Difference between revisions of "Toaru Majutsu no Index ~Brazilian Portuguese~:Volume1 Prologo"
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("Nova" tradução baseada no texto da Yen Press.) |
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==Prólogo: O Conto do Garoto Que Podia Matar Ilusões — ''The_Imagine-Breaker.''== |
==Prólogo: O Conto do Garoto Que Podia Matar Ilusões — ''The_Imagine-Breaker.''== |
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− | + | "...Ahh! Merda, droga! Isso só pode ser brincadeira! De onde vem todo esse azar?!" |
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+ | Mesmo que seus gritos soassem esquisitos até para ele mesmo, Kamijou Touma continuou sua incrível fuga. |
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− | Mesmo percebendo que seus gritos soavam um pouco estranhos, Kamijou Touma<ref>Os nomes de personagens orientais serão mantidos na ordem oriental ('''nome de família''', ''nome pessoal'') enquanto os personagens ocidentais terão seus nomes na ordem ocidental (''nome pessoal'', '''nome da família'''), por exemplo: '''Kamijou''' ''Touma'' e ''Stiyl'' '''Magnus'''.</ref> não demonstrou sinais de parar seu tremendo voo. |
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− | + | Correndo pelos becos no meio da noite, ele olhou rapidamente por cima de seu ombro. |
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+ | Oito. |
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− | Tinham oito deles. |
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− | + | Apesar de já ter corrido por quase dois quilômetros, ''ainda'' haviam oito deles. Como ele não era um cozinheiro de uma legião estrangeira ou um ninja cibernético que havia sobrevivido até os tempos modernos, Kamijou Touma não tinha chances de vencer contra tantos deles—até mesmo três já era gente demais pra uma luta entre alunos do ensino médio. Não importava o quão forte você fosse. Era simplesmente impossível. |
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+ | Chutando um balde podre, Kamijou continuou a correr como se estivesse caçando gatos pretos. |
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− | Kamijou chutou um balde plástico e assustou um gato preto enquanto continuava sua corrida. |
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− | + | 19 de Julho. |
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− | + | ''É, é tudo culpa do 19 de Julho. A culpa é da data por eu ter ficado estranhamente animado, gritando "Aê, amanhã começam as férias de verão!" A culpa é da data por eu ter ido à uma livraria e comprado um mangá que obviamente não ia ser bom, e então ter ido à um restaurante quando eu nem estava com fome, pensando'', Por que não encher o bucho?! ''onde eu vi uma garota que parecia estar no ensino fundamental<ref>No Japão, o ensino básico é dividido entre Shougakkou (Escola Primária) dos 6 aos 12 anos, Chuugakkou (Escola Média) dos 12 aos 15 anos, e Koutougakkou (Escola Secundária) dos 15 aos 18 anos. Por conveniência iremos usar Ensino Fundamental como o equivalente de Shougakkou e Chuugakkou, e Ensino Médio como equivalente do Koutougakkou.</ref> sendo assediada por um delinquente claramente bêbado e, apesar de nunca fazer algo assim, decidi ajudar sem nem pensar''... o raciocínio vingativo de Kamijou estava fugindo dele. |
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− | + | Ele não havia considerado que todos os amigos do cara fossem sair repentinamente do banheiro. |
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− | + | ''Eu sempre achei que ir ao banheiro em grupos era exclusivo de garotas. Né?'' |
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− | + | "...Eu acabei tendo que fugir de lá antes mesmo que pudesse ver minha maldita lasanha de goya e escargot, e agora eu tô sendo tratado como um caloteiro. Eu nem comi! Cara, o que eu fiz pra merecer todo esse azar?!" |
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− | + | Coçando sua cabeça freneticamente, ele saiu do beco para uma rua principal. |
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− | + | A luz do luar cobria a Cidade Acadêmica. Mesmo que a cidade ocupasse um terço da região metropolitana de Tóquio, ele não via nada além de casais em encontros em todas as direções. ''É por causa do 19 de Julho; isso é tudo culpa da data!'' Kamijou, que estava solteiro, gritou internamente. Em sua volta, turbinas eólicas de três lâminas brilhavam com as luzes da lua e da cidade como as lágrimas de um solteirão aristocrata. |
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Kamijou cortou pela noite, separando casais. |
Kamijou cortou pela noite, separando casais. |
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− | Ele olhou para sua mão direita enquanto corria. O poder que nela residia |
+ | Ele olhou para sua mão direita enquanto corria. O poder que nela residia era inútil nessa situação. Ele não o ajudaria a derrotar nenhum delinquente, ele não aumentaria suas notas nos testes e ele não o faria popular com as garotas. |
− | + | "Ugh! Mas que azar!!" |
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− | Se ele |
+ | Se ele conseguisse despistar o grupo de delinquentes persistentes, eles podiam usar seus celulares para chamar reforços, ou pegar motos pra persegui-lo, ou algo do tipo. Então ele estava tentando fazer com que eles desistissem. Pra fazer isso, ele estava deixando que eles o vissem ocasionalmente, como isca para que eles continuassem correndo atrás dele. Era basicamente como a estratégia de um boxeador que deixa o oponente o golpear até cansar. |
+ | E ainda mais importante, ele queria ajudar. |
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− | Era basicamente como a estratégia de um boxeador que deixava o oponente o golpear até cansar. |
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+ | Não havia necessidade de resolver na mão. Tudo que ele tinha que fazer era fazê-los desistir. Isso seria a vitória. |
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− | O objetivo de Kamijou era apenas salvar qualquer possível vítima. |
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+ | Kamijou tinha certa confiança em sua habilidade para correr longas distâncias. Seus perseguidores, por outro lado, já haviam arruinado seus corpos com álcool e cigarros, e as botas que eles calçavam não haviam sido feitas para correr. Eles não conseguiriam ir muito mais longe se continuassem correndo a todo vapor sem regular o ritmo. |
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− | Se ele pudesse os despistar e fazê-los desistir sem entrar numa briga, ele venceria. |
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+ | Ele costurou pelas ruas e becos desordenadamente, dando a impressão de que ele era um idiota fugindo de medo. Ele assistiu enquanto, um a um, delinquentes desistiam, indo ao chão em suas mãos e joelhos. ''É a solução perfeita, e ninguém precisa se machucar'', ele pensou para si. Mas o que ele disse em voz alta foi: |
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− | A propósito, Kamijou confiava em suas capacidades em corridas de longa distância. Seus perseguidores, por outro lado, já tinham arruinado seus corpos com álcool e cigarros, e as botas que eles calçavam não haviam sido feitas para correr. Acima de tudo, correr em velocidade máxima por longas distâncias sem regular o ritmo era impossível por natureza. |
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+ | "D-droga...Por que eu tenho que desperdiçar minha juventude em algo estúpido como isso?!" |
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− | Conforme Kamijou alternava entre ruas e becos correndo aparentemente em pânico, ele viu dois delinquentes desistirem da perseguição, se curvando para frente com as mãos em seus joelhos. Ele sentiu que seu plano era a maneira perfeita de resolver as coisas sem ninguém se ferir. |
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+ | Ele estava frustrado. Vendo todos aqueles casais alegres cheios de doces sonhos, Kamijou sentiu-se como um perdedor na vida. As férias de verão começavam no dia seguinte. Era bem deprimente não ter nenhum tipo de comédia romântica em sua vida. |
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− | “D-droga. Por que eu tenho que desperdiçar minha juventude com essas coisas!?” |
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+ | Atrás dele, um dos delinquentes gritou, "Volta aqui!! Correr é tudo que você pode fazer, seu bostinha?!" |
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− | Em todas as direções que ele olhasse, ele não via nada além de casais cheios de sonhos e felicidade. Incapaz de suportar isso, Kamijou sentiu como se ele tivesse chegado ao fim da vida. A data só precisava mudar e seriam férias de verão, e ele não podia falar nem de amor nem de comédia. |
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+ | Essas não eram exatamente o tipo de palavras doces que ele queria ouvir, e isso irritou Kamijou. |
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− | Isso fez com que ele se sentisse um perdedor. |
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+ | "Cala a boca! Você devia me agradecer por não ir aí te encher de porrada, seu símio estúpido!" ele gritou de volta sabendo que estava desperdiçando sua preciosa energia ao fazê-lo. |
