Toaru Majutsu no Index ~Brazilian Portuguese~:Volume GT12 Capitulo2

From Baka-Tsuki
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Capítulo 2: Funeral – Good_Bye_Bad.

1

A chuva gelada que não podia se tornar neve caiu de cinzentas nuvens grossas.

Ela estava mais fraca do que antes.

Mas isso também a fazia parecer mais estável, sugerindo que iria durar por mais tempo.

Um funeral estava em andamento.

Ele havia começado no auditório da escola.

O corpo estudantil inteiro estava reunido lá, então eles tiveram que se enfileirar num sistema para se encaixar. ...Exceto que Azulão e Fukiyose Seiri haviam congelado ali perto. Aparentemente Komoe-sensei havia entrado em pânico, então a orientação daquela turma estava uma bagunça. Mas talvez aquele garoto tivesse apreciado uma resposta humana como aquela.

O espaço era grande o suficiente para acomodar centenas de pessoas.

Isso significava que o aquecimento só era eficiente até certo ponto. Mesmo com o ar-condicionado e os aquecedores halógenos, o frio não pode ser banido completamente.

Era a presença da morte.

Algo que normalmente você não sentia, mas que acontecia com todos.

Azulão sentiu como se até o mundo estivesse o dizendo que uma tentativa de agir de maneira otimista não iria mudar fundamentalmente o motivo de sua presença ali.

Aquilo era um funeral.

Um membro de sua classe estava morto.


"Obrigado a todos por virem apesar do clima ruim. Talvez até mesmo os céus estejam chorando pelo morto. Também me dói perder alguém tão jovem."


Um jovem monge budista havia começado com um microfone em sua mão. Fukiyose Seiri estava familiarizada com o termo "abade" como um título pra um monge budista, mas ela não tinha certeza se existia uma hierarquia concreta lá.

"O abade é o chefe de um templo," Azulão explicou. "São eles que lideram os outros monges do templo. Mas tem alguns templos onde o abade é o único monge por causa de uma população envelhecida ou pela falta de pessoal, então muita gente confunde monge e abade. É incomum que alguém tão jovem seja um abade."

"Por que você sabe tanto sobre isso?"

"Que foi? Você não tá lendo aquele mangá de comédia nas redes sociais que estourou no Ano Novo? Se chama 'Eu Reencarnei E Consegui Uma Moeda De 5 Ienes Hipnotizante Que Faz As Pessoas Me Obedecerem, Mas Acabei Num Templo Budista Cheio De Monges Másculos'. A incompatibilidade inesperada!! Que destino aguarda nossa heroína depressiva depois que a vida ascética e a comida vegetariana limparem seu corpo e alma!?"

"Por que não conseguem banir a tua existência?" perguntou uma Fukiyose irritada.

Mas seus sentidos haviam enferrujado nas férias de inverno? Ela parecia ter esquecido que insultos assim não eram nada além de uma recompensa. Ela podia ser duas ou três vezes mais severa e ele ainda agradeceria.

O telão na parede atrás do palco do auditório ganhou vida.


"Eu estou verdadeiramente grato que vocês tenham se reunido aqui pelo nosso filho hoje."


Os comentários remotos dos pais de Kamijou Touma tocaram na tela. Aparentemente, eles usavam mais do que simples telegramas hoje em dia.

Uma pancada alta veio do fundo do auditório.

Alguém foi incapaz de se conter e saiu correndo enquanto cobria a boca. Por um breve momento, a luz externa brilhou no auditório escuro. Surpreendentemente, aquela pessoa não era da sala deles. Do local em que ela estava, devia ser uma estudante de outro ano.

"Kami-yan certamente era amado."

"Ele tinha conexões bem estranhas. Eu o via falando com uma garota veterana às vezes."

Teve algum tipo de acidente que levou à gritaria, mas o funeral em si continuou sem problemas.

Azulão disse algumas palavras enquanto olhava para frente.

"Por que...?"

"Hm?"

"Por que as pessoas morrem tão facilmente?"

Isso era um tanto diferente de antes.

Morte.

A palavra agora carregava muito mais peso. Ao invés da emoção leve e vazia de perder uma vida num jogo, isso carregava um peso enorme de realidade.

Talvez essa fosse a finalidade de um funeral.

Era pra dizer adeus.

Mas de uma forma diferente da de um colega de classe se mudando.

Ao invés de não vê-lo novamente no seu dia a dia após isso, eles realmente nunca mais poderiam revê-lo. As pessoas não podiam aceitar isso tão rapidamente, então elas precisavam de uma maneira de suavizar o peso da realidade ou então a pequena sociedade de uma escola poderia desmoronar.

Era como colocar as coisas em foco.

Uh, oh.

Não era tão ruim quando a imagem diante dos olhos de Azulão estava borrada. Ele podia suportá-la assim. Mas quando as linhas entraram em foco, os cantos de seus olhos podiam estar em apuros.

Apuros?

Quem foi que disse que era errado chorar? Não era uma competição, e com quem ele pensava que estava competindo? Aparentemente, a rebelião adolescente podia ferrar com a vida das pessoas mesmo aqui.

"..."

Ele percebeu que não escutava a voz de Fukiyose há algum tempo.

Quando ele focou, ele pode ouvir algumas respirações aparentemente sendo cobertas por uma mão não vista.

Ou talvez ela tivesse um lenço.

Mas ele não ia dar uma espiada no assento ao lado.

Ele tinha inveja das pessoas que podiam se deixar chorar aqui. Ele sempre estava gritando na sala de aula, mas ele sentiu algum tipo de barreira o forçando a se segurar aqui.

Azulão não era um aluno aplicado.

Mesmo nas aulas normais, ele olhava para a janela e tinha devaneios sobre enfrentar terroristas.

Ele sempre achou que Kamijou Touma sobreviveria até o fim.

Ele sempre podia fazer tudo em suas fantasias, mas por algum motivo aquele garoto sempre sobrevivia por mais tempo que o próprio Azulão. Às vezes, Azulão salvava o mundo e terminava com um harém, mas era dramaticamente baleado e morria, mas Kamijou Touma, não importava o cenário, sempre sobreviveria no fim, não importa o quão ferido.

Mas.

A realidade era completamente diferente.

Ele podia pensar em um milhão de coisas para dizer se ele tivesse morrido, mas ele não conseguia pensar numa única palavra quando foi Kamijou Touma que morreu.

"Eu sou tão idiota," ele murmurou para si.

Ele não esperava por isso.

Algo havia acontecido que ele não tinha percebido.

Talvez, ele pensou, todas as pessoas ali pensassem essas coisas enquanto viviam com arrependimentos.


"Agora, se vocês puderem vir aqui para ascender o incenso. Sim, vai ajudar se vocês subirem pela escada na direita e descerem pela escada na esquerda. Podem começar."

2

Enquanto isso, duas garotas experienciaram isso de um ponto de vista diferente.


Distrito 7.

Uma escola do ensino médio comum.

O corpo estudantil inteiro estava reunido no auditório. Mas mesmo com o calor de centenas de corpos, o ar frio não pode ser banido completamente pelo ar-condicionado fraco demais pra o tamanho do lugar e os aquecedores halógenos foram preparados nas pressas.

Aquilo agia como o bafo da morte em contraste com o calor humano.

Uma grande foto estava em cima do palco.

O rosto pertencia a Kamijou Touma.

Elas não deviam ter esperado isso. Ele parecia vil no retrato forçadamente esticado de sua carteira de estudante. Mas talvez qualquer um ficaria assim numa foto 3x4 inexpressiva tirada de frente.

Um monge de meio período, que aparentemente era um animador mal sucedido que fazia isso como bico, segurava um microfone.

Sua voz estranhamente animada devia ser por causa da mistura de seus dois trabalhos.

"Obrigado a todos por virem apesar do clima ruim. Talvez até mesmo os céus estejam chorando pelo morto. Também me dói perder alguém tão jovem."

Em adição ao corpo estudantil, um espaço para convidados havia sido preparado em um lado.

Mikoto e Shokuhou estavam sentadas lá.

Uma delas estava tremendo.

"Brrrrrr. Misa-Misaka-sa-Misaka-san, tá tão fr-fr-frio, você precisa me a-a-a-aquecer."

"Cê tá vestida?"

Mikoto suspirou enquanto usava uma mão para afastar o rosto da rainha idiota – que Mikoto estava começando a suspeitar que ela pudesse estar "vestindo" pintura corporal – enquanto ela se tremia toda e tentava se agarrar à Mikoto pelo lado.

Esta era uma escola do ensino médio.

Para uma aluna do fundamental, era como um mundo completamente diferente.

Mas a tensão que ela normalmente sentiria não estava presente.

Na verdade, ela já esteve aqui antes, mas...

(Eu nunca pensei que iria visitar a escola daquele idiota pra isso.)

Seus suspiros pesados não paravam.

Entretanto, ela não viu ninguém que podiam ser os pais dele na sessão para convidados.

Não era surpresa.

Considerando toda a papelada e permissões necessárias, não houve tempo para convidar alguém para a Cidade Acadêmica.

"?"

"Que foi, rainha ardilosa?"

"Ah, eu estava me perguntando quem é o enlutado principal. Ainn, aquecedor halógeno☆"

Os olhos de Shokuhou Misaki derreteram-se ao ver a máquina que era como um "ventilador quente" que um organizador havia colocado num corredor próximo. Ela parecia estar pronta para abrir os braços e abraçar o aquecedor com corações nas pupilas. Por que ela veio ao funeral?

Mas deixando isso de lado...

(Enlutado principal.)

Parando pra pensar, era estranho.

Mesmo que isso tudo parecesse chique, os pilares cruciais estavam faltando.

Tudo isso parecia vazio e artificial.

"Dito isso, não devemos manter o morto aqui pra sempre. Mesmo que seja doloroso, temos que continuar a cerimônia para tranquilizá-lo em sua jornada ao grande além."

Um som gentil cobriu o auditório.

Música clássica de título e compositor desconhecidos começou a tocar.

"...?"

Mikoto sabia como tocar piano e violino, mas ela franziu o cenho. Ela não reconhecia isso. Podia muito bem ser uma música de cura recentemente composta num computador. Seria apropriado da Cidade Acadêmica.

Um slide de fotos passou junto à música.

