Difference between revisions of "Toaru Majutsu no Index ~Brazilian Portuguese~:Volume1 Prologo"

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==Prólogo: O Conto do Garoto Que Podia Matar Ilusões — ''The_Imagine-Breaker.''==
 
==Prólogo: O Conto do Garoto Que Podia Matar Ilusões — ''The_Imagine-Breaker.''==
   
"Ahh! Merda! Droga! Que desgraça! Isso é muito azar!!"
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“...Ahh! Merda, droga! Isso só pode ser brincadeira! De onde vem todo esse azar?!
   
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Mesmo que seus gritos soassem esquisitos até para ele mesmo, Kamijou Touma continuou sua incrível fuga.
Mesmo percebendo que seus gritos soavam um pouco estranhos, Kamijō Tōma<ref>O acento em cima do "o" é um "macron", ele é usado bastante na língua japonesa e representa uma vogal longa, pode ser comparado ao som de um acento circunflexo.</ref> não demonstrou sinais de parar seu tremendo voo.
 
   
Enquanto ele corria pelos becos durante a noite, ele olhou por cima de seu ombro.
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Correndo pelos becos no meio da noite, ele olhou rapidamente por cima de seu ombro.
   
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Oito.
Tinham oito deles.
 
   
Ele correu freneticamente por quase dois quilômetros, mas ainda haviam oito deles. Claro, Kamijō Tōma não tinha como vencer contra tantos assim a não ser que ele fosse um ex-cozinheiro de uma equipe estrangeira ou um ninja cibernético que sobreviveu até os dias atuais. Numa luta entre alunos do ensino médio, qualquer coisa além de 1-contra-3 estava fora de questão. Isso podia ser chamado de "impossível" antes mesmo de levar qualquer habilidade que ele tivesse em consideração.
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Apesar de já ter corrido por quase dois quilômetros, ''ainda'' haviam oito deles. Como ele não era um cozinheiro de uma legião estrangeira ou um ninja cibernético que havia sobrevivido até os tempos modernos, Kamijou Touma não tinha chances de vencer contra tantos deles—até mesmo três era gente demais pra uma luta entre alunos do ensino médio. Não importava o quão forte você fosse. Era simplesmente impossível.
   
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Chutando um balde podre, Kamijou continuou a correr como se estivesse caçando gatos pretos.
Kamijō chutou um balde plástico e assustou um gato preto enquanto continuava sua corrida.
 
   
Era 19 de Julho.
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19 de Julho.
   
O culpado era a data. Como as férias de verão começariam no dia seguinte, ele ficou tão animado que pegou um mangá na livraria apesar de uma olhada na capa o dizer que ele não era bom, entrou num restaurante familiar para se presentear, pelo menos uma vez, com um lanche legal, encontrou uma garota do fundamental cercada de delinquentes claramente embriagados e decidiu que devia fazer um resgate.<ref>No Japão, o ensino básico é dividido entre Shōgakkō (Escola Primária) dos 6 aos 12 anos, Chūgakkō (Escola Média) dos 12 aos 15 anos, e Kōtōgakkō (Escola Secundária) dos 15 aos 18 anos. Por conveniência iremos usar Ensino Fundamental como o equivalente de Shōgakkō e Chūgakkō, e Ensino Médio como equivalente do Kōtōgakkō.</ref>
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''É, é tudo culpa do 19 de Julho. A culpa é da data por eu ter ficado estranhamente animado, gritando “Aê, amanhã começam as férias de verão!” A culpa é da data por eu ter ido à uma livraria e comprado um mangá que obviamente não ia ser bom, e então ter ido à um restaurante quando eu nem estava com fome, pensando'', Por que não encher o bucho?! ''onde eu vi uma garota que parecia estar no ensino fundamental<ref>No Japão, o ensino básico é dividido entre Shougakkou (Escola Primária) dos 6 aos 12 anos, Chuugakkou (Escola Média) dos 12 aos 15 anos, e Koutougakkou (Escola Secundária) dos 15 aos 18 anos. Por conveniência iremos usar Ensino Fundamental como o equivalente de Shougakkou e Chuugakkou, e Ensino Médio como equivalente do Koutougakkou.</ref> sendo assediada por um delinquente claramente bêbado e, apesar de nunca fazer algo assim, decidi ajudar sem nem pensar''... o raciocínio vingativo de Kamijou estava fugindo dele.
   
Mas ele não esperava que mais de seus colegas fossem sair do banheiro.
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Ele não havia considerado que todos os amigos do cara fossem sair repentinamente do banheiro.
   
Ele sempre achou que ir ao banheiro em grupos era uma coisa que apenas garotas faziam.
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''Eu sempre achei que ir ao banheiro em grupos era exclusivo de garotas. Né?''
   
"Eu tive que sair correndo antes que o Goya e a maldita lasanha de escargot que eu pedi chegassem. Eu nem consegui comer nada, mas tô sendo tratado como um caloteiro. Que tipo de azar é esse!? Gyahh!!"
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“...Eu acabei tendo que fugir de antes mesmo que pudesse ver minha maldita lasanha de goya e escargot, e agora eu tô sendo tratado como um caloteiro. Eu nem comi! Cara, o que eu fiz pra merecer todo esse azar?!
   
Kamijō coçou a cabeça enquanto saía correndo do beco para uma rua iluminada pelo luar.
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Coçando sua cabeça freneticamente, ele saiu do beco para uma rua principal.
   
Mesmo que a Cidade Acadêmica fosse tão grande quanto um terço de Tóquio, ele não conseguia ver nada além de casais para onde quer que ele fosse. Isso também era culpa do 19 de Julho. “É tudo culpa do 19 de Julho!”, Kamijō, que era solteiro, gritou em seu coração. As três lâminas das turbinas eólicas localizadas aqui e ali reluziam com o pálido luar e as luzes da cidade noturna, fazendo com que elas lembrassem as lágrimas de um solteirão rico.
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A luz do luar cobria a Cidade Acadêmica. Mesmo que a cidade ocupasse um terço da região metropolitana de Tóquio, ele não via nada além de casais em encontros em todas as direções. ''É por causa do 19 de Julho; isso é tudo culpa da data!'' Kamijou, que estava solteiro, gritou internamente. Em sua volta, turbinas eólicas de três lâminas brilhavam com as luzes da lua e da cidade como as lágrimas de um solteirão aristocrata.
   
Kamijō cortou pela noite, separando casais.
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Kamijou cortou pela noite, separando casais.
   
Ele olhou para sua mão direita enquanto corria. O poder que nela residia não adiantaria de nada na situação atual. Ele não o ajudaria a derrotar nenhum delinquente, ele não aumentaria suas notas nos testes e ela não o faria popular com as garotas.
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Ele olhou para sua mão direita enquanto corria. O poder que nela residia era inútil nessa situação. Ele não o ajudaria a derrotar nenhum delinquente, ele não aumentaria suas notas nos testes e ele não o faria popular com as garotas.
   
"Uuh... Mas que azar!"
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“Ugh! Mas que azar!!”
   
Se ele escapasse do grupo de delinquentes, eles podiam usar seus celulares pra chamar reforços e motos. Pra simplesmente acabar com a energia deles, Kamijō Tōma estava deixando que eles o vissem ocasionalmente, como isca para que eles continuassem a correr e se cansassem.
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Se ele conseguisse despistar o grupo de delinquentes persistentes, eles podiam usar seus celulares para chamar reforços, ou pegar motos pra persegui-lo, ou algo do tipo. Então ele estava tentando fazer com que eles desistissem. Pra fazer isso, ele estava deixando que eles o vissem ocasionalmente, como isca para que eles continuassem correndo atrás dele. Era basicamente como a estratégia de um boxeador que deixa o oponente o golpear até cansar.
   
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E ainda mais importante, ele queria ajudar.
Era basicamente como a estratégia de um boxeador que deixava o oponente o golpear até cansar.
 
   
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Não havia necessidade de resolver na mão. Tudo que ele tinha que fazer era fazê-los desistir. Isso seria a vitória.
O objetivo de Kamijō era apenas salvar qualquer possível vítima.
 