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− | Ele então ouviu um dos delinquentes gritar atrás dele. |
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+ | ...''Sério, você devia me agradecer por não se machucar, droga!'' |
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− | “Ei!! Pirralho! Para de correr, seu merda!!” |
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+ | Após isso, ele corre por mais dois quilômetros cheios de suor e lágrimas. Ele saiu da região urbana e chegou a um largo rio partido por uma ponte de metal de aproximadamente 150 metros de comprimento. Não haviam carros nela. A resistente ponte de ferro nem ao menos estava iluminada, ela estava coberta por uma escuridão misteriosa que lembrava o mar noturno. |
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− | Ouvir isso apenas irritou Kamijou mais ainda. |
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+ | Enquanto corria pela ponte, ele olhou para trás. |
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− | “Cala a boca! Você devia me agradecer por não ir aí e encher você e o seu QI de macaco de porrada!” Kamijou gritou de volta apesar de saber que era apenas desperdício de energia. |
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+ | Então ele parou. Em algum momento, ele havia se livrado de seus perseguidores. |
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− | (Ele realmente devia me agradecer por me esforçar tanto pra impedir que ele se machuque.) |
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+ | "D-droga...Eu finalmente os despistei?" |
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− | Após mais dois quilômetros de corrida suada e sofrida, ele deixou a área urbana e chegou a um largo rio. Uma ponte de metal de aproximadamente 150 metros atravessava o rio e nenhum carro podia ser visto nela. Nem mesmo iluminada, a resistente ponte de ferro estava coberta por uma escuridão misteriosa que lembrava o mar noturno. |
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− | Kamijou olhou para |
+ | Desesperadamente lutando contra a vontade de sentar-se, Kamijou olhou para o céu noturno e respirou. |
+ | ''Nossa, eu realmente resolvi o problema sem socar ninguém. Eu acho que isso merece um tapinha nas costas''. |
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− | Ele então parou: em algum ponto, ele tinha escapado de seus perseguidores. |
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+ | "Cara, o que cê tá fazendo? Você tá fingindo ser um cara bonzinho ao defender aqueles perdedores? O que você é? Um daqueles professores super cuidadosos?" |
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− | “Ca-cacete. Eu finalmente os despistei?” |
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+ | Kamijou congelou. |
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− | Kamijou reprimiu desesperadamente a vontade de sentar-se e suspirou enquanto olhava para o céu. |
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+ | Ele não havia notado mais cedo—não tinha uma única luz naquela ponte—mas uma garota solitária estava de pé cerca de cinco metros à frente na direção em que ele havia passado. Ela vestia uma saia plissada cinza, uma blusa de manga curta e um suéter de verão. Ela era, de todas as maneiras possíveis, uma aluna do fundamental comum. |
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− | Ele realmente tinha conseguido resolver tudo sem ter que socar ninguém. Ele queria se parabenizar por isso. |
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+ | Encarando o céu noturno, Kamijou seriamente considerou cair de costas no chão. |
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− | “Sério, o que você tá fazendo? Você acha que proteger aqueles delinquentes faz de você uma boa pessoa? Você é um daqueles professores super cuidadosos?” |
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+ | ''Era a garota que estava sendo incomodada no restaurante''. |
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− | Naquele momento, o corpo de Kamijou congelou. |
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+ | "...Então foi isso? Quer dizer que aqueles caras pararam de me perseguir porque..." |
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− | Como a ponte estava escura, Kamijou não notou a garota parada cerca de cinco metros à frente na direção em que ele estava correndo, uma garota completamente normal do ensino fundamental vestindo uma saia plissada cinza, uma blusa de manga curta e um suéter de verão. Kamijou olhou para o céu e considerou seriamente cair de costas no chão. A garota diante dele era a mesma do restaurante familiar. |
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+ | "É. Eles estavam sendo irritantes, então eu os torrei." |
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− | “Pera, então foi por isso que eles pararam de me seguir?” |
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+ | Ele ouviu o som de eletricidade e viu faíscas azuis pálidas. |
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− | “É. Eles me irritaram, então eu os torrei.” |
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− | + | Não, a garota não estava segurando um Taser. Toda vez que seu cabelo castanho na altura dos ombros se movia ele soltava faíscas, como se fosse um tipo de eletrodo. |
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− | + | Uma sacola plástica de compras vazia flutuou com o vento, passando pelo seu rosto. Imediatamente as faíscas branco azuladas a erradicaram. Era como um sistema automático de interferência. |
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− | + | "Ugh." Kamijou grunhiu cansado. |
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− | 19 de Julho. |
+ | Hoje era 19 de Julho. Era por isso que ele havia entrado numa livraria e comprado um mangá que era obviamente um lixo, por isso que ele foi ao restaurante sem nem ao menos estar com fome, e por isso que ele havia descuidadamente decidido intervir quando viu uma garota do fundamental sendo assediada por delinquentes claramente bêbados. |
+ | '''Entretanto, Kamijou não havia pensado''' '''''Eu devia resgatar aquela garota'''''. |
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− | Entretanto, Kamijou não pensou em resgatar a garota nem uma única vez. Pelo contrário, ele havia tentado salvar os garotos que haviam se aproximado dela descuidadamente. |
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+ | '''Seu único pensamento havia sido salvar os garotos que haviam cruzado o caminho dela'''. |
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− | Mais uma vez ele suspirou. A garota era sempre assim. Ele havia visto ela aqui e ali esporadicamente por quase um mês, mas eles nem sabiam o nome um do outro. Ou seja, de nenhuma maneira eles eram amigos. |
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+ | Ele suspirou. A garota era sempre assim. Ele havia visto ela aqui e ali por quase um mês, mas eles nem sabiam o nome um do outro. Em outras palavras, eles não eram amigos. |
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− | Era sempre ela que vinha até ele, altiva, dizendo que iria reduzi-lo a uma pilha de lixo, e era o trabalho de Kamijou ignorá-la. Sem exceções, era assim todas às vezes e ele sempre vencia. |
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+ | Era ela que sempre vinha até ele altiva, dizendo que iria reduzi-lo a uma pilha de lixo, e era o trabalho de Kamijou ignorá-la. Sem exceções; Ele permanecia invicto. |
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− | Se ele perdesse, a garota provavelmente ficaria satisfeita, mas Kamijou era um ator terrível. Uma vez ele tentou forjar sua derrota e ela o caçou como um demônio pelo resto da noite. |
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+ | Ela provavelmente ficaria feliz se ele pudesse fingir que ela venceu, mas ele era um ator terrível. Ele havia tentando fingir sua derrota uma vez e acabou passando o resto da noite sendo caçado pelo que podia apenas ser descrito como um monstro. |
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− | “...O que foi que eu fiz?” |
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+ | "...Espera, o que foi que eu fiz?" |
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− | “Eu não posso permitir que alguém seja mais poderoso que eu. Isso é motivo o suficiente.” |
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+ | "Eu não vou permitir que um humano mais forte que eu exista. Isso é motivo o suficiente." |
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− | Era sempre assim com ela. Ele sentia que até mesmo um personagem num jogo de luta teria um incentivo mais detalhado. |
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+ | Foi tudo que ela disse. |
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− | “Mas você tá me tratando como uma idiota também. Eu sou uma Level 5.<ref>Em japonês, 超能力者 (Chounouryokusha, Pessoa com Super Poderes) é exibido com a pronúncia estrangeira レベル5 (Reberu Faivu), então manteremos o termo inglês “Level 5”.</ref> Você realmente acha que eu iria com tudo contra um Level 0 sem poder algum?<ref>Em japonês, 無能力者 (Munouryokusha, Pessoas sem Poderes) é exibidos com a pronúncia estrangeira レベル0 (Reberu Zero), então manteremos o termo inglês “Level 0”.</ref> Eu sei como lidar com os fracos.” |
