Kikou Shoujo wa Kizutsukanai:Volume1 Capítulo 5

From Baka-Tsuki
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Capítulo 5 – Desde o Princípio do Princípio[edit]

(1)

Em meio à neve caindo, as duas se destacaram com suas cores vívidas.

Uma encantadora mulher voluptuosa, e uma bela garota jovem.

Ambas estavam vestidas em sedutores quimonos. A garota estava segurando um guardachuva, para proteger a mulher da neve.

Ao primeiro olhar, elas pareciam como irmãs. A mulher era como uma deslumbrante rosa, e a garota como um elegante crisântemo[1]— elas tinham ares vastamente diferentes sobre elas, mas suas características faciais tinham algumas similaridades.

“É isso, não é?”

Chegando a uma parada em frente a uma certa propriedade, elas passaram através de uma porta escurecida.

Parecia que havia tido um incêndio. A propriedade havia sido completamente devastada por ele, deixando-a uma mera sombra de sua forma anterior. O cheiro de cinza queimada permeava o lugar, e o chão estava coberto em uma fina camada de fuligem.

Ao meio de tudo isso, havia um garoto solitário.

O frio no ar era suficiente para ferroar carne despida, ainda assim o garoto havia despido até a cintura, fazendo gestos com seus dedos como um eremita da montanha. Um pergaminho de aparência antiga estava desdobrado diante dele enquanto focava sua energia mágica e derramava-a no boneco de madeira em sua frente.

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Tremulamente, como um bebê recém-nascido aprendendo a caminhar pela primeira vez, o boneco deu passos instáveis adiante.

O garoto estava fazendo o boneco se mover. Seu corpo inteiro estava encharcado em suor. Ele estava concentrado tão rigidamente que parecia como se ele estivesse prestes a estourar uma veia, mas desproporcionalmente a seus esforços o boneco de madeira apenas moveu-se um pouco.

Com selvagens, respirações desiguais, ele trincou seus dentes forte o suficiente para rachá-los conforme ele bateu no chão em irritação com seus punhos cerrados.

Seu rosto parecia terrível. Suas bochechas estavam ocas, e seus olhos estavam afundados. Contudo suas pupilas brilhavam com uma luz feroz, fazendo-o parecer muito fantasmagórico. Ele parecia como se ele estivesse à beira de morrer a qualquer momento.

O garoto olhou através do pergaminho com olhos avermelhados, antes de fazer gestos com suas mãos uma vez mais. Ele começou a armazenar energia em um ponto abaixo de seu umbigo, e então—

Ele vomitou sangue com uma terrível tosse sonora.

Atormentado com tosses, ele caiu em suas costas e parou de mover-se.

—Esse era um momento adequado. A mulher saiu de baixo do guarda-chuva que a garota estava segurando, e caminhou em direção ao garoto.

“Esse foi realmente o esforço, boy.”

“… Eu não sou ‘boy’.”

O garoto replicou em uma voz rouca. Ele ainda estava consciente. Sua resistência física era surpreendente.

“Está certo. Você tem um nome, e ele é Raishin.”

Um olhar cauteloso arrepiou-se em seu olhos. A mulher deu uma risada zombeteira,

“Eu sei muito sobre você, boy. Você é o único sobrevivente do clã Akabane.”

“… Quem é você?”

“Você não é muito diligente, você é boy? Você nasceu em uma casa de marionetistas, e ainda assim você não sabe quem eu sou.”

Virando-se para a garota, ela acenou sobre ela.

A garota pareceu entender o que fazer. Sem nenhuma instrução particular da mulher, ela parou em frente ao garoto, virando suas costas para ele e removeu seu quimono.

O garoto estava sobressaltado, mas ele não tinha mais a força para cobrir seus olhos.

A pele da garota era requintadamente bela. Com nenhuma marca nem defeito nela, ela era tão lisa quanto um campo de neve.

Na esquerda inferiora de suas lindas costas, acima de seu osso do quadril, uma inscrição havia sido esculpida nela.

Karyuusai, lia-se.

Esse nome foi um que ressoou através do mundo. Até as altas patentes dos militares haviam reconhecido-o como o eminente artesão de marionete dessa geração.

Então— essa garota era uma autômato?

Os olhos do garoto abriram-se ligeiramente maiores. Ele estava chocado pela vibração de sua compleição. A sensação de sua pele era exatamente como essa de um ser humano.

“Ela é linda, não é? Esta é uma do trio Setsugetsuka, Yaya da Lua.”

“…!?”

Ele havia apenas ouvido de sua existência antes, o tesouro premiado de Karyuusai, o Setsugetsuka.

Elas jamais haviam sido reveladas para o mundo antes. Não importa o quão rica uma garota fosse, não havia jeito que ela pudesse possuir uma.