Era óbvio de onde essas eram.

"O Grande Campeonato do Festival Estelar, o Festival de Exposições – Kamijou Touma-san realmente sorriu muito nestes eventos."

Uh, uh...

Soluços molhados foram derramados aqui e ali.

Mas espera.

Espera aí.

O que é isso? Mesmo em sua escola, quantas pessoas conheciam Kamijou Touma? Ele não participava de nenhum clube e não tinha conexões fora de sua classe. Ele não era um jogador experiente de shogi e ele não teve notas brilhantes no exame prático nacional. Então por que todos aqueles alunos que pareciam ser do segundo ou terceiro ano estavam chorando?

Mikoto estava perplexa.

Talvez fosse uma resposta Pavloviana, como as pessoas que sempre choravam quando escutavam uma caixinha de música quando num clima triste.

"Eles são como os delinquentes que só chorariam na cerimônia de graduação."

Agora que ela havia se recuperado usando o calor do aquecedor halógeno, o sussurro de Shokuhou perfurou Mikoto.

Você sorri no Ano Novo, e você chora em funerais.

Era só isso.

Como ligar um interruptor ou discar um número.

Isso era o suficiente?

A vida de alguém poderia acabar com isso?

Claro, ela também se irritaria se alguém estivesse conversando ou usando o celular no meio da cerimônia, mas isso parecia diferente. Suas lágrimas pareciam baratas. Ela queria se levantar e gritar que isso não estava certo.

Mikoto estava triste.

Ela não sabia o que fazer agora que havia chegado a hora de dizer adeus.

Mas.

Ela sentiu seu coração se distanciar por causa dessa cena. A distância continuou crescendo. Seu coração perdeu a habilidade de captar seus sentimentos.

Por quê?

Já havia acabado. Ela sabia disso. E ainda assim ela sentiu algum tipo de impaciência poderosa crescendo dentro dela.

Isso era realmente o suficiente?

Isso realmente marcaria o fim da vida de alguém?

"Para representar a todos vocês, sua professora de sala, Tsukuyomi Komoe-sensei, vai agora apresentar as flores."

"Uhh."

Podia tudo parecer emotivo, mas isso não era nada além de seguir o passo a passo numa lista.

Era rotineiro.

Era uma cerimônia para separar alguém da sociedade, esquecê-lo, apagá-lo.

E.

Mikoto viu um ponto vermelho no canto de seu olho.

"?"

Curiosa, ela virou a cabeça e viu um vídeo sendo gravado.

Como ela não era acostumada com funerais, ela pensou que isso fosse uma maneira de deixar algumas memórias para trás, mas...

"(Isso é da companhia funerária. Eu aposto que eles vão fazer cortes e usar isso nos comerciais deles.)"

Shokuhou foi mais insensível.

Talvez ela estivesse mais acostumada com mortes do que Mikoto.

Mas de onde?

Não havia resposta para aquela pergunta. Enquanto olhava para frente, o perfil de Shokuhou era um tanto solitário.

O animador controlando o evento continuou.

"Agora vamos receber uma mensagem dos pais de Kamijou Touma-san."

O slide dos eventos escolares forma substituídos por outra coisa.

"Eu estou verdadeiramente grato que vocês tenham se reunido aqui pelo nosso filho hoje."

Eles estavam usando um aplicativo de reunião online?

A parede branca atrás do palco do auditório serviu como uma grande tela para projetar alguém que era presumivelmente seu pai.

Ele devia estar em casa. A sala atrás dele parecia habitada.

Talvez isso tivesse sido muito repentino para outro cenário.

Seu usuário estava exibido abaixo dele em um texto pequeno.

Kamijou Touya.

Suas palavras eram qualquer coisa menos insensíveis.

Mesmo através da tela, Mikoto pode sentir o quão forte aquele homem adulto estava cerrando seus dentes para passar por aquilo.

Aquele lugar distante carregava um clima muito mais apropriado do que o local do funeral.

Ou pelo menos foi o que pareceu para Mikoto.

Ela sentia algo autêntico ali.

"Eu tenho certeza que a vida do Touma na Cidade Acadêmica foi cheia de sorrisos e memórias com todos vocês. Ele nunca foi bom na escola e nunca desenvolveu qualquer tipo de habilidade, mas temos que agradecer a todos vocês por terem permitido que ele aproveitasse a vida o suficiente para se esquecer disso. Nosso filho parecia tão feliz nos e-mails e mensagens que enviou para nós. Ele também mandou muitas fotos e vídeos. Aqueles breves vislumbres de sua vida foram o suficiente para nos mostrar que sua estadia aí foi brilhante e feliz. E eu imagino que ele se divertiu muito mais do que nos contou. Eu gostaria de agradecer profundamente a todos vocês pelo nosso filho. Mesmo que sua vida aí tenha sido encurtada, ele realmente teve a sorte de estar cercado de tantos amigos mara- kh...não, eu não consigo fazer isso!!"

Sua voz trêmula ficou tensa no meio do caminho.

O rosto do homem de meia-idade preencheu a tela. Com lágrimas brotando em seus olhos.

"Ele era nossa família!! Nosso filho morreu!!! Mas eles não nos deixam entrar na cidade!! Eles nem mesmo nos disseram a causa da morte!! Não é tão seguro dentro desses muros quanto eles nos disseram!? Isso é loucura! O que diabos está acontecendo nessa cid- (voz silenciada)"

Sua boca se moveu silenciosamente por alguns segundos antes do vídeo também ser removido.

O animador colocou um sorriso falso no rosto e tentou encobrir o que havia acontecido.

"Minha nossa. Parece que o sinal está instável e já que ele não voltou ainda, vamos seguir em frente."

Como eles podiam seguir adiante com aquilo!?

Mikoto estava prestes a se levantar da cadeira dobrável, mas Shokuhou segurou sua mão.

Firmemente, para segurá-la em seu assento.

Mesmo a rebelião acalorada de seu pai não havia feito nada.

Aquilo era só mais uma parada no fluxograma.

Ao seguir com a próxima parada, eles podiam colocar a cerimônia de volta nos trilhos.

"Agora, se vocês puderem vir aqui para ascender o incenso. Sim, vai ajudar se vocês subirem pela escada na direita e descerem pela escada na esquerda. Podem começar."

Se todo o corpo estudantil queimasse o incenso, eles ficariam ali o dia inteiro. Ao invés disso, cada classe mandou um representante para o altar. Os funcionários seguravam cronômetros e mantinham tudo dentro do horário determinado no ensaio. Alguém havia morrido, mas eles não permitiam que nada quebrasse.

Era como as areias numa ampulheta.

Uma vez esgotado o estoque, tudo estaria acabado. O caixão seria fechado e colocado no carro fúnebre para ser levado ao crematório. Então, não restaria mais nada. Kamijou Touma seria queimado até as cinzas, não deixando nada até mesmo numa escala genética.

O monge animador continuou com um sorriso.

"Finalmente, eu gostaria de ler alguns telegramas que chegaram daqueles próximos ao falecido. Para começar, hm, temos uma Senhorita Leivinia Birdway da Inglaterra."

Estava acabando.

O funeral realmente acabaria.

"Você tá encarando isso da forma errada."

Ainda olhando para frente, Shokuhou falou de forma quieta, mas clara, em sua roupa de luto.

Mesmo que o Mental Out não devesse funcionar em Mikoto.

Sua voz estava um pouco dura, mas ela ainda conseguiu dizer.

"Temos que encerrar a vida dele nós mesmas. Então, Misaka-san, você precisa se preparar para dizer adeus de verdade."

3

Lá fora, na fria cidade de janeiro, Index e Othinus estavam na chuva.

Sem um guarda-chuva.

A hora do café da manhã havia passado, mas pela primeira vez Index não tinha apetite.

Em seu ombro, Othinus segurou a aba de seu chapéu e olhou para cima.

"Pelos Deuses. Até mesmo a previsão do tempo sentiu a necessidade de nos trair... Essa chuva anormal é mais do que eu esperaria do azar daquele humano."

"Isso seria típico do Touma."

"Junto com a falsa condição do céu."

"?"

Um veículo longo passou por elas. O automóvel estranho estava decorado em preto e dourado.

Era um carro fúnebre.

Dois ônibus o seguiram.

Quando eles passaram completamente, Othinus sussurrou uma pergunta.

"Tem certeza que não quer ir?"

"E você?"

"Eu sou o Deus da guerra, magia e enganação. Isso não é o julgamento de Baldr e eu não sou do tipo que chora em funerais. Mas você é uma freira, não é? Essa vai ser realmente a sua última chance. Você pode estar bem agora, mas o arrependimento de não se despedir dele vai pesar na sua consciência depois."

"Eu ainda estou em treinamento."

Index abaixou a cabeça.

Ela tinha que estar sentindo algo.

Othinus não falou sobre isso.

O Deus caolho com uma lança era raramente apresentado como bondoso.

"Agora, o que faremos? Somos a amostra viva de uma Deusa da Magia e uma biblioteca de grimórios. Se formos para o mundo sem a proteção da Cidade Acadêmica, as cabalás mágicas do mundo todo vão nos perseguir. Se você não está interessada em segui-lo para a morte, então você precisa continuar trabalhando sua sobrevivência."

A cidade era cercada de grossas muralhas e ondas eletromagnéticas e infravermelhas invisíveis eram usadas para cortar toda comunicação sem fio entre o exterior e o interior. Mesmo assim, o ar em ambos os lados era o mesmo e insetos e pássaros podiam voar sobre os muros com facilidade.

Então.

Index ergueu a cabeça e deu sua resposta.

"Vamos fazer o que o pombo correio mandou."

"Pelos Deuses. Esse método é tão antiquado que eles o ignoraram? Se bem que assim que a Cidade Acadêmica descobrir, eles provavelmente vão preencher essa lacuna com feromônios ou luz ou algo do tipo."

Se elas fossem pra sua escola agora, elas provavelmente chegariam a tempo.

Mas elas não foram.

Elas não podiam.

Index deu seu motivo.


"Se eu estivesse lá para dizer adeus, eu sei que eu arruinaria toda a cerimônia por chorar alto demais."


O gato não disse nada nos braços da garota.

Ele não deveria entender o que estava acontecendo, mas por algum motivo ele parecia compreender.