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+ | ''Até mesmo personagens em jogos de luta atuais tinham uma história mais desenvolvida que a dela'', pensou Kamijou. |
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− | Esta cidade, diferente das outras, não seguia o cenário tradicional onde os bandidos das ruas eram os mais durões. Aqueles delinquentes que não conseguiam acompanhar o Curriculum<ref>Em japonês, 時間割り (Jikanwari, Horário Acadêmico) é exibido com a pronúncia estrangeira カリキュラム (Karikyuramu), então manteremos o termo latino “Curriculum”.</ref> – o programa de desenvolvimento de habilidades – eram Level 0s, os sem poderes. |
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+ | "Eu tô cansada de você me fazendo parecer uma idiota. Eu sou uma usuária de habilidade Level 5<ref>Em japonês, 超能力者 (Chounouryokusha, Pessoa com Super Poderes) é exibido com a leitura estrangeira レベル5 (Reberu Faivu), então manteremos o termo inglês "Level 5".</ref>, entendeu? VocÊ acha que eu realmente usaria meu poder total contra um Level 0<ref>Em japonês, 無能力者 (Munouryokusha, Pessoas sem Poderes) é exibido com a leitura estrangeira レベル0 (Reberu Zero), então manteremos o termo inglês "Level 0".</ref> incompetente? Eu conheço diversas formas de cozinhar fracotes, sabia?" |
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− | Os verdadeiramente fortes naquela cidade, os alunos de elite, eram usuários de habilidade. |
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+ | Esta cidade, diferente de outras, não seguia o cenário tradicional onde os bandidos nas ruas eram os mais durões. Aqueles delinquentes de antes não eram nada—eles eram usuários de habilidade Level 0s, "defeitos", que não conseguiam acompanhar o Curriculum<ref>Em japonês, 時間割り (Jikanwari, Horário Acadêmico) é exibido com a leitura estrangeira カリキュラム (Karikyuramu), então manteremos o termo latino "Curriculum".</ref> designado para "desenvolver" suas habilidades super-humanas. Os verdadeiramente fortes naquela cidade eram pessoas como ela: alunos de elite, usuários de habilidade. |
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− | “Sim, sobre isso, eu entendo que você tem um talento que apenas um em 328.571 tem. De verdade. Mas se você quiser viver uma vida longa, você deveria parar de falar com as pessoas desse jeito tão condescendente.” |
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+ | "Hm, sobre isso. Eu já sei que você tem um talento de 1 em 328.571, mas você deveria parar de menosprezar as pessoas se você quiser ter uma vida longa e saudável, entendeu?" |
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− | “Cala a boca. Se você não consegue nem dobrar uma colher depois de fazerem várias coisas em você, como injetarem drogas nas suas veias ou enfiarem eletrodos no seu cérebro pelas orelhas, o que seria isso senão falta de talento?” |
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+ | "Calado. Aqueles caras fizeram coisas nojentas como injetar drogas direto nas veias e enfiar eletrodos diretamente no cérebro, e eles nem ao menos conseguem dobrar uma colher. Se eles não são completamente sem talento, o que eles são?" |
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− | “...” |
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+ | "..." |
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− | De fato, esse era o tipo de lugar que a Cidade Acadêmica era. |
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+ | Sim. ''Esse'' era o tipo de lugar que a Cidade Acadêmica era. |
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− | A outra face da Cidade Acadêmica estava em algum lugar onde o Desenvolvimento Cerebral — usando nomes mais palatáveis como Mnemônicos ou Técnicas de Memorização – foi discretamente incluído no Curriculum. |
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+ | A outra face da Cidade Acadêmica estava em algum lugar onde o Desenvolvimento Cerebral—usando nomes mais palatáveis como Mnemônicos ou Técnicas de Memorização–foi discretamente incluído no Curriculum. |
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− | Entretanto, nem todas as 2,3 milhões de pessoas morando na Cidade Acadêmica haviam deixado de ser humanos e se tornado algo como um protagonista de mangá. |
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+ | Entretanto, não era como se todos os 2,3 milhões de "estudantes" na cidade '''tivessem deixado de ser humanos, como o herói de um mangá'''. Se você olhasse para a população da cidade como um todo, um pouco menos de 60 por cento estava no nível em que era possível dobrar uma colher se forçassem suas mentes ao ponto de veias explodirem em seus cérebros. Eles eram todos Level 0s inúteis. |
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− | Quase 60% da população era composta de Level 0s completamente inúteis que apenas conseguiam dobrar uma colher após focar seus cérebros ao ponto de estourar uma veia. |
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− | + | "Se você quer dobrar uma colher, você pode usar um alicate. E se você quer fogo, você pode ir comprar um isqueiro por 100 ienes<ref>R$2,71 reais em Abril de 2004.</ref>. A gente não precisa de telepatia; temos celulares. As habilidades não são tão especiais assim." |
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− | + | Isso vinha de Kamijou, que carregava o estigma de ter sido rotulado como um usuário de habilidade "inútil" pelos sensores durante a exame físico da cidade. |
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− | + | "E todos estão agindo de maneira estranha. Você tá se gabando por causa de '''subprodutos chamados de habilidades'''. O objetivo deles não era '''tentar ir além disso?'''" |
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+ | A garota, que era uma das sete pessoas na Cidade Acadêmica consideradas como usuários de habilidade Level 5, contorceu os lábios em resposta. |
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− | Em resposta, os cantos lábios da garota que era uma dos sete Level 5s da Cidade Acadêmica se mexeram. |
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+ | "Hein?...Ah, aquilo. Como era mesmo? 'O homem não pode calcular Deus; portanto, devemos primeiro adquirir um corpo além daquele de um homem, ou nunca poderemos chegar na resposta de Deus'?" |
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− | “Hahh? ...Ah, aquilo. O que era mesmo? Algo tipo 'Humanos não podem calcular deus, então precisamos adquirir um corpo que exceda a humanidade antes de chegar à resposta de deus', né?” Ela riu. “Ah, não me faça rir. Que baboseira é essa de 'cérebro de deus'? Você já ouviu falar das supostas Sisters militares criadas com base numa análise do meu mapa de DNA?<ref>Em japonês, 妹達 (Imouto-tachi, Irmãs Mais Novas) é exibido com a pronúncia estrangeira シスターズ (Shisutaazu), então manteremos o termo inglês “Sisters”.</ref> Parece que esses efeitos colaterais lucrativos são mais importantes que o objetivo.” |
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+ | Ela riu. |
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− | Depois de dizer isso, a garota repentinamente parou. |
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+ | "Isso é simplesmente ridículo. Que baboseira é essa de 'intelecto de Deus' afinal? Ei, você já ouviu os rumores? Eles estão desenvolvendo umas Sisters<ref>Em japonês, 妹達 (Imouto-tachi, Irmãs Mais Novas) é exibido com a leitura estrangeira シスターズ (Shisutaazu), então manteremos o termo inglês "Sisters".</ref>, com base no meu DNA, para uso militar. Eu acho que os subprodutos foram mais doces que o objetivo final, não?" |
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− | No silêncio, pareceu que a qualidade do ar estava mudando. |
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+ | Ela parou, seu discurso acabando abruptamente. |
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− | “...Bem. É isso que as ''pessoas fortes'' diriam, não é?” |
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+ | O ar mudou silenciosamente. |
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− | “Hã?” |
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+ | "...Bem. É isso que as pessoas fortes ''diriam'', não é?" |
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− | “Os fortes, os fortes, os fortes. Essas são as cruéis e destemidas palavras de um protagonista de mangá que nasceu com suas habilidades e não entende a dor de escalar até o topo sozinho.” |
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+ | "Hã?" |
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− | O rio abaixo da ponte se tornou perturbadoramente barulhento. |
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+ | "Pessoas fortes, pessoas fortes, pessoas fortes. Eles não entendem o quão é difícil se esforçar pra conquistar nada porque eles já nasceram com talento natural. O que você disse soa exatamente como uma frase de um herói num mangá, alheio e cruel." |
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− | Uma chama negra podia ser sentida no peso de suas palavras que indicava o quanto de sua humanidade a garota havia abandonado para chegar à posição de um dos sete Level 5s da Cidade Acadêmica. |
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+ | ''Chuá-chuá''. Ele ouviu um barulho estranho vindo do rio abaixo da ponte. |