   
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Kamijou tinha certa confiança em sua habilidade para correr longas distâncias. Seus perseguidores, por outro lado, já haviam arruinado seus corpos com álcool e cigarros, e as botas que eles calçavam não haviam sido feitas para correr. Eles não conseguiriam ir muito mais longe se continuassem correndo a todo vapor sem regular o ritmo.
Se ele pudesse despistá-los e fazê-los desistir sem entrar numa briga, ele venceria.
 
   
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Ele costurou pelas ruas e becos desordenadamente, dando a impressão de que ele era um idiota fugindo de medo. Ele assistiu enquanto, um a um, delinquentes desistiam, indo ao chão em suas mãos e joelhos. ''É a solução perfeita, e ninguém precisa se machucar'', ele pensou para si. Mas o que ele disse em voz alta foi:
Incidentemente, Kamijō confiava em suas corridas de longa distância. Seus perseguidores, por outro lado, já tinham arruinado seus corpos com álcool e cigarros, e as botas que eles calçavam não haviam sido feitas para correr. Acima de tudo, correr em velocidade máxima por longas distâncias sem regular o ritmo era impossível por natureza.
 
   
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“D-droga...Por que eu tenho que desperdiçar minha juventude em algo estúpido como isso?!”
Conforme Kamijō alternava entre ruas e becos correndo aparentemente em pânico, ele viu dois delinquentes desistirem da perseguição, se curvando para frente com as mãos em seus joelhos. Ele sentiu que seu plano era a maneira perfeita de resolver as coisas sem ninguém se ferir.
 
   
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Ele estava frustrado. Vendo todos aqueles casais alegres cheios de doces sonhos, Kamijou sentiu-se como um perdedor na vida. As férias de verão começavam no dia seguinte. Era bem deprimente não ter nenhum tipo de comédia romântica em sua vida.
"D-droga. Por que eu tenho que desperdiçar minha juventude com essas coisas!?"
 
   
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Atrás dele, um dos delinquentes gritou, “Volta aqui!! Correr é tudo que você pode fazer, seu bostinha?!”
Em todas as direções que ele olhasse, ele não via nada além de casais cheios de sonhos e felicidade. Incapaz de suportar isso, Kamijō sentiu como se ele tivesse chegado ao fim da vida. A data só precisava mudar e seriam férias de verão, e ele não podia falar nem de amor nem de comédia.
 
   
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Essas não eram exatamente o tipo de palavras doces que ele queria ouvir, e isso irritou Kamijou.
Isso fez com que ele se sentisse um perdedor.
 
   
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“Cala a boca! Você devia me agradecer por não ir aí te encher de porrada, seu símio estúpido!” ele gritou de volta sabendo que estava desperdiçando sua preciosa energia ao fazê-lo.
Ele então ouviu um dos delinquentes gritar atrás dele.
 
   
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...''Sério, você devia me agradecer por não se machucar, droga!''
"Ei!! Pirralho! Para de correr, seu merda!!"
 
   
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Após isso, ele corre por mais dois quilômetros cheios de suor e lágrimas. Ele saiu da região urbana e chegou a um largo rio partido por uma ponte de metal de aproximadamente 150 metros de comprimento. Não haviam carros nela. A resistente ponte de ferro nem ao menos estava iluminada, ela estava coberta por uma escuridão misteriosa que lembrava o mar noturno.
Ouvir isso apenas irritou Kamijō mais ainda.
 
   
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Enquanto corria pela ponte, ele olhou para trás.
"Cala a boca! Você devia me agradecer por não ir aí e encher você e o seu QI de macaco de porrada!" Kamijō gritou de volta apesar de saber que era apenas desperdício de energia.
 
   
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Então ele parou. Em algum momento, ele havia se livrado de seus perseguidores.
(Ele realmente devia me agradecer por me esforçar tanto pra impedir que ele se machuque.)
 
   
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“D-droga...Eu finalmente os despistei?”
Após mais dois quilômetros de corrida suada e sofrida, ele deixou a área urbana e chegou a um largo rio. Uma ponte de metal de aproximadamente 150 metros atravessava o rio e nenhum carro podia ser visto nela. Nem mesmo iluminada, a resistente ponte de ferro estava coberta por uma escuridão misteriosa que lembrava o mar noturno.
 
   
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Desesperadamente lutando contra a vontade de sentar-se, Kamijou olhou para o céu noturno e respirou.
Kamijō olhou para trás enquanto corria pela ponte.
 
   
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''Nossa, eu realmente resolvi o problema sem socar ninguém. Eu acho que isso merece um tapinha nas costas''.
Ele então parou: em algum ponto, ele tinha escapado de seus perseguidores.
 
   
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“Cara, o que cê tá fazendo? Você tá fingindo ser um cara bonzinho ao defender aqueles perdedores? O que você é? Um daqueles professores super cuidadosos?”
"Ca-cacete. Eu finalmente os despistei?"
 
   
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Kamijou congelou.
Kamijō reprimiu desesperadamente a vontade de sentar-se e suspirou enquanto olhava para o céu.
 
   
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Ele não havia notado mais cedo—não tinha uma única luz naquela ponte—mas uma garota solitária estava de pé cerca de cinco metros à frente na direção em que ele havia passado. Ela vestia uma saia plissada cinza, uma blusa de manga curta e um suéter de verão. Ela era, de todas as maneiras possíveis, uma aluna do fundamental comum.
Ele realmente tinha conseguido resolver tudo sem ter que socar ninguém. Ele queria se parabenizar por isso.
 
   
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Encarando o céu noturno, Kamijou seriamente considerou cair de costas no chão.
"Sério, o que você tá fazendo? Você acha que proteger aqueles delinquentes faz de você uma boa pessoa? Você é um daqueles professores super cuidadosos?"
 
   
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''Era a garota que estava sendo incomodada no restaurante''.
Naquele momento, o corpo de Kamijō congelou.
 
   
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“...Então foi isso? Quer dizer que aqueles caras pararam de me perseguir porque...”
Como a ponte estava escura, Kamijō não notou a garota parada cerca de cinco metros à frente na direção em que ele estava correndo, uma garota completamente normal do ensino fundamental vestindo uma saia plissada cinza, uma blusa de manga curta e um suéter de verão. Kamijō olhou para o céu e considerou seriamente cair de costas no chão. A garota diante dele era a mesma do restaurante familiar.
 
   
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“É. Eles estavam sendo irritantes, então eu os torrei.”
"Pera, então foi por isso que eles pararam de me seguir?"
 
   
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Ele ouviu o som de eletricidade e viu faíscas azuis pálidas.
"É. Eles me irritaram, então eu os torrei."
 
   
O som estático de faíscas branco-azuladas ecoou. Ao invés de ser uma arma de choque, era o cabelo castanho na altura dos ombros da garota que soltava faíscas como um eletrodo.
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Não, a garota não estava segurando um Taser. Toda vez que seu cabelo castanho na altura dos ombros se movia ele soltava faíscas, como se fosse um tipo de eletrodo.
   
No momento em que uma sacola de loja de conveniência passou por sua cabeça ao vento, ela foi explodida por faíscas branco-azuladas, lembrando um dispositivo de interceptação.
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Uma sacola plástica de compras vazia flutuou com o vento, passando pelo seu rosto. Imediatamente as faíscas branco azuladas a erradicaram. Era como um sistema automático de interferência.
   
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“Ugh.” Kamijou grunhiu cansado.
"Ugh," Kamijō suspirou cansadamente.
 
   
19 de Julho. Foi por isso que ele pegou um mangá na livraria apesar da capa lhe dizer que ele não era bom, entrou num restaurante familiar para se presentear, ao menos uma vez, com um lanche legal, encontrou uma garota do fundamental cercada de delinquentes claramente embriagados e decidiu que devia fazer um resgate.
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Hoje era 19 de Julho. Era por isso que ele havia entrado numa livraria e comprado um mangá que era obviamente um lixo, por isso que ele foi ao restaurante sem nem ao menos estar com fome, e por isso que ele havia descuidadamente decidido intervir quando viu uma garota do fundamental sendo assediada por delinquentes claramente bêbados.
   
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'''Entretanto, Kamijou não havia pensado''' '''''Eu devia resgatar aquela garota'''''.
Entretanto, Kamijō não pensou em resgatar a garota nem uma única vez. Pelo contrário, ele havia tentado salvar os garotos que haviam se aproximado dela descuidadamente.
 
