
 
   
?!”
+
“!?
   
Em meio a essa tempestade de ruído ensurdecedor que soava tão alto quanto um bombardeio, Stiyl olhou para o teto.
+
No meio daquela tempestade de barulhos estridentes que pareciam tão altos quanto alertas de bombardeio, Stiyl olhou para o teto.
   
No mesmo instante, os sprinklers do teto soltaram água criando uma chuva artificial no dormitório. As coisas complicariam se os bombeiros chegassem ao local, então Stiyl havia anteriormente ordenado Innocentius para que evitasse a detecção do sistema de emergência. Isso significa que Kamijou Touma havia acionado o alarme de incêndio.
+
Sem um segundo de atraso, os chuveiros automáticos dispararam uma chuva artificial semelhante a um tufão. que os bombeiros seriam um incômodo, Stiyl havia escrito ordens para que Innocentius não tocasse nos sensores de segurança. O que significava que Kamijou Touma devia ter apertado o botão pro alarme de incêndio.
   
Será que ele achou que os sprinklers iriam conseguir apagar as chamas de Innocentius?
+
Ele achava que isso apagaria as chamas de Innocentius?
   
 
“...”
 
“...”
   
Essa ideia era ridícula. Mas o mago achou que as veias da sua cabela iriam explodir quando pensou na possibilidade de ter ficado encharcado por um motivo tão besta.
+
Essa ideia era quase ridiculamente risível, mas o mago pensou que as veias em sua cabeça fossem estourar quando ele pensou que estava ficando encharcado por um motivo tão idiota.
   
Stiyl olhou para o alarme de incêndio na parede.
+
Stiyl encarou o alarme de incêndio vermelho na parede com incômodo.
   
Por estarem nas férias de verão, a maioria dos estudantes saíram para se divertir, mas a situação poderia complicar se os bombeiros chegassem.
+
Era fácil o suficiente ativar o alarme, mas ele não podia pará-lo. Como eram as férias de verão, a maioria dos moradores do dormitório estava fora, mas podia ser um incômodo se os bombeiros viessem.
   
“Hm...”
+
...Hm.”
   
Stiyl olhou em volta e decidiu levar Index logo. Seu objetivo era simplesmente recuperá-la, não havia motivos para matar Kamijou. Devido ao tempo que iria levar para os bombeiros chegarem ao local, ele poderia deixar Innocentius e o garoto iria ganhar um belo abraço caloroso que iria o transformar em cinzas.
+
Stiyl olhou ao redor e então pegou Index para sair. Seu objetivo era simplesmente recuperar Index, então não tinha motivos para ele se prender em matar Kamijou. Tendo em vista o quanto os bombeiros demorariam a chegar, ele podia deixar Innocentius no piloto-automático e o garoto seria abraçado por chamas que o transformariam em carvão preto ou cinzas brancas.
   
  +
(Isso não quer dizer que o elevador parou, né?)
Não me diga que o alarme desligou o elevador? Stiyl pensou com irritação.
 
   
Ele tinha ouvido falar que os elevadores eram feitos para parar durante situações de emergência. Pensar nisso deixou Stiyl um pouco deprimido. Ele estava no 7º, descer pelas escadas carregando uma pessoa inconsciente iria ser cansativo.
+
Ele havia ouvido dizer que elevadores eram feitos para parar durante emergências. Isso seria um tanto deprimente para Stiyl. Ele estava no sétimo andar. Mesmo que ela fosse uma garota, carregar uma pessoa inconsciente escadaria abaixo era cansativo.
   
Mas ele ficou aliviado ao ouvir o barulho de “ding” vindo do elevador atrás dele.
+
Foi por isso que Stiyl ficou inicialmente aliviado ao ouvir o ''ding'' vindo de trás dele.
   
  +
Mas então ele percebeu.
Espera... Quem era? Quem estava no elevador?
 
   
  +
Quem era? Quem estava no elevador?
Era a primeira noite das férias de verão e ele tinha certeza de que quase todos os estudantes haviam deixado seus quartos. Ele próprio havia confirmado isso. Então quem estava dentro do elevador?
 
   
  +
Era uma noite nas férias de verão e ele já tinha conferido para ter certeza que todos os estudantes tinham deixado o dormitório. Então quem era e por que ele precisava do elevador?
Ele ouviu as portas do elevador fazerem um som metálico ao abrirem. O som de passos no chão molhado pelos sprinklers ecoou no corredor.
 
   
  +
As portas do elevador bateram enquanto abriam. Um único passo no chão molhado por causa dos chuveiros ecoou por todo o corredor.
Ele lentamente se virou.
 
   
  +
Stiyl se virou lentamente.
Ele não tinha ideia por que seu corpo estava tremendo.
 
   
  +
Ele não fazia ideia do porque seu corpo estava tremendo por dentro.
Kamijou Touma estava ali.
 
   
  +
Kamijou Touma estava lá.
O quê? O que aconteceu com o Innocentius? Stiyl questionou.
 
   
  +
(O que? O que aconteceu com Innocentius?)
Pensamentos se reuniram caoticamente na cabeça de Stiyl. Innocentius era como o míssil de um avião de guerra disparado em um alvo travado. Não havia como escapar.
 
   
Não importa o quanto você corresse ou se escondesse, ele iria usar suas chamas de 3000 graus para derreter seus obstáculos, não importam quais sejam, e continuaria sua caça. Era ridícula a ideia de que alguém poderia escapar dele correndo por aí dentro de um prédio.
+
Pensamentos dançaram caoticamente na cabeça de Stiyl. Innocentius era como um míssil de última geração carregado em um caça. Quando ele travava no alvo, ele não podia ser desviado. Não importa o quanto você corresse ou se escondesse, ele usaria suas chamas de três mil graus Celsius para derreter as paredes ou obstáculos, mesmo que eles fossem feitos de metal, e continuaria a persegui-lo. Ele não era algo que podia ser despistada ao correr por um prédio.
   
Mesmo assim, ele estava ali.
+
Ainda assim, Kamijou Touma estava .
   
Ele estava ali, imperturbável, imparável, inatacável.
+
Ele estava inabalado, imparável, inatacável e, acima de tudo, um inimigo natural inconfundível.
   
“Essas runas devem ser gravadas nas paredes e no chão, certo?” disse Kamijou enquanto a chuva artificial caía. “Sério, você é incrível. Para ser honesto, não haveria como eu vencer se você tivesse encravado os símbolos com uma faca.”
+
“Parando pra pensar, as runas deviam ser cravadas nas paredes e tetos, ?” disse Kamijou enquanto a fria chuva artificial caía sobre ele. “Sério, você é incrível. Sendo sincero, eu não teria como vencer se você tivesse cravado elas com uma faca. Pode se gabar o quanto quiser.”
   
Kamijou levantou seu braço direito.
+
Enquanto ele falava, Kamijou Touma ergueu seu braço direito e apontou para cima.
   
Ele apontou para o teto... para os sprinklers.
+
Ele apontou para o teto. Para o chuveiro automático.
   
“Não pode ser! Essas chamas de 3000 graus não podem ser apagadas por isso!”
+
“...Você não tá falando sério! Aquelas chamas de três mil graus Celsius não poderiam ser apagadas com isso!”
   
“Não seja estúpido. Não estou falando das chamas. Estou falando dessas coisas que você colocou nas casas de todo mundo.
+
“Não seja idiota. Não foram as chamas. ''Como é que você pôde colocar aquelas coisas nas casas das pessoas''?
   
Stiyl então se lembrou das dezenas de milhares de papéis que ele havia gravado no dormitório.
+
Stiyl então se lembrou das dezenas de milhares de runas de papel que ele havia preparado no dormitório.
   
Papel tinha fraqueza à água. Até uma criancinha sabia disso.
+
Papel era fraco contra água. Até mesmo uma criança sabia disso.
   
Ao espalhar água por todo o dormitório, não importava se havia dezenas de milhares de runas. Ele não precisava correr pelo prédio, arrancando runa por runa. Tudo o que ele precisava fazer era pressionar um botão e danificar todos os pedaços de papel.
+
Ao jogar água em todo o prédio com os chuveiros automáticos, não importavam se eram dezenas de milhares de runas. Ele não precisava correr pelo prédio. Ao invés disso, ele podia apertar um único botão e destruir todos aqueles pedaços de papel.
   
  +
Os músculos no rosto do mago tremeram.
O mago voltou a sorrir.
 
   
 
“Innocentius!”
 
“Innocentius!”
   
No momento em que ele gritou, a porta do elevador derreteu e o gigante de fogo surgiu no corredor.
+
''No instante em que ele gritou, a porta do elevador atrás de Kamijou derreteu como uma escultura de açúcar e o gigante deus de fogo rastejou para o corredor.''
  +
  +
Sempre que as gotas da chuva artificial atingiam seu corpo de chamas, elas evaporavam com o som da respiração da besta.
   
  +
“Ha ha ha. Ah ha ha ha ha ha! Incrível! Você tem o senso de batalha de um gênio! Mas lhe falta experiência. Papel ofício não é como papel higiênico. ''Molhar ele um pouco não vai dissolvê-lo completamente''!” O mago abriu seus braços enquanto uma gargalhada explodia de sua boca, e então ele gritou, “Mate-o!”
As gotas de água imediatamente evaporavam ao tocar o corpo de chamas do gigante. Com o som do vapor subindo, parecia que ele estava respirando.
 
   
  +
Innocentius balançou seu braço como um martelo.
“Hahahahahahahahaha!! Impressionante! Você tem o senso de batalha de um gênio! Mas ainda falta experiência. Papel de impressão não é a mesma coisa que papel higiênico. Molhá-lo um pouco não irá dissolvê-lo completamente!” O mago abriu seus braços enquanto sua boca explodia em gargalhadas. Ele gritou, “Mate-o!”
 
   
  +
“Desapareça.”
Innocentius atacou como se seu braço fosse um martelo.
 
   
  +
Kamijou Touma apenas disse isso. Ele nem ao menos se virou.
“Fora do meu caminho.”
 
   
  +
As costas da mão direita de Kamijou tocou o gigante deus de chamas com um golpe e ele explodiu em todas as direções com um barulho incrivelmente patético.
Kamijou Touma apenas disse esta frase. Ele nem mesmo se virou.
 
   
  +
“O qu-!?”
Sua mão direita tapeou o gigante de fogo e Innocentius explodiu em todas as direções com um ruído comicamente patético.
 
   
  +
O coração de Stiyl Magnus verdadeiramente parou por um instante por causa de choque.
“O quê?!”
 
   
  +
Após ser apagado, Innocentius não reviveu. Óleo preto foi espalhado pela área como se fossem pedaços de carne e tudo que eles podiam fazer era tremer um pouquinho.
O coração de Stiyl Magnus parou por um instante após este choque.
 
   
  +
“Im...possível... Como...Como!? Minhas runas ainda não foram destruídas!”
Após ser dissipado, Innocentius não reviveu. Seu núcleo negro, parecido com óleo de combustível foi espalhado por todos os cantos. Seus restos ainda se contorciam debilmente.
 
   
  +
“E a tinta?” A voz de Kamijou Touma pareceu demorar 5 anos para chegar aos ouvidos de Stiyl. “Mesmo que o papel ofício não tenha sido destruído, a água vai fazer a tinta escorrer.” Kamijou falou de maneira preguiçosa. “Apesar de parecer que isso não destruiu todas elas.”
“Im... possível... Como... Como?! Minhas runas não foram destruídas ainda!”
 
   
  +
Os pedaços retorcidos de Innocentius desapareceram no ar um de cada vez enquanto a chuva artificial continuava a sair dos chuveiros automáticos.
“E a tinta?” Pareceu ter levado uma eternidade para a voz de Kamijou Touma chegar aos ouvidos de Stiyl. “Apesar do papel não ter sido destruído, a água fez a tinta sair.” Kamijou disse em um tom calmo. “Mas parece que a água não acabou com todas as runas.”
 
   
  +
Era como se a tinta nos papéis por todo o prédio estivesse saindo com a chuva um por um, fazendo com que Innocentius perdesse seu poder pouco a pouco.
Os restos de Innocentius que ainda estavam se contorcendo separadamente desapareciam aos poucos. Innocentius perdia o resto de seu poder lentamente, conforme a água apagava a tinta nos papéis.
 
   
Os pedaços do corpo de Innocentius espalhados desapareceram um por um até o último se dissolver completamente.
+
Os pedaços de “carne” desapareceram um a um até que finalmente o último se dissolveu e sumiu.
   
“Innocentius... Innocentius!”
+
“Innocentius...Innocentius!”
   
  +
As palavras do mago eram como as de um homem gritando num telefone após desligarem na cara dele.
Era como se Stiyl estivesse gritando no telefone o nome de uma pessoa que já havia desligado na sua cara.
 
   
“Agora que aquilo se foi...”
+
“Agora...”
   
Uma frase foi o suficiente para paralisar o corpo do mago.
+
Essa única palavra foi o suficiente para fazer o corpo do mago tremer por inteiro.
   
Kamijou deu um passo em direção a Stiyl Magnus.
+
Kamijou Touma deu um passo na direção de Stiyl Magnus.
   
“Inno... centius...” O mago disse novamente, mas não houve resposta.
+
“Inno...centius...” o mago disse...mas nada no mundo o respondeu.
   
Kamijou deu outro passo em direção a Stiyl Magnus.
+
Kamijou Touma deu outro passo na direção de Stiyl Magnus.
   
“Innocentius... Innocentius. Innocentius!” O mago gritou. Mas nada pareceu ter mudado.
+
“Innocentius...Innocentius, Innocentius!” o mago gritou...mas nada no mundo mudou.
   
Kamijou Touma finalmente começou a correr em direção a Stiyl Magnus.
+
Kamijou Touma finalmente começou a avançar na direção de Stiyl Magnus como uma bala.
   
“C-Cinzas para cinzas, para pó, Crucifixo Sangrento Suscetível!” Mas as espadas de fogo não apareceram. Muito menos o gigante de fogo.
+
“A-Ash To Ash, Dust To Dust. Squeamish Bloody Rood!” o mago finalmente rugiu, mas nem ao menos uma espada de chamas apareceu, muito menos um gigante deus de fogo.
   
A distância entre Kamijou Touma e Stiyl Magnus diminuía cada vez mais.
+
Kamijou Touma se aproximou de Stiyl Magnus e então continuou a se mover.
   
Ele fechou seu punho.
+
Ele cerrou seu punho.
   
Ele fechou sua mão direita completamente normal. Ele fechou sua mão direita que era inútil em coisas que não eram relacionadas ao sobrenatural. Ele fechou sua mão direita que não derrotaria um único delinquente, que não iria aumentar suas notas nas provas, e que não iria torná-lo popular com as garotas.
+
Ele fechou sua mão direita completamente normal. Ele fechou sua mão direita que não lhe seria útil se não fosse usada em um tipo de poder sobrenatural. Ele fechou a mão direita que não o ajudaria a derrotar nenhum delinquente, que não aumentaria suas notas nos testes e que não o faria popular com as garotas.
   
Mas ela podia ser bem útil hoje.
+
Mas sua mão direita podia ser muito útil.
   
Afinal, ele podia usá-la para espancar o imbecil na frente dele.
+
Afinal, ele podia usá-la para socar o bastardo parado na sua frente.
   
O punho de Kamijou afundou o rosto do mago.
+
O punho de Kamijou Touma atingiu o rosto do mago.
   
O corpo de Stiyl Magnus girou algumas vezes e sua nuca colidiu com o corrimão de metal.
+
O corpo do mago girou como pirocóptero e sua nuca atingiu o corrimão de metal.
   
 
===Notas de tradução===
 
===Notas de tradução===

Latest revision as of 09:01, 11 March 2025

Capítulo 1: O Mago Aterrissa na Torre — FAIR,_Occasionally_GIRL.[edit]

Parte 1[edit]

“Se você é um Aquariano, nascido entre 20 de Janeiro e 18 de Fevereiro, você terá muita sorte no amor, ganhará muito dinheiro e terá sucesso nos negócios! Não importa o quão improváveis sejam as circunstâncias, apenas coisas boas virão para você. Vá jogar na loteria! Mas não importa o quão popular você seja não tente sair com três ou quatro garotas ao mesmo tempo. ♪”

“...Olha, eu sabia que ia ser algo desse tipo, mas ainda assim...”

Era 20 de Julho, o primeiro dia das férias de verão.

Kamijou Touma estava sem palavras. Seu dormitório na Cidade Acadêmica havia sido transformado numa sauna por causa de um ar-condicionado quebrado. Aparentemente, um raio havia caído durante a noite e danificado oitenta por cento dos seus aparelhos elétricos. Isso também significava que os conteúdos dentro de sua geladeira haviam sido estragados. Quando ele tentou comer o copo de yakisoba que ele matinha guardado para emergências, ele derramou o macarrão na pia. Sem outras opções, ele decidiu comer fora, mas pisou em seu cartão bancário e o quebrou enquanto procurava por sua carteira. Quando ele rastejou pateticamente de volta à cama para chorar até dormir, ele foi acordado pelo toque de seu telefone. Era sua professora lhe entregando uma mensagem carinhosa: “Bom dia, Kamijou-chan, você é um idiota, então precisa de aulas de reforço. ♪”

Ele sempre sentiu que horóscopos exibidos na TV como previsões do tempo tendiam a ser apenas isso, previsões, mas ele foi incapaz de rir disso quando ela se mostrou tão diferente da realidade.

“...Eu entendo. Mas não consigo engolir sem falar em voz alta.”

O horóscopo sempre estava errado e Kamijou nunca teve boa sorte. Assim era a vida diária para Kamijou Touma. Ele havia pensado que a maneira extraordinária em que a sorte havia o abandonado era algo de família, mas seu pai havia conseguido um quarto lugar (cerca de 100.000 ienes[1]) na loteria e sua mãe havia conseguido bebidas gratuitas em máquinas de vendas diversas vezes. Era o suficiente para fazê-lo se perguntar se eles tinham alguma relação sanguínea. Mas como ele não tinha uma queda por uma irmã mais nova, nem era o próximo na linha de sucessão para a realeza, nada de bom viria ao descobrir que ele era adotado.

Em suma, Kamijou Touma não vivenciava nada além de azar.

Ao ponto em que isso poderia ser facilmente chamado de uma piada recorrente.

Mas ele não tinha intenção de desistir por causa disso.

Kamijou não contava com a sorte. Em outras palavras, ele tinha muita determinação.

“...Certo. Os problemas imediatos são o meu cartão e a geladeira.”

Kamijou coçou sua cabeça e olhou ao redor de seu quarto. Enquanto ele ainda tivesse sua caderneta bancária, ele conseguiria outro cartão facilmente. O problema real era a geladeira... ou melhor, o café da manhã. Eles chamavam de aulas de reforço, mas ele tinha certeza que seria forçado a tomar pílulas de Matusalina e pó de Elbrase[2] para o desenvolvimento de habilidades. Fazer isso com o estômago vazio não era uma boa ideia.

Trocando de roupa e colocando seu uniforme de verão, Kamijou considerou parar numa loja de conveniências no caminho para a escola. Fazendo jus a sua posição de estudante idiota, Kamijou havia ficado acordado a noite inteira enquanto as férias de verão se aproximavam então uma dor incômoda passava pela sua mente privada de sono. Entretanto, ele se forçou a pensar positivamente.

(Compensar quatro meses de aulas perdidas em uma única semana é um bom negócio.)

Seu humor se recuperou ao ponto em que ele repentinamente murmurou, “O clima tá legal. Talvez eu deva arejar o meu futon.”

Kamijou abriu a porta de tela para a varanda. Ele esperava que o futon estivesse agradável e fofinho quando ele voltasse de suas aulas de reforço.

Mas naquela varanda do sétimo andar, a parede do prédio vizinho estava há menos de dois metros de distância.

“O céu é tão azul, e ainda assim o meu futuro é um breu. ♪”

Seu ânimo decaiu bruscamente. Se forçar a dizer isso de maneira alegra apenas teve o efeito oposto.