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− | Kamijou negou tudo isso sem muitas palavras e sem nem perceber. |
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+ | Haviam apenas sete usuários de habilidade no calibre dela na Cidade Acadêmica. Quanto de sua "humanidade" eles tiveram que sacrificar pra chegar lá...? Uma chama escura brilhou no final das palavras daquela garota, insinuando-lhe esse fato. |
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− | Ele fez isso ao nunca perder. |
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+ | Kamijou havia rejeitado isso. |
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− | “Opa, opa, pera lá! Dá uma olhada nos resultados nos exames físicos anuais. Eu sou um Level 0 e você é uma Level 5. Pergunta pra qualquer um nas ruas e eles vão te dizer quem é mais forte!” |
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+ | Ele havia negado com determinação, ao nunca voltar atrás. |
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− | O desenvolvimento de habilidades da Cidade Acadêmica usava pesadamente coisas como farmacêutica, neurociência e fisiologia cerebral. Foi uma empreitada puramente científica. Depois de passar pelo Curriculum até certo ponto, qualquer um podia dobrar uma colher mesmo sem ter talento. |
||
+ | Ao nunca perder. |
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− | E ainda assim, Kamijou Touma não conseguia fazer nada. |
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+ | "Opa, opa, pera lá! Dá uma olhada nos resultados nos exames físicos anuais. Meu Level é Zero, e o seu é Five, o mais alto! Vai perguntar pra qualquer um nas ruas e eles vão te dizer o que é melhor!" |
||
− | Os instrumentos de medição da Cidade Acadêmica haviam confirmado uma total ''falta'' de talento nele. |
||
+ | Ciência era usada para o desenvolvimento de habilidades na Cidade Acadêmica. Coisas como farmacêutica, neurologia e fisiologia cerebral. Mesmo sem talento, se você passasse pelo Curriculum, você deveria ser capaz de ao menos dobrar uma colher com sua mente. |
||
− | “Zero, você diz,” repetiu a garota como se ela estivesse revirando as palavras em sua boca. Ela enfiou uma mão no bolso de sua saia e puxou uma moeda de fliperama. “Você já ouviu o termo Railgun?”<ref>Em japonês, 超電磁砲 (Choudenjihou, Super Canhão Eletromagnético) é exibido com uma pronúncia estrangeira レールガン (Reerugan), então manteremos o termo inglês “Railgun”.</ref> |
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+ | Entretanto, Kamijou Touma ainda não conseguia fazer nada. |
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− | “Hm?” |
||
+ | Os dispositivos de medição da Cidade Acadêmica haviam confirmado uma total ''falta'' de talento nele. |
||
− | “É um tipo de arma de navio de guerra que dispara projéteis de metal usando eletroímãs super poderosos. O princípio é o mesmo de um trem de motor linear.” |
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+ | "Zero, né?" a garota repetiu, revirando as palavras em sua boca. Ela enfiou uma mão no bolso de sua saia por um momento e puxou uma moeda de fliperama. |
||
− | A garota jogou a moeda para o ar com seu dedão. A moeda girou algumas vezes antes de aterrissar de volta em seu polegar. |
||
+ | "Eu, você sabe o que é uma Railgun?<ref>Em japonês, 超電磁砲 (Choudenjihou, Super Canhão Eletromagnético) é exibido com a leitura estrangeira レールガン (Reerugan), então manteremos o termo inglês "Railgun".</ref>" |
||
− | “Aparentemente é algo assim.” |
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+ | "Hm?" |
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− | Assim que ela falou, uma lança laranja de luz repentina e silenciosamente passou ao lado da cabeça de Kamijou. Era mais parecido com um laser do que com uma lança. Ele só sabia que ela tinha se originado no polegar da garota pois a pós-imagem de luz se esticava de volta para ele. |
||
+ | "É um tipo de arma de navio de guerra que dispara projéteis de metal usando eletroímãs super poderosos. O princípio é o mesmo de um trem de motor linear." |
||
− | Quase como um trovão, o barulho rugiu com um breve atraso. A onda de choque rasgou o ar ao redor de seus ouvidos, abalando o senso de equilíbrio de Kamijou. Ele cambaleou e olhou por cima de seu ombro. |
||
+ | ''Fiiiu''. A garota jogou a moeda para o ar com seu dedão. |
||
− | No instante em que a luz laranja atingiu a superfície da estrada na ponte, o asfalto explodiu como quando um avião faz um pouso forçado no oceano. Mesmo após viajar um percurso de trinta metros de pura destruição e parar, o brilho residual ainda queimava o ar com uma pós-imagem. |
||
+ | Ela girou algumas vezes antes de aterrissar de volta em seu polegar. |
||
− | “Mesmo uma moeda como essa pode ser bastante poderosa quando disparada a três vezes a velocidade do som. Claro, a moeda derrete depois de cinquenta metros por causa da fricção do ar.” |
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+ | '''"...Aparentemente é algo assim..."''' |
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− | A ponte feita de aço e concreto balançou como uma ponte de corda não confiável. Parafusos de metal em queda podiam ser ouvidos ocasionalmente. |
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+ | Exatamente quando ela falou... |
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− | “...!!” |
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+ | Uma lança reluzente de cor laranja passou rente à cabeça de Kamijou sem produzir som algum. Na verdade era mais um laser do que uma lança. Ele apenas percebeu que ele vinha do polegar da garota por causa do rastro luminoso residual que se estendia de lá. |
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− | Kamijou sentiu um arrepio, como se alguém tivesse injetado gelo seco em suas veias. |
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+ | Um momento depois, um trovão soou como se um raio tivesse caído. A onda de choque do ar sendo dilacerado a centímetros de seus ouvidos fez com que ele ficasse tonto. Trêmulo e cambaleante, ele olhou para trás. |
||
− | Ele sentiu como se toda a umidade em seu corpo tivesse virado suor e evaporado. |
||
+ | No instante em que o feixe laranja atingiu o asfalto da ponte metálica, o chão explodiu como se um avião tivesse caído violentamente no mar. Tendo gasto sua energia destrutiva naquela linha reta de trinta metros, ele sumiu num brilho residual, queimando sua imagem no ar. |
||
− | “Maldita. Não me diga que você usou isso neles!!” |
||
+ | |||
+ | '''"Mesmo uma moeda como essa tem um poder massivo se estiver voando à três vezes a velocidade do som. Apesar dela derreter depois de cinquenta metros por causa da fricção do ar."''' |
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+ | |||
+ | Ferro e concreto balançaram violentamente como se a estrutura fosse a de uma ponte suspensa pouco confiável. Os parafusos de metal que a prendiam no lugar tilintavam, rugiam e saíam de seus lugares por toda a ponte. |
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+ | |||
+ | "......!!" |
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+ | |||
+ | Kamijou sentiu um arrepio, como se alguém tivesse injetado gelo seco em suas veias. |
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+ | A sensação inexplicável fez com que ele sentisse como se toda a umidade em seu corpo fosse ferver e evaporar. "M-maldita...Não me diga que você usou ''isso'' pra se livrar daqueles caras!" |
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− | “Não seja estúpido. Eu adequo meus métodos aos meus oponentes. Eu não quero virar uma maníaca homicida.” Enquanto ela falava, faíscas voavam do cabelo castanho da garota como se ele fosse um eletrodo. “Isso foi o suficiente pra aqueles Level 0s!” |
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+ | "Não seja estúpido! Eu não uso isso em qualquer um. Eu não pretendo virar uma maníaca homicida, sabia?" ele respondeu, seu cabelo castanho espalhando faíscas. |
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− | Faíscas branco-azuladas voaram da franja da garota como um chifre e uma linha semelhante a uma lança de raios voou na direção de Kamijou. |
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+ | "Para aqueles Level 0s...''Isso'' foi mais do que o suficiente!" |
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− | Não tinha como escapar. Afinal, ele estava encarando uma lança de raios branco-azulada disparada do cabelo de uma Level 5. Era quase como ver uma nuvem disparar um raio na velocidade da luz e então tentar desviar dele. |
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+ | De repente, uma faísca branco azulada voou da franja da garota como se fosse um chifre... |
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− | Um barulho explosivo seguiu com um breve atraso. |
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+ | ...e uma lança de raios disparou na direção dele. |
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− | Kamijou imediatamente ergueu sua mão direita para proteger seu rosto e a lança de raios a atingiu. Ela se espalhou pelo corpo de Kamijou e o agrediu, e faíscas voaram em todas as direções para a armação de aço da ponte. |