   
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'''Seu único pensamento havia sido salvar os garotos que haviam cruzado o caminho dela'''.
Mais uma vez ele suspirou. A garota era sempre assim. Ele havia visto ela aqui e ali esporadicamente por quase um mês, mas eles nem sabiam o nome um do outro. Ou seja, de nenhuma maneira eles eram amigos.
 
   
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Ele suspirou. A garota era sempre assim. Ele havia visto ela aqui e ali por quase um mês, mas eles nem sabiam o nome um do outro. Em outras palavras, eles não eram amigos.
Era sempre ela que vinha até ele, altiva, dizendo que iria reduzi-lo a uma pilha de lixo, e era o trabalho de Kamijō ignorá-la. Sem exceções, era assim todas às vezes e ele sempre vencia.
 
   
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Era ela que sempre vinha até ele altiva, dizendo que iria reduzi-lo a uma pilha de lixo, e era o trabalho de Kamijou ignorá-la. Sem exceções; Ele permanecia invicto.
Se ele perdesse, a garota provavelmente ficaria satisfeita, mas Kamijō era um ator terrível. Uma vez ele tentou forjar sua derrota e ela o caçou como um demônio pelo resto da noite.
 
   
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Ela provavelmente ficaria feliz se ele pudesse fingir que ela venceu, mas ele era um ator terrível. Ele havia tentando fingir sua derrota uma vez e acabou passando o resto da noite sendo caçado pelo que podia apenas ser descrito como um monstro.
"...O que foi que eu fiz?"
 
   
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“...Espera, o que foi que eu fiz?”
"Eu não posso permitir que alguém seja mais poderoso que eu. Isso é motivo o suficiente."
 
   
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“Eu não vou permitir que um humano mais forte que eu exista. Isso é motivo o suficiente.”
Era sempre assim com ela. Ele sentia que até mesmo um personagem num jogo de luta teria um incentivo mais detalhado.
 
   
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Foi tudo que ela disse.
"Mas você tá me tratando como uma idiota também. Eu sou uma Level 5.<ref>Em japonês, 超能力者 (Chōnōryokusha, Pessoa com Super Poderes) é exibido com a pronúncia estrangeira レベル5 (Reberu Faivu), então manteremos o termo inglês "Level 5".</ref> Você realmente acha que eu iria com tudo contra um Level 0 sem poder algum?<ref>Em japonês, 無能力者 (Munōryokusha, Pessoas sem Poderes) é exibidos com a pronúncia estrangeira レベル0 (Reberu Zero), então manteremos o termo inglês "Level 0".</ref> Eu sei como lidar com os fracos."
 
   
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''Até mesmo personagens em jogos de luta atuais tinham uma história mais desenvolvida que a dela'', pensou Kamijou.
Esta cidade, diferente das outras, não seguia o cenário tradicional onde os bandidos das ruas eram os mais durões. Aqueles delinquentes que não conseguiam acompanhar o Curriculum<ref>Em japonês, 時間割り (Jikanwari, Horário Acadêmico) é exibido com a pronúncia estrangeira カリキュラム (Karikyuramu), então manteremos o termo latino “Curriculum”.</ref> – o programa de desenvolvimento de habilidades – eram Level 0s, os sem poderes.
 
   
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“Eu tô cansada de você me fazendo parecer uma idiota. Eu sou uma usuária de habilidade Level 5<ref>Em japonês, 超能力者 (Chounouryokusha, Pessoa com Super Poderes) é exibido com a leitura estrangeira レベル5 (Reberu Faivu), então manteremos o termo inglês “Level 5”.</ref>, entendeu? VocÊ acha que eu realmente usaria meu poder total contra um Level 0<ref>Em japonês, 無能力者 (Munouryokusha, Pessoas sem Poderes) é exibido com a leitura estrangeira レベル0 (Reberu Zero), então manteremos o termo inglês “Level 0”.</ref> incompetente? Eu conheço diversas formas de cozinhar fracotes, sabia?”
Os verdadeiramente fortes naquela cidade, os alunos de elite, eram usuários de habilidade.
 
   
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Esta cidade, diferente de outras, não seguia o cenário tradicional onde os bandidos nas ruas eram os mais durões. Aqueles delinquentes de antes não eram nada—eles eram usuários de habilidade Level 0s, “defeitos”, que não conseguiam acompanhar o Curriculum<ref>Em japonês, 時間割り (Jikanwari, Horário Acadêmico) é exibido com a leitura estrangeira カリキュラム (Karikyuramu), então manteremos o termo latino “Curriculum”.</ref> designado para “desenvolver” suas habilidades super-humanas. Os verdadeiramente fortes naquela cidade eram pessoas como ela: alunos de elite, usuários de habilidade.
"Sim, sobre isso, eu entendo que você tem um talento que apenas um em 328.571 tem. De verdade. Mas se você quiser viver uma vida longa, você deveria parar de falar com as pessoas desse jeito tão condescendente."
 
   
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“Hm, sobre isso. Eu já sei que você tem um talento de 1 em 328.571, mas você deveria parar de menosprezar as pessoas se você quiser ter uma vida longa e saudável, entendeu?”
"Cala a boca. Se você não consegue nem dobrar uma colher depois de fazerem várias coisas em você, como injetarem drogas nas suas veias ou enfiarem eletrodos no seu cérebro pelas orelhas, o que seria isso senão falta de talento?"
 
   
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“Calado. Aqueles caras fizeram coisas nojentas como injetar drogas direto nas veias e enfiar eletrodos diretamente no cérebro, e eles nem ao menos conseguem dobrar uma colher. Se eles não são completamente sem talento, o que eles são?”
"..."
 
   
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“...”
De fato, esse era o tipo de lugar que a Cidade Acadêmica era.
 
   
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Sim. ''Esse'' era o tipo de lugar que a Cidade Acadêmica era.
A outra face da Cidade Acadêmica estava em algum lugar onde o Desenvolvimento Cerebral — usando nomes mais palatáveis como Mnemônicos ou Técnicas de Memorização – foi discretamente incluído no Curriculum.
 
   
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A outra face da Cidade Acadêmica estava em algum lugar onde o Desenvolvimento Cerebral—usando nomes mais palatáveis como Mnemônicos ou Técnicas de Memorização–foi discretamente incluído no Curriculum.
Entretanto, nem todas as 2,3 milhões de pessoas morando na Cidade Acadêmica haviam deixado de ser humanos e se tornado algo como um protagonista de mangá.
 
   
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Entretanto, não era como se todos os 2,3 milhões de “estudantes” na cidade '''tivessem deixado de ser humanos, como o herói de um mangá'''. Se você olhasse para a população da cidade como um todo, um pouco menos de 60 por cento estava no nível em que era possível dobrar uma colher se forçassem suas mentes ao ponto de veias explodirem em seus cérebros. Eles eram todos Level 0s inúteis.
Quase 60% da população era composta de Level 0s completamente inúteis que apenas conseguiam dobrar uma colher após focar seus cérebros ao ponto de estourar uma veia.
 
   
"Se eu preciso dobrar uma colher, eu posso usar um alicate, e se eu preciso de fogo, eu posso comprar um isqueiro barato. Aliás, pra quê telepatia se eu tenho um celular? As habilidades são tão grandiosas assim?"
+
“Se você quer dobrar uma colher, você pode usar um alicate. E se você quer fogo, você pode ir comprar um isqueiro por 100 ienes<ref>R$2,71 reais em Abril de 2004.</ref>. A gente não precisa de telepatia; temos celulares. As habilidades não são tão especiais assim.”
   
Aquelas eram as palavras de Kamijō, que havia sido marcado como um inútil pelos sensores de exames físicos da Cidade Acadêmica.
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Isso vinha de Kamijou, que carregava o estigma de ter sido rotulado como um usuário de habilidade “inútil” pelos sensores durante a exame físico da cidade.
   