Não ter outra pessoa para agir como o escada[3] apenas o atormentou com um sentimento de solidão enquanto ele usava ambas as mãos para pegar seu futon em sua cama.

(Se o resto falhar, pelo menos eu vou deixar isso aqui suave e macio.)

Assim que ele pensou isso, ele sentiu algo macio ser esmagado pelo seu pé. Ele olhou para baixo e viu um pão de yakisoba ainda embrulhado. Ele estava na geladeira arruinada previamente mencionada, então certamente ele havia estragado.

“... Eu só espero que não comece a chover de repente essa tarde.”

Expressando uma má premonição que ele teve, Kamijou saiu pela porta de tela aberta para a varanda...

...e viu um futon branco já pendurado lá.

“?”

Ele podia morar num dormitório estudantil, mas o formato era de um kitnet, então Kamijou vivia sozinho. Desse jeito, não havia ninguém além de Kamijou Touma que fosse capaz de pendurar um futon no corrimão da varanda de seu quarto.

Quando ele olhou mais de perto, não era um futon pendurado.

Era uma garota vestindo roupas brancas.

“Hã!?”

O futon verdadeiro caiu de suas mãos.

Era um mistério. Na verdade, era algo sem sentido. Como se ela tivesse caído de exaustão numa vara de metal, a garota estava com sua cintura pressionada contra o parapeito da varanda e seu corpo estava dobrado de um jeito que seus braços e pernas estavam pendurados para baixo.

Ela tinha... cerca de quatorze ou quinze anos de idade. Ela parecia ser um ano ou dois mais nova que Kamijou. Ela devia ser uma estrangeira por que sua pele era de um branco imaculado, e seu cabelo era branco... não, prateado. Seu cabelo era um tanto longo, então ele cobria completamente seu rosto. Kamijou chutou que ele devia alcançar sua cintura se ela estivesse de pé.

E suas roupas...

“Nossa, é uma irmã... Uma irmã freira, não uma irmã irmã.”

O termo para o que ela vestia era hábito? Era o tipo de roupa que você esperava ver em uma freira na igreja. Suas roupas pareciam um longo vestido que chegava até os tornozelos, e ela usava um capuz separado em sua cabeça, um tanto diferente de um chapéu. Entretanto, embora os hábitos normais das freiras fossem pretos, o dela era branco puro. Ele era feito de seda? Aliás, em todos os pontos importantes da roupa, bordados feitos de linhas douradas haviam sido costurados. Kamijou não podia acreditar no quanto a impressão dada pelo mesmo desenho de roupa podia mudar apenas alterando as cores. O que ele viu lembrou-lhe de uma xícara de porcelana.

As pontas dos dedos adoráveis da garota tremeram.

Sua cabeça levantou-se lentamente de sua posição pendurada. Seu cabelo prateado semelhante a seda partiu-se suavemente para os lados como uma cortina e o rosto da garota apareceu no meio do cabelo realmente longo.

(Ei, ei...!)

O rosto da garota era relativamente bonito. Sua pele branca e seus olhos verdes eram uma nova experiência para alguém que não tinha contato com o exterior como Kamijou e ela parecia, de certa forma, com uma boneca para ele.

Entretanto, não foi isso que deixou Kamijou tão envergonhado.

Ela era uma estrangeira e o professor de inglês de Kamijou Touma havia sugerido que ele adotasse uma política vitalícia de evitar estrangeiros. Se alguém de um país estranho começasse a falar com ele, ele possivelmente acabaria comprando um edredom sem perceber.

“Eu...”

Os lábios fofos, mas levemente secos, da garota se moveram lentamente.

Kamijou deu um passo ou dois para trás sem perceber. Com um som amassado, ele pisou no pão de yakisoba mais uma vez.

“Eu tô com fome.”

“...........................................................................”

Por um instante, Kamijou pensou ser tão estúpido que sua mente tinha substituído automaticamente a língua estrangeira que ele ouviu com japonês. Como crianças estúpidas do fundamental que colocavam letras ridículas em músicas estrangeiras que elas não conheciam a letra real.

“Eu tô com fome.”

“...”

“Eu tô com fome.”

“......”

“Quantas vezes eu vou ter que te dizer que eu tô com fome?”

A garota de cabelo prateado pareceu ter ficado um pouco irritada com a maneira que Kamijou apenas ficou parado no mesmo lugar.

(Não. Isso é prova o suficiente. Isso não pode ser outra coisa além de japonês.)

“Ah, hmm...” ele disse enquanto encarava a garota pendurada no parapeito da varanda. “O que? Você tá querendo me dizer que desmaiou de cansaço ou algo do tipo?”

“Você também poderia dizer que eu caí e tô prestes a morrer.”

“...”

A garota podia falar japonês muito bem.

“Seria ótimo se você pudesse me alimentar o suficiente pra eu ficar cheia.”

Kamijou olhou para o pão de yakisoba amassado e possivelmente estragado ainda em sua embalagem debaixo de seu pé.

Ele não tinha ideia do que estava acontecendo, mas ele sabia que era melhor não se envolver. Na esperança de mandar a garota para um lugar distante, ele ergueu o pão de yakisoba amassado para sua boca. Ele tinha certeza que ela iria sair correndo quando sentisse o fedor azedo, então ele fez algo semelhante a oferecer chazuke à um convidado que você queira fora de sua casa em Quioto[4].

“Obrigada. Hora de comer.”

Sua boca o engoliu, com embalagem e tudo. E a mão de Kamijou foi junto.

Mais uma vez, o dia de Kamijou começou com azar e um grito.

Parte 2[edit]

“Eu acho que eu preciso começar com uma introdução.”

“Na verdade, eu iria preferir se você começasse explicando por que você tava pendurada lá fora.”

“Meu nome é Index.”

“Esse nome é claramente falso! Como assim Index!? Você é um índice ou algo do tipo!?”

“Como você pode ver, eu sou da Igreja. Isso é importante. Ah, mas não sou do Vaticano. Eu sou da Igreja Anglicana[5].”

“Eu não sei o que isso significa, e você vai ficar ignorando minhas perguntas!?”

“Hmm, Index não é o suficiente? Bom, meu nome mágico é Dedicatus545.”

“Alô, alô? Com que tipo de alienígena eu tô falando?”

Kamijou não entendeu então ele enfiou um dedo em sua orelha, e Index mordiscou a unha de seu polegar. Esse era um hábito dela?

Kamijou perguntou-se por que eles estavam sentados educadamente de frente um para o outro como em um omiai[6].

Index v01 031.jpg

Se ele não saísse logo, ele iria se atrasar para suas aulas de reforço, mas ele não poderia deixar essa pessoa estranha em seu quarto. Pra piorar as coisas, a garota misteriosa de cabelo prateado se chamando de Index parecia ter gostado o suficiente do quarto que ela parecia disposta a se deitar preguiçosamente no chão.

Teria o azar de Kamijou atraído ela? Ele esperava que esse não fosse o caso.

“De qualquer forma, seria ótimo se você pudesse me alimentar o suficiente para eu ficar cheia.”

“Por que eu faria isso!? Eu não quero aumentar seus parâmetros. Eu preferiria morrer do que ativar uma flag estranha e acabar preso na rota da Index!!”[7]

“Hm... isso é uma gíria? Sinto muito, mas eu não faço ideia do que você tá falando.”

Como esperando de uma estrangeira, ela não entendia a cultura otaku do Japão.

“Mas se eu sair agora, eu vou desmaiar depois de dar três passos.”

“...Não vem com essa de desmaio de novo.”

“E eu vou reunir minha força restante para deixar uma última mensagem antes de morrer. Vai ser uma imagem sua.”

“O qu—?”

“E se, por acaso, alguém me salvar, eu vou dizer que eu fui aprisionada neste quarto e atormentada ao ponto de desmaiar. ...Eu vou dizer pra eles que você forçou seus gostos de cosplay em mim.”

“Não ouse dizer isso! E você conhece uma coisa ou duas sobre a cultura otaku, né!?”

“?”

Ela inclinou sua cabeça para o lado como um gato se olhando pela primeira vez num espelho.

Ele se arrependeu de deixá-la irritá-lo. Ele sentiu como se só ele tivesse sido terrivelmente maculado.

(Ok, vamos nessa!)

Kamijou se encaminhou de forma barulhenta até a cozinha. Apenas restava lixo estragado em sua geladeira, então dar isso para ela não machucaria sua carteira. Ele decidiu que tudo ficaria bem desde que a comida fosse aquecida. Ele colocou tudo restante na frigideira e fez algo semelhante a vegetais salteados.

(Pensando nisso, de onde veio essa garota?)

Claro, haviam estrangeiros na Cidade Acadêmica. Entretanto, ela não tinha o “cheiro” característico de um habitante da cidade. Mas também era estranho que pessoas de fora entrassem na cidade.

A Cidade Acadêmica era tratada como uma cidade feita de centenas de escolas, mas seria mais correto pensar nela como um internato do tamanho de uma cidade. Ela era grande o suficiente para cobrir um terço de Tóquio, mas ela era cercada por uma muralha como a Grande Muralha da China. Ela não era tão estrita como uma prisão, mas ainda assim não era o tipo de lugar que você podia simplesmente entrar e sair.

...Ou pelo menos era assim que parecia ser. Na realidade, três satélites lançados para experimentos de uma faculdade técnica estavam constantemente monitorando a cidade. Cada pessoa que entrava ou saía da cidade era completamente escaneada e se alguma pessoa suspeita que não estivesse no banco de dados no portão fosse detectada, membros da Anti-Skill ou da Judgement de todas as escolas iriam intervir imediatamente.

(Mas aquela garota elétrica invocou aquela nuvem de raios ontem. Isso pode ter escondido ela dos satélites.)

“Então, por que você tava pendurada para secar na minha varanda?” Kamijou perguntou à garota enquanto colocava molho de soja no prato semelhante a vegetais salteados que ele estava fazendo com intenções puramente maliciosas.

“Eu não tava pendurada pra secar.”

“Então o que você tava fazendo? Foi pega pelo vento e veio parar aqui em cima ou algo do tipo?”

“...Algo do tipo.”

Kamijou havia dito aquilo como uma piada e parou de mover a frigideira para encarar a garota.

“Eu caí. Eu estava tentando de pular de um telhado para o outro.”

(Telhado?)

Kamijou olhou para o teto.

Dormitórios estudantis baratos estavam alinhados naquela área. Mais do mesmo tipo de prédios de oito andares estavam enfileirados e uma olhada para a varanda mostrava que existia um vão de dois metros entre os prédios. Era verdade que um pulo com impulso poderia te levar de um telhado para o outro, mas...

“Mas são oito andares? Um passo errado e você cai direto pro inferno.”

“É, e você nem consegue uma sepultura se você cometer suicídio,” disse Index enigmaticamente. “Mas eu não tinha escolha. Não tinha outra maneira de escapar.”

“Escapar?”

Kamijou franziu a testa para aquela palavra sinistra.

“Sim,” disse Index como uma criança. “Eu estava sendo perseguida.”

“...”

A mão de Kamijou que estava balançando a frigideira quente parou de se mover mais uma vez.

“Eu pulei corretamente, mas aí fui baleada nas costas no meio do ar.” A garota que se chamava de Index parecia estar sorrindo. “Desculpa, parece que eu acabei caindo na sua varanda.”

Ela deu um sorriso puro na direção de Kamijou Touma sem mesmo um sinal de autodepreciação ou sarcasmo.

“Você foi baleada...?”

“Sim? Ah, você não precisa se preocupar com um ferimento. Essa roupa também funciona como uma barreira defensiva.”

O que ela queria dizer com “barreira defensiva”? Era à prova de balas?

A garota deu uma voltinha como estivesse mostrando suas roupas novas e ela certamente não parecia ferida. Kamijou teve de se perguntar se ela realmente havia sido baleada. A ideia de que ela estava delirando ou inventando essa história parecia ser mais realista.

Mas...

Havia o fato de que ela realmente estava pendurada em sua varanda no sétimo andar.

Se, hipoteticamente, tudo que ela disse era verdade...

Quem havia atirado nela?

Kamijou pensou.

Ele pensou sobre o quão determinada uma pessoa precisaria estar para pular pelos telhados de prédios de oito andares. Ele também considerou o quão sortuda ela era por ter caído na sua varanda no sétimo andar. E ele pensou sobre o significado oculto do fato de que ela havia desmaiado.

Ela disse que estava sendo perseguida.

Ele pensou sobre o significado do sorriso no rosto de Index quando ela disse isso.

Kamijou não sabia em que circunstâncias Index se encontrava e ele não havia entendido as poucas coisas que ela havia dito. Possivelmente, ele apenas entenderia metade das coisas se Index explicasse tudo do inicio ao fim e ele possivelmente não teria noção de como começar a entender a outra metade.

Mesmo assim, uma verdade permanecia.

Com um aperto em seu peito, ele entendeu o fato de que ela havia caído em sua varanda no sétimo andar quando um passo em falso poderia tê-la mandado diretamente ao asfalto.

“Comida.”

A cabeça de Index surgiu por trás de Kamijou. Apesar de falar japonês, ela não devia estar acostumada a usar hashis, pois ela estava segurando eles como uma colher enquanto encarava excitadamente a frigideira.

Seus olhos eram como os de um gatinho que havia sido resgatado de uma caixa de papelão em um dia chuvoso.

“..................................................................Ah.”

Kamijou colocou a comida que não era nada além de lixo na frigideira para fazer algo como vegetais salteados (venenosos).

Por alguma razão, o Kamijou Anjo dentro dele (que normalmente estava acompanhado do Kamijou Demônio) estava se contorcendo terrivelmente ao ver a garota faminta.

“Ahh! J-já sei! Se você realmente está faminta, que tal a gente ir pra um restaurante ao invés de comer essa refeição horrível feita por um cara com as sobras!? A gente pode até pedir por telefone!”

“Eu não posso esperar tanto.”

“... Ah...kh!”

“E ela não é horrível. Você fez essa comida pra mim sem cobrar nada por ela. Ela tem que ser boa.”

Pela primeira vez, ela deu um sorriso brilhante digno de uma freira.

O estômago de Kamijou sentiu como se ele estivesse sendo espremido como um esfregão. Index o ignorou, usando os hashis em seu punho para colher os conteúdos da panela para sua boca.

Nhac nhac.

“Viu? Tá bom.”

“...Ah, tá?”

Nhoc nhoc.

“Foi legal você ter colocado um sabor azedinho pra me ajudar a recuperar as forças.”

“Geh! Tá azedo!?”

Chomp chomp.

“É, mas tudo bem. Obrigada. Você é parece um irmão mais velho ou algo do tipo.”

Ela apresentou um largo sorriso. Ela estava comendo com um coração tão puro que um caroço de feijão estava em sua bochecha.

“...Gh...Uuwhaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhh!”

Na velocidade do som, Kamijou agarrou a panela. Index parecia incrivelmente descontente, mas Kamijou jurou em seu coração que ele seria o único a ir para o inferno.

“Você também tá com fome?”

“...Hã?”

“Se não estiver, eu gostaria que você me deixasse comer o resto.”

Quando Kamijou viu Index olhando para ele com olhos levemente irritados enquanto mastigava na ponta de seus palitos, Kamijou recebeu uma revelação divina.

Deus estava lhe dizendo para assumir a responsabilidade e comer tudo sozinho.

Isso não tinha nada haver com azar, isso foi algo que ele mesmo provocou.

Parte 3[edit]

Kamijou Touma encheu a boca com o lixo aquecido e sorriu.

“Mhh,” murmurou a garota se chamando de Index com reclamação em seu rosto enquanto ela mordiscava um biscoito. A maneira que ela segurava o pequeno biscoito com ambas as mãos fez com que ela parecesse um pouco com um esquilo.

“Ok, você disse que estava sendo caçada. Caçada por quem?”

Tendo retornado do Nirvana, Kamijou mais uma vez perguntou sobre o maior problema na história da garota.

Ele não ia seguir uma garota que ele havia acabado de conhecer há menos de trinta minutos até as profundezas do inferno. Entretanto, era provável que já fosse tarde demais para nada acontecer com ele.

(Acabou que eu vou ter que fazer teatrinho,) Kamijou pensou, usando seu termo pessoal pra fingir ser legal.

Ele sabia que isso não ia levar a lugar algum, mas ele ainda queria se confortar dizendo que “pelo menos ele tentou”.

“Ah...” ela começou com a garganta levemente seca. “Quem era...? Talvez tenha sido a Rosacruz ou a S∴M∴ conhecida também como Stella Matutina. Eu acho que era um grupo desses, mas eu ainda não sei qual. ...Eles não são do tipo que se anunciam por aí.”

“Eles?” Kamijou perguntou fracamente.

Aparentemente, ela estava sendo caçada por um grupo ou uma organização.

“Sim,” Index respondeu de uma maneira surpreendentemente calma. “Uma sociedade mágica.”

..............................................................................

“Ahn? Mágica? Ah... Que!? Isso é loucura!!”

“Ah? M-meu japonês saiu errado? Eu quis dizer mágica. Uma Cabalá Mágica.”[8]

“...” Ouvir em inglês não ajudou muito. “O que? Você tá falando de algum culto perigoso que diz que aqueles que não acreditam no líder do culto vai receber uma punição divina e aí eles te dão LSD pra fazer lavagem cerebral? Isso é ruim em mais de uma maneira.”

“...Você tá tirando sarro da minha cara?”

“...Foi mal mas não dá, eu simplesmente não consigo aceitar que mágica seja real. Eu posso conhecer todos os tipos de poderes sobrenaturais como Pirocinese e Clarividência, mas eu não consigo aceitar a existência de magia.”

“...?”

Index parecia confusa.

Ela possivelmente esperava que um crente na ciência iria negar qualquer coisa sobrenatural existisse nesse mundo.

Entretanto, a mão direita de Kamijou carregava um poder sobrenatural.

Ele se chamava Imagine Breaker e ele podia negar até mesmo os sistemas de deuses que eram vistos em mitos em um único golpe, contanto que fosse um poder que excedesse as regras naturais do mundo.

“Habilidades especiais são bem comuns aqui. O seu cérebro pode ser 'desenvolvido' com a injeção de drogas nas suas veias, com estímulos de eletrodos fixados no seu pescoço e ao ouvir ritmos tocados através de fones de ouvido. Tudo pode ser explicado com a ciência, então é natural aceitar isso, né?”

“...Eu não entendi.”

“É normal! É completamente normal e é perfeitamente normal. Dizer três vezes é o suficiente!?”

“...Mas e mágica? Mágica é normal...”

Index murmurou como se alguém tivesse insultado seu gato de estimação.

“Hmm... Olha o janken, por exemplo... Pera, janken é conhecido no mundo todo?”

“...Eu acho que isso se chama pedra-papel-tesoura no lugar de onde eu venho, mas eu sei o que é isso.”

“Ok, se você jogar janken dez vezes seguidas e perder todas as vezes, teria algum motivo por trás disso?”

“...Mh.”

Não teria, né? Mas é da natureza humana achar que tem,” disse Kamijou de forma desinteressada. “Você iria pensar que não tem como você continuar perdendo desse jeito. Você assumiria que tem alguma regra por trás disso que você não consegue ver. E assim que você começa a pensar desse jeito, o que acontece quando você começa a adicionar coisas como horóscopos?”

“...Algo do tipo: 'se você é de Câncer, então você está com azar e não deveria tentar entrar em competições'?”

“Isso. Essa é a verdadeira identidade do oculto. Sorte é só a gente sonhando sobre essas regras invisíveis. Enquanto a realidade é algo patético como coincidência, nossos corações inventam algum tipo de inevitabilidade grandiosa. Assim é o oculto.”

Por um momento, Index franziu o cenho como um gato incomodado, mas então ela disse, “Então você não negou magia sem pensar.”