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+ | ''Não tem como escapar disso''. Era um raio de eletricidade disparado do cabelo de uma usuária de habilidade Level 5. Era o mesmo que tentar se esquivar de um raio disparado por uma nuvem escura na velocidade da luz, mas só depois de ver ele. |
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− | ...Ou foi o que pareceu. |
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+ | ''Boom!!'' O barulho da explosão o atingiu um instante depois. |
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− | “Então, por que você não tem nem um arranhão?” |
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+ | Ele havia protegido seu rosto com sua mão direita imediatamente. Quando a lança elétrica colidiu com ela, o disparo não apenas se dispersou violentamente pelo corpo de Kamijou, mas ele se espalhou em todas as direções, cobrindo a armação de aço da ponte em faíscas. |
||
− | Suas palavras pareciam leves, mas a garota cerrando os dentes estava encarando Kamijou. |
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+ | ...Pelo menos, foi o que pareceu. |
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− | A corrente de alta voltagem que havia se espalhado pelos arredores tinha sido poderosa o suficiente para queimar a estrutura de aço da ponte, mas ainda assim a mão direita de Kamijou não havia explodido depois de um contato direto. ...Na verdade, ela não tinha sequer uma queimadura. |
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+ | '''"Então me diz, por que diabos você não tem nem um arranhão?"''' |
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− | A mão direita de Kamijou tinha apagado o ataque elétrico da garota que atingia alguns milhões de volts. |
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+ | Suas palavras pareciam leves, mas ela estava encarando Kamijou, cerrando os dentes em frustração. |
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− | “Honestamente, qual é a sua? Esse seu poder não está listado no Bank da Cidade Acadêmica. Se eu sou uma entre 328.571 gênios, então você é um entre 2.300.000 desastres,”<ref>Em japonês, 天才 (Tensai, Gênio) e 天災 (Tensai, Desastre Natural) são homófonos.</ref> a garota murmurou irritada, mas Kamijou não foi capaz de dizer uma única palavra em resposta. “Se eu lutar com uma exceção como essa, pode ser que meu nível aumente, você não acha?” |
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+ | A corrente de alta voltagem que havia se espalhado ao seu redor foi forte o suficiente para queimar a estrutura de aço da ponte. Mas, embora tenha atingido sua mão direita diretamente, o membro não havia sido arrancado do corpo...ele estava nem chamuscado. |
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− | “...Mas você sempre perde.” |
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+ | '''A mão direita de Kamijou havia apagado as centenas de milhões de volts do ataque elétrico da garota.''' |
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− | Ele recebeu mais um raio disparado da testa da garota como resposta, um bem superior a Mach 1. |
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+ | "Sinceramente, o que era pra ser esse poder? Ele com certeza não tá listado no Bank<ref>Em japonês, 書庫 (Shoko, Arquivo) é exibido com a leitura estrangeira バンク (Banku), então manteremos o termo inglês "Bank".</ref> da Cidade Acadêmica. Se eu sou uma em 328.571 ''gênios'', então você é um entre 2.300.000 ''desastres''<ref>Em japonês, 天才 (Tensai, Gênio) e 天災 (Tensai, Desastre Natural) são homófonos.</ref>," murmurou a garota ressentida. Ele não conseguiu responder. "Se você for brigar com uma ''anomalia'' dessas, então seu nível poderia ser elevado, né?" |
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− | Entretanto, ele se espalhou em todas as direções no momento em que tocou a mão direita de Kamijou. |
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+ | "...Pois é, diz aquela que sempre perde." |
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− | Era como um balão de água estourando. |
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+ | Sua resposta veio na forma de outra "Lança Relâmpago" que se aproximou dele numa velocidade superior à do som. |
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− | Esse era o Imagine Breaker de Kamijou Touma.<ref>Em japonês, 幻想殺し (Gensou Goroshi, Assassino de Ilusões) é exibido com a pronuncia estrangeira イマジンブレイカー (Imajin Bureikaa), então manteremos o termo inglês “Imagine Breaker”.</ref> |
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+ | Mas, de novo, no momento em que ela atingiu sua mão direita, a corrente se espalhou em todas as direções como se ela não fosse mais impactante do que um balão de água. |
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− | As habilidades variavam daquelas zombadas na TV até aquelas estabelecidas com fórmulas numéricas na Cidade Acadêmica. Qualquer coisa usando esse tipo de poder sobrenatural, mesmo que fosse parte do sistema de Deus, seria negada sem dúvidas por aquele poder sobrenatural dele.<ref>Em japonês, 奇跡 (Kiseki, Milagre) é exibido com a pronúncia estrangeira (システム, Shisutemu, System), nesse caso traduziremos para “Sistema” para evitar confusão com o termo SYSTEM presente em volumes futuros que é lido da mesma forma (システム).</ref> |
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+ | Imagine Breaker.<ref>Em japonês, 幻想殺し (Gensou Goroshi, Assassino de Ilusões) é exibido com a leitura estrangeira イマジンブレイカー (Imajin Bureikaa), então manteremos o termo inglês "Imagine Breaker".</ref> |
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− | Como era de origem sobrenatural, até mesmo a Railgun daquela garota não era uma exceção. |
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+ | Para o mundo, elas eram motivo de piada na TV—mas nesta cidade, habilidades sobrenaturais haviam sido alcançadas através de fórmulas matemáticas. Qualquer "poder anormal", mesmo que se tratasse do sistema<ref>Em japonês, 奇跡 (Kiseki, Milagre) é exibido com a leitura estrangeira (システム, Shisutemu, System), nesse caso traduziremos para "Sistema" para evitar confusão com o termo SYSTEM presente em volumes futuros que é lido da mesma forma (システム).</ref> de Deus, seria negado sem hesitação por ele. |
||
− | Entretanto, o Imagine Breaker de Kamijou Touma apenas funcionava com o poder sobrenatural em si. Basicamente, ele podia negar a bola de fogo de um usuário de habilidade, mas ele ainda estava vulnerável aos pedaços de concreto quebrados pela bola de fogo. Além disso, a área de efeito era apenas em sua mão e pulso direitos. Se a bola de fogo o atingisse em qualquer outro lugar, ele seria queimado. |
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+ | Contanto que fosse um poder anormal, até mesmo a habilidade sobrenatural daquela garota, a "Railgun", não era exceção. |
||
− | E ainda assim... |
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+ | Entretanto, o Imagine Breaker de Kamijou Touma apenas funcionava contra "poderes anormais" assim. Basicamente, ele podia negar a bola de fogo de um usuário de habilidade, mas ele não podia negar os pedaços de concreto quebrados pela bola de fogo. Além disso, a área de efeito era apenas de seu pulso direito à ponta de seus dedos. Se a bola de fogo o atingisse em qualquer outro lugar, ele seria queimado, então... |
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− | (Eu realmente, verdadeiramente, achei que ia morrer! Kyaahhh!!) |
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+ | ''Eu achei...Eu achei que...Eu achei que eu ia morrer! Ahh!!'' |
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− | A expressão calma e composta de Kamijou Touma se endureceu estranhamente. Mesmo que sua mão direita pudesse negar completamente aquelas lanças de raio na velocidade da luz, era por pura coincidência que elas haviam atingido sua mão direita. |
||
+ | Ele adotou sua postura mais calma e composta. Mesmo que sua mão pudesse negar completamente uma Lança Relâmpago viajando na velocidade da luz, o fato de que a lança havia atingido sua mão direita ''pra começo de conversa'' não era nada além de uma total coincidência. |
||
− | Seu coração estava esmurrando seu peito enquanto ele tentava desesperadamente forçar um sorriso maduro em seu rosto. |
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+ | Seu coração bateu furiosamente em seu peito. Ele teve que invocar cada pedaço de sua força pra dar um sorriso maduro. |
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− | “Eu acho que você pode dizer que isso foi só um infortúnio, ou que você é azarada.” |
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+ | "O que eu posso dizer? Eu sou azarado pra caramba, né?" |
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− | Foi assim que Kamijou terminou aquele dia, 19 de Julho. |
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+ | Kamijou encerrou aquele 19 de Julho com essas palavras que pareciam resumir toda a desgraça do universo. |
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− | Com apenas um comentário, ele parecia estar lamentando tudo naquele mundo. |
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− | + | '''"Cara, você ''realmente'' não tem sorte, né?"''' |
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=== Notas de Tradução === |
=== Notas de Tradução === |
Revision as of 03:59, 10 April 2025
Prólogo: O Conto do Garoto Que Podia Matar Ilusões — The_Imagine-Breaker.