"E as prioridades de todo mundo estão erradas. todo mundo maravilhado com o subproduto que a gente chama de habilidades, mas o objetivo real não era algo além disso?"
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“E todos estão agindo de maneira estranha. Você se gabando por causa de '''subprodutos chamados de habilidades'''. O objetivo deles não era '''tentar ir além disso?'''“
   
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A garota, que era uma das sete pessoas na Cidade Acadêmica consideradas como usuários de habilidade Level 5, contorceu os lábios em resposta.
Em resposta, os cantos lábios da garota que era uma dos sete Level 5s da Cidade Acadêmica se mexeram.
 
   
  +
“Hein?...Ah, aquilo. Como era mesmo? ‘O homem não pode calcular Deus; portanto, devemos primeiro adquirir um corpo além daquele de um homem, ou nunca poderemos chegar na resposta de Deus’?”
"Hahh? ...Ah, aquilo. O que era mesmo? Algo tipo 'Humanos não podem calcular deus, então precisamos adquirir um corpo que exceda a humanidade antes de chegar à resposta de deus', né?" Ela riu. "Ah, não me faça rir. Que baboseira é essa de 'cérebro de deus'? Você já ouviu falar das supostas Sisters militares criadas com base numa análise do meu mapa de DNA?<ref>Em japonês, 妹達 (Imōto-tachi, Irmãs Mais Novas) é exibido com a pronúncia estrangeira シスターズ (Shisutāzu), então manteremos o termo inglês "Sisters".</ref> Parece que esses efeitos colaterais lucrativos são mais importantes que o objetivo."
 
   
  +
Ela riu.
Depois de dizer isso, a garota repentinamente parou.
 
   
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“Isso é simplesmente ridículo. Que baboseira é essa de ‘intelecto de Deus’ afinal? Ei, você já ouviu os rumores? Eles estão desenvolvendo umas Sisters<ref>Em japonês, 妹達 (Imouto-tachi, Irmãs Mais Novas) é exibido com a leitura estrangeira シスターズ (Shisutaazu), então manteremos o termo inglês “Sisters”.</ref>, com base no meu DNA, para uso militar. Eu acho que os subprodutos foram mais doces que o objetivo final, não?”
No silêncio, pareceu que a qualidade do ar estava mudando.
 
   
  +
Ela parou, seu discurso acabando abruptamente.
"...Bem. É isso que as ''pessoas fortes'' diriam, não é?"
 
   
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O ar mudou silenciosamente.
"Hã?"
 
   
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“...Bem. É isso que as pessoas fortes ''diriam'', não é?”
"Os fortes, os fortes, os fortes. Essas são as cruéis e destemidas palavras de um protagonista de mangá que nasceu com suas habilidades e não entende a dor de escalar até o topo sozinho."
 
   
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“Hã?”
O rio abaixo da ponte se tornou perturbadoramente barulhento.
 
   
  +
“Pessoas fortes, pessoas fortes, pessoas fortes. Eles não entendem o quão é difícil se esforçar pra conquistar nada porque eles já nasceram com talento natural. O que você disse soa exatamente como uma frase de um herói num mangá, alheio e cruel.”
Uma chama negra podia ser sentida no peso de suas palavras que indicava o quanto de sua humanidade a garota havia abandonado para chegar à posição de um dos sete Level 5s da Cidade Acadêmica.
 
   
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''Chuá-chuá''. Ele ouviu um barulho estranho vindo do rio abaixo da ponte.
Kamijō negou tudo isso com poucas palavras. Nem uma única vez ele se virou.
 
   
  +
Haviam apenas sete usuários de habilidade no calibre dela na Cidade Acadêmica. Quanto de sua “humanidade” eles tiveram que sacrificar pra chegar lá...? Uma chama escura brilhou no final das palavras daquela garota, insinuando-lhe esse fato.
Ele fez isso ao nunca perder.
 
   
  +
Kamijou havia rejeitado isso.
"Opa, opa, pera lá! Dá uma olhada nos resultados nos exames físicos anuais. Eu sou um Level 0 e você é uma Level 5. Pergunta pra qualquer um nas ruas e eles vão te dizer quem é mais forte!"
 
   
  +
Ele havia negado com determinação, ao nunca voltar atrás.
O desenvolvimento de habilidades da Cidade Acadêmica usava pesadamente coisas como farmacêutica, neurociência e fisiologia cerebral. Foi uma empreitada puramente científica. Depois de passar pelo Curriculum até certo ponto, qualquer um podia dobrar uma colher mesmo sem ter talento.
 
   
  +
Ao nunca perder.
E ainda assim, Kamijō Tōma não conseguia fazer nada.
 
   
  +
“Opa, opa, pera lá! Dá uma olhada nos resultados nos exames físicos anuais. Meu Level é Zero, e o seu é Five, o mais alto! Vai perguntar pra qualquer um nas ruas e eles vão te dizer o que é melhor!”
Os instrumentos de medição da Cidade Acadêmica haviam confirmado uma total ''falta'' de talento nele.
 
   
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Ciência era usada para o desenvolvimento de habilidades na Cidade Acadêmica. Coisas como farmacêutica, neurologia e fisiologia cerebral. Mesmo sem talento, se você passasse pelo Curriculum, você deveria ser capaz de ao menos dobrar uma colher com sua mente.
"Zero, você diz," repetiu a garota como se ela estivesse revirando as palavras em sua boca. Ela enfiou uma mão no bolso de sua saia e puxou uma moeda de fliperama. "Você já ouviu o termo Railgun?"<ref>Em japonês, 超電磁砲 (Chōdenjihō, Super Canhão Eletromagnético) é exibido com uma pronúncia estrangeira レールガン (Rērugan), então manteremos o termo inglês "Railgun".</ref>
 
   
  +
Entretanto, Kamijou Touma ainda não conseguia fazer nada.
"Hm?"
 
   
  +
Os dispositivos de medição da Cidade Acadêmica haviam confirmado uma total ''falta'' de talento nele.
"É um tipo de arma de navio de guerra que dispara projéteis de metal usando eletroímãs superpoderosos. O princípio é o mesmo de um trem de motor linear."
 
   
  +
“Zero, né?” a garota repetiu, revirando as palavras em sua boca. Ela enfiou uma mão no bolso de sua saia por um momento e puxou uma moeda de fliperama.
A garota jogou a moeda para o ar com seu dedão. A moeda girou algumas vezes antes de aterrissar de volta em seu polegar.
 
   
  +
“Eu, você sabe o que é uma Railgun?<ref>Em japonês, 超電磁砲 (Choudenjihou, Super Canhão Eletromagnético) é exibido com a leitura estrangeira レールガン (Reerugan), então manteremos o termo inglês “Railgun”.</ref>“
"Aparentemente é algo assim."
 
   
  +
“Hm?”
Quando ela falou, uma lança laranja de luz repentinamente e silenciosamente passou ao lado da cabeça de Kamijō. Era mais parecido com um laser do que com uma lança. Ele só podia dizer que ele tinha se originado no polegar da garota pois a pós-imagem de luz se esticava de volta para ele.
 
   
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“É um tipo de arma de navio de guerra que dispara projéteis de metal usando eletroímãs super poderosos. O princípio é o mesmo de um trem de motor linear.”
Quase como um trovão, o barulho rugiu com um breve atraso. A onda de choque rasgou o ar ao redor de seus ouvidos, o abalando o senso de equilíbrio de Kamijō. Ele cambaleou e olhou por cima de seu ombro.
 
   
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''Fiiiu''. A garota jogou a moeda para o ar com seu dedão.
No instante em que a luz laranja atingiu a superfície da estrada na ponte, o asfalto foi explodido como quando um avião faz um pouso forçado no oceano. Mesmo após viajar um percurso de trinta metros de pura destruição e parar, o brilho residual ainda queimava o ar com uma pós-imagem.
 
   
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Ela girou algumas vezes antes de aterrissar de volta em seu polegar.
"Mesmo uma moeda como essa pode ser bastante poderosa quando disparada a três vezes a velocidade do som. Claro, a moeda derrete depois de cinquenta metros por causa da fricção do ar."
 
   
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'''“...Aparentemente é algo assim...”'''
A ponte feita de aço e concreto balançou como uma ponte de corda não confiável. Parafusos de metal em queda podiam ser ouvidos ocasionalmente.
 
   
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Exatamente quando ela falou...
"...!!"
 