“Isso. E é por que eu pensei nisso seriamente que eu posso ver que essas historinhas pra boi dormir são pura balela. Eu não posso acreditar em magos de um livrinho infantil. Se a gente pudesse reviver os mortos com o custo de um pouco de PM[9], ninguém estaria desenvolvendo esses poderes científicos. Eu simplesmente não consigo acreditar no oculto que não tem conexão com a realidade da ciência.”

Ele sentiu que as pessoas apenas viam as habilidades como estranhas e misteriosas por que elas eram idiotas.

O fato de que aqueles poderes podiam ser explicados cientificamente era senso comum naquela cidade.

“...Mas mágica existe,” Index disse fazendo beicinho.

Provavelmente, isso era como um pilar apoiando seu coração. Semelhante ao Imagine Breaker de Kamijou.

“Que seja, por que eles estão te caçando?”

“Mágica existe.”

“...”

“Mágica existe!”

Ela parecia decidida em querer que ele aceitasse isso.

“E-então, o que é mágica? Você pode soltar fogo das suas mãos sem passar pelo Curriculum? Se for isso, eu gostaria de ver. Assim eu acreditaria em você.”

“Eu não tenho poderes mágicos, então eu não posso usar magia.”

“...”

Kamijou sentiu que ele tinha se deparado com um daqueles usuários de habilidade que diziam não poder dobrar uma colher com seus poderes por que a câmera presente estava sendo distrativa.

Ao mesmo tempo, um sentimento um tanto quanto complexo preencheu seu coração.

Ele estava insistindo que o oculto não existia e que mágica era algo ridículo, mas ele não sabia nada sobre o Imagine Breaker que morava em sua mão direita. Como ele funcionava e o que estava acontecendo que ele não podia ver? A Cidade Acadêmica era o ápice do desenvolvimento de habilidades do mundo, mas até mesmo o System Scan[10] não podia analisar seu poder, então ele havia sido marcado como um Level 0.

Ele era um poder que ele possuía desde o nascimento, não um que ele havia obtido através do Curriculum.

Ele estava insistindo que o oculto não existia e ainda assim, ele era parte do oculto que ignorava as regras.

Mas ainda assim, ele não ia aceitar a lógica ridícula de que mágica podia existir só por que havia coisas estranhas no mundo.

“...Mágica existe.”

Kamijou suspirou.

“Ok. Vamos supor que mágica existe.”

Supor?

“Se isso existe,” Kamijou continuou a falar, ignorando a garota. “Por que eles estão atrás de você? Tem alguma coisa haver com o jeito que você está vestida?”

Kamijou estava se referindo ao hábito extravagante que Index estava vestindo, feito de seda branca e bordados de linhas douradas. Em outras palavras... “Isso tem haver com a igreja?”

“...É por que eu sou o Index.[11]

“Hein?”

“Eles possivelmente estão atrás dos 103.000 grimórios que eu carrego.”

..............................................................................

“...De novo, eu não entendi nada.”

“Por que você parece perder toda motivação sempre que eu explico algo? Você é uma pessoa volúvel?”

“Hm, bora revisar. Eu não tenho certeza o que são esses grimórios que você mencionou, mas eu imagino que seja como um livro. Algo como um dicionário?”

“É. O Livro de Eibon, a Chave Menor, Cultos Indescritíveis, Cultos de Carniçais, e o Livro dos Mortos[12] são bons exemplos. O Necronomicon é tão famoso que tem vários tipos de imitações e falsificações, então ele não é muito confiável.”[13].

“Eu não me importo muito com o conteúdo.”

Ele queria adicionar, “por que, no fim das contas, é tudo baboseira inventada”, mas ele se conteve.

Ao invés disso, ele perguntou, “E aí? Cadê esses 100.000 livros?”

Ele se recusou a recuar nesse ponto. Cento e três mil livros eram o suficiente para encher uma biblioteca inteira.

“Você quer dizer que tem a chave pra o lugar onde eles estão guardados?”

“Não.” Index balançou a cabeça. “Eu tenho cada um dos 103.000 grimórios comigo.”

“Hein?” Kamijou franziu o cenho. “Pessoas burras não conseguem ver eles ou algo do gênero?”

“Mesmo que você não fosse estúpido, você não poderia ver eles. Qual seria o ponto se você pudesse vê-los sempre que quisesse?”

As palavras de Index eram tão removidas da realidade que Kamijou sentiu que ele era o alvo de uma piada. Ele olhou ao redor, mas não podia ver nenhum livro velho e empoeirado que poderia ser um grimório. Tudo que ele viu espalhado no chão eram revistas de jogos, mangás e o dever de casa do verão que ele havia jogado num canto.

“Que...?”

Até agora ele havia se forçado a escutar aquela história, mas agora ele não conseguia aguentar ela.

Ele começou a se perguntar se ela estava meramente imaginando que estava sendo perseguida por alguém. Se ela havia saltado do telhado do oitavo andar, calculado errado e caído na sua varanda por causa de um delírio, ela não era alguém que ele queria envolvimento.

“Acreditar em habilidades mas não acreditar em mágica não faz sentido” Index disse fazendo beicinho. “Essas habilidades são tão boas assim? Não tá certo caçoar das pessoas só por que você tem algum tipo de poder especial.”

...

“É...” Kamijou deu um pequeno suspiro. “É, você tem razão. É errado achar que você é melhor que os outros só por que você consegue fazer uns truquezinhos.”

O olhar de Kamijou caiu para sua mão direita.

Fogo e raios não sairiam dali. Ela não iria criar nenhum raio de luz ou explosões, e nenhuma marca estranha iria aparecer em seu pulso.

Entretanto, sua mão direita ainda podia negar todos os tipos de poderes sobrenaturais. Não importava se o poder fosse bom ou mal ou até mesmo os sistemas de deuses vistos em mitos.

“Olha, pra as pessoas que vivem nessa cidade, o poder que eles têm é como uma parte de suas personalidades, então você provavelmente deveria ser um pouco compreensiva sobre isso. Na verdade, eu também sou um desses usuários de habilidades.”

“É mesmo, idiota? Hmpf. Vocês poderiam simplesmente dobrar colheres com suas mãos ao invés de sair por aí bagunçando os cérebros das pessoas.”

“...”

“Hmpf, hmpf. O que tem demais num cara que rejeitou seu lado natural pra se pintar artificialmente? Hmpf.”

“...Você não se importaria se eu calasse a sua boca e esse seu orgulho ridículo, né?”

“E-eu não me rendo a terrorismo. Hmpf,” Index disse como se fosse um gato incomodado. “D-de qualquer forma, você disse que é um usuário de habilidade, mas o que você faz?”

“Erh... Bem, quando você coloca desse jeito...”

Kamijou não tinha certeza do que dizer.

Ele não tinha que explicar seu Imagine Breaker para as pessoas com frequência. Aliás, já que ele só reagia a poderes sobrenaturais, ele não podia ser explicado sem o conhecimento do sobrenatural ou de habilidades.

“É essa minha mão direita, saca? Ah, e no meu caso não foi através de drogas; Eu tenho isso desde o meu nascimento.”

“Entendi.”

“Se eu tocar nele com a minha mão direita, qualquer tipo de poder sobrenatural vai ser negado. Isso vale pra bolas de fogo no nível de bombas atômicas, canhões eletromagnéticos táticos ou até mesmo os sistemas de Deus.”

“Ah?”

“Por que você tá com uma cara de quem viu uma pedra milagrosa que trás boa sorte em uma revista?”

“Mas você nem mesmo sabe o nome de Deus e ainda assim acabou de dizer que poderia negar Seus milagres.” Em surpresa, Index cutucou o ouvido com o dedo mindinho e deu uma risada de escárnio.

“...Kh. I-isso é irritante. Eu odeio quando uma garota mágica falsa que diz que mágica existe mas não consegue provar fica rindo de mim.”

Esse murmúrio da alma de Kamijou Touma pareceu ter incomodado Index.

“E-eu não sou falsa! Mágica realmente existe!”

“Então me mostra alguma coisa, garota fantasiada! Você não vai acreditar no meu Imagine Breaker até eu destruir sua magia com a minha mão direita de qualquer jeito. Cai dentro, sua lunática!”

“Tá, aí vou eu!” Index jogou as mãos pra cima de maneira agitada. “Aqui! Essas roupas! Elas são a barreira defensiva de maior qualidade conhecida como Igreja Ambulante!”

Index abriu os braços para mostrar o hábito de freira branco como uma xícara de porcelana.

“Igreja Ambulante? Que? Você não tá fazendo sentido algum! Não é muito legal da sua parte ficar usando esses termos técnicos incompreensíveis como “Index” e “barreira defensiva”, sabia? Explicar as coisas significa contar as coisas a alguém que não entende elas de um jeito simples o suficiente para as pessoas entenderem. Você não entende isso!?”

“Qu-? Como você ousa dizer isso quando você nem tá tentando entender!?” Index balançou seus braços com raiva. “Tá, só acredita vendo, né? Pega uma faca lá na cozinha e me apunhala na barriga!!”

“Te apunhalar!? Isso vai acabar nos jornais com a chamada 'isso tudo começou com uma discussão trivial' ou algo do tipo?”

“Ah, você não acredita em mim.” Os ombros de Index subiram e desceram enquanto ela respirava pesadamente. “Essa roupa tem o mínimo de componentes necessários para formar uma igreja, para que sejam uma igreja em forma de roupas. A forma como o pano é tecido, a forma como os fios são são costurados, a forma como os bordados a enfeitam... É tudo calculado. Uma faca não vai nem arranhá-la.”

“É, tá bom. Que tipo de idiota iria concordar em te esfaquear? Ele teria que ser um tipo sem precedentes de criminoso juvenil.”

“Você vai parar de zombar de mim? Isso é uma cópia exata do Sudário de Turim, o pano que cobriu o santo que foi perfurado pela Lança de Longuinho,[14] então sua força é da classe papal. Eu acho que você diria que isso é como um abrigo nuclear. Ele desvia ou absorve qualquer ataque, seja ele físico ou mágico. Eu te disse que eu caí na sua varanda depois de ser baleada, não foi? Eu teria um buraco gigante em mim se não fosse pela Igreja Ambulante. Você entende agora?”

(Cala a boca, idiota.)

O medidor de apreciação de Kamijou em relação a Index caiu rapidamente e ele encarou suas roupas brancas com desprezo.

“...Hmm. Então se isso realmente é um poder sobrenatural, então ela seria despedaçada se eu a tocasse com minha mão direita?”

“Sim, mas só se o seu poder for real. Heh heh heh.”

“Perfeito!!” gritou Kamijou enquanto ele agarrava o ombro de Index.

Como se ele tivesse agarrado uma nuvem, ele sentiu um sensação estranha como se o impacto estivesse sendo absorvido por uma esponja macia.

“Espera... Hein?”

Kamijou esfriou a cabeça e pensou.

E se tudo que Index estivesse dizendo fosse verdade (mesmo que isso fosse improvável) e essa Igreja Ambulante fosse costurada com poderes sobrenaturais?

Negar o poder sobrenatural iria desfazer a roupa?

“Hãããããããããããhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!?”

Kamijou gritou instintivamente por causa da premonição repentina que ele teve sobre ele estar prestes a subir alguns degraus na escadaria para a vida adulta. Mas...

...

...

...?

“Ahhhhhhh? ...Huh?”

Nada aconteceu. Nada mesmo.

(Ah, qual é? Não faz eu me preocupar desse jeito.)

Kamijou simplesmente não podia aguentar.

“Viu? O que foi aquilo tudo sobre o seu Imagine Breaker mesmo? Nada aconteceu. Heh heh.”

Index colocou as mãos nos quadris e estufou seu peito pequeno com orgulho.

Mas no instante seguinte, suas roupas se despedaçaram como os laços de um presente.

Index v01 051.jpg

Todos os fios que costuravam seu hábito de freira se desfizeram de maneira fluida, transformando tudo em meros pedaços de pano.

O capuz devia ser um item isolado por que ele permaneceu intacto. Ter apenas a cabeça coberta parecia ter tornado tudo mais doloroso.

A garota congelou, ainda com as mãos nos quadris e seu pequeno peito estufado com orgulho.

Resumindo, ela estava completamente nua.

Parte 4[edit]

Aparentemente, a garota se chamando de Index tinha o costume de morder as pessoas quando ela estava irritada.

“Ai... Eu tô todo mordido. Você é algum tipo de mosquito?”

“...”

Ele não teve resposta.

Index estava nua e enrolada em um lençol. Ela estava sentada com as pernas dobradas para os lados enquanto (inutilmente) tentava consertar sua roupa arruinada, prendendo pinos de segurança nos pedaços do hábito de freira.

O efeito sonoro “dooon” parecia preencher o lugar.

E não era porque de um usuário de Stand[15] havia atacado.

“...Hm, princesa? Talvez seja pretensioso da minha parte, mas eu tenho uma camisa e calças que você pode vestir.”

“...”

Ela o encarou com violência em seus olhos.

“...Hm, princesa?”

(Que tipo de personagem ela tá interpretando?)

“...Que foi?” ela respondeu quando ele a chamou de novo.

“A culpa é toda minha.”

A única resposta que ele recebeu foi o seu relógio sendo arremessado em sua direção.

“Ih!” Kamijou gritou enquanto seu travesseiro também voava em sua direção.

Pra tornar as coisas ainda mais ridículas, seu videogame e um pequeno rádio também foram arremessados.

“Como você pode falar normalmente comigo depois de ter feito algo como aquilo!?”

“Ahh, não! Foi um evento chocante pra mim também. Mas assim é a juventude!”

“Você tá zombando de mim... Uuuuuuuuhhhhhh!!”

“Ok... Desculpa, desculpa! Não morde esse DVD alugado como se ele fosse feito de pano, sua idiota!”

Kamijou Touma se ajoelhou no chão, colocou suas mãos em sua frente e curvou-se, encostando a testa nas costas das mãos, como se isso fosse um tipo de piada.

Lá no fundo, Kamijou sentiu como se seu coração estivesse sendo esmagado pelas mãos de alguém por ter visto uma garota sem roupas pela primeira vez.

Entretanto, Kamijou Touma não era o tipo de pessoa que mostrava suas emoções em seu rosto.

...Ou pelo menos foi o que ele pensou, mas ele ficaria bem surpreso com o que ele veria se olhasse num espelho.

“Terminei.”

Soprando pelo nariz de forma triunfante, Index mostrou o branco hábito de freira que, de alguma forma, havia retomado sua forma original depois daquele infernal trabalho no estilo “faça você mesmo”.

Dezenas de pinos de segurança brilharam ao longo do hábito.

“...............................................................(suor)”

“Hm... Você vai vestir isso?”

“...............................................................(silêncio)”

“Você vai vestir essa dama de ferro?”[16]

“...............................................................(lágrimas)”

“Em japonês, a gente chama isso de virgem de ferro.”[17]

“...Uuuuuuhhhhhh!!”

“Tá bom, tá bom!” Kamijou pediu desculpas dando uma cabeçada no chão com toda a sua força.

Enquanto isso, Index o encarava como uma criança intimidada e estava prestes a mastigar o cabo de força da televisão. Ela era algum tipo de gato malcriado?

“Eu vou vestir isso! Eu sou uma freira!!”

Kamijou não tinha certeza se isso fazia algum sentido, mas Index começou a se trocar por baixo do cobertor enrolado, a fazendo parecer uma lagarta num casulo. Sua cabeça era a única coisa visível para Kamijou, e o rosto da garota estava tão vermelho quanto uma bomba.

“Ahh, isso me lembra de quando a gente tem que se trocar pra as aulas na piscina da escola.”

“...Por que você tá olhando pra mim? Pelo menos olha pro outro lado.”

“E faz diferença? Comparado com o que aconteceu antes, ver você se trocando não é tão excitante assim.”

“..................................................................”

Index parou de se mover repentinamente, mas quando Kamijou não pareceu notar, ela desistiu e continuou a se trocar dentro do cobertor. Ela estava tão focada no que estava acontecendo lá dentro que ela não notou que seu capuz caiu de sua cabeça.

A atmosfera constrangedora de um elevador silencioso tomou o quarto.

A mente de Kamijou começou a fugir da realidade, mas então o termo “aulas de reforço” flutuou em sua mente.

“Ah! É mesmo! Eu tenho aulas de reforço!” Kamijou olhou as horas em seu celular. “Hm... Eu tenho que ir pra a escola, então o que você vai fazer? Se você vai ficar por aqui, eu posso te dar uma chave.”

A opção de simplesmente expulsar ela do seu apartamento havia desaparecido de sua mente.

Já que a Igreja Ambulante do hábito de freira da Index havia reagido ao Imagine Breaker, ela claramente tinha alguma conexão com o sobrenatural. Isso significava que nem tudo que ela havia dito para ele era mentira.

Era possível que ela realmente tivesse caído do telhado porque estava sendo perseguida por magos.

Era possível que ela realmente continuaria participando de um jogo mortal de pega-pega.

Era possível que feiticeiros de um livro infantil, ou algo insano desse jeito, realmente estivessem correndo soltos pela cidade da ciência onde teorias sobre usuários de habilidade existiam.

E mesmo que essas coisas não fossem verdade, ele não queria simplesmente abandonar Index.

“...Tá certo. Eu vou embora.”

Entretanto, Index levantou-se e fez um anúncio dramático. Ela então passou pelo lado de Kamijou como um fantasma. Ela não pareceu ter notado que seu capuz havia caído. Mas se Kamijou tentasse pegá-lo, ele provavelmente seria rasgado em pedaços.

“E-ei...”

“Hm? Não, não é que eu não queria ficar.” Index se virou. “Se eu ficar, eles possivelmente virão atrás de mim. Você não quer que esse quarto exploda, quer?”

Aquela resposta entregue de forma suave deixou Kamijou sem fala.

Enquanto Index saia pela porta da frente lentamente, Kamijou correu desajeitadamente atrás dela. Ele queria fazer algo, então ele olhou em sua carteira e descobriu que ele apenas tinha 320 ienes[18] sobrando. Ele correu atrás de Index para dar o pouco que ele tinha, mas seu dedo mindinho do pé bateu na quina da porta na velocidade do som enquanto ele tentava sair do apartamento.

“Bh...yah! Gyaahhh!!”

Enquanto Kamijou segurava seu pé e gritava de maneira esquisita, Index se virou em choque. Enquanto Kamijou se contorcia de dor, seu celular caiu de seu bolso. No exato momento em que ele percebeu isso, a tela de LCD do aparelho atingiu o chão e ele ouviu o crack de um golpe fatal.

“Uuuuhhhh! Q-que azar.”

“Eu diria que isso foi falta de cuidado, não azar,” Index disse com um leve sorriso. “Mas se esse Imagine Breaker é real, isso pode acabar sendo inevitável.”

“...Como assim?”

“Isso é relacionado ao mundo da magia, então eu duvido que você acredite em mim,” Index disse com uma risadinha. “Mas se a proteção divina de Deus e o fio vermelho do destino[19] realmente existem, sua mão direita não negaria todas essas coisas também?” Index sacudiu seu hábito de freira coberto de pinos de segurança e adicionou, “Afinal, o poder dessa Igreja Ambulante era uma benção de Deus.”

“Espera. O que a gente chama de sorte e azar são apenas uma questão de probabilidade e estatísticas. Isso que você tá falando é completamente—!”

No segundo em que ele disse isso, o dedo de Kamijou tocou a maçaneta da porta e ele tomou um choque de estática elétrica.

“Que—!?” ele gritou enquanto seu corpo contraiu-se por reflexo.

O jeito incomum em que seus músculos se moveram resultou em uma cãibra em sua panturrilha direita.

“~ ~!!”

A agonia o deixou incapacitado por aproximadamente seiscentos segundos.

“.................................Hm, irmã?”

“Sim?”

“.................................Explica, por favor.”

“Não tem muito pra ser explicado,” disse Index como se isso fosse óbvio. “Se o que você diz sobre sua mão direita é verdade, então simplesmente ter ela é o suficiente para negar continuamente o poder da sorte.”