"...Ahh! Merda, droga! Isso só pode ser brincadeira! De onde vem todo esse azar?!"
Mesmo que seus gritos soassem esquisitos até para ele mesmo, Kamijou Touma continuou sua incrível fuga.
Correndo pelos becos no meio da noite, ele olhou rapidamente por cima de seu ombro.
Oito.
Apesar de já ter corrido por quase dois quilômetros, ainda haviam oito deles. Como ele não era um cozinheiro de uma legião estrangeira ou um ninja cibernético que havia sobrevivido até os tempos modernos, Kamijou Touma não tinha chances de vencer contra tantos deles—até mesmo três já era gente demais pra uma luta entre alunos do ensino médio. Não importava o quão forte você fosse. Era simplesmente impossível.
Chutando um balde podre, Kamijou continuou a correr como se estivesse caçando gatos pretos.
19 de Julho.
É, é tudo culpa do 19 de Julho. A culpa é da data por eu ter ficado estranhamente animado, gritando "Aê, amanhã começam as férias de verão!" A culpa é da data por eu ter ido à uma livraria e comprado um mangá que obviamente não ia ser bom, e então ter ido à um restaurante quando eu nem estava com fome, pensando, Por que não encher o bucho?! onde eu vi uma garota que parecia estar no ensino fundamental[1] sendo assediada por um delinquente claramente bêbado e, apesar de nunca fazer algo assim, decidi ajudar sem nem pensar... o raciocínio vingativo de Kamijou estava fugindo dele.
Ele não havia considerado que todos os amigos do cara fossem sair repentinamente do banheiro.
Eu sempre achei que ir ao banheiro em grupos era exclusivo de garotas. Né?
"...Eu acabei tendo que fugir de lá antes mesmo que pudesse ver minha maldita lasanha de goya e escargot, e agora eu tô sendo tratado como um caloteiro. Eu nem comi! Cara, o que eu fiz pra merecer todo esse azar?!"
Coçando sua cabeça freneticamente, ele saiu do beco para uma rua principal.
A luz do luar cobria a Cidade Acadêmica. Mesmo que a cidade ocupasse um terço da região metropolitana de Tóquio, ele não via nada além de casais em encontros em todas as direções. É por causa do 19 de Julho; isso é tudo culpa da data! Kamijou, que estava solteiro, gritou internamente. Em sua volta, turbinas eólicas de três lâminas brilhavam com as luzes da lua e da cidade como as lágrimas de um solteirão aristocrata.
Kamijou cortou pela noite, separando casais.
Ele olhou para sua mão direita enquanto corria. O poder que nela residia era inútil nessa situação. Ele não o ajudaria a derrotar nenhum delinquente, ele não aumentaria suas notas nos testes e ele não o faria popular com as garotas.
"Ugh! Mas que azar!!"
Se ele conseguisse despistar o grupo de delinquentes persistentes, eles podiam usar seus celulares para chamar reforços, ou pegar motos pra persegui-lo, ou algo do tipo. Então ele estava tentando fazer com que eles desistissem. Pra fazer isso, ele estava deixando que eles o vissem ocasionalmente, como isca para que eles continuassem correndo atrás dele. Era basicamente como a estratégia de um boxeador que deixa o oponente o golpear até cansar.
E ainda mais importante, ele queria ajudar.
Não havia necessidade de resolver na mão. Tudo que ele tinha que fazer era fazê-los desistir. Isso seria a vitória.
Kamijou tinha certa confiança em sua habilidade para correr longas distâncias. Seus perseguidores, por outro lado, já haviam arruinado seus corpos com álcool e cigarros, e as botas que eles calçavam não haviam sido feitas para correr. Eles não conseguiriam ir muito mais longe se continuassem correndo a todo vapor sem regular o ritmo.
Ele costurou pelas ruas e becos desordenadamente, dando a impressão de que ele era um idiota fugindo de medo. Ele assistiu enquanto, um a um, delinquentes desistiam, indo ao chão em suas mãos e joelhos. É a solução perfeita, e ninguém precisa se machucar, ele pensou para si. Mas o que ele disse em voz alta foi:
"D-droga...Por que eu tenho que desperdiçar minha juventude em algo estúpido como isso?!"
Ele estava frustrado. Vendo todos aqueles casais alegres cheios de doces sonhos, Kamijou sentiu-se como um perdedor na vida. As férias de verão começavam no dia seguinte. Era bem deprimente não ter nenhum tipo de comédia romântica em sua vida.
Atrás dele, um dos delinquentes gritou, "Volta aqui!! Correr é tudo que você pode fazer, seu bostinha?!"
Essas não eram exatamente o tipo de palavras doces que ele queria ouvir, e isso irritou Kamijou.
"Cala a boca! Você devia me agradecer por não ir aí te encher de porrada, seu símio estúpido!" ele gritou de volta sabendo que estava desperdiçando sua preciosa energia ao fazê-lo.
...Sério, você devia me agradecer por não se machucar, droga!
Após isso, ele corre por mais dois quilômetros cheios de suor e lágrimas. Ele saiu da região urbana e chegou a um largo rio partido por uma ponte de metal de aproximadamente 150 metros de comprimento. Não haviam carros nela. A resistente ponte de ferro nem ao menos estava iluminada, ela estava coberta por uma escuridão misteriosa que lembrava o mar noturno.
Enquanto corria pela ponte, ele olhou para trás.
Então ele parou. Em algum momento, ele havia se livrado de seus perseguidores.
"D-droga...Eu finalmente os despistei?"
Desesperadamente lutando contra a vontade de sentar-se, Kamijou olhou para o céu noturno e respirou.
Nossa, eu realmente resolvi o problema sem socar ninguém. Eu acho que isso merece um tapinha nas costas.