4

"Acabou," murmurou Azulão.

Toda a força deixou seu corpo.

Ele fez um som como se se time tivesse perdido um grande torneio.

"Esse é o fim do funeral do Kami-yan."

"Recomponha-se, a Komoe-sensei tá chamando a gente pra ir pro crematório."

Talvez Fukiyose achasse aquilo mais fácil se concentrasse sua mente numa tarefa. Ela parecia estar constantemente procurando por uma nova.

Azulão esfregou sua barriga.

"Eu tô morrendo de fome... Eu quero devorar meu almoço enquanto assisto um anime isekai de culinária pra dar um reforço psicológico ao bentou de loja de conveniência."

"Que tal você mastigar um lenço?"

Apenas seus colegas de classe iriam para o crematório. Por mais que tivessem chorado durante o funeral, os alunos de outros anos não esperaram muito antes de deixarem o auditório. Quase como um anúncio de cinema com pessoas fazendo comentários insinceros em uma exibição adiantada. O tipo de anúncio que faz parecer que o recorde de filme mais comovente do século vai ser quebrado a cada dois segundos.

Azulão viu uma veterana peituda de cabelo preto olhar para trás em direção ao palco mais uma vez na saída antes de ir.

"Será que eles apareceriam se fosse um de nós a morrer?"

"Isso é melhor do que nada. Você fica com vontade de chorar vendo a notícia na TV ou online?" Fukiyose perguntou secamente.

O fato de que ela parecia mais irritável do que o normal pode ter sido o maior elogio à Kamijou Touma, que havia desaparecido de sua escola.

5

Uma mulher em hábito bege estava de pé numa cidade de branco e preto.

Aquele era o Humano Aleister Crowley.

A chuva artificial ridícula continuava a cair.

O golden retriever continuou ao seu lado no frio sem reclamar uma única vez, mas ele perguntou uma coisa.

"Você não vai ver isso até o final?"

"Você sabe muito bem que eu não tenho a coragem. Por que eu teria lutado tanto se eu tivesse?"

"O arrependimento sempre vem depois."

"Eu sei disso. Melhor do que ninguém nesse mundo," Aleister cuspiu.

Ele não queria acreditar.

Ela havia prometido que ela quebraria qualquer regra necessária para salvar o garoto.

Ela havia quebrado sua promessa no fim?

Isso significava que tinha algo que mesmo Anna Kingsford não conseguia fazer.

Ele sabia que isso era tão absurdo quanto esperar que seus pais continuassem a ser seres infalíveis, mas ainda assim.

"Se ao menos eu pudesse ter salvado aquele," murmurou Aleister.

"?"

"Aquele ato teria significado tanto. Ele teria causado uma reação em cadeia para consertar tudo. Mas ele falhou no primeiro dominó. ...Aquele garoto continua morto."

Kihara Noukan era um gênio incomum até mesmo para um Kihara, mas até ele teve problemas em entender o que Aleister queria dizer.

E ele sabia que o humano não ia explicar.

O que quer que fosse era um sonho que havia acabado.

"E agora?" perguntou o cachorro.

"Eu não estaria vagando assim se eu pudesse responder isso."


A vida tinha algum sentido agora?

Suas perguntas atingiram esse nível.

À que, neste mundo enorme, ele deveria amarrar sua existência?

6

A chuva estava caindo.

O funeral no auditório havia acabado então a maioria dos alunos estavam usando a passarela para voltar ao prédio principal da escola.

Eles estavam pegando algo e polvilhando em suas cabeças. Era sal.

Mikoto suspirou suavemente enquanto andava.

"Então até mesmo os estudantes na escola dele tratam a morte dele como algo sujo."

"Eu duvido que muitas pessoas na Cidade Acadêmica entendam o simbolismo. Assim como muitas poucas pessoas se preocupam em aprender a etimologia de palavras como 'kon'nichiwa'[1] e 'sayounara'[2]. A maioria das pessoas não vê isso como algo além do que precisa ser feito, como curvar a cabeça ao entrar numa sala. E tem que estar tão frio!?"

O fôlego gritado de Shokuhou já estava visível.

E uma chuva fria estava caindo do lado de fora.

Shokuhou tinha começado a segurar seus próprios ombros, mas assim que viu Mikoto, se agarrou nela.

"Me larga, Shokuhou. Quimonos são difíceis de arrumar quando saem do lugar, então para de me agarrar."

"Ah, qual é... Ser uma garrafa de água quente é sua única serventia, Misaka-san."

"Ah, é? Mesmo que eu tenha um par de aquecedores de mão?

Shokuhou Misaki virou pedra.

Os cantos de seus lábios se mexeram.

Seu orgulho parecia estar em guerra sobre se ela deveria ou não colocar um sorriso educado.

"Se você não quer, tudo bem. Eu vou selá-los no fundo da minha bolsa. Numa zona onde eu não possa mais retirá-los."

"Espera, Misaka-saaan! Você venceu, eu admito! Então, por favor, mostre um pouco de compaixão por essa Pequena Vendedora de Fósforos congelando no frio do inveeeeeeeeerno!!"

"Você faz com que todas te chamem de rainha e agora tem a pachorra de agir como a pobre Pequena Vendedora de Fósforos?"

Mikoto brincou com a garota sedentária jogando os pacotes de aquecedores de mãos um atrás do outro como se fosse fazer malabarismo.

...Essa troca inteira pode ter sido uma forma de preservar seu equilíbrio mental. Para Mikoto, a animação forçada apenas fez sua vida inteira parecer uma atuação.

"Ahh...☆"

"Ei, onde diabos você tá enfiando esse aquecedor de mão, Shokuhou!? O que aconteceu com a nossa cultura de ter vergonha!?"

A garota estava fechando seus olhos, tremendo e suspirando como se estivesse entrando em fontes termais, mas seria melhor que os detalhes ficassem de fora.

Ela era capaz de priorizar o que realmente importava, o que significava que ela era do tipo que decidiria se aconchegar nua com ela se estivessem presas numa montanha nevada durante o inverno. Mikoto estava certa disso agora.

O oficial próximo ao carro fúnebre formou um megafone com as suas mãos e os guiou.

"Os ônibus estão aqui! Um, se você for da escola, use o ônibus 1. Se você for um visitante, use o ônibus 2."

Sim, ainda não tinha acabado.

Muitos guarda-chuvas desabrocharam como flores e se reuniram.

Carregado pelos adultos.

O caixão foi carregado para o carro fúnebre.

O veículo preto e dourado iria para o Distrito 10.

Especificamente, para o crematório.

O corpo estudantil inteiro não caberia lá, então o que parecia ser apenas a classe de Kamijou iria.

Um ônibus era o suficiente para levá-los.

E um segundo ônibus era o suficiente para os visitantes.

Outro limite de tempo havia aparecido.

Mikoto viu a distância até o crematório como uma contagem regressiva de uma bomba relógio.

Mas de que adiantava aquele limite de tempo agora?

A morte não podia ser revertida.

Já havia acabado.

"..."

"Ohh, habilidade de aquecimento abençoada. As conveniências modernas são realmente maravilhosas..."

Ao lado dela, a rainha estava dizendo algo que sugeria que um kotatsu era tudo que você precisava para ganhar seu coração.

Os dois ônibus deixaram a parte de trás da escola para seguir o carro fúnebre. Os repórteres na frente pareciam estar se agitando, mas os ônibus não tinham a obrigação de esperar por eles.

Ninguém no ônibus razoavelmente grande disse uma única palavra.

O sistema de navegação de GPS proveu algumas instruções numa voz feminina, mas o motorista parecia estar ignorando elas. Talvez tivesse algum tipo de norma, mas o carro fúnebre parecia estar evitando as rotas mais curtas e tomou o caminho mais longo até seu destino.

No assento ao lado, Shokuhou sussurrou brevemente enquanto olhava para fora da janela sendo surrada por gotas de chuva.

"Misaka-saaan."

"Ugh, que idiota mandou um drone atrás da gente?"

Com um som elétrico, o multicóptero perdeu o controle na chuva.

Mas quem aqueles repórteres insistentes queriam atacar com seus artigos? Certamente não era Alice Anotherbible ou os Transcendentes do lado oculto do mundo.

"Talvez seja certo dizer que nós mandamos ele pra sua morte também. Nós não entramos em seu caminho e o atacamos, mas nós demos um empurrão nas costas."

"Misaka-san. Difame a determinação dele mais uma vez e eu vou te dar um tapa."

Mas Shokuhou não chegou a negar.

Isso provavelmente a incomodava também.

Foi que nem quando elas tinham lutado contra Christian Rosenkreutz. Foi preciso muito poder pra repeli-lo e Kamijou teria sido morto se ele tivesse sido insuficiente até mesmo de leve.

Mesmo assim.

Se seus poderes não tivessem sido o suficiente, ele teria considerado fugir?

"Provavelmente não."

"Não mesmo. Eu não consigo o ver desistindo de uma luta que ele começou."

Ele não havia realmente começado aquela luta, mas não importa o quão injustamente ele tenha sido arrastado pra elas, ele sempre lutava até o fim. Para que ele pudesse gentilmente desemaranhar os fios bagunçados.

"..."

Não demorou muito.

Eles chegaram ao crematório.

Um largo telhado cobria a área na entrada.

Ele foi feito com climas ruins assim em mente?

Parecia que eles teriam que esperar que os trabalhadores lidassem com o caixão.

"Vai em frente, Misaka-san."

Com a sugestão de Shokuhou, Mikoto saiu do ônibus.

Ela não estava acostumada a descer as escadas de um ônibus em roupas de luto japonesas. A roupa era como um tubo, será que ela tinha sido desenhada com a subida e descida de escadas em mente?

"É claro que foram. Você esqueceu-se dos degraus de pedra levando até os templos xintoístas e budistas?"

"Ah, não. Agora a idiota tá me corrigindo."

"Oh? Misaka-san, você esqueceu que eu sou do tipo intelectual? Se importa de ver quem se sai melhor na nossa próxima habilidade de exame?"

Parando pra pensar, eles não tinham pagodes de cinco andares no período Edo? E aqueles prédios não tinham elevadores ou escadas rolantes.