“.................................Isso quer dizer o que eu acho que isso quer dizer?”

“Simplesmente por estar presa ao seu corpo, sua mão direita está te causando azar todos os dias♪”

“Gyaaaaaaaaahhhhhhhhh!! M-mas que azaaaaaaaaaaaaaaaar!!”

Kamijou não acreditava no oculto, mas as coisas eram diferentes quando se tratava do seu azar. Independente do seu esforço, tudo que Kamijou tentava fazer dava errado, ao ponto dele sentir que o próprio universo estava jogando contra ele.

Enquanto isso, uma freira de branco olhava para ele com o sorriso da Virgem Maria.

Em seus olhos estava o que as pessoas chamavam de “olhar convidativo”.

“O azar de verdade não seria ter nascido com esse poder?♪”

A freira sorridente trouxe lágrimas aos olhos de Kamijou e ele finalmente percebeu que a conversa havia se desviado do tema principal.

“E-ei, deixa isso pra lá! Você tem algum lugar pra ir depois daqui? Eu não sei qual é a sua situação, mas você pode se esconder aqui se esses magos ou o que quer que eles sejam estiverem por perto.”

“Se eu ficar aqui, os inimigos virão.”

“Como você pode ter certeza? Se você ficar no meu quarto e não chamar atenção, eles não devem te achar.”

“Não é verdade.” Index puxou a roupa em seu peito. “Essa Igreja Ambulante funciona usando poder mágico. Parece que a igreja chama isso de 'poder divino', mas é a mesma coisa. Resumindo, o inimigo parece estar procurando pelo poder mágico da Igreja Ambulante.”

“Então por que você tá usando isso se essa roupa é um tipo de rastreador?”

“Eu te disse que o poder defensivo dela é da classe papal, lembra? ...Mas a sua mão direita rasgou ela toda.”

“...”

“Mas você rasgou ela inteirinha.”

“Eu pedi desculpas, então não me olha com essa cara de choro! ...Mas o Imagine Breaker destruiu essa Igreja Ambulante, né? Essa função de rastreador não deveria ter sido destruída junto?”

“Mesmo que tenha sido, eles vão saber que a Igreja Ambulante foi destruída. Como eu disse antes, seu poder defensivo é da classe papal. Resumindo, é tipo uma fortaleza. Se eu fosse o inimigo, eu apareceria quando essa fortaleza fosse destruída, seja lá qual for a razão.”

“Espera um segundo. Isso aí é mais um motivo pra eu não te deixar ir. Eu ainda não acredito no oculto, mas se alguém está atrás de você, eu não posso permitir que você vá.”

Index olhou para ele fixamente.

Daquele jeito, ela verdadeiramente parecia uma garota completamente normal.

“...Então você me seguiria até as profundezas do inferno?”

Ela sorriu.

Era um sorriso tão triste que Kamijou ficou sem palavras por um instante.

Index havia usado palavras gentis para implicitamente dizer: “Não venha atrás de mim.”

“Não se preocupe. Eu não estou só. Se eu puder chegar até a igreja, eles vão me acolher.”

“...Hmm. E onde é que tá essa igreja?”

“Em Londres.”

“Isso é longe demais! Como é que você vai chegar até lá!?”

“Hm? Ah, não se preocupe. Eu acho que tem algumas filiais no Japão,” Index respondeu enquanto seu hábito de freira que parecia o resultado do trabalho de uma esposa injustiçada balançou com o vento.

“Uma igreja, hm? Deve ter uma aqui na cidade.”

Para Kamijou, o termo “igreja” invocava o imaginário de um grande salão para casamentos, mas os exemplos no Japão eram um tanto patéticos. Pra começo de conversa, a cultura tinha pouco haver com o Cristianismo e um país com terremotos frequentes tinha poucos prédios históricos. As igrejas que Kamijou tinha visto pelas janelas de trens eram pequenas construções pré-fabricadas com uma cruz no telhado. Ele tinha a sensação de que ele estava errado em pensar que aquelas eram igrejas propriamente ditas.

“Ah, mas não pode ser qualquer igreja. Tem que ser uma na vertente britânica que eu faço parte.”

“???”

“Hm, tem vários tipos diferentes de Cristianismo,” Index disse com um sorriso amargo. “Primeiro, tem a distinção entre os estilos antigos no Catolicismo e os estilos novos no Protestantismo. E aí, enquanto eu pertenço a um estilo Católico, tem vários tipos deles também. Por exemplo, tem a Igreja Católica Romana[20] centralizada no Vaticano, a Igreja Ortodoxa Russa[21] sediada na Rússia, e a Igreja Anglicana com o núcleo na Catedral de São Jorge em Londres.

“...E o que acontece se você acidentalmente ir pra a igreja errada?”

“Eles me rejeitariam,” Index disse com o mesmo sorriso amargo. “A Igreja Ortodoxa Russa e a Igreja Anglicana existem primariamente dentro de seus respectivos países, então igrejas Anglicanas são raras no Japão.”

“...”

As coisas não pareciam estar indo numa boa direção.

Era possível que Index havia tentado ir de igreja em igreja antes de cair de fome? Como ela havia se sentido enquanto fugia e fugia enquanto era rejeitada em cada igreja em que ela buscava abrigo?

“Não se preocupe, eu só tenho que continuar correndo até encontrar uma igreja na vertente britânica.”

“...”

Por um instante, Kamijou pensou no poder em sua mão direita.

“Ei! ...Se você tiver qualquer problema, você pode voltar pra cá.”

Era tudo que ele podia dizer.

Ele tinha o poder de matar até mesmo Deus, e ainda assim isso era tudo que ele podia dizer.

“Tá. Eu volto se eu senti fome.”

Seu sorriso brilhante era tão perfeito que Kamijou não pode dizer nada em resposta.

E então, um robô de limpeza passou por eles, tendo que sair de sua rota para não bater em Index.

“Hyah!?”

Aquele sorriso perfeito foi desfeito em um instante. Index pulou como se ela tivesse uma cãibra em sua perna e tropeçou para trás. Com o som de uma pancada terrível, sua cabeça bateu na parede atrás dela.

“~ ~ ~ ~! E-esse treco esquisito apareceu do nada!”

Os olhos de Index estavam marejados, mas ela esqueceu completamente de colocar as mãos no machucado, preocupando-se apenas com a coisa em sua frente.

“Não fica apontando e chamando isso de esquisito. É só um robô de limpeza.”

Kamijou deu um suspiro.

Seu tamanho e formato eram semelhantes ao de um tambor de óleo. Ele tinha três pequenos pneus no fundo e um esfregão circular que girava ao seu redor similar àqueles limpadores de estrada. Ele tinha câmeras para poder evitar as pessoas e outros obstáculos, então eles eram um tanto odiados pelas garotas vestindo minissaias.

“...Entendi. Eu tinha ouvido falar que o Japão era o líder em desenvolvimento tecnológico, mas eu não sabia que vocês tinham feito Agathions mecanizados.”[22]

“Oi?” Kamijou estava um pouco assustado com o quão impressionada Index parecia. “Essa é a Cidade Acadêmica. Você pode encontrar essas coisas em todos os lugares da cidade.”

“Cidade Acadêmica?”

“Sim. É uma cidade que foi feita depois de comprarem toda a área ocidental de Tóquio onde o desenvolvimento tinha desacelerado. O nome vem do fato de que tem dezenas de universidades e centenas de escolas nela.” Kamijou suspirou. “Oitenta por cento dos moradores são estudantes, então todos os prédios de apartamentos que você encontrar são dormitórios estudantis.”

Ele omitiu o fato de que a cidade tinha uma face oculta onde habilidades e corpos sobrenaturais eram desenvolvidos juntamente aos estudos.

“É por isso que a cidade é um pouco estranha. A cidade tá cheia de experimentos de universidades como o descarte automatizado de resíduos de cozinha, as turbinas eólicas que funcionam bem o suficiente para serem práticas e os robôs de limpeza como esse aqui. Graças a tudo isso, o nosso nível de cultura tá cerca de vinte anos à frente de qualquer outro lugar do mundo.”

“Hm.” Index cuidadosamente examinou o robô de limpeza. “Então todos os prédios aqui são parte da Cidade Acadêmica?”

“É, eu acho que seria melhor você sair dessa cidade se você estiver procurando por uma igreja Anglicana. Todas as igrejas daqui provavelmente são instituições de ensino para Teologia ou Psicologia Jungiana.”

“Hm.”

Index acenou e finalmente levou uma mão à nuca, onde ela havia batido na parede.

“Hyah!? Q-que? Meu capuz sumiu!?”

“Ah, você só percebeu agora? Ele caiu mais cedo.”

“Hyah?”

Com “mais cedo”, Kamijou queria dizer “quando você estava se trocando”, mas Index pareceu ter interpretado isso como “quando você tropeçou por causa do susto com o robô de limpeza”. Ela começou a procurar no chão ao seu redor e um sinal de interrogação surgiu em cima de sua cabeça.

“Ah, já sei! Aquele Agathion elétrico!”

Ainda confundindo as coisas, ela correu atrás do robô de limpeza e desapareceu na curva do corredor.

“...Ah, o que é que tá acontecendo?”

Kamijou olhou para a porta do seu quarto onde o capuz de Index estava e então para o corredor. Index havia sumido de vista. Não havia ocorrido nenhuma despedida, seja ela triste ou de outro tipo.

(Desse jeito, eu sinto que ela vai sobreviver mesmo que o mundo seja destruído.)

Ele não tinha nenhuma prova disso, mas, de qualquer forma, esse foi o pensamento que lhe ocorreu.

Parte 5[edit]

“Ok, eu tenho uma apostila para vocês. Sigam por ela enquanto a gente participa dessas aulas de reforço.”

Mesmo depois de passar um trimestre inteiro naquela turma, Kamijou ainda não conseguia acreditar.

A professora da sala da Turma 7 do 1º Ano, Tsukuyomi Komoe, era um professora ridícula que era tão baixa que apenas sua cabeça podia ser vista quando ela ficava atrás da própria mesa.[23] A professora “criança” era um dos sete mistérios da escola, ela tinha 1,35m de altura, havia uma lenda sobre ela ter sido impedida de entrar numa montanha-russa por causa de regras de segurança, e ela era idêntica a uma garotinha de 12 anos que deveria carregar uma flauta doce, usar um capacete amarelo e se equipar com um randoseru[24] vermelho.

“Eu não vou impedir que vocês conversem entre si, mas vocês precisam me ouvir também. Eu me esforcei muito pra fazer esse questionário, então quem se sair mal vai ter que passar por um teste de Pôquer Vendado.”

“Sensei, esse não é aquele que você joga pôquer com uma venda!? Isso é parte do Curriculum pra Clairvoyance![25] E eu ouvi dizer que você não pode ir embora a não ser que você vença dez vezes seguidas mesmo sem poder ver as cartas, então a gente não ficaria preso aqui até amanhã de manhã!?” protestou Kamijou Touma.

“Ah, mas Kamijou-chan, você não tem pontos de desenvolvimento o suficiente, então você vai fazer o teste de Pôquer Vendado de todo jeito.”

“Ugh,” Kamijou ficou sem palavras quando encarado com o sorriso de vendedor de sua professora.

“...Mhh. Saquei. Komoe-chan te acha tão fofo que ela não pode se segurar, Kami-yan,” disse o representante de classe (masculino) de cabelo azul e com um brinco[26] que estava sentado ao lado de Kamijou.

“...Você não sente a malícia vindo das costas daquela professora enquanto ela se estica pra alcançar o quadro-negro?”

“Que foi? Qual o problema em ter uma professora tão fofa quanto ela te dando um esporro por errar todo o questionário? Ser abusado fisicamente por uma criancinha como ela te dá muitos pontos de experiência, Kami-yan.”

“Eu sabia que você era um lolicon,[27] mas você também é um masoquista!? Você não tem salvação!!”

“Ah hah! Não é que eu gosto de lolis! Eu também gosto de lolis!!”

Kamijou quase gritou “Você é onívoro!?”, mas ele foi interrompido.

“Vocês dois aí! Se vocês disserem mais uma palavra, vocês vão ter que jogar o Ovo de Colombo.”

Como esperado, o Ovo de Colombo envolvia equilibrar um ovo de ponta-cabeça numa mesa sem usar suportes. Aqueles especializados em Telekinesis[28] podiam impedir que o ovo virasse quando eles se esforçavam ao ponto de quase romper os vasos sanguíneos em seus cérebros. (Era um desafio extremamente difícil porque o ovo podia quebrar se a Telekinesis fosse muito poderosa.) Como no exemplo anterior, você ficaria preso lá até a manhã do dia seguinte se não pudesse completar a tarefa.

Kamijou e Azulão encararam Tsukuyomi Komoe enquanto se esqueciam como se respirava.

“Ok?”

Seu sorriso era bastante assustador.

Enquanto Komoe-sensei amava ser chamada de “fofa”, ela ficava incrivelmente zangada quando chamada de “pequena”.

Entretanto, ela não parecia se importar com alunos a olhando de cima para baixo. Parte disso era algo que ocorria naturalmente na Cidade Acadêmica. A cidade era uma verdadeira Terra do Nunca onde mais de oitenta por cento da população era composta de estudantes. A oposição aos professores era dura mesmo quando comparada com uma escola normal e, acima de tudo, a “força” de um aluno era baseada tanto em sua habilidade acadêmica quanto no seu poder.

Os professores eram aqueles que desenvolviam os alunos, mas os próprios professores não tinham poderes. Alguns, como os professores de Educação Física e orientadores, pareciam fazer parte de uma equipe estrangeira por que eles tinham que treinar monstros do Level 3[29] com seus próprios punhos, mas seria cruel esperar isso de uma professora de química como Komoe.

“...Ei, Kami-yan.”

“Que é?”

“Você ficaria excitado recebendo uma bronca da Komoe-sensei?”

“Eu não sou você! Só cala a boca, seu idiota! Se a gente tiver que brincar com um ovo cru apesar de não ter Telekinesis, a gente vai ficar as férias de verão inteiras aqui! Se você entendeu, fica de bico fechado com esse teu dialeto de Kansai[30] falso!”

“Falso... N-n-n-n-n-não chama ele de falso! Eu realmente sou de Osaka!”

“Xiu. Eu sei que você é de uma região de arroz.[31] Eu tô mal-humorado, então não me faz ter que bancar o escada.”

“E-e-eu não sou de uma região de arroz! Ah. A-ahhh! Como eu amo takoyaki.”[32]

“Para de se forçar nesse papel de morador da região de Kansai! Você vai ficar trazendo takoyaki pro lanche também?”

“Do que você tá falando? Nem todo mundo de Osaka só come takoyaki, né?”

“...”

“Né? Eu acho que isso tá certo... Não! Pera! Mas...mas, é... mas... hein? Eu esqueci?”

“Você tá saindo do personagem, Sr. Kansai Falso,” Kamijou disse antes de suspirar e olhar pela janela.

Ele sentiu que deveria estar ao lado de Index neste momento, ao invés de lidar com essa aula de reforço sem sentido.

A Igreja Ambulante que a freira vestia realmente tinha reagido à mão direita de Kamijou (apesar de que “reagir” possa ser um eufemismo), mas isso não significava que ele acreditava em mágica. Provavelmente, a maioria das coisas que Index contou era mentira, e mesmo que ela não estivesse mentindo, ela podia ter simplesmente se pensado que alguns fenômenos naturais eram na verdade parte do oculto.

Mesmo assim...

(Eu acho que o peixe que escapa sempre parece grande.)

Kamijou suspirou mais uma vez. Se a alternativa era ficar preso nessa mesa numa sala de aula que mais parecia uma sauna sem ar-condicionado, se aventurar numa fantasia de espadas e mágica parecia melhor. E ele até tinha uma heroína fofa (ele estava um pouco hesitante em chamá-la de linda) pra o acompanhar.

“...”

Kamijou lembrou-se do capuz que Index havia esquecido em seu quarto.

No fim das contas, ele não o devolveu. Ele não viu aquela situação como ele sendo incapaz de devolver o capuz. Mesmo que Index tivesse desaparecido, ele provavelmente a encontraria se ele começasse a procurar. E mesmo que ele não tivesse devolvido o capuz, ele ainda podia correr pela cidade procurando por ela com ele em uma das mãos.

Pensando nisso, ele percebeu que ele queria algum tipo de conexão. Ele sentiu que ela podia voltar um dia.

Por que aquela garota branca havia lhe mostrado um sorriso tão perfeito...

Ele sentia que ela poderia desaparecer como uma ilusão se ele não criasse um tipo de conexão.

Ele teve medo.

(...Ah, então era isso.)

Após passar por aqueles pensamentos levemente poéticos, Kamijou finalmente percebeu algo.

No fim das contas, ele não havia odiado a garota que havia caído em sua varanda. Ele tinha gostado dela o suficiente pra a ideia de nunca mais vê-la deixá-lo com uma leve pontada de arrependimento.

“...Ah, droga.”

Ele estalou a língua. Com o tanto que ela estava pesando em sua mente, ele desejou ter impedido que ela fosse embora.

(Parando pra pensar, o que foi aquilo sobre 103.000 grimórios?)

Index havia dito que a cabalá mágica que estava perseguindo ela (cabalá era algum tipo de corporação?) parecia estar a caçando porque eles queriam aqueles 103.000 grimórios. E aparentemente, Index estava fugindo com aqueles 103.000 grimórios em sua posse.

Não era uma chave ou um mapa para o local de armazenamento de todos esses livros.

Quando Kamijou havia perguntado onde estavam todos aqueles livros, ela simplesmente respondeu: “Eu tenho cada um deles comigo.” Entretanto, depois de tudo que Kamijou viu, ela não carregava um único livro. De qualquer forma, o quarto de Kamijou não era grande o suficiente para guardar cem mil livros.

“...O que é que foi tudo aquilo?”

Kamijou inclinou a cabeça para o lado em indagação. Já que a Igreja Ambulante de Index havia reagido ao Imagine Breaker, o que ela estava falando não era puramente um delírio. Mas...

“Sensei? Kamijou-kun tá observando as saias das garotas do time de tênis pela janela.”

O dialeto de Kansai forçado de Azulão imediatamente trouxe o foco de Kamijou de volta para a sala de aula.

“...”

Komoe-sensei se calou.

Ela parecia ter ficado bastante chocada pelo fato de que Kamijou Touma-kun não estava focado na aula. Ela tinha a mesma expressão que uma garotinha de doze anos que acabou de descobrir a verdade sobre o Papai Noel.

Assim que esse pensamento o atingiu, Kamijou Touma foi perfurado pelos olhares hostis de seus colegas de classe que desejavam proteger os direitos humanos daquela “criança”.

Apesar de elas serem chamadas de aulas de reforço, eles ficaram presos lá até o horário em que todos os estudantes deveriam ir para casa.

“...Que azar,” murmurou Kamijou ao olhar para as três pás de uma turbina de vento brilhando no por do sol. Qualquer tipo de vida noturna na cidade era proibida, então os últimos ônibus e trens da Cidade Acadêmica estavam programados para sair quando os alunos estivessem saindo de suas escolas.

Kamijou havia perdido o último ônibus, então ele estava caminhando penosamente ao longo do escaldante distrito comercial que parecia nunca acabar. Um robô de segurança passou por ele enquanto isso. Ele também era um tambor com rodas e ele funcionava como uma espécie de câmera de segurança móvel. Originalmente eles eram como cães robôs melhorados, mas crianças costumavam fazer aglomerações ao redor deles, bloqueando seu caminho. Por esse motivo, todos os robôs de trabalho haviam sido transformados em tambores de todos os tamanhos.

“Ah, maldito, aí está você! Espera aí...pera! Você! Eu tô falando com você! Para!!”

O calor do verão havia fritado Kamijou, então ele apenas encarou o lento robô de segurança e pensou sobre como Index havia corrido atrás de um robô de limpeza. Finalmente, ele percebeu que aquela voz estava chamando-o.