   
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Uma lança reluzente de cor laranja passou rente à cabeça de Kamijou sem produzir som algum. Na verdade era mais um laser do que uma lança. Ele apenas percebeu que ele vinha do polegar da garota por causa do rastro luminoso residual que se estendia de lá.
Kamijō sentiu um arrepio, como se alguém tivesse injetado gelo seco em suas veias.
 
   
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Um momento depois, um trovão soou como se um raio tivesse caído. A onda de choque do ar sendo dilacerado a centímetros de seus ouvidos fez com que ele ficasse tonto. Trêmulo e cambaleante, ele olhou para trás.
Ele sentiu como se toda a umidade em seu corpo tivesse virado suor e evaporado.
 
   
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No instante em que o feixe laranja atingiu o asfalto da ponte metálica, o chão explodiu como se um avião tivesse caído violentamente no mar. Tendo gasto sua energia destrutiva naquela linha reta de trinta metros, ele sumiu num brilho residual, queimando sua imagem no ar.
"Maldita. Não me diga que você usou isso neles!!"
 
   
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'''“Mesmo uma moeda como essa tem um poder massivo se estiver voando à três vezes a velocidade do som. Apesar dela derreter depois de cinquenta metros por causa da fricção do ar.”'''
"Não seja estúpido. Eu adéquo meus métodos aos meus oponentes. Eu não quero virar uma maníaca homicida." Enquanto ela falava, faíscas voavam do cabelo castanho da garota como se ele fosse um eletrodo. "Isso foi o suficiente pra aqueles Level 0s!"
 
   
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Ferro e concreto balançaram violentamente como se a estrutura fosse a de uma ponte suspensa pouco confiável. Os parafusos de metal que a prendiam no lugar tilintavam, rugiam e saíam de seus lugares por toda a ponte.
Faíscas branco-azuladas voaram da franja da garota como um chifre e uma linha semelhante a uma lança de raios voou na direção de Kamijō.
 
   
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“......!!”
Não tinha como escapar. Afinal, ele estava encarando uma lança de raios branco-azulada disparada do cabelo de uma Level 5. Era quase como ver uma nuvem disparar um raio na velocidade da luz e então tentar desviar dele.
 
   
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Kamijou sentiu um arrepio, como se alguém tivesse injetado gelo seco em suas veias.
Um barulho explosivo seguiu com um breve atraso.
 
   
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A sensação inexplicável fez com que ele sentisse como se toda a umidade em seu corpo fosse ferver e evaporar. “M-maldita...Não me diga que você usou ''isso'' pra se livrar daqueles caras!”
Kamijō imediatamente ergueu sua mão direita para proteger seu rosto e a lança de raios a atingiu. Ela se espalhou pelo corpo de Kamijō e o agrediu, e faíscas voaram em todas as direções para a armação de aço da ponte.
 
   
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“Não seja estúpido! Eu não uso isso em qualquer um. Eu não pretendo virar uma maníaca homicida, sabia?” ele respondeu, seu cabelo castanho espalhando faíscas.
...Ou foi o que pareceu.
 
   
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“Para aqueles Level 0s...''Isso'' foi mais do que o suficiente!”
"Então, por que você não tem nem um arranhão?"
 
   
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De repente, uma faísca branco azulada voou da franja da garota como se fosse um chifre...
Suas palavras pareciam leves, mas a garota cerrando os dentes estava encarando Kamijō.
 
   
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...e uma lança de raios disparou na direção dele.
A corrente de alta voltagem que havia se espalhado pelos arredores tinha sido poderosa o suficiente para queimar a estrutura de aço da ponte, mas ainda assim a mão direita de Kamijō não havia sido explodida pelo contato direto. ...Na verdade, ela não tinha nem uma queimadura.
 
   
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''Não tem como escapar disso''. Era um raio de eletricidade disparado do cabelo de uma usuária de habilidade Level 5. Era o mesmo que tentar se esquivar de um raio disparado por uma nuvem escura na velocidade da luz, mas só depois de ver ele.
A mão direita de Kamijō tinha apagado o ataque elétrico da garota que atingia alguns milhões de volts.
 
   
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''Boom!!'' O barulho da explosão o atingiu um instante depois.
"Honestamente, qual é a sua? Esse seu poder não está listado no Bank da Cidade Acadêmica. Se eu sou uma entre 328.571 gênios, então você é um entre 2.300.000 desastres,"<ref>Em japonês, 天才 (Tensai, Gênio) e 天災 (Tensai, Desastre Natural) são homófonos.</ref> a garota murmurou irritada, mas Kamijō não foi capaz de dizer uma única palavra em resposta. "Se eu lutar com uma exceção como essa, pode ser que meu nível aumente, você não acha?"
 
   
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Ele havia protegido seu rosto com sua mão direita imediatamente. Quando a lança elétrica colidiu com ela, o disparo não apenas se dispersou violentamente pelo corpo de Kamijou, mas ele se espalhou em todas as direções, cobrindo a armação de aço da ponte em faíscas.
"...Mas você sempre perde."
 
   
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...Pelo menos, foi o que pareceu.
Ele recebeu mais um raio disparado da testa da garota como resposta, um bem superior a Mach 1.
 
   
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'''“Então me diz, por que diabos você não tem nem um arranhão?”'''
Entretanto, ele se espalhou em todas as direções no momento em que tocou a mão direita de Kamijō.
 
   
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Suas palavras pareciam leves, mas ela estava encarando Kamijou, cerrando os dentes em frustração.
Era como um balão de água estourando.
 
   
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A corrente de alta voltagem que havia se espalhado ao seu redor foi forte o suficiente para queimar a estrutura de aço da ponte. Mas, embora tenha atingido sua mão direita diretamente, o membro não havia sido arrancado do corpo...ele estava nem chamuscado.
Esse era o Imagine Breaker de Kamijō Tōma.<ref>Em japonês, 幻想殺し (Gensō Goroshi, Assassino de Ilusões) é exibido com a pronuncia estrangeira イマジンブレイカー (Imajin Bureikā), então manteremos o termo inglês "Imagine Breaker".</ref>
 
   
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'''A mão direita de Kamijou havia apagado as centenas de milhões de volts do ataque elétrico da garota.'''
As habilidades variavam daquelas zombadas na TV até aquelas estabelecidas com fórmulas numéricas na Cidade Acadêmica. Qualquer coisa usando esse tipo de poder sobrenatural, mesmo que fosse parte do sistema de Deus, seria negada sem dúvidas por aquele poder sobrenatural dele.<ref>Em japonês, 奇跡 (Kiseki, Milagre) é exibido com a pronúncia estrangeira (システム, Shisutemu, System), nesse caso traduziremos para "Sistema" para evitar confusão com o termo SYSTEM presente em volumes futuros que é lido da mesma forma (システム).</ref>
 
   
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“Sinceramente, o que era pra ser esse poder? Ele com certeza não tá listado no Bank<ref>Em japonês, 書庫 (Shoko, Arquivo) é exibido com a leitura estrangeira バンク (Banku), então manteremos o termo inglês “Bank”.</ref> da Cidade Acadêmica. Se eu sou uma em 328.571 ''gênios'', então você é um entre 2.300.000 ''desastres''<ref>Em japonês, 天才 (Tensai, Gênio) e 天災 (Tensai, Desastre Natural) são homófonos.</ref>,” murmurou a garota ressentida. Ele não conseguiu responder. “Se você for brigar com uma ''anomalia'' dessas, então seu nível poderia ser elevado, né?”
Como era de origem sobrenatural, até mesmo a Railgun daquela garota não era uma exceção.
 
   
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“...Pois é, diz aquela que sempre perde.”
Entretanto, o Imagine Breaker de Kamijō Tōma apenas funcionava com o poder sobrenatural em si. Basicamente, ele podia negar a bola de fogo de um usuário de habilidade, mas ele ainda estava vulnerável aos pedaços de concreto quebrados pela bola de fogo. Além disso, a área de efeito era apenas em sua mão e pulso direitos. Se a bola de fogo o atingisse em qualquer outro lugar, ele seria queimado.
 
   
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Sua resposta veio na forma de outra “Lança Relâmpago” que se aproximou dele numa velocidade superior à do som.
E ainda assim...
 
   
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Mas, de novo, no momento em que ela atingiu sua mão direita, a corrente se espalhou em todas as direções como se ela não fosse mais impactante do que um balão de água.
(Eu realmente, verdadeiramente, achei que ia morrer! Kyaahhh!!)
 