Shokuhou Misaki continuou a esfregar o aquecedor de mão contra sua bochecha. Ele já devia ter ficado sem bateria, então ela tava usando o efeito placebo? Ou talvez o frio estivesse fazendo ela alucinar.

Um guia oficial os levou para dentro do prédio.

Havia salas numeradas com tatames e câmaras de cremação enfileiradas.

Talvez fosse uma regra, mas as câmaras de cremação sem uso estavam com as portas abertas. Uma porta quadrada de metal levava a um espaço fechado aparentemente feito de tijolos ou blocos. O formato era parecido com uma fornalha de padeiro modificada.

Mikoto espiou uma sala e ficou em silêncio.

"..."

Não era nem do tamanho de uma lavanderia.

E ainda assim, tudo parecia muito organizado e otimizado.

Ela suspirou suavemente.

(Eu só não tô acostumada com isso.)

Foi um pouco de alívio quando ela avistou algumas máquinas de vendas velhas amontoadas num canto do longo corredor. Ela queria ver algo que desequilibrasse a organização excessiva daquele lugar.

"É bem quentinho no prédio, pelo menos. Ugh, mas agora eu meio que tenho que ir ao banheiro."

"Eu fui tola em procurar por salvação numa idiota desleixada como ela..."

Elas podiam ouvir a conversa de oficiais numa sala ou outra.

Suas vozes vinham do chão como o frio.

"Um garoto do ensino médio saudável? Ele deve ter ossos grossos."

"Vamos ter que queimá-lo por quatro horas inteiras. É a única forma de não deixar nenhum traço do seu DNA ou dos químicos usados pra o desenvolvimento de habilidades."

Um som pesado de raspagem se seguiu.

Veio de algo parecido com um pedaço de cerâmica do tamanho de uma bola de vôlei. Algo o fez raspar contra a tampa.

"O que diz a tabela de altura? Esse tamanho tá bom?"

Era uma urna funerária.

Uma pessoa inteira realmente caberia numa coisa tão pequena?

Mikoto em roupas de luto franziu o cenho.

"Espera. Eu entendo cremar ele, mas quem fica com as cinzas?"

"A urna funerária pode ser transferida pra alguém depois de ser colocada no túmulo."

O dedo de Shokuhou pairou indeciso na frente da máquina de vendas, mas ela apenas se remexeu sem realmente comprar um café quente. Seu medo de aditivos artificiais parecia estar ressurgindo.

"Por hora, ele provavelmente vai ser enterrado num túmulo público temporariamente."

Eles podiam simplesmente fazer isso?

Mesmo como cinzas, ele oficialmente seria "restos".

Além disso. Seus pais aparentemente não estavam na cidade, então quem havia enviado a notificação de óbito ao órgão governamental? Mikoto achava que não se podia cremar alguém sem que a notificação fosse recebida.

(Por outro lado, essa é a cidade que enterrou mais de dez mil clones em segredo, então eles devem ter algum truque pra burlar isso.)

Eles entraram na sala de espera.

O espaço era de cerca de 45 metros quadrados.

Talvez todos quisessem ter seu próprio espaço.

Seus colegas de classe estavam aqui, mas Mikoto não os conhecia muito bem. Ela naturalmente manteve distância.

Era um sentimento estranho.

Por que ela estava ao lado de Shokuhou?

E enquanto Mikoto geralmente associava funerais com flores e incensos, o cheiro de velas acesas era mais forte. Talvez por que aquele cheiro era mais oleoso.

Uma grande TV LCD estava na sala com tatames. Em adição à TV aberta e à cabo, ela incluía um aplicativo de streaming online. Ali também tinha um tablet com um chip público. Talvez fosse para que comida quente pudesse ser pedida com um serviço de entrega. Mikoto reconheceu alguns aplicativos alinhados na tela.

Shokuhou apontou para uma tela deslizante na parede que parecia levar à um espaço de armazenamento.

"Parece que eles tem lençóis para cochilos ali."

"Eu não acho que dormir aqui traria bons sonhos."

Quatro horas.

Isso explicava o porquê deles terem tantas opções de entretenimento para passar o tempo.

"Shokuhou."

"Sim?"

"Você consegue aguentar quatro horas?"

"Perdão, dá licença que eu vou me refrescar."

Shokuhou em roupas de luto ocidentais desapareceu pra algum lugar com um olhar sério em seu rosto. Pelo visto ela tinha ido ao banheiro. Incapaz de relaxar sem nada para por sua atenção, Mikoto pegou o controle da TV e olhou para a tela gigante. A época dos especiais de Ano Novo havia acabado. Uma aluna do fundamental como ela não tinha ideia do que passava nas manhãs dos dias de semana.

(Mas talvez fosse mais autêntico se eu não me estressasse muito com isso?)

Você devia sorrir no Ano Novo e chorar em enterros.

Ela estava cansada de ver as pessoas trocando de modos como se fosse manual.

Ela passou pelos canais por um tempo.

Os talk shows eram mais do que ela podia lidar hoje, então ela continuou pulando de canais para escapar deles, mas o que isso deixava eram programas de vendas e dramas velhos.

Após parar num programa sobre animais via satélite, ela viu um urso polar enorme atacando uma família de focas sem piedade. Ela ficou chocada. Ela estava esperando imagens de gatinhos e cachorrinhos fofos. Ela não estava procurando pela realidade sangrenta e cruel da natureza agora!!

"O que você tá fazendo, Misaka-saaan? Por que você não escolheu um programa seguro sobre cruzeiros mundiais?"

Aquela garota havia retornado, parecendo exasperada.

Mas por que Shokuhou Misaki era tão familiar com programas das manhãs dos dias de semana?

"Você é realmente uma aluna do fundamental?"

"Se você está tentando dizer que eu sou uma velha, eu vou te bater."

Algo estava parado próximo à TV.

De início, Mikoto pensou que era um pedaço de arte no estilo japonês para ajudar a preparar o clima.

"Pera..." ela disse sem pensar.

Eles já tinham preparado uma placa memorial.

De início, Mikoto ficou confusa com o dono dela, pois o nome era um nome de Dharma[3].

"Eu sempre achei que o nome era pra ser simbólico de algum jeito."

"Na Cidade Acadêmica, eles aparentemente tem um site que atribui um automaticamente. Sabe, ajustando numas habilidades de programa pra criar um apelido caso você não consiga inventar um sozinho."

Essa cidade não tinha a regra que dizia que isso apenas contava se viesse de um abade?

É claro, parece que os monges da Cidade Acadêmica era trabalhadores de meio período que também trabalhavam como animadores.

7

Dentro da prisão do Distrito 10, uma tela mostrava a oficial da Anti-Skill, e professora do ensino médio, Yomikawa Aiho enquanto ela fazia seu relatório.

"O funeral acabou sem problemas."

"Entendo."

"O carro fúnebre saiu pro crematório. Aqui nós vamos fazer uma versão resumida da cerimônia de abertura. Você está mais próximo do crematório, na verdade."

O crematório era no mesmo distrito, mas esse simples fato estava muito longe da mente do novo Presidente do Conselho.

Não parecia real.

(Aceitar a morte dele? Por que sou eu que tô dizendo essa merda?)

Ele pensou que sentiria raiva ao estar à beira da morte. Mas agora que essa linha havia sido cruzada, ele deveria se livrar de toda aquela emoção? Accelerator não conseguia dizer nada. Ele estava encarando aquilo como deveria, ou seus sentidos estavam simplesmente anestesiados?

Ele não podia se dar o luxo de esquecer a sensação do calor humano.

Não importa quantos ele salvasse com métodos sem vida, ele apenas estaria trilhando o caminho dos antigos erros da Cidade Acadêmica.

Então o que ele deveria fazer?

Era mais humano deixar que suas emoções explodissem e destruíssem tudo em sua volta?

"..."

O monstro Nº 1 da Cidade Acadêmica olhou para cima.

Ele não podia ver o céu ali. Apenas o teto feito de uma espessa armadura especial.

A prisão tinha sofrido danos consideráveis do ataque de um daqueles Transcendentes. Esta sala era uma cela secundária para qual ele havia sido transferido. Ainda assim, o monstro branco não havia morrido. Mesmo que houvesse diversos motivos para ele ser morto. Era assim que a vida era?

"No que aquele merda tava pensando, morrendo antes do vilão," ele murmurou.

A morte era imparcial

Ela podia visitar qualquer um à qualquer hora, não importa o quão boa pessoa ela fosse, e ela perderia a vida.

"Aneri."

Um apito eletrônico.

De rejeição.

Aparentemente outra pessoa tinha os privilégios de administrador ali. O novo Presidente do Conselho não se importava muito.

"Qliphah Puzzle 545."

"Sim, sim. Kee hee hee."

Naquele sentido, a demônio artificial era muito menos problemática.

E ela também sabia muito sobre o mundo além da ciência.

O Nº 1 só tinha uma pergunta.


"Onde está a pessoa que fez isso?"

8

Uma chuva fria estava caindo.

A feia chuva não podia se tornar neve, mas ela rejeitava todo o calor humano enquanto naturalmente permeava a cidade de tecnologia científica de ponta.

A chuva roubando o calor da cidade inteira era imparcial.

Mesmo nos becos.

As incontáveis gotas caiam do céu encontravam a todos impiedosamente, mesmo uma garota silenciosa e instável, e os encharcavam.

Ela era alta. Ela vestia cintos de couro preto amarrados de maneira complexa em seu corpo nu, fazendo com que ela se destacasse até mesmo na Cidade Acadêmica, que era isolada do resto do mundo.

Seu longo cabelo loiro ondulado estava colado em sua pele branca.

Ela não parecia ter ao menos a força de vontade para afastá-los.

"..."

Alice Anotherbible.

Ela olhou para o pedaço de céu chuvoso visível entre os prédios.

E ela não se moveu.


Ela sabia que o garoto ia morrer mesmo antes de se conhecerem.

Ela mesma havia dito isso.

Mas ele havia deixado o caminho da sobrevivência para que pudesse salvar a vida de outros.


"Você vai morrer."

"Isso não muda minha resposta."


Ela viu o garoto correr em direção à morte.

Ela pensou que ele pediria ajuda em algum momento.

Mas ele não o fez.


"Então me enfrente!! Alice Anotherbible!!!"