Ele se virou para entender o que estava acontecendo.

Era a garota do ensino fundamental. Seu cabelo castanho na altura dos ombros brilhava como vermelho-fogo no por do sol e seu rosto estava ainda mais vermelho. Ela vestia uma saia plissada cinza, uma blusa de manga curta e um suéter de verão... Aí, ele repentinamente percebeu quem ela era.

“...Ah, é você de novo, Biribiri[33] do fundamental.”

“Não me chama de Biribiri! Eu tenho um nome! É Misaka Mikoto! Por que você não aprende isso de uma vez!? Você tá me chamando de Biribiri desde que a gente se conheceu!”

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(Desde que a gente se conheceu...?) Kamijou tentou se lembrar. (Ah, sim.)

Quando eles se conheceram, ela estava cercada de delinquentes assim como ontem. Enquanto os rapazes aproximavam-se dela, ele pensou que eles estavam tentando roubá-la e então resolveu dar uma de Urashima Tarou.[34] Entretanto, por algum motivo, foi a garota que se irritou, dizendo, “Cala a boca! Não vai se metendo nas brigas dos outros! Biribiri!” Quando Kamijou bloqueou o Biribiri dela com sua mão direita e ela respondeu com um “Hein? Por que isso não funcionou? E que tal isso? Hein?” uma coisa levou à outra, e as coisas terminaram no estado atual.

“...Hã? Quê? Eu não tô triste, então por que estou chorando, mãe?”

“Por que você tá com esse olhar distante?”

Kamijou estava exausto por causa da aula de reforço, então ele decidiu não pensar muito em como lidar com a garota Biribiri.

“A garota encarando Kamijou com uma expressão atordoada é a garota Railgun de ontem. Ela ficou tão frustrada por perder uma lutinha que ela continuou aparecendo de novo e de novo, chamando Kamijou para uma revanche.”

“...Pra quem você tá explicando isso?”

“Ela é obstinada e odeia perder, mas na verdade ela é uma pessoa solitária que está encarregada em cuidar da mascote da turma.”

“Não vai colocando coisas estranhas no cenário!!”

A garota, Misaka Mikoto, sacudiu seus braços e todo foco na rua foi atraído para ela. Isso não era tão surpreendente. O uniforme de verão completamente normal que ela vestia era o uniforme da Escola Tokiwadai de Ensino Fundamental,[35] uma das cinco escolas de elite mais prestigiadas da Cidade Acadêmica. Por algum motivo, as garotas explosivamente refinadas de Tokiwadai pareciam se destacar até mesmo numa estação de trem na hora do rush, então qualquer um ficaria surpreso ao ver uma delas sentada no chão mexendo no celular como uma pessoa normal.

“E o que você quer, Biribiri? Na verdade, por que você tá usando seu uniforme durante as férias de verão? Você tem aulas de reforço?”

“Gh...Ca-cala a boca.”

“Você ficou preocupada com o coelho da turma?”

“Eu disse pra você parar de colocar essas coisas de animais! Aliás, hoje eu vou fazer você se contorcer como pernas de sapos ligados em eletrodos, então vai preparando seu testamento e sua herança!”

“Acho que não vai rolar.”

“Por que não!?”

“Por que eu não tô encarregado em cuidar da mascote da minha turma.”

“Ora seu... Para de tirar onda com a minha cara!!”

A garota do fundamental pisou forte nos ladrilhos da calçada.

Ao mesmo tempo, um barulho imenso saiu dos celulares das pessoas andando na área. Além disso, a transmissão dos telões do distrito comercial também foi cortada e um barulho terrível veio dos robôs de segurança.

O som crepitante de estática elétrica veio do cabelo da garota.

Aquela garota Level 5 que podia usar uma Railgun com nada além de seu próprio corpo sorriu tanto que seus caninos ficaram a mostra como se ela fosse uma fera.

“Hmf. O que achou? Isso mudou sua opinião covarde? ...Mgh!”

Numa tentativa desesperada de cobrir a boca dela, a mão de Kamijou cobriu o rosto inteiro de Misaka Mikoto.

(Si-silêncio. Por favor, cala a boca! Os celulares de todo mundo foram fritados e eles não parecem felizes!! Se ele descobrirem que foi a gente, eles vão fazer a gente pagar e eu não faço ideia do quanto custa um telão!!)

Devido seu encontro recente com aquela freira de cabelo prateado, Kamijou rezou com todas as suas forças ao deus em quem ele normalmente só pensava na época do Natal.

Suas preces devem ter chegado ao céu, pois ninguém se aproximou de Kamijou e Mikoto.

(Graças a deus.)

Kamijou deu um suspiro de alívio (enquanto continuava a sufocar Mikoto).

“Mensagem, mensagem. Erro Nº 100231-YF. Ondas eletromagnéticas ofensivas em violação às leis de rádio detectadas. Mau funcionamento do sistema detectado. Como isso é um possível terrorismo cibernético, evite usar aparelhos eletrônicos.”

Imagine Breaker e Railgun se viraram hesitantemente.

Um tambor estava virado de lado na calçada, esfumaçando enquanto falava para si mesmo de maneira incoerente.

Logo em seguida, o robô de segurança começou a soar um alarme agudo.

Naturalmente, eles correram.

Eles entraram num beco, chutaram um balde de plástico e assustaram um gato preto enquanto continuavam sua corrida.

(Parando pra pensar, eu nem fiz nada errado. Por que eu tô fugindo com ela?)

Mesmo depois de pensar isso, ele continuou correndo. Afinal, ele havia visto num talk show que esses robôs de segurança custavam 1,2 milhões de ienes[36] cada.

“Uuhh...Mas que azar. Por que eu sempre me envolvo nos problemas dela?”

“O que você tá querendo dizer!? E meu nome é Misaka Mikoto!”

Os dois finalmente tinham parado num beco de um beco de um beco. Um dos prédios enfileirados devia ter sido demolido pois uma área retangular havia aparecido ali. Parecia um lugar bom para jogar basquete.

“Ah, cala essa boca, Biribiri! Você já destruiu todos os meus aparelhos eletrônicos com aquele raio de ontem! O que mais você quer!?”

“É culpa sua por me irritar!”

“Eu nem sei do que você tá com raiva! Eu nunca nem toquei em você!”

Depois daquilo, Mikoto havia atacado Kamijou com tudo que ela tinha, e Kamijou havia bloqueado tudo com sua mão direita. O arsenal dela não acabava com aquela Railgun. Ela podia manipular pó de ferro para criar uma espada de metal que também funcionava como um chicote, mandar poderosas ondas eletromagnéticas para bagunçar seus órgãos internos, e ela podia acabar com tudo puxando um verdadeiro raio diretamente dos céus.

Mas nada disso era páreo para Kamijou Touma.

Contanto que fosse um poder sobrenatural, Kamijou Touma podia negar.

“Você continuou vindo com tudo pra cima de mim e se cansou! Não use seus poderes demais e depois me culpe quando não tiver força o suficiente pra continuar, Biribiri!”

“~~!!” Mikoto rangeu os dentes. “A-aquilo não valeu. Não pode valer! Você nunca me atacou! Foi um empate!!”

“Ah...Tá, tá. Você venceu. Te socar não vai consertar meu ar-condicionado.”

“Gah...! P-pera! Leva isso a sério!!” Mikoto gritou enquanto sacudia os braços.

Kamijou suspirou.

Você tem certeza que quer que eu leve isso a sério?”

“Ah...” Mikoto se interrompeu.

Kamijou cerrou levemente o punho direito e então o abriu novamente. Um suor frio começou a escorrer pelo corpo de Misaka Mikoto por causa daquela simples ação. Ela congelou, incapaz de sequer recuar.

Mikoto não sabia qual era o verdadeiro poder de Kamijou, então Kamijou era verdadeiramente um terror desconhecido para ela por ter selado todos os seus trunfos sem nem mesmo suar a camisa.

Não era tão surpreendente. Kamijou Touma havia recebido os ataques de Misaka Mikoto por mais de duas horas seguidas sem receber um único arranhão. Era natural da parte dela questionar o que aconteceria se ele levasse as coisas a sério.

Kamijou suspirou e desviou o olhar.

Como se as cordas prendendo-a tivessem sido cortadas, Mikoto finalmente deu alguns passos tortos para trás.

“...Do que mais eu posso chamar isso além de azar?” Kamijou estava chocado com o quão assustada ela estava. “Primeiro os meus eletrodomésticos foram fritados, depois apareceu aquela suposta maga, e agora eu encontro a usuária de habilidade Biribiri de tarde.”

“Maga? Hein?”

“...” Kamijou parou por um momento. “É... É isso que eu quero saber.”

Normalmente, Mikoto teria gritado “Você tá me zoando!? Sua cabeça é tão confusa quanto seu poder!?” e então feito Biribiri. No entanto, ela estava pulando de susto toda vez que ele olhava em sua direção.

Tinha sido um blefe para enganar ela, mas ele havia se sentido mal com o quão efetivo ele tinha sido.

(Afinal, o que era aquela história de magos?)

Kamijou havia se lembrado dos eventos daquela manhã. Aquela freira branca havia usado aquela palavra com naturalidade, mas agora que ele pensava nisso, o termo era definitivamente algo removido da realidade.

(Eu me pergunto por que não pareceu tão estranho quando Index estava por perto.)

Havia algo misterioso ali que havia feito aquilo parecer mais crível?

“...Pera, no que eu tô pensando?” murmurou Kamijou ignorando completamente aquela Biribiri chamada Misaka Mikoto que estava tremendo de medo como um cachorrinho.

Ele tinha cortado laços com Index e o mundo em que ela vivia. O mundo era um lugar grande, então era improvável que ele esbarrasse com ela de novo por mera coincidência. Pensar sobre magos não tinha sentido.

Apesar disso, ele não conseguia tirar aquilo da cabeça.

Ele ainda tinha aquele capuz branco que ela havia esquecido em seu quarto.

Aquela conexão restante continuou a cutucar irritantemente os cantos de sua mente.

Nem mesmo Kamijou Touma sabia por que ele estava pensando tanto nisso.

Afinal, ele tinha o poder para matar até mesmo Deus.

Parte 6[edit]

Nos tempos modernos, não dava pra comprar um gyuudon[37] grande com apenas 320 ienes.

“.............................................Normal, eh?”

As garotas que alegremente comiam um bentou[38] do tamanho de uma light novel provavelmente não entenderiam, mas um garoto em fase de crescimento não conseguia ver um bentou de tamanho normal como algo além de um lanchinho.

Depois de se livrar da garota Biribiri, Kamijou tinha ido para um restaurante de gyuudon para comer seu “lanche”. Com apenas trinta ienes[39] sobrando (incluindo impostos), ele se aproximou do prédio de seu dormitório após o por do sol.

O lugar parecia deserto.

Era o primeiro dia das férias de verão, então todo mundo devia estar se divertindo na cidade.

O prédio parecia com um prédio padrão de kitnets. Fileiras de portas se alinhavam ao longo de corredores numa das paredes. O corrimão de metal não tinha coberturas de plástico impedindo que pessoas espiassem debaixo da saia de garotas, pois este era um dormitório masculino.

As portas de entrada encaravam a rua e as sacadas eram construídas no lado oposto, em outras palavras, nos vãos entre os prédios.

A entrada do prédio tinha uma trava automática, mas a distância entre prédios era de apenas dois metros. Qualquer um podia invadir o dormitório pulando de telhado para telhado como Index havia feito naquela manhã.

Kamijou passou pela entrada com trava automática, passou pelo depósito conhecido como o quarto do supervisor do dormitório e entrou no elevador. O elevador era mais apertado e sujo do que um elevador de carga de uma fábrica, e o botão “C”, indicando a cobertura, estava bloqueado com uma pequena placa de metal para impedir os Romeus e as Julietas de passarem as noites lá.

Com um ding parecido com o de um forno micro-ondas, o elevador parou no sétimo andar.

Kamijou empurrou a porta que travou ao abrir e saiu para o corredor. Ele estava no sétimo andar, mas não tinha vento e parecia estar mais quente e abafado do que antes.

“Hm?”

Kamijou finalmente percebeu algo. Seguindo o corredor, bem na frente de sua porta, três robôs de limpeza estavam reunidos. Ver três deles era raro. Pra começo de conversa, ele tinha quase certeza que apenas cinco deles trabalhavam naquele dormitório.

Do jeito em que eles estavam tremendo para frente e para trás, eles pareciam estar limpando uma bagunça terrível.

Por algum motivo, Kamijou teve uma intensa premonição de azar.

Cada um daqueles robôs tinha poder o suficiente para arrancar chiclete mascado preso ao chão, então o que estava sendo trabalhoso para três? Kamijou estremeceu ao pensar na possibilidade de seu vizinho, Tsuchimikado Motoharu, ter ficado bêbado enquanto agia feito um delinquente para perder a virgindade e então vomitado em quantidades absurdas, usando a porta de Kamijou como um poste telefônico.

“O que aconteceu...?”

As pessoas tinham uma tendência infeliz de querer ver coisas terríveis.

Depois de dar alguns passos para frente no automático, ele finalmente viu.

A misteriosa garota chamada Index havia desmaiado de fome.

“...............................................................Ahh.”

Ele não conseguia ver ela por inteiro por causa dos robôs, mas alguém vestindo um hábito de freira branco coberto em pinos de segurança estava claramente deitado com a cara no chão.

Mesmo que os robôs de limpeza estivessem se chocando contra ela, Index não estava se mexendo. Fazia-a parecer ainda mais patética, como se ela estivesse sendo bicada por corvos da cidade. Pra início de conversa, os robôs de limpeza eram programados pra evitar as pessoas e outros obstáculos, então por que ela estava sendo tratada como lixo por aquelas máquinas?

“...Eu acho que isso também é azar.”

Kamijou Touma teria se surpreendido se visse seu próprio rosto num espelho naquele momento. Ele tinha um grande sorriso em seu rosto.

No fundo ele esteve preocupado. Ele podia não ter acreditado naquela história sobre magos, mas era possível que um culto estivesse caçando a garota por aí.

Ele estava feliz em ver ela em seu estado natural(?).

E mesmo ignorando essas preocupações, ele simplesmente estava feliz em vê-la de novo.

Kamijou então se lembrou daquilo que ela tinha esquecido: o capuz branco que ele não havia devolvido. Ele achou estranho ver aquele capuz como um tipo de amuleto.

“Ei! O que você tá fazendo aqui?”

Ele a chamou e correu até ela.

(Por que correr até lá tá fazendo eu me sentir como uma criancinha que não consegue dormir na noite anterior a uma viagem? Por que cada passo que eu dou me passa a sensação de que eu tô indo pra uma loja no dia de lançamento de um RPG dos grandes?)

Index ainda não tinha percebido ele.

Kamijou Touma se impediu de sorrir por aquilo ser muito “a cara da Index”.

E então ele finalmente notou que Index estava deitada em uma poça de sangue.

“...Ah...?”

A primeira coisa que ele sentiu foi confusão, não choque.

Ele não tinha visto antes por causa dos robôs de limpeza no caminho. Como ela estava deitada com a cara no chão, ele conseguia ver um corte horizontal na parte inferior das suas costas. O ferimento era de uma lâmina, mas ele era tão reto que parecia que alguém havia usado uma régua e um estilete. As pontas de seu cabelo prateado que caia à altura da cintura haviam sido cortadas e aquele cabelo prateado havia sido tingido de vermelho pela substância vermelha saindo da ferida.

Por um momento, Kamijou foi incapaz de compreender que aquilo era sangue humano.

A diferença na realidade entre o momento anterior e o momento seguinte mandou seus pensamentos para o espaço. Vermelho...vermelho...ketchup? Teria Index usado o restante de suas forças para beber ketchup antes de desmaiar de fome? Com essa figura agradável em mente, Kamijou quase sorriu.

Ele quase sorriu, mas ele no fim não conseguiu.

Não tinha como ele sorrir.

Os três robôs de limpeza continuaram a se mover pra frente e pra trás, fazendo ruídos metálicos a cada colisão. Eles estavam limpando a mancha no chão. Eles estavam limpando a substância vermelha que se espalhava no chão. Eles estavam limpando a substância vermelha que saía do corpo de Index. Como o ato de limpar uma ferida com um trapo sujo, eles estavam drenando tudo de dentro do corpo de Index.

“Pa...rem. Parem! Droga!!”

Os olhos de Kamijou finalmente retomaram foco na realidade. Ele desesperadamente agarrou um dos robôs de limpeza reunidos ao redor da Index gravemente ferida. Os robôs foram construídos com um peso inacreditável e desnecessário para prevenir roubos e eles tinham bastante potência de locomoção, então ele falhou em afastá-los dela.

Claro, os robôs de limpeza estavam apenas limpando a mancha que continuava a se espalhar no chão, então eles não estavam tocando o ferimento de Index. Ainda assim, Kamijou viu eles como insetos reunidos em volta de uma ferida podre.

E ainda assim, ele estava tendo dificuldades em mover um daqueles robôs pesados e poderosos, quem dirá três? Enquanto seu foco estava em um deles, os outros dois iriam se livrar da mancha.

Ele devia ter o poder capaz de matar até mesmo deus.

E ainda assim, ele era incapaz de tirar esses brinquedos do caminho.

Index não disse nada.

Seus lábios roxos e pálidos estavam tão imóveis que ele não tinha certeza se ela estava respirando.

“Droga, droga!!” Kamijou gritou em confusão. “O que aconteceu? O que aconteceu, porra!? Caralho! Quem foi o desgraçado que fez isso com você!?”

“Hm? Fomos nós, os magos.”

A voz que vinha detrás dele não era de Index.

E foi exatamente por isso que Kamijou girou o corpo inteiro como se ele fosse socar a pessoa. Um homem estava parado lá, ele tinha vindo do...não, não do elevador. Parecia que ele tinha vindo da escadaria de emergência próxima ao elevador.

O homem branco tinha mais de dois metros de altura, mas seu rosto parecia mais jovem que o de Kamijou.

Sua idade era...provavelmente quatorze ou quinze anos, assim como Index. Sua altura era característica de estrangeiros. Suas roupas eram...uma versão completamente preta dos hábitos vestidos por padres nas igrejas. Entretanto, era improvável que você encontrasse alguém que chamaria aquele homem de padre, mesmo que você rodasse o mundo inteiro.

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Podia ser por que ele estava contra o vento, mas Kamijou conseguia sentir o cheiro do perfume nauseantemente doce dele apesar dele estar a mais de quinze metros de distância. Seu cabelo loiro na altura dos ombros havia sido tingido de vermelho como o por do sol, anéis prateados brilhavam em seus dez dedos como se ele estivesse usando um soco-inglês, ele tinha brincos venenosos em suas orelhas, uma alça de celular podia ser vista em um de seus bolsos, um cigarro aceso movia-se no canto de sua boca, e pra finalizar, ele tinha uma tatuagem semelhante a um código de barras debaixo de seu olho direito.

Não dava pra o chamar de padre, mas também não dava pra o chamar de delinquente, para ser preciso.

O ar ao redor de onde aquele homem estava parado no corredor era claramente estranho.

Era como se a área estivesse sendo governada por regras completamente diferentes das que Kamijou havia usado até aquele ponto. Aquela sensação estranha se espalhou na área como tentáculos gelados.

O que Kamijou sentiu primeiro não foi medo nem raiva.

Foi confusão e desconforto. Era uma solidão desesperadora, como se sua carteira tivesse sido roubada em um país no qual ele não conhecia a língua. O a sensação de “tentáculos gelados” se espalhou pelo seu corpo e congelou seu coração, mas então Kamijou percebeu algo.

Isso é um mago.

Este se tornou um mundo diferente onde coisas estranhas como magos existem.

Ele podia dizer com confiança.

Ele ainda não acreditava em magos...

Mas ele podia dizer que este era definitivamente um habitante de um lugar além do mundo em que ele vivia.