"Cara, o que cê tá fazendo? Você tá fingindo ser um cara bonzinho ao defender aqueles perdedores? O que você é? Um daqueles professores super cuidadosos?"
Kamijou congelou.
Ele não havia notado mais cedo—não tinha uma única luz naquela ponte—mas uma garota solitária estava de pé cerca de cinco metros à frente na direção em que ele havia passado. Ela vestia uma saia plissada cinza, uma blusa de manga curta e um suéter de verão. Ela era, de todas as maneiras possíveis, uma aluna do fundamental comum.
Encarando o céu noturno, Kamijou seriamente considerou cair de costas no chão.
Era a garota que estava sendo incomodada no restaurante.
"...Então foi isso? Quer dizer que aqueles caras pararam de me perseguir porque..."
"É. Eles estavam sendo irritantes, então eu os torrei."
Ele ouviu o som de eletricidade e viu faíscas azuis pálidas.
Não, a garota não estava segurando um Taser. Toda vez que seu cabelo castanho na altura dos ombros se movia ele soltava faíscas, como se fosse um tipo de eletrodo.
Uma sacola plástica de compras vazia flutuou com o vento, passando pelo seu rosto. Imediatamente as faíscas branco azuladas a erradicaram. Era como um sistema automático de interferência.
"Ugh." Kamijou grunhiu cansado.
Hoje era 19 de Julho. Era por isso que ele havia entrado numa livraria e comprado um mangá que era obviamente um lixo, por isso que ele foi ao restaurante sem nem ao menos estar com fome, e por isso que ele havia descuidadamente decidido intervir quando viu uma garota do fundamental sendo assediada por delinquentes claramente bêbados.
Entretanto, Kamijou não havia pensado Eu devia resgatar aquela garota.
Seu único pensamento havia sido salvar os garotos que haviam cruzado o caminho dela.
Ele suspirou. A garota era sempre assim. Ele havia visto ela aqui e ali por quase um mês, mas eles nem sabiam o nome um do outro. Em outras palavras, eles não eram amigos.
Era ela que sempre vinha até ele altiva, dizendo que iria reduzi-lo a uma pilha de lixo, e era o trabalho de Kamijou ignorá-la. Sem exceções; Ele permanecia invicto.
Ela provavelmente ficaria feliz se ele pudesse fingir que ela venceu, mas ele era um ator terrível. Ele havia tentando fingir sua derrota uma vez e acabou passando o resto da noite sendo caçado pelo que podia apenas ser descrito como um monstro.
"...Espera, o que foi que eu fiz?"
"Eu não vou permitir que um humano mais forte que eu exista. Isso é motivo o suficiente."
Foi tudo que ela disse.
Até mesmo personagens em jogos de luta atuais tinham uma história mais desenvolvida que a dela, pensou Kamijou.
"Eu tô cansada de você me fazendo parecer uma idiota. Eu sou uma usuária de habilidade Level 5[2], entendeu? VocÊ acha que eu realmente usaria meu poder total contra um Level 0[3] incompetente? Eu conheço diversas formas de cozinhar fracotes, sabia?"
Esta cidade, diferente de outras, não seguia o cenário tradicional onde os bandidos nas ruas eram os mais durões. Aqueles delinquentes de antes não eram nada—eles eram usuários de habilidade Level 0s, "defeitos", que não conseguiam acompanhar o Curriculum[4] designado para "desenvolver" suas habilidades super-humanas. Os verdadeiramente fortes naquela cidade eram pessoas como ela: alunos de elite, usuários de habilidade.
"Hm, sobre isso. Eu já sei que você tem um talento de 1 em 328.571, mas você deveria parar de menosprezar as pessoas se você quiser ter uma vida longa e saudável, entendeu?"
"Calado. Aqueles caras fizeram coisas nojentas como injetar drogas direto nas veias e enfiar eletrodos diretamente no cérebro, e eles nem ao menos conseguem dobrar uma colher. Se eles não são completamente sem talento, o que eles são?"
"..."
Sim. Esse era o tipo de lugar que a Cidade Acadêmica era.
A outra face da Cidade Acadêmica estava em algum lugar onde o Desenvolvimento Cerebral—usando nomes mais palatáveis como Mnemônicos ou Técnicas de Memorização–foi discretamente incluído no Curriculum.
Entretanto, não era como se todos os 2,3 milhões de "estudantes" na cidade tivessem deixado de ser humanos, como o herói de um mangá. Se você olhasse para a população da cidade como um todo, um pouco menos de 60 por cento estava no nível em que era possível dobrar uma colher se forçassem suas mentes ao ponto de veias explodirem em seus cérebros. Eles eram todos Level 0s inúteis.
"Se você quer dobrar uma colher, você pode usar um alicate. E se você quer fogo, você pode ir comprar um isqueiro por 100 ienes[5]. A gente não precisa de telepatia; temos celulares. As habilidades não são tão especiais assim."
Isso vinha de Kamijou, que carregava o estigma de ter sido rotulado como um usuário de habilidade "inútil" pelos sensores durante a exame físico da cidade.
"E todos estão agindo de maneira estranha. Você tá se gabando por causa de subprodutos chamados de habilidades. O objetivo deles não era tentar ir além disso?"
A garota, que era uma das sete pessoas na Cidade Acadêmica consideradas como usuários de habilidade Level 5, contorceu os lábios em resposta.
"Hein?...Ah, aquilo. Como era mesmo? 'O homem não pode calcular Deus; portanto, devemos primeiro adquirir um corpo além daquele de um homem, ou nunca poderemos chegar na resposta de Deus'?"
Ela riu.
"Isso é simplesmente ridículo. Que baboseira é essa de 'intelecto de Deus' afinal? Ei, você já ouviu os rumores? Eles estão desenvolvendo umas Sisters[6], com base no meu DNA, para uso militar. Eu acho que os subprodutos foram mais doces que o objetivo final, não?"
Ela parou, seu discurso acabando abruptamente.
O ar mudou silenciosamente.
"...Bem. É isso que as pessoas fortes diriam, não é?"
"Hã?"
"Pessoas fortes, pessoas fortes, pessoas fortes. Eles não entendem o quão é difícil se esforçar pra conquistar nada porque eles já nasceram com talento natural. O que você disse soa exatamente como uma frase de um herói num mangá, alheio e cruel."
Chuá-chuá. Ele ouviu um barulho estranho vindo do rio abaixo da ponte.
Haviam apenas sete usuários de habilidade no calibre dela na Cidade Acadêmica. Quanto de sua "humanidade" eles tiveram que sacrificar pra chegar lá...? Uma chama escura brilhou no final das palavras daquela garota, insinuando-lhe esse fato.
Kamijou havia rejeitado isso.
Ele havia negado com determinação, ao nunca voltar atrás.
Ao nunca perder.
"Opa, opa, pera lá! Dá uma olhada nos resultados nos exames físicos anuais. Meu Level é Zero, e o seu é Five, o mais alto! Vai perguntar pra qualquer um nas ruas e eles vão te dizer o que é melhor!"
Ciência era usada para o desenvolvimento de habilidades na Cidade Acadêmica. Coisas como farmacêutica, neurologia e fisiologia cerebral. Mesmo sem talento, se você passasse pelo Curriculum, você deveria ser capaz de ao menos dobrar uma colher com sua mente.
Entretanto, Kamijou Touma ainda não conseguia fazer nada.
Os dispositivos de medição da Cidade Acadêmica haviam confirmado uma total falta de talento nele.
"Zero, né?" a garota repetiu, revirando as palavras em sua boca. Ela enfiou uma mão no bolso de sua saia por um momento e puxou uma moeda de fliperama.
"Eu, você sabe o que é uma Railgun?[7]"
"Hm?"
"É um tipo de arma de navio de guerra que dispara projéteis de metal usando eletroímãs super poderosos. O princípio é o mesmo de um trem de motor linear."