Kamijou Touma havia a rejeitado uma vez.

Ela havia perdido a noção de si e ressuscitado Christian Rosenkreutz, como lhe foi dito.


"Espera. Você não quer dizer que...?"


Sim, ele havia sido abalado quando ficou sabendo que estava condenado a morrer.

Mas ele ainda escolheu as vidas dos outros.

O garoto condenado havia se mantido fiel aos seus princípios e finalmente trouxe Alice Anotherbible de volta a si.


"...Eu..."

"Eu não..."

"Eu não quero ver ninguém sofrendo de mais azar do que eu!! Algum problema com isso!?"


Ele não ia voltar.

Alice Anotherbible podia facilmente distorcer o mundo ao seu redor como quisesse, mas era exatamente por isso que a pessoa que ela tinha matado não podia retornar.

Este era o resultado.

Aradia, a Súcubo de Bolonha e o resto dos Transcendentes da Associação dos Construtores de Pontes não estavam mais aqui.

Isso significava que Alice Anotherbible não era mais uma temível líder.

Ela podia enganar as pessoas, fazendo-as enxergar uma forma de beleza ao levar a morte e a violência aos extremos, mas isso não tinha sentido sem esses extremos. Ser o segundo melhor ou pior só te fazia um encrenqueiro.

Uma voz rouca falou.

A garota que tinha perdido tudo sussurrou para o vazio.


"Sen...sei."

9

O momento final havia chegado.

Eles nunca mais veriam o rosto de Kamijou Touma.

O caixão já estava fechado.

Embora fosse um caixão japonês, então ele tinha uma portinhola dupla sobre seu rosto, aquele pequeno espaço quadrado parecia estar se distanciando lentamente do mundo exterior.

"..."

Mikoto estendeu sua mão um pouco e tocou sua bochecha. Suavemente.

"?"

"Pera. Você vai se sentir mal se você bagunçar a maquiagem mortuária dele no finalzinho, né?"

"Ah, sim. É que..."

"O que?"

Mikoto não tinha uma resposta para o olhar curioso de Shokuhou.

Enquanto isso, a Rainha Nº 5 fez sua jogada. Ela ergueu uma mão para o lado de sua cabeça e levantou seu véu antes de abaixar a cabeça em direção à janelinha.

No instante antes dela beijar sua bochecha, Mikoto deu uma cotovelada em suas costelas.

Forte.

"Sem tocar."

"Ubwogh!? E-eu não vejo o problema em desejar boa sorte à ele na próxima vida, sério!!"

"Você não iria querer bagunçar a maquiagem mortuária dele, né? Além disso, você tá usando batom."

Misaka Mikoto havia crescido na Cidade Acadêmica onde a ciência era tudo, mas ela ainda sabia que seria inapropriado queimar alguém com uma marca de batom no rosto.

Nenhum deles teve muito tempo para dizer adeus.

Mikoto e Shokuhou se afastaram.

Azulão colocou um pequeno objeto retangular no travesseiro de seu amigo de olhos fechados.

Era um smartphone.

Fukiyose franziu a testa.

"Você pode colocar isso aí?"

"Kami-yan ficou tão feliz quando conseguiu o seu primeiro smartphone..."

Um funcionário poderia ficar irritado com ele se descobrissem, mas após queimarem qualquer dente de ouro e ossos artificiais com o corpo, eles aparentemente recuperavam os minerais raros. ...E eles não saberiam que materiais haviam sido inclusos nos acessórios caros de ouro puro de uma pessoa rica.

O animador mal sucedido que trabalhava meio período como um monge começou a falar em seu microfone.


"Agora, pessoal, vamos rezar mais uma vez pela sorte do falecido na próxima vida. É a hora de dizer nosso último adeus."

10

E.

E.

E então.

11

...

...

...

Kamijou Touma silenciosamente abriu seus olhos num espaço pequeno e escuro.

Sim.

O garoto de cabelo espetado abriu seus olhos.

"?"

(Onde é que eu tô? Eu não sei dizer, mas definitivamente isso não é aquele inferno artificial. Então eu tô vivo de novo? Então a Kingsford manteve sua prom-)

"Bweh, coff! Coff, urgh!!"

Agora não era hora de se emocionar.

Algo estava preso em sua garganta. Ele desesperadamente tossiu até que o amontoado de alguma coisa saísse. Era escuro demais pra ver o que era. Ele tateou no espaço apertado até que encontrou algo. Por qualquer motivo que fosse, um telefone estava com ele na caixa pequena.

Aquilo o deu uma luz.

Ele tentou abrir seus olhos para ver, mas tinha algo de errado com sua visão.

"Ai!! Meus olhos doem!? Que diabos!? Tá me zoando, né!? Tem alguma coisa neles!?"

Ele abriu suas pálpebras de maneira hesitante com uma mão e usou o indicador da outra pra sentir o que era. Era grande. Ele puxou algo maior do que uma moeda de 100 ienes de baixo de suas pálpebras. Ele conferiu com a luz de LED e descobriu que era um algodão absorvente encharcado com suas lágrimas. Ele tremeu.

E a coisa que havia estado em sua garganta parecia ser algum tipo de pano.

Talvez para impedir que sua língua entrasse em sua garganta ou talvez para impedir que insetos entrassem em seu corpo? Ele não sabia que faziam tudo isso em funerais.

E algo mais lentamente o atingiu.

Isso não era o necrotério de um hospital. Ele tinha achado que isso era um daqueles espaços de armazenamento que parecem armários que aparecem em séries de TV, mas não era. Ele não sentia frio ali.

Isso apenas deixou uma possibilidade.

"Peraí..."

Ele estava deitado de costas num espaço muito pequeno para se mexer. Ele sentia o cheiro de madeira e flores ao seu redor. O teto? Ele sentia madeira a menos de 30cm acima. Dependendo da luz em seu celular, ele tentou pressioná-la com sua mão e a resistência desapareceu mais cedo do que ele esperava. Ah? Não era pesado?

Não.

Ele tinha apenas aberto uma pequena portinhola dupla que já estava ali. Cerca de 20cm de largura.

"Ei, ei, espera aí..."

O espaço além daquela pequena janela era escuro também. E ele cheirava a metal. Após todas aquelas refeições baratas que ele havia cozinhado em seu dormitório, ele reconhecia o que estava vendo.

Aquilo era uma grelha de peixe.

Só que essa era grande o suficiente para fritar um ser humano inteiro.


"UbwahhhhhH!! Quer dizer que eu tô no crematório!!?"


Entender suas circunstâncias era importante.

Porque agora o aperto em seu coração era muito mais forte.

Isso significava que a caixa de madeira em que ele se encontrava era um caixão!? Ele empurrou a tampa em si com suas mãos para tentar escapar, mas...ah, não. Ela não estava se abrindo. Ela não parecia pregada. Ela abria alguns centímetros antes de algo a parar. Aparentemente a câmara de cremação em si era baixa, então a tampa do caixão estava batendo no teto.

Espera, isso significava que ele não podia sair?

Se ele ficasse ali desse jeito, ele tinha uma forte sensação de que eles realmente acenderiam a câmara.

"Socorro!! Eu sei que é tarde demais pra isso, mas Kamijou Touma está vivo, então vocês todos tem que esperaaaaaaaaar!!"

Ele gritou com toda a sua força...mas adiantou?

Não houve reação.

Ele nem tinha certeza se sua voz seria ouvida do lado de fora da câmara. Ele nunca esteve num crematório antes, mas as câmaras não tinham grossas paredes de metal? E ele era o Sr. Azar da Cidade Acadêmica. Estava parecendo que ele não seria notado e seria torrado por causa de um descuido. Era bem provável.

"O-o-o-o ce-celular! Eu preciso ligar pra alguém do lado de fora e- mgwah!? Por que não tem sinal!? É por que as paredes são grossas demais!? Essa câmara de cremação de pedra e metal tá bloqueando o sinal!?"

Não parecia que ele podia contar com a ajuda do mundo exterior.

Ele teria que sair de lá sozinho.

Entretanto, o espaço era muito pequeno. Não parecia que a tampa do caixão iria se abrir dentro da câmara de cremação, mas isso só significava que ele teria que ser criativo.

"Hnh!!"

Especificamente, ele se moveu para um lado do caixão retangular para mover o centro de gravidade dele. Então ele rolou pra o lado. Como se ele estivesse se movendo dentro de uma bola gigante, ele virou o caixão em 90 graus.

Tinha mais espaço horizontal do que vertical.

Ele pode finalmente abrir a grande tampa e fugir do caixão...ou foi o que ele pensou antes de uma grande pancada o atingir nas costas. Ele se engasgou e então percebeu que havia caído de algo. O teto parecia baixo por que o caixão estava suspenso em algo semelhante a uma maca. O cheiro de metal estava mais forte agora. Ainda assim, o lugar estava escuro e ele sabia que estava dentro de uma grelha de peixe gigante que iria queimar sua carne e ossos usando o gás da cidade. Mesmo agora, ele assumiu que as despedidas emocionantes estavam solenemente chegando ao seu clímax. Se ele esperasse por ali, ele teria o mesmo destino que um sauro do Pacífico preparado por uma amiga de infância que era péssima na cozinha.

(Quanto tempo até eles acenderem? Droga, eu não consigo ouvir vozes lá fora!!)

Podia ser daqui a uma hora, mas também podia ser daqui a um minuto.

De qualquer, ele estaria acabado quando acontecesse.

Kamijou olhou ao redor com seu celular e descobriu canos de metal tão grossos quanto seus dedos percorrendo o teto baixo. Ele escolheu não imaginar do que era feita a fuligem preta que ele viu. Na verdade, ele se esforçou muito para não pensar nisso. O formato do lugar era realmente semelhante a uma grelha de peixe. Isso significava que ele tinha alguns pulverizadores de gás e velas de ignição.

(Eu tô ferrado se eles funcionarem direito.)

"!! Ah, que inferno!!"

Ou, em outras palavras, ele tinha que os destruir se quisesse sobreviver! Ele agarrou o que conseguiu e puxou até que um cano saísse com um estalo seco.

Ele não podia celebrar ainda.

Um cheiro horrível atingiu seu nariz.

Uma ameaça familiar para qualquer um acostumado com cozinhas apertou seu coração, ainda mais do que antes.