“Hm? Hm, hm, hm. Ela pegou ela de jeito.” O mago olhou ao redor e o cigarro no canto de sua boca balançou enquanto ele falava. “Eu soube que a Kanzaki cortou ela, mas isso... Eu achei que não havia motivos para me preocupar pois não tinha um rastro de sangue...”

O mago olhou para os robôs de limpeza reunidos atrás de Kamijou Touma.

Possivelmente, Index havia sido “cortada” em outro lugar e conseguido escapar até aqui com vida antes de desmaiar. Ela devia ter deixado um rastro de sangue fresco no caminho, mas os robôs de limpeza haviam coberto seu rastro.

“Mas...por que?”

“Hm? Você pergunta por que ela voltou pra cá? Quem sabe. Talvez ela tenha esquecido algo. Parando pra pensar, ela estava com seu capuz quando eu atirei nela ontem. Ela o perdeu em algum lugar?”

O mago parado na frente de Kamijou havia dito “voltou”.

Em outras palavras, ele havia seguido os passos de Index durante todo o dia. E ele sabia que ela havia perdido o capuz de sua Igreja Ambulante.

Index havia dito algo sobre os magos procurando o poder mágico da Igreja Ambulante.

Isso significava que os magos estavam seguindo Index ao detectar o poder sobrenatural de sua Igreja Ambulante. Eles saberiam que a Igreja Ambulante havia sido destruída quando o “sinal” desapareceu...Index havia mencionado isso também.

Mas Index também deveria saber disso.

Ela tinha que saber, mas parece que ainda assim ela contou com os poderes defensivos da Igreja Ambulante.

Mas por que voltar, então? Por que ela precisava recuperar uma porção da destruída, e portanto inútil, Igreja Ambulante? A mão direita de Kamijou havia inutilizado toda a Igreja Ambulante, então não fazia sentido recuperar o capuz.

“—Então você me seguiria até as profundezas do inferno?

De repente, tudo se encaixou.

Kamijou lembrou-se de algo. Ele nunca tocou no capuz da Igreja Ambulante que havia sido deixado em seu quarto. Em outras palavras, o capuz ainda tinha poder mágico. Ela deve ter pensado que os magos poderiam detectá-lo e ir até lá.

E então Index havia enfrentado o perigo para “voltar”.

“...Sua idiota.”

Não havia necessidade para fazer isso. Tinha sido a falta de tato de Kamijou que destruiu sua Igreja Ambulante, e ele havia percebido que ela havia deixado seu capuz no seu quarto e ainda assim ele o deixou lá. E acima de tudo, Index não tinha nenhuma obrigação, dever ou direito de proteger Kamijou.

Mesmo assim, ela não conseguiu evitar e voltou.

Kamijou Touma era um completo estranho que ela conhecia há menos de meia hora.

E ainda assim ela não pode evitar, arriscou sua vida e voltou para impedi-lo de se envolver naquela luta com magos.

“Sua idiota!!”

As costas imóveis de Index o irritou por algum motivo estranho.

Index havia dito a Kamijou que seu azar era por causa de sua mão direita.

Aparentemente, sua mão direita estava negando inconscientemente até mesmo os leves poderes sobrenaturais em coisas como a proteção divina de deus e o fio vermelho do destino.

E se Kamijou não tivesse a tocado tão desleixadamente e destruído sua Igreja Ambulante, ao menos ela não teria voltado.

(Não. Essas desculpinhas não importam.)

Sua mão direita e a destruição de sua Igreja Ambulante não era a razão pela qual ela havia voltado.

Se Kamijou não tivesse desejado por aquela conexão...

Se ele tivesse devolvido o capuz caído dela naquele momento...

“Hm? Hm, hm, hm? Vamos, não olhe pra mim desse jeito.” O cigarro no canto da boca do mago balançou quando ele falou. “Não fui eu que cortei ela, e eu duvido que a Kanzaki tenha planejado que isso virasse algo sangrento. A Igreja Ambulante devia ser uma defesa absoluta, afinal. Sério, ela não devia ter sido ferida por aquilo. ...Sinceramente, que tipo de reviravolta do destino fez com que aquilo fosse destruído? A não ser que o Dragão de São Jorge tenha retornado, eu não vejo como uma barreira de classe papal poderia ser destruída.”

Aquela última parte ele falou para si mesmo e seu sorriso desapareceu.

Entretanto, isso foi por apenas um instante. O cigarro no canto de sua boca moveu-se para cima como se ele tivesse repentinamente lembrado-se de sorrir.

“Por que?” Kamijou perguntou apesar de não esperar uma resposta. “Por que? Eu não acredito na magia dos contos de fadas e eu não entendo magos ou o que quer que você seja. Mas não existem os tipos bons e maus entre vocês? Não existem magos que protegem coisas e pessoas?”

Ele sabia muito bem que ele não tinha o direito de ser moralista.

Quando Index saiu, Kamijou Touma havia a deixado ir e voltou para sua vida ordinária.

E mesmo assim ele não pode evitar que as palavras escapassem de sua garganta.

“Vocês encurralaram essa garotinha, caçaram ela por todos os lugares, e então feriram ela desse jeito. Você pode dizer que é justo com essa realidade te encarando!?”

“Como eu disse, foi a Kanzaki que fez isso, não eu.” O mago parou por um segundo. As palavras de Kamijou não tinham o afetado de jeito algum. “E ferida ou não, nós temos que recuperá-la.”

“Recuperá-la?”

Kamijou não entendeu o que o mago quis dizer.

“Hm? Ah, entendi. Você conhecia a palavra ‘mago’, então eu assumi que você tinha sido bem informado sobre a situação. Acho que ela teve medo de te envolver.” O mago exalou fumaça do cigarro. “É, temos que recuperá-la. Se bem que, tecnicamente, não é dela que precisamos; é dos 103.000 grimórios que ela possui.”

...Lá estavam aqueles 103.000 grimórios de novo.

“Eu entendo. Esse país não é muito religioso, então eu acho que você não compreende,” disse o mago numa voz que parecia entediada apesar dele estar sorrindo. “O Index-Librorum-Prohibitorum[40] é a lista criada pela Igreja com todos os livros malignos que vão manchar sua alma ao serem lidos. Mesmo que você anuncie que esses livros estão por aí, as pessoas ainda podem conseguir um por acidente se elas não souberem seus títulos. Então, ela se tornou algo parecido com um cadinho de livros venenosos com 103.000 desses livros. Ah, e cuidado. Ler apenas um desses livros que ela possui transformaria alguém de uma nação irreligiosa como essa num vegetal.”

Apesar do que ele disse, Index não tinha consigo nenhum livro. As linhas de seu corpo eram bem visíveis naquele hábito de freira, então estaria na cara se ela estivesse escondendo algo dentro de suas vestes. Sem levar em conta que ninguém poderia andar por aí carregando cem mil livros. Isso era o equivalente a uma livraria inteira.

“D-deixa de palhaçada! E onde é que estão todos esses livros!?”

“Ah, eles estão ali. Na memória dela,” o mago disse como se isso fosse óbvio. “Você sabe o que é uma Memorização Perfeita?[41] Parece ser a capacidade de memorizar tudo que você vê num instante e nunca esquecer uma única frase ou letra. Em termos leigos, ela te transforma numa escaneadora humana.” O mago sorriu de maneira desinteressada. “Não tem nada a ver com o nosso oculto ou a sua ficção científica. É uma condição natural. Ela esteve no Museu Britânico, no Museu do Louvre, na Biblioteca Apostólica Vaticana, as ruinas de Pātaliputra,[42] o Castelo de Compiègne, a Abadia do Monte Saint-Michel e todos os outros lugares com grimórios que não podem ser retirados de onde estão selados. Ela roubou eles com seus olhos e armazenou eles como uma biblioteca de grimórios.”

Kamijou simplesmente não podia acreditar.

Ele não conseguia acreditar na existência desses grimórios, ou que ela tinha uma Memorização Perfeita.

Mas o que importava não era se isso era correto. O que importava era que alguém acreditava que isso era verdade e havia aberto as costas de uma garota.

“Bem, ela não tem a capacidade de refinar poder mágico, então ela é inofensiva.” O cigarro no canto da boca do mago moveu-se alegremente. “Mas já que essa trava foi colocada, a Igreja deve ter suas preocupações. Não que isso tenha a ver com um mago como eu. De qualquer forma, esses 103.000 grimórios são bem perigosos, então eu vim proteger ela antes que alguém que possa usá-los venha pegá-la.”

“Proteger...ela?”

Kamijou Touma estava abismado. O que aquele homem havia acabado de dizer na frente de uma cena tão sangrenta?

“É, isso mesmo. Proteger ela. Não importa o quão sensível e gentil ela seja, ela não pode resistir torturas e drogas. O mero pensamento de entregar uma garota para pessoas como eles faz meu coração doer, sabe?”

“...”

O corpo de Kamijou estava tremendo.

Não era puramente raiva. Arrepios percorreram seu braço. O homem na sua frente via suas ações como corretas. Ele vivia ignorando os próprios erros. Tudo isso combinado mandou calafrios pelo corpo de Kamijou como se ele tivesse sido enfiado numa banheira com dezenas de milhares de lesmas.

O termo “culto insano” preencheu seu cérebro.

A ideia de magos que caçavam pessoas baseados em crenças sem fundamento fez com que ele sentisse como se as terminações nervosas em seu cérebro fossem explodir.

“Porra, quem você pensa que é!?”

Sua mão direita parecia ter esquentado em resposta a sua raiva.

Seus pés que estavam plantados no chão moveram-se antes que ele sequer pensasse em mexê-los. Seu corpo espesso cheio de carne e sangue avançou contra o mago como uma bala. Ele cerrou seu punho direito com tanta força que ele sentiu que quebraria seus próprios dedos.

Sua mão direita era inútil. Ela não o ajudaria a derrotar nenhum delinquente, ela não aumentaria suas notas nos testes e ela não o faria popular com as garotas.

Mas sua mão direita podia ser muito útil. Afinal, ele podia usá-la para socar o desgraçado em sua frente.

“Eu preferiria me introduzir como Stiyl Magnus, mas pelo visto terei que ir com Fortis931.”

Entretanto, o mago estava completamente imóvel com exceção do cigarro balançando no canto de sua boca.

Após murmurar algo para si, ele falou para Kamijou como se estivesse introduzindo um gato preto de estimação no qual ele tinha orgulho.

“Este é o meu nome mágico. Não está familiarizado? Parece que nós, magos, não podemos usar nosso verdadeiro nome quando usamos magia. É uma tradição antiga, então eu mesmo não a entendo.”

Havia 15 metros entre eles.

Kamijou Touma cobriu metade dessa distância com apenas três passos.

“Fortis...Eu acho que em japonês, isso seria 'o forte'. Bem, a etimologia não importa tanto assim. O que importa é que eu lhe dei o nome. Para nós, magos, isso não é exatamente um nome que usamos para praticar magia, tá mais pra...”

Kamijou Touma deu mais dois passos no corredor.

Ainda assim, o sorriso do mago não se desfez. Ele parecia dizer que Kamijou não era um oponente digno a altura dele.

“...um nome de assassinato, eu acho.”

O mago chamado Stiyl Magnus pegou o cigarro em sua boca e o jogou para o lado.

O cigarro aceso voou horizontalmente, sobre o corrimão de metal, e atingiu a parede do prédio vizinho.

Uma linha laranja se formou no caminho trilhado pelo cigarro e faíscas voaram quando ele atingiu a parede.

“Kenaz.”[43]

No instante que Stiyl murmurou isso, a linha laranja explodiu.

Uma espada de fogo apareceu numa linha reta como se alguém tivesse ateado fogo numa mangueira de incêndio cheia de gasolina.

A tinta na parede lentamente mudou de cor, como uma foto sendo queimada por um isqueiro.

Ele não estava tocando as chamas, mas parecia que seus olhos estavam sendo queimados só de ver tudo isso, então Kamijou parou de correr instintivamente e ergueu suas mãos para proteger seu rosto.

Kamijou parou tão abruptamente que parecia que seus pés haviam sido pregados no chão.

Uma dúvida repentina entrou em sua mente.

Imagine Breaker podia negar qualquer tipo de poder sobrenatural com um toque. Nem mesmo a Railgun daquela Biribiri Level 5 que podia destruir um abrigo nuclear numa tacada só era uma exceção.

Mas...

Kamijou ainda não tinha visto um poder sobrenatural que não era de origem científica.

Em outras palavras, ele nunca tinha testado.

Ele nunca tinha testado o Imagine Breaker em magia.

Sua mão direita funcionaria no poder estranho conhecido como magia?

“Purisaz Naupiz Gebo.”[44]

Além das mãos cobrindo seu rosto, Kamijou pôde ver o mago sorrindo.

Enquanto sorria, Stiyl Magnus brandiu a espada de chamas ardentes horizontalmente na direção de Kamijou Touma.

No instante em que ela o tocou, ela perdeu sua forma e explodiu em todas as direções como um vulcão em erupção.

Ondas de calor, flashes de luz, barulhos explosivos e fumaça negra espalharam-se em todas as direções.

“Talvez eu tenha exagerado.”

Stiyl coçou a cabeça diante do que lhe parecia o resultado de um bombardeio. Apenas para ter certeza, ele olhou ao redor para ver se alguém havia aparecido para ver o que estava acontecendo. Era o primeiro dia das férias de verão, então a maioria dos residentes do dormitório daquele garoto estariam fora. Entretanto, seria ruim se um recluso sem amigos estivesse em um dos quartos.

Ele não podia ver muito bem o que estava a sua frente por causa de uma cortina de chamas e fumaça.

Entretanto, ele não precisava checar. Aquele golpe havia criado chamas infernais de três mil graus Celsius. Em temperaturas acima de dois mil graus Celsius, o corpo humano derreteria antes mesmo de queimar, então o garoto possivelmente pareceria com um corrimão de metal que havia derretido como uma escultura de açúcar. Ele provavelmente estava espalhado pela parede do dormitório como um pedaço de chiclete.

Stiyl deu um suspiro enquanto refletia sobre sua decisão de afastar aquele garoto de Index. As coisas teriam sido um pouco mais complicadas se o garoto houvesse usado o corpo de Index como um escudo.

Mas ele não podia recuperar Index desse jeito.

Stiyl suspirou mais uma vez. A parede de chamas bloqueava seu caminho para o outro lado do corredor onde Index se encontrava. Se houvesse outra escadaria de emergência do outro lado do corredor, ele poderia chegar lá, mas a situação dificilmente seria engraçada se Index pegasse fogo enquanto ele dava a volta.

Stiyl, incomodado, balançou a cabeça e falou enquanto encarava a fumaça uma última vez como se pudesse ver além dela.

“Obrigado, ótimo trabalho, e que pena. Bem, nesse nível você não venceria nem se tentasse mil vezes.”

“Você tem certeza que eu não posso vencer não importa quantas vezes eu tente?”

Por um momento, o mago congelou ao som daquela voz saindo das chamas infernais.

Com um rugido, a parede de chamas e fumaça rodou e desapareceu.

Era como se um tornado tivesse aparecido no meio das chamas e da fumaça e soprado elas para longe.

Kamijou Touma estava lá.

O corrimão de metal havia sido derretido como uma escultura de açúcar, a tinta no chão e nas paredes havia descascado, e as lâmpadas fluorescentes haviam derretido e estavam pingando com o calor intenso, mas aquele garoto permanecia intacto no meio daquelas chamas infernais e do calor ardente.

“Sinceramente, do que eu tinha tanto medo?” disse Kamijou com os cantos de sua boca torcidos em desinteresse. “Essa é a mesma mão direita que destruiu a Igreja Ambulante da Index.

Kamijou verdadeiramente não entendia nada sobre o que era conhecido como mágica.

Ele não sabia como ela funcionava ou as mecânicas por trás dos panos. Provavelmente, ele apenas entenderia metade dela se tudo lhe fosse explicado do começo ao fim.

Mas tinha algo que até um idiota como ele sabia.

No fim, ela era apenas um poder sobrenatural.

A chama carmesim que ele havia dissipado não havia sido completamente extinguida.

Em um círculo perfeito em volta de Kamijou, as chamas ardentes continuavam a queimar. Mas...

“Sai da minha frente.”

Com uma frase, Kamijou tocou nas chamas mágicas de três mil graus Celsius com sua mão direita e o resto das chamas desapareceu.

Era como se as velas de um bolo de aniversário tivessem sido apagadas de uma só vez.

Kamijou Touma olhou para o mago parado na sua frente.

O mago ficou tão nervoso quanto qualquer ser humano normal diante essa reviravolta inesperada estaria.

Na verdade, ele era um ser humano normal.

Se você o socasse, ele sentiria dor, e se você o cortasse com uma faca barata, ele sangraria vermelho.

Ele era um mero ser humano.

As pernas de Kamijou não estavam mais travadas de medo e seu corpo não estava mais congelado de nervosismo.

Seus braços e pernas se moveram normalmente.

Ele se moveu!

“...Quê-?”

Enquanto isso, Stiyl quase deu um passo para trás em choque diante daquele fenômeno incompreensível a sua frente.

Vendo o que havia acontecido com os arredores, aquele ataque não podia ter fracassado. Isso queria dizer que aquele garoto era poderoso o suficiente para suportar três mil graus Celsius? Não, sendo esse o caso ele não seria mais humano.

Kamijou Touma não ligou para a confusão de Stiyl.

Ele cerrou seu punho direito aquecido tão forte quanto uma pedra e deu um passo na direção de Stiyl que estava com as pernas bambas.

“Tch!!”

Stiyl balançou sua mão direita na horizontal. A espada de chamas que apareceu voou com força na direção de Kamijou.

Ela explodiu. Chamas e fumaça voaram.

Mas após as chamas e a fumaça desaparecerem, Kamijou Touma continuava lá.

“...Ele está usando mágica?” Stiyl murmurou para si, mas imediatamente rejeitou a ideia.

Não podia haver magos naquele país que conhecia mais sobre o Natal do que sobre mágica e que apenas conhecia o Natal como um dia de encontros e sexo.

E... E também, se Index, que não tinha poderes mágicos, tivesse se unido a um mago, ela não teria precisado fugir. As memórias de Index eram perigosas desse jeito.

Aqueles 103.000 grimórios estavam num nível completamente diferente de possuir uma bomba nuclear.

Todas as criaturas vivas eventualmente morreriam, uma maçã largada de cima cairia para baixo, e 1+1=2. Você poderia pegar essas regras naturais e imutáveis do mundo, destruí-las, reescrevê-las e criar novas. Você poderia fazer com que 1+1=3, com que uma maçã largada de baixo caísse para cima e com que todas as criaturas mortas eventualmente vivessem.

Magos chamavam um ser assim de Deus Mágico.

Não o deus do reino dos demônios,[45] mas um mago que havia dominado a magia ao ponto de entrar nos domínios de um deus.

Um Deus Mágico.

Mas Stiyl não conseguia sentir nenhum poder mágico vindo do garoto em sua frente.

Ele saberia com um olhar se ele fosse um mago. O garoto não tinha o “cheiro” de alguém do mesmo mundo que ele.

Mas então por quê?

“!!”

Pra esconder o tremor se espalhando por seu corpo, Stiyl criou outra espada de chamas e atacou Kamijou.

Dessa vez, ela nem ao menos explodiu.

Kamijou golpeou a espada de chamas com sua mão direita como se ela fosse uma mosca e a espada de chamas se quebrou como se fosse vidro e desapareceu no ar.

Ele estilhaçou aquela espada de chamas de três mil graus Celsius com uma mão direita que não tinha nenhum tipo de reforço mágico.

“...Ah.”

Repentinamente, verdadeiramente repentinamente, algo surgiu no fundo da mente de Stiyl Magnus.

O hábito de freira de Index, a Igreja Ambulante, era de classe papal e sua proteção rivalizava uma catedral de Londres em poder. Era absolutamente impossível destruí-la a não ser que o lendário Dragão de São Jorge aparecesse.