Fiiiu. A garota jogou a moeda para o ar com seu dedão.
Ela girou algumas vezes antes de aterrissar de volta em seu polegar.
"...Aparentemente é algo assim..."
Exatamente quando ela falou...
Uma lança reluzente de cor laranja passou rente à cabeça de Kamijou sem produzir som algum. Na verdade era mais um laser do que uma lança. Ele apenas percebeu que ele vinha do polegar da garota por causa do rastro luminoso residual que se estendia de lá.
Um momento depois, um trovão soou como se um raio tivesse caído. A onda de choque do ar sendo dilacerado a centímetros de seus ouvidos fez com que ele ficasse tonto. Trêmulo e cambaleante, ele olhou para trás.
No instante em que o feixe laranja atingiu o asfalto da ponte metálica, o chão explodiu como se um avião tivesse caído violentamente no mar. Tendo gasto sua energia destrutiva naquela linha reta de trinta metros, ele sumiu num brilho residual, queimando sua imagem no ar.
"Mesmo uma moeda como essa tem um poder massivo se estiver voando à três vezes a velocidade do som. Apesar dela derreter depois de cinquenta metros por causa da fricção do ar."
Ferro e concreto balançaram violentamente como se a estrutura fosse a de uma ponte suspensa pouco confiável. Os parafusos de metal que a prendiam no lugar tilintavam, rugiam e saíam de seus lugares por toda a ponte.
"......!!"
Kamijou sentiu um arrepio, como se alguém tivesse injetado gelo seco em suas veias.
A sensação inexplicável fez com que ele sentisse como se toda a umidade em seu corpo fosse ferver e evaporar. "M-maldita...Não me diga que você usou isso pra se livrar daqueles caras!"
"Não seja estúpido! Eu não uso isso em qualquer um. Eu não pretendo virar uma maníaca homicida, sabia?" ele respondeu, seu cabelo castanho espalhando faíscas.
"Para aqueles Level 0s...Isso foi mais do que o suficiente!"
De repente, uma faísca branco azulada voou da franja da garota como se fosse um chifre...
...e uma lança de raios disparou na direção dele.
Não tem como escapar disso. Era um raio de eletricidade disparado do cabelo de uma usuária de habilidade Level 5. Era o mesmo que tentar se esquivar de um raio disparado por uma nuvem escura na velocidade da luz, mas só depois de ver ele.
Boom!! O barulho da explosão o atingiu um instante depois.
Ele havia protegido seu rosto com sua mão direita imediatamente. Quando a lança elétrica colidiu com ela, o disparo não apenas se dispersou violentamente pelo corpo de Kamijou, mas ele se espalhou em todas as direções, cobrindo a armação de aço da ponte em faíscas.
...Pelo menos, foi o que pareceu.
"Então me diz, por que diabos você não tem nem um arranhão?"
Suas palavras pareciam leves, mas ela estava encarando Kamijou, cerrando os dentes em frustração.
A corrente de alta voltagem que havia se espalhado ao seu redor foi forte o suficiente para queimar a estrutura de aço da ponte. Mas, embora tenha atingido sua mão direita diretamente, o membro não havia sido arrancado do corpo...ele estava nem chamuscado.
A mão direita de Kamijou havia apagado as centenas de milhões de volts do ataque elétrico da garota.
"Sinceramente, o que era pra ser esse poder? Ele com certeza não tá listado no Bank[8] da Cidade Acadêmica. Se eu sou uma em 328.571 gênios, então você é um entre 2.300.000 desastres[9]," murmurou a garota ressentida. Ele não conseguiu responder. "Se você for brigar com uma anomalia dessas, então seu nível poderia ser elevado, né?"
"...Pois é, diz aquela que sempre perde."
Sua resposta veio na forma de outra "Lança Relâmpago" que se aproximou dele numa velocidade superior à do som.
Mas, de novo, no momento em que ela atingiu sua mão direita, a corrente se espalhou em todas as direções como se ela não fosse mais impactante do que um balão de água.
Imagine Breaker.[10]
Para o mundo, elas eram motivo de piada na TV—mas nesta cidade, habilidades sobrenaturais haviam sido alcançadas através de fórmulas matemáticas. Qualquer "poder anormal", mesmo que se tratasse do sistema[11] de Deus, seria negado sem hesitação por ele.
Contanto que fosse um poder anormal, até mesmo a habilidade sobrenatural daquela garota, a "Railgun", não era exceção.
Entretanto, o Imagine Breaker de Kamijou Touma apenas funcionava contra "poderes anormais" assim. Basicamente, ele podia negar a bola de fogo de um usuário de habilidade, mas ele não podia negar os pedaços de concreto quebrados pela bola de fogo. Além disso, a área de efeito era apenas de seu pulso direito à ponta de seus dedos. Se a bola de fogo o atingisse em qualquer outro lugar, ele seria queimado, então...
Eu achei...Eu achei que...Eu achei que eu ia morrer! Ahh!!
Ele adotou sua postura mais calma e composta. Mesmo que sua mão pudesse negar completamente uma Lança Relâmpago viajando na velocidade da luz, o fato de que a lança havia atingido sua mão direita pra começo de conversa não era nada além de uma total coincidência.
Seu coração bateu furiosamente em seu peito. Ele teve que invocar cada pedaço de sua força pra dar um sorriso maduro.
"O que eu posso dizer? Eu sou azarado pra caramba, né?"
Kamijou encerrou aquele 19 de Julho com essas palavras que pareciam resumir toda a desgraça do universo.
"Cara, você realmente não tem sorte, né?"
Notas de Tradução
- ↑ No Japão, o ensino básico é dividido entre Shougakkou (Escola Primária) dos 6 aos 12 anos, Chuugakkou (Escola Média) dos 12 aos 15 anos, e Koutougakkou (Escola Secundária) dos 15 aos 18 anos. Por conveniência iremos usar Ensino Fundamental como o equivalente de Shougakkou e Chuugakkou, e Ensino Médio como equivalente do Koutougakkou.
- ↑ Em japonês, 超能力者 (Chounouryokusha, Pessoa com Super Poderes) é exibido com a leitura estrangeira レベル5 (Reberu Faivu), então manteremos o termo inglês "Level 5".
- ↑ Em japonês, 無能力者 (Munouryokusha, Pessoas sem Poderes) é exibido com a leitura estrangeira レベル0 (Reberu Zero), então manteremos o termo inglês "Level 0".
- ↑ Em japonês, 時間割り (Jikanwari, Horário Acadêmico) é exibido com a leitura estrangeira カリキュラム (Karikyuramu), então manteremos o termo latino "Curriculum".
- ↑ R$2,71 reais em Abril de 2004.
- ↑ Em japonês, 妹達 (Imouto-tachi, Irmãs Mais Novas) é exibido com a leitura estrangeira シスターズ (Shisutaazu), então manteremos o termo inglês "Sisters".
- ↑ Em japonês, 超電磁砲 (Choudenjihou, Super Canhão Eletromagnético) é exibido com a leitura estrangeira レールガン (Reerugan), então manteremos o termo inglês "Railgun".
- ↑ Em japonês, 書庫 (Shoko, Arquivo) é exibido com a leitura estrangeira バンク (Banku), então manteremos o termo inglês "Bank".
- ↑ Em japonês, 天才 (Tensai, Gênio) e 天災 (Tensai, Desastre Natural) são homófonos.
- ↑ Em japonês, 幻想殺し (Gensou Goroshi, Assassino de Ilusões) é exibido com a leitura estrangeira イマジンブレイカー (Imajin Bureikaa), então manteremos o termo inglês "Imagine Breaker".
- ↑ Em japonês, 奇跡 (Kiseki, Milagre) é exibido com a leitura estrangeira (システム, Shisutemu, System), nesse caso traduziremos para "Sistema" para evitar confusão com o termo SYSTEM presente em volumes futuros que é lido da mesma forma (システム).