(Peraí, isso é gás?)

"Gwohhhhh!! Isso significa que a câmara tá se enchendo de gás mesmo sem estar queimando!? Então eu vou morrer sufocado de qualquer jeito!!"

Ele não tinha noção se tinha aumentado ou diminuído seu limite de tempo.

Se debater não iria adiantar de nada.

Ele sabia o que tinha que fazer. Ele tinha que sair dali. Não importava como.

Não tinha nada semelhante a uma chaminé. Ele assumiu que uma saída de exaustão estava por ali em algum lugar, mas ele não conseguia encontrá-la com a luz de seu celular. Será que tinha algum buraquinho escondido em uma brecha? Pelo menos, não parecia que ele podia se espremer por um duto como a estrela de um filme de ação.

Só restava uma opção.

A única saída era a porta pela qual ele havia sido enfiado ali.

"Kh."

(Mas ela vai abrir? Eu não sei muito sobre funerais, mas as portas das câmaras de cremação não são feitas com um metal bem grosso!?)

Ele desesperadamente apontou a luz de LED de seu celular naquela direção...e não viu uma maçaneta. Na verdade, ele ficou surpreso ao ver que a parte de trás da porta de metal estava coberta de coisas. Alguns painéis e juntas de metal se conectavam de forma complexa.

Aquele era, provavelmente, o mecanismo que permitia que a porta fosse aberta por uma grande alavanca do outro lado.

Era um único painel grande do lado de fora, mas esse mecanismo estava escondido do lado de dentro?

O que significava que...

"Eu posso abrir isso chutando?"

...O problema era o gás inflamável começando a preencher o interior da câmara.

Se ele esperasse, ele definitivamente sufocaria e morreria, mas e se duas peças de metal se chocassem e produzissem uma faísca.

Só aceita.

Confia na esperança.

Se entregar ao medo só significava sufocar.

"Abra."

Ele tinha que fazer isso.

Mesmo que ele estivesse morrendo de medo e mesmo que seu coração estivesse preparando um grito tão cedo após voltar a bater mais uma vez.

Kamijou Touma bateu seu calcanhar contra a trava complexa nas costas da porta da câmara repetidas vezes.


"Abraaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!"

12

Veio de dentro.

A porta de metal foi derrubada com um rugido estridente.

A respiração de todos ficou presa na garganta.

Houve uma voz.


Hoje é o meu aniversário em janeiro.

Hoje é o dia que eu nasci.
Eu sou a estrela desse aniversário maravilhoso.

Hoje é o meu aniversário em janeiro.


Ele estava em roupas de enterro.

Um pano triangular estava amarrado em sua testa abaixo de seu cabelo espetado.

Definitivamente era ele que tinha rastejado para fora.

E ele falou.


"E aí, pessoal! Foi mal se eu surpreen-"

"Aiieee, um zumbi! Ele vai infectar a todos nos com sabe-se lá o que!!!"

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Eles nem ao menos o deixaram terminar de falar.

Lágrimas brotaram nos olhos do garoto-do-canto-da-sala que não pode ser a estrela mesmo após voltar dos mortos.

Pânico e pandemônio já estavam acontecendo.

É claro que eles estavam em pânico.

Baseado na tela de seu celular, ele não tinha morrido há alguns minutos. Qualquer um ficaria assustado se alguém cujo coração já havia parado há muito tempo repentinamente se levantasse.

(Eu sou grato que você me trouxe de volta a vida, mas não podia ter sido um pouco mais rápido, Kingsford!?)

"Abababawawa, não, não, é verdade que eu, Kamijou Touma, morri, mas eu tô vivo de novo e, quero dizer, tecnicamente hoje não é meu aniversário, mas vocês não podem me dar uma reação mais calma, tipo a que vocês fariam se uma massagem cardíaca funcionasse-"

"Pessoal, calma! Calma!! Respirem fundo para se acalmarem e fiquem onde estão. Agora, o que você tava fazendo lá dentro? Quem é você!?"

O monge extremamente de meio período estava gritando em seu microfone.

Então Kamijou ouviu um som mecânico estranho.

Alguém estava vindo.

Aquelas pessoas estavam vestindo armaduras prateadas brilhantes que as cobriam dos pés à cabeça.

Não, aqueles eram trajes motorizados?

"Estes são os restos excepcionais!?"

"Comecem a incineração."

Eles estavam segurando algo na altura da cintura.

Eles pareciam mangueiras de bombeiros, mas não era exatamente isso.

Uma chama pequena, do tamanho de uma produzida por um isqueiro, balançava na frente do bico.

"Lança-chamas!!?"

O quão bem preparados eles estavam pra isso!?

Por que eles tinham um esquadrão desses preparados em espera? Os mortos tinham o costume de se levantar nessa cidade!?

De qualquer forma, ele não podia permitir que o queimassem depois de escapar por um fio desse destino.

Ele não tinha escolha além de fugir descalço do crematório.


"Porcaria!!"


Kamijou Touma abriu a janela de vidro embaçada e escalou por ela.

Chuva fria estava caindo lá fora.

E a garota que apontou pra mim e me chamou de zumbi após eu voltar pra a vida – aquela era a Fukiyose, né? Kamijou-san não vai se esquecer disso!!

13

Kamijou Touma não era o único com problemas.

Azulão, Fukiyose Seiri e os outros no crematório não podiam só encarar.

A situação estava se desenrolando.

"Wow!?"

Eles ouviram um som de fwoosh!!

Veio do lado de fora da janela. Mais pessoas em trajes motorizados estavam borrifando algo de dentro de latões. Parecia com o ato de borrifar agrotóxicos num campo, mas esses não eram pesticidas. A parte externa da janela logo ficou espessa e translúcida.

Azulão não podia acreditar em seus olhos.

"Isso é cola plástica? Isso é uma versão mais impressionante do que as placas de segurança que você colocaria nas janelas."

"Com isso, eles consegue colocar um lugar em quarentena em menos de 5 minutos. Agora eu duvido que qualquer pessoa ou bactérias e vírus possam entrar ou sair."

Em hospitais de campanha, grossos painéis plásticos eram usados para demarcar o espaço, enquanto cortinas de ar controlavam as correntes aéreas, mas isso era uma versão ainda mais avançada?

Então Fukiyose comentou sobre a frase que ela havia usado e que havia chamado sua atenção.

"Qualquer pessoa...?"

"Um corpo acabou de se levantar e saiu correndo. Isso, pra mim, conta como emergência. Você não percebeu que estamos presos aqui?"

Mas a reação havia sido muito rápida.

Os restos de Kamijou Touma ganhando vida e fugindo do crematório era certamente chocante, mas nem mesmo um minuto havia se passado desde então.

Aquela velocidade só era possível se aquelas pessoas já estivessem em espera desde o início.

Isso significava que eles deviam monitorar as cremações de qualquer um que houvesse morrido sob "circunstâncias suspeitas".

"(Se eles estavam tão bem preparados assim, será que esse tipo de coisa acontece com frequência na Cidade Acadêmica?)"

"(Qualquer coisa pode acontecer aqui. Digo, essa cidade cria Level 5s sobre-humanos.)"

Nada disso parecia real.

Kamijou Touma havia se levantado. Isso era verdade.

Mas o que havia acontecido de verdade? Dizer que um vírus misterioso era o responsável era plausível o suficiente, mas faltava o peso da realidade. Era o mesmo que dizer que fantasmas eram, na verdade, plasma. Explicar isso de maneira convencida num prédio escuro e abandonado não ajudava a acalmar a sua mente.

E colocando isso de lado...

"O que vai acontecer com a gente?" perguntou Azulão.

"Tentar sair daqui poderia ser perigoso."

O fato de que ela não zombou de sua pergunta significava que Fukiyose sabia que eles estavam presos ali.

Isso não era como sonhar acordado numa aula chata, com devaneios sobre lutar contra terroristas.

O prédio estava selado por fora com espessas paredes de plástico. Um esfregão ou um bastão de metal não iria quebrar as janelas. Mesmo uma arma provavelmente não seria o suficiente. Uma porta especial à prova de gás foi montada como a única forma de entrada e saída, mas os trajes motorizados estavam reunidos ao redor dela.

E alguém estava se aproximando, vindo de lá.

Em algum momento, o número de trajes motorizados havia passado de 10.

"Quietos, todos! Nós somos da Bio Secure[4]!"

Essa pessoa também vestia um traje.

Talvez qualquer coisa fosse suspeita quando vista desse jeito, mas parecia que eles estavam intencionalmente se mostrando indistinguíveis uns dos outros. Como ladrões usando máscaras.

"Seus movimentos vão ser temporariamente restritos, mas, por favor, não se preocupem. Quando garantirmos que vocês estão seguros, vocês poderão ir, então eu peço que vocês cooperem e evitem causar problemas."

Ele "pediu" que eles cooperassem, mas ele não demonstrou sinais de esperar por uma resposta de sim ou não deles.

Ele estava dizendo para eles resistirem por sua conta e risco.

Ele estava deixando claro quem estava no controle.

Como eles deviam "não se preocupar" quando ele estava vestindo um traje motorizado completamente selado e equipado com um lança-chamas? Estava escrito em seu rosto oculto que provavelmente havia algo invisível no ar e que sua equipe ficaria bem.

"E-espere..." um trabalhador do crematório de rosto pálido protestou.

Até mesmo os adultos não sabiam o que era isso.

Aquilo apenas preocupou Azulão e Fukiyose Seiri ainda mais. E eles duvidavam que Komoe-sensei fosse ser de alguma utilidade aqui.

"Espere um momento! O que está acontecendo? A papelada não disse nada sobre doenças infecciosas, mas estamos seguros? E nós temos permissão para continuar trabalhando!?"

"Nós não temos a permissão para responder isso. A Chefe Kihara Goukei ainda não chegou, mas ela vai explicar tudo quando estiver aqui. Segurem suas perguntas até lá."

Um som bem parecido com o de vapor se seguiu.

Os trajes motorizados estavam jogando as coisas num grande tanque retangular de vidro cheio de ácido. E eles pareciam bem relaxados, provavelmente por que o líquido e o vapor não os afetariam.

Aqueles eram os buquês e os pertences de Kamijou Touma preparados para o funeral.