Mas a Igreja Ambulante de Index claramente havia sido destruída já que Kanzaki havia sido capaz de corta-la.

Quem havia a destruído? E como?

“.........................................................”

A essa altura, Kamijou Touma já havia andado até Stiyl.

Com mais um passo, ele estaria perto o suficiente para socar o mago.

“MTWOTFFTO. (És a chama do grande início.) IIGOIIOF. (Um dos cinco elementos que constroem o mundo.)”[46]

Um suor desagradável começou a fluir por todo o corpo de Stiyl. Era por causa da criatura vestindo um uniforme de verão diante dele havia tomado a forma de um humano. A coluna de Stiyl tremeu com a sensação de que abaixo da pele daquele garoto não havia carne e sangue, mas algo estranho e pegajoso.

“IIBOLAIIOAE. (És a luz da graça que nutre a vida e a luz do julgamento que pune o mal.) IIMHAIIBOD. (Trazes uma felicidade serena, mas ao mesmo tempo destrói a escuridão fria.) IINFIIMS. (Teu nome é Fogo, seu papel é uma Espada.) ICRMMBGP! (Apareça, devore meu corpo e use-o como poder!)”

O hábito de padre de Stiyl estufou-se e o poder dentro dele estourou os botões em seu peito.

Com um rugido de chamas queimando o oxigênio, uma grande massa de fogo saiu de suas vestes.

Não era uma mera massa de chamas.

As ardentes chamas carmesins tinham algo preto e derretido, como óleo, em seu núcleo. Sua forma era a de um humano, mas a coisa parecia uma ave que havia sido coberta de petróleo após um incidente numa plataforma e que queimava eternamente.

Seu nome era “Innocentius”.[47] Seu significado era “morte certa”.

Aquele gigante deus de chamas que carregava o significado de morte certa abriu seus braços e avançou na direção de Kamijou Touma como uma bala.

“Saia do meu caminho.”

Kamijou golpeou com as costas da mão, com a atitude incomodada de quem afasta uma teia de aranha em seu caminho.

Kamijou Touma estourou a última carta na manga de Stiyl Magnus. Como se ele tivesse furado um balão de água com uma agulha, o óleo preto em formato de humano que representava o gigante deus de chamas explodiu e se espalhou pela área.

“...?”

Kamijou Touma não tinha um motivo real para não avançar naquele momento.

Era simplesmente por que Stiyl ainda estava parado e sorrindo apesar de sua carta na manga ter sido destruída. Aquela expressão era o suficiente para fazê-lo hesitar antes de dar um último passo descuidado.

O som de um líquido viscoso se movendo pode ser ouvido ao seu redor.

“Que—!?”

Kamijou deu um passo para trás em surpresa, as manchas pretas voltaram de todas as direções, reuniram-se no ar e então reconstruíram o formato humano.

Se Kamijou tivesse dado aquele último passo, ele certamente teria sido coberto pelas chamas em todas as direções.

A mente de Kamijou entrou em confusão por causa da cena diante de seus olhos. Se sua mão direita podia fazer o que ele sempre disse que ela podia, ela podia negar até mesmo os sistemas de deuses vistos em mitos com um único golpe. Se aquilo era o poder sobrenatural conhecido como mágica, ele devia ter sido capaz de negá-lo com aquele único toque. E ainda assim...

O óleo dentro das chamas se contorceu, mudou de forma e agora parecia estar segurando uma espada com ambas as mãos.

Não, não era uma espada. Era uma cruz gigante com mais de dois metros de comprimento, do tipo usado para crucificar pessoas.

Ele ergueu a cruz com ambas as mãos e balançou-a contra a cabeça de Kamijou como se ela fosse uma picareta.

“...!!”

Kamijou imediatamente ergueu sua mão direita para receber o impacto. Sem contar com sua mão direita, Kamijou era um simples estudante do ensino médio. Ele não tinha as habilidades de combate necessárias para ler o ataque e desviar dele.

A cruz e sua mão direita se chocaram.

Dessa vez, ela nem ao menos desapareceu. Como se ele estivesse segurando numa massa de borracha, Kamijou sentiu que iria ser o perdedor naquele confronto. Seu oponente estava usando ambas as mãos enquanto ele podia apenas usar sua mão direita. A cruz flamejante se aproximava do rosto de Kamijou, milímetro por milímetro.

Apesar de sua confusão, Kamijou conseguiu perceber uma coisa. O conjunto de chamas conhecido como Innocentius estava definitivamente reagindo ao seu Imagine Breaker. Entretanto, ele estava sendo revivido assim que era aniquilado. Possivelmente, o atraso entre a aniquilação e a ressurreição era menos do que um décimo de segundo.

Sua mão direita havia sido selada.

Se ele largasse aquela cruz, ele provavelmente seria transformado em cinzas por Innocentius no mesmo instante.

“Runas.”

Kamijou Touma ouviu algo.

Devido o perigo em sua frente, ele não pode se virar, mas ele certamente ouviu a voz de alguém.

“Os vinte e quatro caracteres usados para indicar mistérios e segredos tem sido usados como um idioma mágico por tribos germânicas desde o segundo século e são encontradas nas raízes do Inglês Antigo.”

Entretanto, Kamijou não podia acreditar que aquela era a voz de Index apesar de saber que era ela.

“O qu—?”

Estando tão machucada e ensanguentada, como ela conseguia falar de maneira tão tranquila?

“Atacar Innocentius não trará resultados. A não ser que as runas cravadas nas paredes, chão e teto sejam eliminadas, ele será revivido quantas vezes forem necessárias.”

Kamijou Touma agarrou seu pulso direito com sua mão esquerda e, de alguma forma, conseguiu impedir que a cruz avançasse mais ainda.

Kamijou timidamente virou a cabeça.

De fato, a garota estava caída lá. Mas Kamijou era incapaz de chamar “aquilo” de Index. Como uma máquina, seus olhos não tinham nenhum traço de emoção.

Com cada palavra que ela falava, mais sangue saía da ferida em suas costas.

Ela ignorou isso e parecia não passar de um sistema criado para explicar magia.

“Você é... Index, né?”

“Sim. Eu sou a biblioteca de grimórios que pertence à Necessarius[48], 0ª Paróquia da Igreja Anglicana. Adequadamente, meu nome é Index-Librorum-Prohibitorum, mas isso pode ser abreviado para Index.”

Com o jeito que a biblioteca de grimórios chamada Index estava agindo, Kamijou quase se esqueceu do gigante de chamas tentando matá-lo. Ele sentiu um frio vindo dela.

“Com minha introdução completa, eu vou retomar minha explicação de magia rúnica. De maneira simplificada, é como um reflexo da lua num lago durante a noite. Não importa quantas vezes você atinja a superfície do lago com uma espada, nada acontecerá. Se você quer atingir a lua na superfície do lago, você deve primeiro apontar sua espada para a lua real flutuando no céu noturno.”

Após ouvir aquela explicação, Kamijou finalmente se lembrou do inimigo em sua frente.

Ela queria dizer que o que estava diante dele não era a forma verdadeira daquele poder sobrenatural? Era como uma foto e seu negativo, e que ele continuaria a se reconstruir até que ele destruísse um poder sobrenatural diferente que estava criando o deus de chamas gigante?

Mesmo assim, Kamijou não acreditou completamente nas palavras que Index estava dizendo.

O que estava acontecendo ao seu redor não importava, o senso comum de que mágica não existe se recusava a deixá-lo.

Mas com Innocentius selando sua mão direita e o impedindo de se mover, ele não podia testar nada. E seria difícil pedir a ajuda de Index devido o estado ensanguentado dela.

“Ash To Ash...”[49]

Kamijou olhou para cima em choque. De trás do gigante deus de chamas, uma espada de fogo apareceu na mão direita de Stiyl.

“...Dust To Dust...”[50]

E outra. Uma espada flamejante branco-azulada se estendeu silenciosamente de sua mão esquerda.

“...Squeamish Bloody Rood!”[51]

Com aquelas palavras cheias de poder, ele balançou as duas espadas de chamas horizontalmente para que elas cortassem o gigante deus de chamas pelos lados como uma tesoura gigante. Com sua mão direita selada por Innocentius, Kamijou não podia bloquear mais nada.

(Droga... Eu preciso fugir!!)

Antes mesmo que Kamijou Touma pudesse gritar, as duas espadas de fogo atingiram o deus gigante de chamas e tudo virou uma enorme bomba que explodiu.

Parte 7[edit]

Quando a fumaça e as chamas desapareceram, o lugar ficou parecendo com o inferno.

Os corrimões de metal havia se contorcido como esculturas de açúcar e até mesmo os azulejos do piso haviam derretido em uma substância parecida com cola. A tinta nas paredes havia descascado e o concreto estava visível.

O garoto não estava à vista.

Entretanto, Stiyl ouviu os passos de alguém correndo no corredor do andar de baixo.

“...Innocentius,” ele sussurrou e as chamas espalhadas pela área retomaram a forma humana, pularam o corrimão e seguiram os passos.

Por dentro, Stiyl estava surpreso. Nada de mais havia acontecido. Logo antes da explosão, no instante em que Stiyl havia cortado através do gigante deus de chamas com as duas espadas de fogo, Kamijou havia largado a cruz e saltado por cima do corrimão.

Enquanto ele caia, Kamijou havia agarrado o corrimão do andar inferior e se puxado para o corredor. Ele não tinha nenhuma garantia de sucesso e havia feito isso com pura coragem, então a ação havia sido bastante imprudente.

“Mas...”

Stiyl deu um sorriso gentil. Kamijou agora sabia a fraqueza das runas graças ao conhecimento dos 103.000 grimórios de Index. Como ela havia dito, a magia rúnica que Stiyl usava era ativada por gravuras cravadas. Isso também significava que se livrar das marcações também negaria sua magia mais poderosa.

“E daí?” A expressão de Stiyl não demonstrou nenhum sinal de preocupação. “Você não vai conseguir fazer isso. Pra você é completamente impossível remover as runas cravadas nesse prédio.”

“Eu! Eu realmente achei! Eu realmente achei que ia morrer lá trás!!”

Após pular por cima do corrimão no sétimo andar sem garantias de sobrevivência, o coração de Kamijou ainda estava martelando em seu peito.

Enquanto ele voava pelo corredor, ele olhou ao redor. Ele não acreditava completamente no que Index havia dito. Ele estava meramente tentando se afastar de Innocentius para poder ganhar tempo e se preparar.

“Porcaria! Mas que diabos é isso!?”

Kamijou não pode evitar gritar quando ele viu o que estava em sua frente.

Ele não precisava se perguntar onde as runas estavam cravadas naquele grande dormitório. Na verdade, ele já havia as encontrado. Elas estavam no chão, nas portas e nos extintores de incêndio. Pedaços de papel do tamanho de cartões telefônicos estavam coladas por todo o prédio como Houichi, o Sem Orelhas.[52]

Baseando-se no conselho de Index (ele não gostava de se lembrar daquele rosto mecânico), ele adivinhou que a magia era como um sinal de interferência chamado de barreira e as runas eram como as antenas enviando o sinal. Mas ele conseguiria arrancar aquelas dezenas de milhares de “antenas”?

Com o rugido de oxigênio sendo absorvido, um fogaréu em formato humano caiu no lado oposto do corrimão de metal.

“Droga!!”

Se ele fosse pego de novo, ele não seria capaz de se livrar. Kamijou imediatamente correu para a escadaria de emergência ao seu lado. Enquanto ele descia cada vez mais, ele podia ver pedaços de papel colados nos cantos da escadaria e pelo teto com símbolos estranhos que deviam ser as runas.

Elas claramente tinham sido produzidas em massa com uma copiadora.

Kamijou quase gritou “Como é que uma cópia porca dessas funciona!?” mas então ele lembrou-se que brindes em mangás shoujo podiam ser usados como cartas de tarô e que até mesmo a bíblia era produzida em massa em gráficas.

(Sabe...o oculto não é nada justo.)

Ele queria chorar. Provavelmente dezenas de milhares daquelas “gravuras rúnicas” estavam espalhadas por todo o prédio. Ele podia encontrar todas elas? Até onde ele sabia, Stiyl podia estar colando cópias novas neste exato momento.

Como se ele quisesse cortar sua linha de raciocínio, Innocentius caiu ainda mais pela escadaria.

“Merda!”

Kamijou desistiu de continuar descendo pela escadaria e saiu para o corredor ao lado. Quando o gigante deus de fogo atingiu o chão, chamas se espalharam na área e ele avançou pelo corredor como se tivesse quicado no chão.

O corredor era reto, e Kamijou não tinha como escapar de Innocentius com pura velocidade.

“...!”

Kamijou olhou para a entrada da escada de emergência. De acordo com a placa, ele estava no segundo andar.

Com um rugido, Innocentius lançou-se para prender a mão direita de Kamijou.

“O-ooah!!”

Ao invés de usar sua mão direita ou continuar correndo, Kamijou pulou por cima do corrimão do segundo andar.

Foi só depois de pular que ele percebeu que o chão lá embaixo era asfaltado e que haviam algumas bicicletas estacionadas lá.

“Hwaaaaaaaaaahhhh!!”

Ele havia conseguido aterrissar entre duas bicicletas, mas ele ainda caiu no duro asfalto. Ele tentou dobrar seus joelhos para absorver o impacto, mas ele ouviu um som desagradável vindo de seu tornozelo. Ele só tinha pulado do segundo andar e ele não havia sentido ele quebrar, mas ele tinha machucado seu tornozelo do mesmo jeito.

Ele ouviu o rugido de chamas queimando o oxigênio vindo de cima.

“!?”

Kamijou se arrastou pelo chão, chutando bicicletas no processo, mas nada mais aconteceu.

“?”

Kamijou olhou para cima com curiosidade em seu rosto.

Ainda rugindo, Innocentius estava se segurando no corrimão do segundo andar e encarando Kamijou, que estava no chão. Era quase como se houvesse uma parede invisível impedindo que ele seguisse Kamijou.

Aparentemente, as runas haviam sido colocadas apenas no dormitório. Kamijou havia conseguido escapar das chamas de Stiyl ao sair do prédio.

Ver este aspecto das runas fez com que ele sentisse que agora sabia um pouco sobre o sistema invisível da magia. Ele não estava lutando contra um oponente ridículo como os magos num RPG que podiam fazer qualquer coisa recitando feitiços. Ao invés disso, seu oponente agia baseado num conjunto de regras semelhantes aos usuários de habilidade que Kamijou conhecia.

Ele suspirou.

Tendo se libertado de qualquer ameaça direta a sua vida, a força fugiu do corpo de Kamijou. Ele sentou-se no chão sem nem pensar. Ele não estava com medo. Pelo contrário, ele foi atacado por um sentimento diferente que era mais parecido com uma exaustão apática. Ele começou a se perguntar se ele podia escapar de qualquer perigo se ele simplesmente corresse.

“Já sei. Anti-Skill,”[53] Kamijou murmurou.

Por que ele não tinha pensado nisso antes? A Anti-Skill da Cidade Acadêmica era como uma unidade especial anti-usuários de habilidade. Kamijou podia simplesmente ligar para eles ao invés de arriscar a própria vida.

Kamijou procurou em seus bolsos da calça, mas seu celular havia sido esmagado debaixo de seu próprio pé naquela manhã.

Kamijou olhou para a rua. Ele estava procurando por um telefone público.

Ele não estava fugindo.

Ele não estava fugindo.

“—Então você me seguiria até as profundezas do inferno?

E ainda assim aquelas palavras pareciam apunhalar seu coração.

Ele não estava fazendo nada de errado. Ele não estava fazendo nada de errado, e ainda assim...

Naquela mesma situação, Index havia voltado por Kamijou Touma. Kamijou não conseguia pensar em ir até o inferno com uma estranha que ele conhecia por menos de meia hora.

“Droga. É verdade. Se eu não quero te seguir até as profundezas do inferno,” Kamijou sorriu, “então eu só tenho que te tirar das mãos deles.”

Ele pensou que já era a hora de entender isso.

Ele não sabia como mágica funcionava, mas ele não precisava saber o que acontecia por trás dos panos. Ele podia mandar um e-mail sem conhecer o diagrama dos circuitos de seu celular.

...Hm. Quando você entende isso, realmente não parece tão complicado.

Ele sabia o que ele tinha que fazer, então agora ele só precisava tentar.

Mesmo se ele falhasse, ainda seria melhor do que não fazer nada.

Um brilhante e laranja corrimão de metal distorcido caiu e Kamijou rolou pelo chão desesperadamente.

Ele podia ter se decidido, mas ele ainda tinha que fazer algo sobre Innocentius antes de salvar Index. O problema real eram as dezenas de milhares de runas. Mas ele podia mesmo rasgar todos os pedaços de papel colados no prédio?

“...Sabe, eu tô surpreso que o alarme de incêndio não tenha sido ativado com tudo isso acontecendo.”

Tinha sido apenas um comentário solto, mas Kamijou Touma congelou quando ele disse isso.

O alarme de incêndio?

Os alarmes de incêndio instalados por todo o prédio foram ativados de uma vez só.

“!?”

No meio daquela tempestade de barulhos estridentes que pareciam tão altos quanto alertas de bombardeio, Stiyl olhou para o teto.

Sem um segundo de atraso, os chuveiros automáticos dispararam uma chuva artificial semelhante a um tufão. Já que os bombeiros seriam um incômodo, Stiyl havia escrito ordens para que Innocentius não tocasse nos sensores de segurança. O que significava que Kamijou Touma devia ter apertado o botão pro alarme de incêndio.

Ele achava que isso apagaria as chamas de Innocentius?

“...”

Essa ideia era quase ridiculamente risível, mas o mago pensou que as veias em sua cabeça fossem estourar quando ele pensou que estava ficando encharcado por um motivo tão idiota.

Stiyl encarou o alarme de incêndio vermelho na parede com incômodo.

Era fácil o suficiente ativar o alarme, mas ele não podia pará-lo. Como eram as férias de verão, a maioria dos moradores do dormitório estava fora, mas podia ser um incômodo se os bombeiros viessem.

“...Hm.”

Stiyl olhou ao redor e então pegou Index para sair. Seu objetivo era simplesmente recuperar Index, então não tinha motivos para ele se prender em matar Kamijou. Tendo em vista o quanto os bombeiros demorariam a chegar, ele podia deixar Innocentius no piloto-automático e o garoto seria abraçado por chamas que o transformariam em carvão preto ou cinzas brancas.

(Isso não quer dizer que o elevador parou, né?)

Ele havia ouvido dizer que elevadores eram feitos para parar durante emergências. Isso seria um tanto deprimente para Stiyl. Ele estava no sétimo andar. Mesmo que ela fosse uma garota, carregar uma pessoa inconsciente escadaria abaixo era cansativo.

Foi por isso que Stiyl ficou inicialmente aliviado ao ouvir o ding vindo de trás dele.

Mas então ele percebeu.

Quem era? Quem estava no elevador?

Era uma noite nas férias de verão e ele já tinha conferido para ter certeza que todos os estudantes tinham deixado o dormitório. Então quem era e por que ele precisava do elevador?

As portas do elevador bateram enquanto abriam. Um único passo no chão molhado por causa dos chuveiros ecoou por todo o corredor.

Stiyl se virou lentamente.

Ele não fazia ideia do porque seu corpo estava tremendo por dentro.

Kamijou Touma estava lá.

(O que? O que aconteceu com Innocentius?)

Pensamentos dançaram caoticamente na cabeça de Stiyl. Innocentius era como um míssil de última geração carregado em um caça. Quando ele travava no alvo, ele não podia ser desviado. Não importa o quanto você corresse ou se escondesse, ele usaria suas chamas de três mil graus Celsius para derreter as paredes ou obstáculos, mesmo que eles fossem feitos de metal, e continuaria a persegui-lo. Ele não era algo que podia ser despistada ao correr por um prédio.

Ainda assim, Kamijou Touma estava lá.

Ele estava lá inabalado, imparável, inatacável e, acima de tudo, um inimigo natural inconfundível.