   
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Imagine Breaker.<ref>Em japonês, 幻想殺し (Gensou Goroshi, Assassino de Ilusões) é exibido com a leitura estrangeira イマジンブレイカー (Imajin Bureikaa), então manteremos o termo inglês “Imagine Breaker”.</ref>
A expressão calma e composta de Kamijō Tōma se endureceu estranhamente. Mesmo que sua mão direita pudesse negar completamente aquelas lanças de raio na velocidade da luz, era por pura coincidência que elas haviam atingido sua mão direita.
 
   
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Para o mundo, elas eram motivo de piada na TV—mas nesta cidade, habilidades sobrenaturais haviam sido alcançadas através de fórmulas matemáticas. Qualquer “poder anormal”, mesmo que se tratasse do sistema<ref>Em japonês, 奇跡 (Kiseki, Milagre) é exibido com a leitura estrangeira (システム, Shisutemu, System), nesse caso traduziremos para “Sistema” para evitar confusão com o termo SYSTEM presente em volumes futuros que é lido da mesma forma (システム).</ref> de Deus, seria negado sem hesitação por ele.
Seu coração estava esmurrando seu peito enquanto ele tentava desesperadamente forçar um sorriso maduro em seu rosto.
 
   
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Contanto que fosse um poder anormal, até mesmo a habilidade sobrenatural daquela garota, a “Railgun”, não era exceção.
"Eu acho que você pode dizer que isso foi só um infortúnio, ou que você é azarada."
 
   
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Entretanto, o Imagine Breaker de Kamijou Touma apenas funcionava contra “poderes anormais” assim. Basicamente, ele podia negar a bola de fogo de um usuário de habilidade, mas ele não podia negar os pedaços de concreto quebrados pela bola de fogo. Além disso, a área de efeito era apenas de seu pulso direito à ponta de seus dedos. Se a bola de fogo o atingisse em qualquer outro lugar, ele seria queimado, então...
Foi assim que Kamijō terminou aquele dia, 19 de Julho.
 
   
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''Eu achei...Eu achei que...Eu achei que eu ia morrer! Ahh!!''
Com apenas um comentário, ele parecia estar lamentando tudo naquele mundo.
 
   
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Ele adotou sua postura mais calma e composta. Mesmo que sua mão pudesse negar completamente uma Lança Relâmpago viajando na velocidade da luz, o fato de que a lança havia atingido sua mão direita ''pra começo de conversa'' não era nada além de uma total coincidência.
"Você realmente não tem sorte.”
 
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Seu coração bateu furiosamente em seu peito. Ele teve que invocar cada pedaço de sua força pra dar um sorriso maduro.
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“O que eu posso dizer? Eu sou azarado pra caramba, né?”
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Kamijou encerrou aquele 19 de Julho com essas palavras que pareciam resumir toda a desgraça do universo.
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'''“Cara, você ''realmente'' não tem sorte, né?”'''
   
 
=== Notas de Tradução ===
 
=== Notas de Tradução ===

Latest revision as of 08:34, 21 April 2025

Prólogo: O Conto do Garoto Que Podia Matar Ilusões — The_Imagine-Breaker.[edit]

“...Ahh! Merda, droga! Isso só pode ser brincadeira! De onde vem todo esse azar?!”

Mesmo que seus gritos soassem esquisitos até para ele mesmo, Kamijou Touma continuou sua incrível fuga.

Correndo pelos becos no meio da noite, ele olhou rapidamente por cima de seu ombro.

Oito.

Apesar de já ter corrido por quase dois quilômetros, ainda haviam oito deles. Como ele não era um cozinheiro de uma legião estrangeira ou um ninja cibernético que havia sobrevivido até os tempos modernos, Kamijou Touma não tinha chances de vencer contra tantos deles—até mesmo três já era gente demais pra uma luta entre alunos do ensino médio. Não importava o quão forte você fosse. Era simplesmente impossível.

Chutando um balde podre, Kamijou continuou a correr como se estivesse caçando gatos pretos.

19 de Julho.

É, é tudo culpa do 19 de Julho. A culpa é da data por eu ter ficado estranhamente animado, gritando “Aê, amanhã começam as férias de verão!” A culpa é da data por eu ter ido à uma livraria e comprado um mangá que obviamente não ia ser bom, e então ter ido à um restaurante quando eu nem estava com fome, pensando, Por que não encher o bucho?! onde eu vi uma garota que parecia estar no ensino fundamental[1] sendo assediada por um delinquente claramente bêbado e, apesar de nunca fazer algo assim, decidi ajudar sem nem pensar... o raciocínio vingativo de Kamijou estava fugindo dele.

Ele não havia considerado que todos os amigos do cara fossem sair repentinamente do banheiro.

Eu sempre achei que ir ao banheiro em grupos era exclusivo de garotas. Né?

“...Eu acabei tendo que fugir de lá antes mesmo que pudesse ver minha maldita lasanha de goya e escargot, e agora eu tô sendo tratado como um caloteiro. Eu nem comi! Cara, o que eu fiz pra merecer todo esse azar?!”

Coçando sua cabeça freneticamente, ele saiu do beco para uma rua principal.

A luz do luar cobria a Cidade Acadêmica. Mesmo que a cidade ocupasse um terço da região metropolitana de Tóquio, ele não via nada além de casais em encontros em todas as direções. É por causa do 19 de Julho; isso é tudo culpa da data! Kamijou, que estava solteiro, gritou internamente. Em sua volta, turbinas eólicas de três lâminas brilhavam com as luzes da lua e da cidade como as lágrimas de um solteirão aristocrata.

Kamijou cortou pela noite, separando casais.

Ele olhou para sua mão direita enquanto corria. O poder que nela residia era inútil nessa situação. Ele não o ajudaria a derrotar nenhum delinquente, ele não aumentaria suas notas nos testes e ele não o faria popular com as garotas.

“Ugh! Mas que azar!!”

Se ele conseguisse despistar o grupo de delinquentes persistentes, eles podiam usar seus celulares para chamar reforços, ou pegar motos pra persegui-lo, ou algo do tipo. Então ele estava tentando fazer com que eles desistissem. Pra fazer isso, ele estava deixando que eles o vissem ocasionalmente, como isca para que eles continuassem correndo atrás dele. Era basicamente como a estratégia de um boxeador que deixa o oponente o golpear até cansar.

E ainda mais importante, ele queria ajudar.

Não havia necessidade de resolver na mão. Tudo que ele tinha que fazer era fazê-los desistir. Isso seria a vitória.

Kamijou tinha certa confiança em sua habilidade para correr longas distâncias. Seus perseguidores, por outro lado, já haviam arruinado seus corpos com álcool e cigarros, e as botas que eles calçavam não haviam sido feitas para correr. Eles não conseguiriam ir muito mais longe se continuassem correndo a todo vapor sem regular o ritmo.

Ele costurou pelas ruas e becos desordenadamente, dando a impressão de que ele era um idiota fugindo de medo. Ele assistiu enquanto, um a um, delinquentes desistiam, indo ao chão em suas mãos e joelhos. É a solução perfeita, e ninguém precisa se machucar, ele pensou para si. Mas o que ele disse em voz alta foi:

“D-droga...Por que eu tenho que desperdiçar minha juventude em algo estúpido como isso?!”

Ele estava frustrado. Vendo todos aqueles casais alegres cheios de doces sonhos, Kamijou sentiu-se como um perdedor na vida. As férias de verão começavam no dia seguinte. Era bem deprimente não ter nenhum tipo de comédia romântica em sua vida.

Atrás dele, um dos delinquentes gritou, “Volta aqui!! Correr é tudo que você pode fazer, seu bostinha?!”

Essas não eram exatamente o tipo de palavras doces que ele queria ouvir, e isso irritou Kamijou.

“Cala a boca! Você devia me agradecer por não ir aí te encher de porrada, seu símio estúpido!” ele gritou de volta sabendo que estava desperdiçando sua preciosa energia ao fazê-lo.

...Sério, você devia me agradecer por não se machucar, droga!