É claro que eles não pediram a permissão de ninguém primeiro.

Foi através de uma tela, mas durante o funeral Azulão havia visto o rosto cheio de lágrimas daquele pai furioso pela morte de seu filho. Os objetos que ele e sua esposa deveriam receber estavam sendo impiedosamente dissolvidos.

Mesmo que isso tivesse sido uma performance feita por profissionais, aquela cena parecia rejeitar completamente a atmosfera gentil do dia.

Sua respiração estava curta e um suor frio não parava de escorrer de sua testa, mas Azulão não devia ter entendido completamente a ameaça. Se ele tivesse, ele poderia facilmente ter ido ao chão hiperventilando.

Se ele não pudesse tirar vantagem de sua própria ignorância aqui, ele estaria em apuros.

Seus instintos o disseram isso.


O que iria acontecer com eles?

Eles seriam infectados?

Se eles fossem, o que fariam com eles?


Mas a situação estava avançando, quer ele queira, quer não.

Um pouco distante deles, um traje motorizado estava falando com o outro.

"O que foi?"

"A Chefe Kihara Goukei chegou."

14

O morto havia voltado à vida.

Isso era algo bom ou ruim?

E esta era a Cidade Acadêmica.

Se ele fosse capturado, ou ele seria mandado para um laboratório para ser mergulhado em formalina ou ele seria incinerado por um lança-chamas.

De qualquer forma...

"Eu tô ferrado!! Se eu for pego, minha vida acaba!!"

Kamijou Touma correu na chuva fria.

Suas roupas de enterro, que estava a um passo de ser uma fantasia de Halloween, não estavam ajudando a mantê-lo aquecido. E ele estava descalço. Tenha em mente que era janeiro. Ficar preso na chuva assim iria matá-lo em menos de uma hora após ele ter voltado à vida!!

"Ahh, brrr. Não tem nem ao menos garotas encharcadas como numa chuvarada surpresa de verão. O inverno é uma bosta. Não tem nada de bom em ficar molhado nessa estação."

A cidade havia sido bastante destruída.

Os efeitos acumulados das batalhas contra Anna Sprengel, Christian Rosenkreutz e Alice Anotherbible realmente tinham deixado ela à beira da ruína. Os reparos não podiam acompanhar a destruição, então os andaimes de construção e cobertas de isolamento acústico podiam ser vistos por todos os lados.

Kamijou Touma havia recebido aquela mesma força mortal em seu próprio corpo de carne e sangue.

Isso explicava o porquê dele estar vivo ser tão estranho.

Ele ouviu um "gashunk!!" gemido.

Era o som dos músculos artificiais de um traje motorizado em ação.

"Droga, eles são tão rápidos!!"

As pernas de um traje daqueles podia correr de 40 à 50km/h sem a ajuda de rodas ou de um motor de carro.

Um humano comum não podia escapar deles enquanto corria na avenida a pé.

"Kh."

Eles quase o alcançaram.

Os dedos grossos do traje estavam se aproximando de sua nuca.

"Merda!!"

Ele estalou a língua e mudou de direção.

Deslizando no pavimento molhado, ele escorregou por baixo de uma coberta de isolamento acústico e adentrou numa zona de construção para reparos dos prédios locais.

Lugares como esse podiam ser encontrados em quase qualquer lugar graças às batalhas contra inimigos poderosos como Anna Sprengel, Christian Rosenkreutz e Alice Anotherbible.

Ele ouviu o estalo de metal se quebrando.

Após os dedos grossos do traje motorizado apenas encontrarem ar, ele havia facilmente rasgado a barreira externa de cobertas de isolamento acústico e painéis de metal.

Aquelas mãos funcionavam como os bicos de demolição de edifícios presos à extremidade de um braço mecânico.

Um golpe daquilo iria esmagar seu corpo mesmo que se fosse só de raspão.


"Por que não podemos usar nossos lança-chamas!?"

"Pergunte pra a Chefe Kihara Goukei. É ela que manda na Bio Secure, não nós."


Ele ouviu algumas vozes atrás dele, mas ele não podia ficar parado.

O som de metal sendo rasgado continuava.

Os trajes motorizados não se preocupavam em dar a volta ou escalar obstáculos. Eles afastavam pilhas de canos com um único braço e investiam contra florestas de vigas de metal, fazendo com que prédios semi reparados se inclinassem.

Ser pego por qualquer coisa assim seria o fim para Kamijou.

Ele não podia ficar naquela zona de construção.

"Eek!!"

O barulho pesado de metal sendo dobrado preencheu o ar.

Os dois trajes que se moviam em alta velocidade aparentemente haviam colidido um com o outro.

"Seu traje perdeu a integridade!"

"Não se preocupe comigo e vá em frente! Rápido!!"

"Parem de agir de maneira heroica enquanto brandem lança-chamas! É assustador!" Kamijou gritou, arrepiado enquanto fugia.

Em suas mentes, eles não estavam se unindo para agredir uma vítima – eles pareciam pensar verdadeiramente que estavam lutando para proteger a Cidade Acadêmica. O que significava que eles não fariam acordos ou abaixariam sua guarda. Mas e daí? Alguém que podia emocionalmente matar um estranho sem pensar duas vezes era uma pessoa terrível, na opinião de Kamijou.

Kamijou avistou uma descida levando para o subsolo, então ele correu em sua direção. Ele estava esperando um shopping subterrâneo, mas foi atingido por uma massa de ar fétido. Pelo visto ele havia entrado num canal pluvial por onde um rio corria por baixo da cidade.

No chão, ele encontrou equipamentos grandes de comunicação sem fio, ferramentas de aparência profissional e um longo cabo de força levando à algum lugar.

Aparentemente, reparos também estavam sendo feitos aqui.

Ele tinha medo de entregar sua posição, mas estava escuro aqui. Tropeçar e cair num rio durante o inverno não era brincadeira, então ele reprimiu seu medo e ligou sua lanterna do celular.

"Os smartphones realmente são uma das maiores invenções da humanidade."

Ele desejou poder ligar para a Anti-Skill e pedir ajuda, mas ele tinha a impressão de que não podia confiar nos sistemas dos adultos.

Onde ficava a saída?

Sair dali era mesmo sua melhor opção?

Ou ele devia se esconder neste labirinto subterrâneo até que seus perseguidores desistissem?

E quantos minutos a mais ele teria que esperar até que ele considerasse esse plano um sucesso?

Ele tinha muitas perguntas sem respostas.

Atrás dele, ele ouviu o "gashunk, gashunk" de máquinas funcionando. Eles ainda estavam atrás dele!?

(Mas eles não estão mais se movendo tão rápido. Eles não têm equipamento de visão noturna porque ainda é de manhã, ou eles estão com medo de cair na água e afundar como pedras?)

Ele pensou que iria desmaiar de medo se ele não forçasse seus pensamentos numa direção positiva.

Ele tinha que continuar correndo e fugindo.

Era tudo tão injusto.

Ele estava a poucos momentos da morte, mas por algum motivo sua risada fugiu de seus lábios enquanto ele corria ensopado.

Ele não conseguia parar.

"Ha ha ha..."

Ele tinha medo de morrer.

É claro que ele tinha.

Porque não importa o que tentem dizer, Kamijou Touma estava vivo!!

"Ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha!!!"

Ele estava vivo.

Ele nunca havia estado tão ciente da vida dentro dele.

Ele não era um fantasma, ou um zumbi, ou nada do tipo.

Ser humano era uma sensação maravilhosa!!

Apesar de que, se Anna Kingsford visse isso, ela colocaria uma mão na cabeça, exasperada, ou daria um soco na cabeça dele.

(Ainda assim...)

Chefe Kihara Goukei.

Eles tinham usado o nome Kihara.

Eram os mesmos Kihara?

Em adição ao assunto com Kihara Kagun, ele tinha certeza que havia ouvido aquele nome associado ao incidente onde ele conheceu Alice Anotherbible. Aquela operação devia limpar o lado sombrio espreitando na escuridão da Cidade Acadêmica, mas influência externa havia a distorcido para uma grande tragédia. Muitas pessoas haviam morrido. Mas...eles ainda estava aqui.

"Isso significa que aquela parada de lado sombrio ainda existe depois daquilo tudo? Que droga!"

Ele ouviu um rugido sinistro.

Aquele era o som de chamas queimando o oxigênio.

Ele olhou para trás enquanto corria e seus olhos se arregalaram. Uma bolinha de fogo cintilou no ar.

Aquela era a ponta de um lança-chamas.

"I-isso só pode ser brincadeira!!"

Mesmo que ele tivesse muitos caminhos, aquele canal ainda era um local fechado. Bio Secure poderia sobreviver graças à suas grossas armaduras e tanques de oxigênio, mas Kamijou seria fritado instantaneamente ou sufocaria com seus pulmões queimados.

(Eu achei que aquela Kihara não estava os deixando usarem essas coisas!)

Era tarde demais para reclamar agora.

E talvez tenha sido um erro acreditar que a situação do inimigo não mudaria.

Sem hesitação, o bico do lança-chamas apontado para ele cuspiu um oxidante e um material de combustível líquido gelatinoso.

E logo em seguida...


Ele explodiu.


"Wahgyahhh!!!"

Kamijou estava coberto de suor, correndo através de um dos caminhos do canal.

O que?

Ele ainda estava vivo, mas o que foi aquilo!?

Houve chamas, mas aquilo não tava certo. Se o lança-chamas estivesse funcionando normalmente, ele sabia que ele deveria ter sido coberto de chamas. O traje motorizado havia feito algo de errado. Por que o perseguidor que havia acabado em chamas.

Fogo branco.

Que tipo de explosão foi aquela?

Pareceu que alguma coisa no pé do traje havia explodido assim que o lança-chamas foi ativado.

(Aquilo foi gás acetileno usado em soldas!?)

Aquele gás inflamável especial usado para criar as chamas ultra quentes necessárias para derreter e unir aço reforçado. O traje parecia ter sido construído para resistir o calor de um lança-chamas, mas uma explosão daquele treco tão perto assim devia ter danificado ele pelo menos um pouco.

Kihara Goukei, né?