“Parando pra pensar, as runas deviam ser cravadas nas paredes e tetos, né?” disse Kamijou enquanto a fria chuva artificial caía sobre ele. “Sério, você é incrível. Sendo sincero, eu não teria como vencer se você tivesse cravado elas com uma faca. Pode se gabar o quanto quiser.”

Enquanto ele falava, Kamijou Touma ergueu seu braço direito e apontou para cima.

Ele apontou para o teto. Para o chuveiro automático.

“...Você não tá falando sério! Aquelas chamas de três mil graus Celsius não poderiam ser apagadas com isso!”

“Não seja idiota. Não foram as chamas. Como é que você pôde colocar aquelas coisas nas casas das pessoas?”

Stiyl então se lembrou das dezenas de milhares de runas de papel que ele havia preparado no dormitório.

Papel era fraco contra água. Até mesmo uma criança sabia disso.

Ao jogar água em todo o prédio com os chuveiros automáticos, não importavam se eram dezenas de milhares de runas. Ele não precisava correr pelo prédio. Ao invés disso, ele podia apertar um único botão e destruir todos aqueles pedaços de papel.

Os músculos no rosto do mago tremeram.

“Innocentius!”

No instante em que ele gritou, a porta do elevador atrás de Kamijou derreteu como uma escultura de açúcar e o gigante deus de fogo rastejou para o corredor.

Sempre que as gotas da chuva artificial atingiam seu corpo de chamas, elas evaporavam com o som da respiração da besta.

“Ha ha ha. Ah ha ha ha ha ha! Incrível! Você tem o senso de batalha de um gênio! Mas lhe falta experiência. Papel ofício não é como papel higiênico. Molhar ele um pouco não vai dissolvê-lo completamente!” O mago abriu seus braços enquanto uma gargalhada explodia de sua boca, e então ele gritou, “Mate-o!”

Innocentius balançou seu braço como um martelo.

“Desapareça.”

Kamijou Touma apenas disse isso. Ele nem ao menos se virou.

As costas da mão direita de Kamijou tocou o gigante deus de chamas com um golpe e ele explodiu em todas as direções com um barulho incrivelmente patético.

“O qu-!?”

O coração de Stiyl Magnus verdadeiramente parou por um instante por causa de choque.

Após ser apagado, Innocentius não reviveu. Óleo preto foi espalhado pela área como se fossem pedaços de carne e tudo que eles podiam fazer era tremer um pouquinho.

“Im...possível... Como...Como!? Minhas runas ainda não foram destruídas!”

“E a tinta?” A voz de Kamijou Touma pareceu demorar 5 anos para chegar aos ouvidos de Stiyl. “Mesmo que o papel ofício não tenha sido destruído, a água vai fazer a tinta escorrer.” Kamijou falou de maneira preguiçosa. “Apesar de parecer que isso não destruiu todas elas.”

Os pedaços retorcidos de Innocentius desapareceram no ar um de cada vez enquanto a chuva artificial continuava a sair dos chuveiros automáticos.

Era como se a tinta nos papéis por todo o prédio estivesse saindo com a chuva um por um, fazendo com que Innocentius perdesse seu poder pouco a pouco.

Os pedaços de “carne” desapareceram um a um até que finalmente o último se dissolveu e sumiu.

“Innocentius...Innocentius!”

As palavras do mago eram como as de um homem gritando num telefone após desligarem na cara dele.

“Agora...”

Essa única palavra foi o suficiente para fazer o corpo do mago tremer por inteiro.

Kamijou Touma deu um passo na direção de Stiyl Magnus.

“Inno...centius...” o mago disse...mas nada no mundo o respondeu.

Kamijou Touma deu outro passo na direção de Stiyl Magnus.

“Innocentius...Innocentius, Innocentius!” o mago gritou...mas nada no mundo mudou.

Kamijou Touma finalmente começou a avançar na direção de Stiyl Magnus como uma bala.

“A-Ash To Ash, Dust To Dust. Squeamish Bloody Rood!” o mago finalmente rugiu, mas nem ao menos uma espada de chamas apareceu, muito menos um gigante deus de fogo.

Kamijou Touma se aproximou de Stiyl Magnus e então continuou a se mover.

Ele cerrou seu punho.

Ele fechou sua mão direita completamente normal. Ele fechou sua mão direita que não lhe seria útil se não fosse usada em um tipo de poder sobrenatural. Ele fechou a mão direita que não o ajudaria a derrotar nenhum delinquente, que não aumentaria suas notas nos testes e que não o faria popular com as garotas.

Mas sua mão direita podia ser muito útil.

Afinal, ele podia usá-la para socar o bastardo parado na sua frente.

O punho de Kamijou Touma atingiu o rosto do mago.

O corpo do mago girou como pirocóptero e sua nuca atingiu o corrimão de metal.

Notas de tradução[edit]

  1. R$2.712,80 em Abril de 2004.
  2. O katakana usado para Matusalina (メトセリン, Metoserin) compartilha semelhanças com o katakana usado para o personagem bíblico Matusalém (メトシェラ, Metoshera). O “Elbr” em Elbrase (エルブラゼ, Eruburaze) possivelmente também possui alguma associação mitológica.
  3. Na comédia, “escada” é um personagem que completa a piada para outro personagem, geralmente sendo mais sério e posturado. Pense no Dedé em “Os Trapalhões”, considerado o maior “escada” do humor Brasileiro.
  4. Quando um nativo de Quioto pergunta se um convidado quer comer chazuke, ele pode estar querendo dizer que a pessoa já passou tempo demais lá e está sendo convidada a se retirar educadamente.
  5. O termo usado é イギリス清教 (Igirisu Seikyou, lit. Igreja Puritana Britânica). Essa tradução vai usar os nomes reais das igrejas pois elas eventualmente são escritas desse jeito em inglês em ilustrações futuras, portanto, Igreja Puritana Inglesa = Igreja Anglicana.
  6. Omiai é um costume japonês onde um homem e uma mulher são apresentados um para o outro para considerarem a possibilidade de um casamento. Geralmente o encontro é feito pelos pais dos envolvidos, que tomam um papel semelhante ao dos casamenteiros na cultura ocidental.
  7. “Flag” e “rota” são termos comumente usados em visual novels. Pense em Fate/stay night: se você escolher os diálogos corretos, pontos serão atribuídos a “flags”, e com pontos o suficiente, uma “flag” é ativada, travando a história numa “rota” específica.
  8. Enquanto “sociedade mágica” foi escrito em japonês, “Cabalá Mágica” foi escrita em inglês.
  9. Em role-playing games, PM é a sigla para “Pontos de Magia”.
  10. Em japonês, 身体検査 (Shintai Kensa, Exame Físico) é exibido com a pronuncia estrangeira システムスキャン (Shisutemu Sukyan), então manteremos o termo estrangeiro “System Scan”.
  11. Diferente do nome da personagem, que é escrito como インデックス (Indekkusu, Index), aqui インデックス é apenas a pronúncia estrangeira de 禁書目録 (Kinsho Mokuroku, Índice de Livros Proibidos), possivelmente indicando que a personagem Index e o Índice são a mesma coisa, então manteremos o termo estrangeiro “Index”.
  12. Originalmente, “The Book of Eibon”, “Lemegeton”, “Unaussprechlichen Kulten”, “Cultes de Goules”, e “rw nw prt m hrw” ou “ru nu peret em heru”
  13. Dos livros mencionados, O Livro de Eibon, Cultos Indescritíveis, Cultos de Carniçais e o Necronomicon são todos partes da literatura arcana nos Mitos de Cthulhu de H.P. Lovecraft. A “Lemegeton” se refere à “Lemegeton Clavicula Salomonis”, ou “A Chave Menor de Salomão”, um grimório de autoria anônima que foi baseado no “Testamento de Salomão” da mitologia judaico-cristã. Finalmente, o “Livro dos Mortos” é um antigo texto funerário egípcio que também pode ser traduzido como “Livro do Surgimento do Dia”.
  14. Em japonês, 神様殺しの槍 (Kami-sama Goroshi no Yari, Lança Assassina de Deus) é exibida com a leitura alternativa de ロンギヌスの槍 (Ronginusu no Yari), então manteremos a leitura alternativa “Lança de Longuinho”.
  15. Uma referência ao mangá JoJo no Kimyou na Bouken (As Aventuras Bizarras de JoJo) de Araki Hirohiko.
  16. A dama de ferro é o nome de um instrumento de tortura e execução medieval que consiste em um armário de ferro ou madeira com uma única porta e um interior coberto de espinhos e objetos cortantes, alto o suficiente para abrigar um ser humano.
  17. Em japonês, 鉄の処女 (Tetsu no Shoujo, lit. Virgem de Ferro).
  18. R$8,68 em Abril de 2004.
  19. Originalmente em Chinês, 姻緣紅線 (Yīnyuán hóngxiàn, lit. Fio Vermelho do Destino), a lenda diz que Yuè Lǎo, um Deus do Amor e do Casamento, toma a forma de um fio vermelho invisível e amarra os calcanhares de duas pessoas. As duas pessoas conectadas pelo fio vermelho estão destinadas a ser amantes, independente do lugar, era ou circunstâncias em que elas se encontram, pois esse cordão mágico pode se esticar ou se enrolar, mas ele nunca se quebra. Na crença popular japonesa, o 運命の赤い糸 (Unmei no Akai-ito, lit. Fio Vermelho do Destino) está amarrado no polegar do homem e no mindinho da mulher, ambos na mão direita.
  20. Como com a Igreja Anglicana/Puritana Inglesa, o termo usado é ローマ正教 (Rouma Seikyou, lit. Igreja Ortodoxa Romana) mas iremos manter o nome real da igreja.
  21. Assim como as outras Igrejas, apesar do termo usado ser ロシア成教 (Roshia Seikyou, lit. Igreja de Realização Russa), iremos com o nome real da igreja.
  22. Um Agathion é um espírito familiar que aparece apenas no meio-dia na forma de um humano ou um animal, ou até mesmo dentro de um talismã, de uma garrafa ou de um anel mágico.
  23. Em algumas escolas de países estrangeiros existe um conceito chamado “homeroom”, que é um breve período administrativo que acontece numa sala de aula designada para um grupo de alunos pela duração de suas vidas escolares. Cada homeroom tem o seu próprio “homeroom teacher”, ou “professor da sala”, que assume uma turma durante toda a sua vida escolar em determinada escola.
  24. ランドセル (Randoseru) é uma espécie de mochila rígida feita de couro ou de couro sintético, comumente usada por crianças do Ensino Fundamental, tradicionalmente sendo usadas por elas até o 6º ano.
  25. Anteriormente, “clarividência” foi escrito como 千里眼 (Senrigan), mas aqui temos, em japonês, 透視能力 (Toushi Nouryoku, Habilidade de Enxergar Além) com a pronúncia estrangeira クレアボイアンス (Kureaboiansu), então manteremos o termo estrangeiro “Clairvoyance”.
  26. Em japonês, esse personagem é sempre referido como 青髪ピアス (Aogami Piasu, lit. Cabelo Azul e Brinco). Ficar escrevendo “rapaz de cabelo azul e brinco” seria muito trabalhoso e monótono, então usaremos “Azulão” enquanto um nome oficial não é revelado.
  27. Lolicon é uma abreviação de lolita complex, complexo de lolita, e envolve a atração à garotas fictícias, geralmente de animes e mangás, na faixa de 6 à 14 anos (lolis).
  28. Em japonês, 念動力 (Nendouryoku, Habilidade de Telecinesia) é exibido com a pronúncia estrangeira テレキネシス (Terekineshisu), então manteremos o termo estrangeiro “Telekinesis”.
  29. Em japonês, 強能力者 (Kyounouryokusha, Pessoa com Poderes Fortes) é exibido com a pronúncia estrangeira レベル3 (Reberu Surii), então manteremos o termo estrangeiro “Level 3”.
  30. Semelhante aos sotaques regionais aqui no Brasil, algumas regiões do Japão usam dialetos próprios, “Olá” no japonês padrão é “こんにちは” (kon'nichiwa), mas alguém da região de Kansai diria “まいど” (maido); algumas pessoas que não são da região tentam imitar esse dialeto por n motivos. A região de Kansai é composta de Nara, Wakayama, Quioto, Osaka, Hyogo e Shiga, portanto, um morador da Cidade Acadêmica, situada em Tóquio, não usaria esse dialeto.
  31. Regiões de arroz são... Regiões do Japão notórias por produzirem arroz, geralmente no norte do país. O ponto feito por Kamijou aqui é que Azulão vem de uma região na direção oposta de Kansai, localizada mais ao sul do país.
  32. Takoyaki é um lanche japonês feito de massa à base de farinha de trigo e cozido em uma panela moldada especial. Normalmente ele é recheado com polvo (tako) picado ou em cubos e algumas verduras. É um lanche típico de Osaka.
  33. Biribiri é uma onomatopeia japonesa para eletricidade. A alternativa aqui era chamar ela de “zapzap”, mas pra conservar o legado desse apelido, manteremos “Biribiri”.
  34. Urashima Tarou (浦島 太郎) é o protagonista de uma lenda japonesa. Ele é um pescador que salva uma tartaruga de agressores e é levado até o Ryuuguu-jou (竜吾城 ou 龍宮城, Palácio do Dragão) debaixo do mar. Lá ele é entretido pela princesa Otohime, a segunda filha de Ryuujin (龍神, Deus Dragão), como recompensa. Ele passa alguns dias com a princesa e então decide voltar para sua vila. Otohime lhe entrega tamatebako, uma caixa adornada com jóias que ele não deve abrir, como presente de despedida. Quando ele retorna para sua vila, ele descobre que passou 300 anos no Palácio. Quando ele abre tamatebako ele se transforma num velho e a voz de Otohime ecoa dizendo que a abertura da caixa era proibida, pois nela estavam contidos todos os seus anos de vida.
  35. Tokiwadai Chuugaku (常盤台中学, Escola Média Tokiwadai) no original. Estabelecemos anteriormente que “Escola Média” (e “Escola Primária”) é o equivalente do nosso Fundamental, portanto ficamos com “Escola Tokiwadai de Ensino Fundamental”, ou “Escola Tokiwadai” pra facilitar o ritmo de leitura.
  36. R$32.520,00 em Abril de 2004.
  37. Um prato japonês que consiste em uma tigela de arroz coberta de bife e cebola cozidos com um molho levemente adocicado feito de dashi (peixe e algas), shouyu (molho de soja) e mirin (vinho de arroz doce). As vezes vem com ovo cru ou cozido, negi (alho-poró), queijo ralado e/ou kimchi. Popularmente no Japão é acompanhado de beni shouga (gengibre picado), shichimi (pimentas amassadas), e um prato de sopa misoshiru (sopa de missô).
  38. Também chamado de “obentou” (お弁当), é um tipo de marmita japonesa para uma pessoa.
  39. R$0,81 em Abril de 2004
  40. Em japonês, isso está escrito desta maneira, ao invés do uso de kana. Do latim, Índice de Livros Proibidos.
  41. Em japonês, 完全記憶能力 (Kanzen Kioku Nouryoku, Habilidade de Memorização Perfeita); é, de alguma forma, diferente de 映像記憶 (Eizou Kioku, Memória Eidética), 写真記憶 (Shashin Kioku, Memória Fotográfica) e 直観像記憶 (Chokkan-zou Kioku, Memória de Imagem Intuitiva). Como “habilidade” é uma palavra normalmente associada ao Lado da Ciência, resolvemos ocultar ela por ser mencionada por um personagem do Lado da Magia.
  42. Pāṭaliputra(पाटलिपुत्र, Paataliputr) foi uma cidade da Índia Antiga, atualmente é a cidade Patná, capital do estado de Bihar.
  43. Aqui Stiyl diz “炎よ” (Honou yo, Chamas), mas a pronúncia apresentada é ケナズ (Kenazu).
  44. Mais uma vez, em japonês é dito 巨人に苦痛の贈り物を (Kyojin ni kutsuu no okurimono o, Dê o presente da dor aos gigantes), mas a leitura é プリサズ・ナウピス・ゲボ (Purisazu Naupisu Gebo).
  45. Em japonês, 魔神 (Majin, Deus Mágico) pode ser escrito como 間神 (Majin, Deus Demônio).
  46. Aqui, o autor pega sentenças escritas em japonês, traduz para outro idioma (desconhecido, muitas vezes inglês) e pega as iniciais de cada palavra pra construir um “notariqon”: um método de derivação de uma palavra, usando cada uma das suas letras inicial ou letras finais para dar suporte a outra, para formarem uma frase ou ideia ausente na sentença.
  47. Em japonês, 魔女狩りの王 (Majogari no Ou, Rei da Caça às Bruxas) possui a leitura イノケンティウス (Inokentiusu) que é baseada na tradução japonesa nome latino Innocentius (インノケンティウス, In'nokentiusu), portanto manteremos o nome como “Innocentius”. É provável que o nome seja uma referência ao Papa Inocêncio VIII, que intensificou a caça às bruxas no Século XV.
  48. Em japonês, 必要悪の教会 (Hitsuyouaku no Kyoukai, Igreja do Mal Necessário) possui a leitura latina ネセサリウス (Nesesariusu), então manteremos como Necessarius.
  49. Em japonês, 灰は灰に (Hai ha hai ni, Cinzas às cinzas) é escrito em inglês com letras ao invés de kana.
  50. Em japonês, 塵は塵に (Chiri ha chiri ni, Pó ao pó) é escrito em inglês com letras ao invés de kana.
  51. Em japonês, 吸血殺しの紅十字 (Kyuuketsu-goroshi no Kurenai Juuji, Cruz Vermelha Assassina de Vampiros) é escrito em inglês com letras ao invés de kana.
  52. Houichi, o Sem Orelhas (耳なし芳一, Miminashi Houichi) é o protagonista cego de uma lenda japonesa. Ele vivia no templo budista Amidaji e que era conhecido por ser muito bom em interpretar o Conto dos Heike, particularmente a parte da Batalha de Dan no Ura e a morte do Imperador Antoku. Uma noite Houichi estava tocando seu biwa, instrumento de cordas, na porta do templo quando um samurai o visitou e exigiu que ele tocasse o Conto dos Heike para seu senhor e sua corte. O desempenho de Houichi fez com que todos se emocionassem e o senhor pediu que Houichi voltasse na noite seguinte e tocasse mais uma vez, mas que não revelasse a ninguém para onde ele estava indo. Após um tempo, o sumo sacerdote de Amidaji notou que Houichi estava saindo todas as noites e ordenou que seus servos o seguissem. Os servos do templo encontraram Houichi em um cemitério da família Heiki, onde viram o músico sentado diante do túmulo do Imperador Antoku, rodeado de hitodama (人魂, Alma Humana), bolas de fogo que representam os espíritos dos mortos, que dançavam ao som da música. Os servos, percebendo que Houichi estava em perigo, correram e o levaram de volta para o templo onde o sumo sacerdote explicou para Houichi que sua plateia eram os fantasmas daqueles que haviam perecido na Batalha de Dan no Ura, que eles não estavam felizes com sua performance e que iriam matá-lo e ficar com sua alma. Como medida protetora, o sumo sacerdote pintou o Sutra do Coração por todo o corpo de Houichi para protegê-lo e torná-lo invisível para os fantasmas, apesar deles ainda poderem ouvi-lo. Na noite seguinte, o samurai fantasma procura Houichi, mas ele só consegue ver o instrumento e as orelhas do músico, então ele decide levar as orelhas para seu mestre como prova de que ele fez o melhor que pode para levar o homem. De manhã, os servos do templo encontram Houichi e o sumo sacerdote percebe que ele pintou todo o corpo de Houichi, exceto suas orelhas, por isso elas permaneceram visíveis ao fantasma.
  53. Em japonês, 警備員 (Keibi'in, Guarda) é escrito com a leitura ingles アンチスキル (Anchisukiru), então manteremos como “Anti-Skill”.


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