Após isso, ele corre por mais dois quilômetros cheios de suor e lágrimas. Ele saiu da região urbana e chegou a um largo rio partido por uma ponte de metal de aproximadamente 150 metros de comprimento. Não haviam carros nela. A resistente ponte de ferro nem ao menos estava iluminada, ela estava coberta por uma escuridão misteriosa que lembrava o mar noturno.

Enquanto corria pela ponte, ele olhou para trás.

Então ele parou. Em algum momento, ele havia se livrado de seus perseguidores.

“D-droga...Eu finalmente os despistei?”

Desesperadamente lutando contra a vontade de sentar-se, Kamijou olhou para o céu noturno e respirou.

Nossa, eu realmente resolvi o problema sem socar ninguém. Eu acho que isso merece um tapinha nas costas.

“Cara, o que cê tá fazendo? Você tá fingindo ser um cara bonzinho ao defender aqueles perdedores? O que você é? Um daqueles professores super cuidadosos?”

Kamijou congelou.

Ele não havia notado mais cedo—não tinha uma única luz naquela ponte—mas uma garota solitária estava de pé cerca de cinco metros à frente na direção em que ele havia passado. Ela vestia uma saia plissada cinza, uma blusa de manga curta e um suéter de verão. Ela era, de todas as maneiras possíveis, uma aluna do fundamental comum.

Encarando o céu noturno, Kamijou seriamente considerou cair de costas no chão.

Era a garota que estava sendo incomodada no restaurante.

“...Então foi isso? Quer dizer que aqueles caras pararam de me perseguir porque...”

“É. Eles estavam sendo irritantes, então eu os torrei.”

Ele ouviu o som de eletricidade e viu faíscas azuis pálidas.

Não, a garota não estava segurando um Taser. Toda vez que seu cabelo castanho na altura dos ombros se movia ele soltava faíscas, como se fosse um tipo de eletrodo.

Uma sacola plástica de compras vazia flutuou com o vento, passando pelo seu rosto. Imediatamente as faíscas branco azuladas a erradicaram. Era como um sistema automático de interferência.

“Ugh.” Kamijou grunhiu cansado.

Hoje era 19 de Julho. Era por isso que ele havia entrado numa livraria e comprado um mangá que era obviamente um lixo, por isso que ele foi ao restaurante sem nem ao menos estar com fome, e por isso que ele havia descuidadamente decidido intervir quando viu uma garota do fundamental sendo assediada por delinquentes claramente bêbados.

Entretanto, Kamijou não havia pensado Eu devia resgatar aquela garota.

Seu único pensamento havia sido salvar os garotos que haviam cruzado o caminho dela.

Ele suspirou. A garota era sempre assim. Ele havia visto ela aqui e ali por quase um mês, mas eles nem sabiam o nome um do outro. Em outras palavras, eles não eram amigos.

Era ela que sempre vinha até ele altiva, dizendo que iria reduzi-lo a uma pilha de lixo, e era o trabalho de Kamijou ignorá-la. Sem exceções; Ele permanecia invicto.

Ela provavelmente ficaria feliz se ele pudesse fingir que ela venceu, mas ele era um ator terrível. Ele havia tentando fingir sua derrota uma vez e acabou passando o resto da noite sendo caçado pelo que podia apenas ser descrito como um monstro.

“...Espera, o que foi que eu fiz?”

“Eu não vou permitir que um humano mais forte que eu exista. Isso é motivo o suficiente.”

Foi tudo que ela disse.

Até mesmo personagens em jogos de luta atuais tinham uma história mais desenvolvida que a dela, pensou Kamijou.

“Eu tô cansada de você me fazendo parecer uma idiota. Eu sou uma usuária de habilidade Level 5[2], entendeu? VocÊ acha que eu realmente usaria meu poder total contra um Level 0[3] incompetente? Eu conheço diversas formas de cozinhar fracotes, sabia?”

Esta cidade, diferente de outras, não seguia o cenário tradicional onde os bandidos nas ruas eram os mais durões. Aqueles delinquentes de antes não eram nada—eles eram usuários de habilidade Level 0s, “defeitos”, que não conseguiam acompanhar o Curriculum[4] designado para “desenvolver” suas habilidades super-humanas. Os verdadeiramente fortes naquela cidade eram pessoas como ela: alunos de elite, usuários de habilidade.

“Hm, sobre isso. Eu já sei que você tem um talento de 1 em 328.571, mas você deveria parar de menosprezar as pessoas se você quiser ter uma vida longa e saudável, entendeu?”

“Calado. Aqueles caras fizeram coisas nojentas como injetar drogas direto nas veias e enfiar eletrodos diretamente no cérebro, e eles nem ao menos conseguem dobrar uma colher. Se eles não são completamente sem talento, o que eles são?”

“...”

Sim. Esse era o tipo de lugar que a Cidade Acadêmica era.

A outra face da Cidade Acadêmica estava em algum lugar onde o Desenvolvimento Cerebral—usando nomes mais palatáveis como Mnemônicos ou Técnicas de Memorização–foi discretamente incluído no Curriculum.

Entretanto, não era como se todos os 2,3 milhões de “estudantes” na cidade tivessem deixado de ser humanos, como o herói de um mangá. Se você olhasse para a população da cidade como um todo, um pouco menos de 60 por cento estava no nível em que era possível dobrar uma colher se forçassem suas mentes ao ponto de veias explodirem em seus cérebros. Eles eram todos Level 0s inúteis.

“Se você quer dobrar uma colher, você pode usar um alicate. E se você quer fogo, você pode ir comprar um isqueiro por 100 ienes[5]. A gente não precisa de telepatia; temos celulares. As habilidades não são tão especiais assim.”

Isso vinha de Kamijou, que carregava o estigma de ter sido rotulado como um usuário de habilidade “inútil” pelos sensores durante a exame físico da cidade.

“E todos estão agindo de maneira estranha. Você tá se gabando por causa de subprodutos chamados de habilidades. O objetivo deles não era tentar ir além disso?

A garota, que era uma das sete pessoas na Cidade Acadêmica consideradas como usuários de habilidade Level 5, contorceu os lábios em resposta.

“Hein?...Ah, aquilo. Como era mesmo? ‘O homem não pode calcular Deus; portanto, devemos primeiro adquirir um corpo além daquele de um homem, ou nunca poderemos chegar na resposta de Deus’?”

Ela riu.

“Isso é simplesmente ridículo. Que baboseira é essa de ‘intelecto de Deus’ afinal? Ei, você já ouviu os rumores? Eles estão desenvolvendo umas Sisters[6], com base no meu DNA, para uso militar. Eu acho que os subprodutos foram mais doces que o objetivo final, não?”

Ela parou, seu discurso acabando abruptamente.

O ar mudou silenciosamente.

“...Bem. É isso que as pessoas fortes diriam, não é?”

“Hã?”

“Pessoas fortes, pessoas fortes, pessoas fortes. Eles não entendem o quão é difícil se esforçar pra conquistar nada porque eles já nasceram com talento natural. O que você disse soa exatamente como uma frase de um herói num mangá, alheio e cruel.”

Chuá-chuá. Ele ouviu um barulho estranho vindo do rio abaixo da ponte.

Haviam apenas sete usuários de habilidade no calibre dela na Cidade Acadêmica. Quanto de sua “humanidade” eles tiveram que sacrificar pra chegar lá...? Uma chama escura brilhou no final das palavras daquela garota, insinuando-lhe esse fato.

Kamijou havia rejeitado isso.

Ele havia negado com determinação, ao nunca voltar atrás.

Ao nunca perder.

“Opa, opa, pera lá! Dá uma olhada nos resultados nos exames físicos anuais. Meu Level é Zero, e o seu é Five, o mais alto! Vai perguntar pra qualquer um nas ruas e eles vão te dizer o que é melhor!”

Ciência era usada para o desenvolvimento de habilidades na Cidade Acadêmica. Coisas como farmacêutica, neurologia e fisiologia cerebral. Mesmo sem talento, se você passasse pelo Curriculum, você deveria ser capaz de ao menos dobrar uma colher com sua mente.

Entretanto, Kamijou Touma ainda não conseguia fazer nada.

Os dispositivos de medição da Cidade Acadêmica haviam confirmado uma total falta de talento nele.