Talvez tenha sido por isso que a chefe dos trajes motorizados havia banido o uso dos lança-chamas. Com propano, gás de cidade e muitos mais, a cidade densamente povoada continha uma quantidade surpreendente de materiais inflamáveis e explosivos. A recuperação havia finalmente começado após tantas batalhas. Havia até mesmo a possibilidade de haver projéteis não detonados ou mísseis espalhados por aí.

"Arf, gah!!"

Enfim, Kamijou Touma estava vivo.

Se ele continuasse a brincar de pega-pega com aqueles trajes, ele seria morto. Se ele ia escapar, precisava ser agora que eles estavam em pânico por causa de seu erro.

Bio Secure(?), ou qualquer que fosse o nome deles, não pareciam preocupados dentro das chamas intensas que derretiam aço.

Ele sentiu seus olhares nele.

E ouviu um som de esforço.

Eles estavam com problemas, mas eles apenas podiam esperar até que seus trajes reiniciassem dentro das chamas. Kamijou sabia que não podia destruí-los partindo para a ofensiva. Assim que os autoexames e a recuperação de erros estivessem concluídos, ele ficaria sem opções. Ele não poderia escapar.

Então se mexa.

Aquele canal pluvial era quase um esgoto. Ele estava cansado de todos aqueles exercícios desgastantes, mas ele não estava muito a fim de se encostar contra a parede. Ele usou sua lanterna do telefone para andar numa pequena trilha na lateral do canal pluvial que fedia a lodo e eventualmente achou uma pequena porta.

Talvez ela fosse para o acesso de trabalho e talvez ela fosse uma saída de emergência, mas do outro lado, escadas estreitas levavam à superfície.

"Guh, haaah..."

Ele estava de volta ao mundo chuvoso.

Sinceramente ele não sentia que tivesse escapado.

Ele tinha certeza que os trajes motorizados com lança-chamas iriam encontrá-lo mais uma vez em breve.

Voltar dos mortos era realmente tão difícil assim.

Isso não foi nada como as reações emocionais à uma experiência milagrosa que ele havia esperado.

(Mas o que eu faço agora? Se eu devo estar morto agora, meu dormitório se foi. E não parece que os conhecidos serão de muita ajuda.)

"?"

Ele viu um robô de segurança equipado com câmera e instintivamente saiu da rua principal para se esconder num beco.

Ele sentiu que estava se afastando cada vez mais do sol.

Nesse ritmo, ele acabaria rastejando debaixo de um pote de flores num pátio escolar?

"Aliás."

Estar morto havia o assustado.

Encontrar uma forma de voltar à vida havia sido a única coisa em sua mente.

Mas.

Será que era isso?

"Será que ninguém quer um mundo comigo nele?"

Ele abaixou a cabeça.

Doía de verdade.

Mas também, ele era só um garoto do ensino médio. Ele não era um sacerdote budista importante cujos restos mortais seriam preservados após a morte. Então talvez não houvesse ninguém que quisesse vê-lo novamente a ponto de lidar com algo tão bizarro quanto isso...

Ele tinha morrido e voltado.

Ser morto por Alice Anotherbible havia sido algo complicado dessa vez, mas ele já tinha experienciado algo semelhante algumas vezes contra a Othinus com seu poder total e com a Boa e Velha Maria...mas será que simplesmente era diferente depois que as peças no tabuleiro já haviam avançado até o funeral? Ao invés de apenas morrer fisicamente, sua morte havia sido aceita socialmente dessa vez. Foi preciso morrer para que ele percebesse que a morte acontecia em etapas.

Um zumbido de motor passou por cima dele.

"Eek!?"

Agora não era a hora de ficar filosofando.

Kamijou deu um gritinho breve e então se escondeu debaixo de um ar-condicionado preso à parede no beco estreito. Um drone passou voando por ele. O lado sombrio devia ter entrado em declínio, mas eles ainda conseguiam fazer tudo isso? Ele realmente não queria ser encontrado por adultos agora. Eles tinham lança-chamas afinal!

E aquilo não era só um batedor.

Aquilo não era inofensivo.

Aquilo era muito diferente de um daqueles robôs de segurança no formato de tambores.

Especificamente, um objeto do tamanho de uma bola de rúgbi estava pendurado nele. Ele não tinha certeza, mas estava confiante de que aquilo era um míssil antitanque.

Se ele tivesse o notado e disparado aquilo, ele teria sido explodido em mil pedaços junto com aquele canto do beco. Aquele explosivo de 8.000 ienes[5] era o suficiente para mudar completamente a função daquele drone.

Estaria acabado se ele fosse pego.

Kamijou Touma prendeu a respiração desesperadamente.

Talvez ele estivesse fazendo algo incrivelmente estúpido. Afinal, aquilo não era uma criatura viva. Ficar parado atrás de uma cobertura desse jeito podia não importar dependendo do tipo de sensores que ele estava usando para escanear a área.

Os próximos 30 segundos pareceram fulminar seu coração.

E isso assumindo que sua noção de tempo estava correta.

O drone voou para longe de maneira indiferente, como se nada tivesse acontecido.

Naquele momento final, seus movimentos pareceram humanos de certa forma, então era possível que ele tivesse mudado de um voo programado para controle manual remoto.

De qualquer forma, significava que a ameaça havia acabado...né?

"Fiu..."

Graças a esta suposição, ele foi pego completamente de surpresa.

Enquanto seu foco estava todo no céu, ele ouviu um barulho logo adiante.

Passos quietos.


Alguém estava lá.


A pessoa congelou, encarando-o com os olhos arregalados.

Ela era alta e linda. Seu longo cabelo loiro e ondulado estava molhado com a chuva e seu corpo magro estava bem amarrado com cintos de couro preto, uma forma estranha de se vestir até mesmo para a Cidade Acadêmica.

Ela era uma Transcendente.

Alice Anotherbible.

Ela estava congelada de surpresa, olhos arregalados em sua direção.

"V-você consegue...me ver???"

O idiota havia perdido tanto de sua fé na humanidade que ele teve que perguntar numa voz trêmula.

Lágrimas brotaram nos cantos dos olhos da garota.

Grandes lágrimas.

A chuva fria ainda estava caindo, mas essas gotas eram notavelmente diferentes e carregavam calor.

"S-"

Ela estava tensa, mas tremendo.

E...


"Sensei!!"


Ela abriu seus braços e pulou em sua direção.

O impulso dela foi forte demais para ele, então Kamijou Touma caiu sentado no chão.

Sim, ele conseguia sentir ela.

Seu cabelo molhado com a chuva gelada, sua pele, seu cheiro doce, e sua voz aguda que perfurava seus ouvidos. Sensações que um morto nunca poderia experienciar atordoaram seus sentidos e golpearam seu cérebro diretamente. Kamijou Touma estava vivo, incluindo aquele cérebro.

"...Eu pensei que nunca mais fosse te ver."

Seu coração havia parado, a rede neural de seu cérebro havia sido destruída e ele tinha morrido completamente.

Dizer que ele voltaria à vida tinha sido uma fantasia absurda.

E ainda assim, ele havia conseguido.

Ele havia voltado com vida do inferno.

Entretanto, ele não merecia o crédito aqui.

Aquele inferno era um artificial que Christian Rosenkreutz havia criado para se reviver e Anna Kingsford havia sequestrado o controle dele. E ela não tinha hesitado em entregar o bilhete de ressurreição para Kamijou Touma.

Ele havia sido salvo durante o caminho inteiro.

O garoto de cabelo espetado não havia feito nada sozinho. Aqueles especialistas tinha feito isso por ele.

Eles haviam o ensinado o que significava salvar pessoas.

Mas.

Ele não tinha feito a coisa errada.

Ele finalmente havia encontrado algo neste mundo meio destruído que o convenceu disso.

"Você tá vivo, você tá aqui, ahh, a garota pode te tocar! O sensei realmente está aqui! Wahhhhhhhhhhhhhhhhhh!!"

Não importava o quão fria a chuva estava, ele conseguia sentir o calor daquela garota através dela.

Voltar à vida tinha sido em sentido?

Não seja ridículo.

Tinha uma garota aqui permitindo que ele experimentasse algo que ele nunca teria se não tivesse retornado ao mundo dos vivos.

"Graças a Deus... Sensei, você tá respirando, você tá vivo. Esta garota, aah, a garooooooooooooooooooooooooooooooooooota!!"

Ela nem conseguia formar as palavras que queria.

Ainda no chão, Kamijou Touma colocou uma mão na cabeça de Alice enquanto ela chorava.

Ele podia tocá-la.

Ele podia influenciar as coisas.

Ele podia salvar uma única garota chorando.


O garoto de cabelo espetado estava vivo, sem sombra de dúvidas.


"Heh..."

Que dia terrível.

Ele havia demorado tanto para voltar à vida que agora ele era visto como um morto-vivo. Eles pareciam achar que ele estava infectado com algum tipo de alguma coisa da Cidade Acadêmica, então um grupo de adultos estava atrás dele com lança-chamas.

Mas.

No entanto...


"Voltar a vida...definitivamente foi a decisão certa."


Ele podia finalmente dizer isso.

Pelo menos por hoje, ele podia sorrir.

Notas de Tradução

  1. Em japonês, nos tempos antigos, as pessoas se cumprimentavam dizendo: 今日は天気が良いですね (kyou wa tenki ga ii desune/hoje, o clima está agradável) ou 今日は暑いですね (kyou wa atsui desune/hoje, está quente). Com o tempo, as pessoas foram encurtando a frase cada vez mais até que ela chegou à 今日は (kyou wa/hoje está), que então foi popularmente substituído por こんにちは (kon'nichiwa/olá)
  2. Em japonês, se escrito em kanji, temos: 左様なら (sayounara) que, no contexto em que passou a ser usado traduz livremente pra alguma variação de "se é assim que tem que ser", e tem uma conotação de "se é assim que tem que ser, nunca mais nos veremos"... mas nem sempre foi assim; em tempos antigos, 左様なら acompanhava o cumprimento ごきげんよう (gokigenyou/espero que esteja bem), então nem sempre foi algo triste.
  3. Um nome de Dharma é um nome dado ao morto que, supostamente, impede que sua alma volte ao seu corpo caso alguém diga seu nome anterior.
  4. Até eu conseguir ver o texto original, manterei como "Bio Secure".
  5. R$326,78 em Abril de 2025.


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