“Zero, né?” a garota repetiu, revirando as palavras em sua boca. Ela enfiou uma mão no bolso de sua saia por um momento e puxou uma moeda de fliperama.

“Eu, você sabe o que é uma Railgun?[7]

“Hm?”

“É um tipo de arma de navio de guerra que dispara projéteis de metal usando eletroímãs super poderosos. O princípio é o mesmo de um trem de motor linear.”

Fiiiu. A garota jogou a moeda para o ar com seu dedão.

Ela girou algumas vezes antes de aterrissar de volta em seu polegar.

“...Aparentemente é algo assim...”

Exatamente quando ela falou...

Uma lança reluzente de cor laranja passou rente à cabeça de Kamijou sem produzir som algum. Na verdade era mais um laser do que uma lança. Ele apenas percebeu que ele vinha do polegar da garota por causa do rastro luminoso residual que se estendia de lá.

Um momento depois, um trovão soou como se um raio tivesse caído. A onda de choque do ar sendo dilacerado a centímetros de seus ouvidos fez com que ele ficasse tonto. Trêmulo e cambaleante, ele olhou para trás.

No instante em que o feixe laranja atingiu o asfalto da ponte metálica, o chão explodiu como se um avião tivesse caído violentamente no mar. Tendo gasto sua energia destrutiva naquela linha reta de trinta metros, ele sumiu num brilho residual, queimando sua imagem no ar.

“Mesmo uma moeda como essa tem um poder massivo se estiver voando à três vezes a velocidade do som. Apesar dela derreter depois de cinquenta metros por causa da fricção do ar.”

Ferro e concreto balançaram violentamente como se a estrutura fosse a de uma ponte suspensa pouco confiável. Os parafusos de metal que a prendiam no lugar tilintavam, rugiam e saíam de seus lugares por toda a ponte.

“......!!”

Kamijou sentiu um arrepio, como se alguém tivesse injetado gelo seco em suas veias.

A sensação inexplicável fez com que ele sentisse como se toda a umidade em seu corpo fosse ferver e evaporar. “M-maldita...Não me diga que você usou isso pra se livrar daqueles caras!”

“Não seja estúpido! Eu não uso isso em qualquer um. Eu não pretendo virar uma maníaca homicida, sabia?” ele respondeu, seu cabelo castanho espalhando faíscas.

“Para aqueles Level 0s...Isso foi mais do que o suficiente!”

De repente, uma faísca branco azulada voou da franja da garota como se fosse um chifre...

...e uma lança de raios disparou na direção dele.

Não tem como escapar disso. Era um raio de eletricidade disparado do cabelo de uma usuária de habilidade Level 5. Era o mesmo que tentar se esquivar de um raio disparado por uma nuvem escura na velocidade da luz, mas só depois de ver ele.

Boom!! O barulho da explosão o atingiu um instante depois.

Ele havia protegido seu rosto com sua mão direita imediatamente. Quando a lança elétrica colidiu com ela, o disparo não apenas se dispersou violentamente pelo corpo de Kamijou, mas ele se espalhou em todas as direções, cobrindo a armação de aço da ponte em faíscas.

...Pelo menos, foi o que pareceu.

“Então me diz, por que diabos você não tem nem um arranhão?”

Suas palavras pareciam leves, mas ela estava encarando Kamijou, cerrando os dentes em frustração.

A corrente de alta voltagem que havia se espalhado ao seu redor foi forte o suficiente para queimar a estrutura de aço da ponte. Mas, embora tenha atingido sua mão direita diretamente, o membro não havia sido arrancado do corpo...ele estava nem chamuscado.

A mão direita de Kamijou havia apagado as centenas de milhões de volts do ataque elétrico da garota.

“Sinceramente, o que era pra ser esse poder? Ele com certeza não tá listado no Bank[8] da Cidade Acadêmica. Se eu sou uma em 328.571 gênios, então você é um entre 2.300.000 desastres[9],” murmurou a garota ressentida. Ele não conseguiu responder. “Se você for brigar com uma anomalia dessas, então seu nível poderia ser elevado, né?”

“...Pois é, diz aquela que sempre perde.”

Sua resposta veio na forma de outra “Lança Relâmpago” que se aproximou dele numa velocidade superior à do som.

Mas, de novo, no momento em que ela atingiu sua mão direita, a corrente se espalhou em todas as direções como se ela não fosse mais impactante do que um balão de água.

Imagine Breaker.[10]

Para o mundo, elas eram motivo de piada na TV—mas nesta cidade, habilidades sobrenaturais haviam sido alcançadas através de fórmulas matemáticas. Qualquer “poder anormal”, mesmo que se tratasse do sistema[11] de Deus, seria negado sem hesitação por ele.

Contanto que fosse um poder anormal, até mesmo a habilidade sobrenatural daquela garota, a “Railgun”, não era exceção.

Entretanto, o Imagine Breaker de Kamijou Touma apenas funcionava contra “poderes anormais” assim. Basicamente, ele podia negar a bola de fogo de um usuário de habilidade, mas ele não podia negar os pedaços de concreto quebrados pela bola de fogo. Além disso, a área de efeito era apenas de seu pulso direito à ponta de seus dedos. Se a bola de fogo o atingisse em qualquer outro lugar, ele seria queimado, então...

Eu achei...Eu achei que...Eu achei que eu ia morrer! Ahh!!

Ele adotou sua postura mais calma e composta. Mesmo que sua mão pudesse negar completamente uma Lança Relâmpago viajando na velocidade da luz, o fato de que a lança havia atingido sua mão direita pra começo de conversa não era nada além de uma total coincidência.

Seu coração bateu furiosamente em seu peito. Ele teve que invocar cada pedaço de sua força pra dar um sorriso maduro.

“O que eu posso dizer? Eu sou azarado pra caramba, né?”

Kamijou encerrou aquele 19 de Julho com essas palavras que pareciam resumir toda a desgraça do universo.

“Cara, você realmente não tem sorte, né?”

Notas de Tradução[edit]

  1. No Japão, o ensino básico é dividido entre Shougakkou (Escola Primária) dos 6 aos 12 anos, Chuugakkou (Escola Média) dos 12 aos 15 anos, e Koutougakkou (Escola Secundária) dos 15 aos 18 anos. Por conveniência iremos usar Ensino Fundamental como o equivalente de Shougakkou e Chuugakkou, e Ensino Médio como equivalente do Koutougakkou.
  2. Em japonês, 超能力者 (Chounouryokusha, Pessoa com Super Poderes) é exibido com a leitura estrangeira レベル5 (Reberu Faivu), então manteremos o termo inglês “Level 5”.
  3. Em japonês, 無能力者 (Munouryokusha, Pessoas sem Poderes) é exibido com a leitura estrangeira レベル0 (Reberu Zero), então manteremos o termo inglês “Level 0”.
  4. Em japonês, 時間割り (Jikanwari, Horário Acadêmico) é exibido com a leitura estrangeira カリキュラム (Karikyuramu), então manteremos o termo latino “Curriculum”.
  5. R$2,71 reais em Abril de 2004.
  6. Em japonês, 妹達 (Imouto-tachi, Irmãs Mais Novas) é exibido com a leitura estrangeira シスターズ (Shisutaazu), então manteremos o termo inglês “Sisters”.
  7. Em japonês, 超電磁砲 (Choudenjihou, Super Canhão Eletromagnético) é exibido com a leitura estrangeira レールガン (Reerugan), então manteremos o termo inglês “Railgun”.
  8. Em japonês, 書庫 (Shoko, Arquivo) é exibido com a leitura estrangeira バンク (Banku), então manteremos o termo inglês “Bank”.
  9. Em japonês, 天才 (Tensai, Gênio) e 天災 (Tensai, Desastre Natural) são homófonos.
  10. Em japonês, 幻想殺し (Gensou Goroshi, Assassino de Ilusões) é exibido com a leitura estrangeira イマジンブレイカー (Imajin Bureikaa), então manteremos o termo inglês “Imagine Breaker”.
  11. Em japonês, 奇跡 (Kiseki, Milagre) é exibido com a leitura estrangeira (システム, Shisutemu, System), nesse caso traduziremos para “Sistema” para evitar confusão com o termo SYSTEM presente em volumes futuros que é lido da mesma forma (システム).
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