Portanto, nesse presente ponto no tempo, o único que poderia estar em possessão de uma Setsugetsuka seria o próprio criador.

Sua face encharcada de sangue contorceu-se conforme ele deixou escapar uma fraca risada.

“Você tem que estar brincando comigo… Karyuusai é… um alcoólatra pesado, apaixonado por mulheres, e alguém que se induz selvagemente nos prazeres da vida…”

“Oh, então você me conhece apesar de tudo. Sim, isso é tudo verdade. Eu amo vinho, mulheres e canções.”

“Isso significa que você é aquele que… criou a da Guarda Imperial… Oborofuji…”

A mulher virou sua cabeça para longe como se isso fosse algo tedioso, e falou em um tom estranhamente depressivo.

“Essa coisa era uma falha.”

“Uma falha…!? Esse monstro…. o qual mudou… a paisagem inteira dos campos de treinamento Fuji…?”

“Ela não era bela de qualquer modo.”

O garoto ficou sem fala. A mulher continuou falando.

“Nesse mundo passageiro entretanto, nada é inútil— graças a essa falha, minha fama cresceu significantemente de certa forma. Eu acho que você pode me chamar de uma celebridade agora. E eu tenho influência entre os superiores do exército.”

Ela riu violentamente, e olhou dentro dos olhos do garoto.

“Influência suficiente para conceder seu desejo, boy.”

“Meu… desejo…?”

“Sim. Eu posso ajudá-lo a encontrar a pessoa que você odeia tanto que você deseja matá-lo.”

“—”

“Para ir contra ele, eu irei até emprestar-lhe a melhor autômato do mundo.”

O garoto moveu suas pupilas horizontalmente, seu olhar caindo na bela garota parada próxima a mulher.

Se o Setsugetsuka fosse exatamente como os rumores diziam que elas eram, então era possível—

“Diga, boy. Torne-se meu.”

Era um olhar perfurante. A mulher levemente e gentilmente tocou a bochecha do garoto. O corpo do garoto enrijeceu-se. Era como se uma perigosa besta selvagem estivesse olhando para ele.

O que refletiu nos olhos do garoto era a emoção sentida quando confrontado com algo completamente desconhecido; medo instintivo.

Porém ao mesmo tempo, ele estava encantado por ela.

A intensidade de sua existência inteira o cativou, sendo ambos veneno e antídoto.

“A estrada jazendo diante de você bifurca-se em dois caminhos, boy. Você pode tanto escolher congelar até a morte aqui, ou você pode—”


(2)

Raishin olhou para a inesperada visitante, emudecido pela sua aparência repentina.

Não havia jeito que ele pudesse estar enganado. Sua beleza encantadora era exatamente como quando ela apareceu pela primeira vez na frente dele dois anos atrás. Em nenhum jeito inferior as bonecas que ela criou, ela era tão ofuscantemente bela como qualquer uma delas. Também, os voluptuosos seios que haviam hipnotizado Raishin eram tão sensuais como sempre.

Como naquela noite, havia uma bela garota acompanhando-a essa noite também. Seu rosto parecia como o de Yaya, mas ela havia cabelo prateado e seus olhos eram mais respeitáveis. Também, ela era um pouco mais alta.

“Shouko, porque você está…”

Ela colocou seu dedo em seus lábios.

“Raishin. Algo está errado?”

A bela mestra recepcionista espiou do escritório com uma expressão desconfiada em seu rosto. Raishin pensou “oh droga.”, mas conseguiu dizer,

“Nada. Tudo está bem.”

A mestra recepcionista retirou sua cabeça.

— Ela não pode vê-las?

“Vamos para seu quarto.”

Shouko sussurrou em sua orelha. O leve cheiro de sua fragrância de jasmim fez a mestra recepcionista franzir desconfiada, mas nem mesmo em seus sonhos mais selvagens poderia ela imaginar que havia tal beleza inigualável parada ali.

Uma arte mágica para esconder a presença de alguém. Isso era algo que a máquina irmã de Yaya, Komurasaki, era habilidosa.

Tendo entendido a situação, Raishin fingiu um ar de ignorância em direção a mestra recepcionista conforme ele retirou-se de volta para seu quarto.

Embora se ele fosse honesto, tudo que ele desejava fazer no momento era procurar por Charl, mas uma vez que Shouko havia saído de seu caminho para vir visitá-lo, ela não era alguém que ele podia dispensar.

Retornando para seu quarto, mal havia Yaya saltado em direção a ele quando ela parou em surpresa.

“Shouko!”

Shouko olhou para ela de um jeito que uma mãe olharia para sua criança,

“Você parece suficientemente energética, Yaya.”

“Sim. As funções de Yaya estão perfeitamente normais.”

“Se você está perfeitamente normal, por que há esses traços de lágrimas em seu rosto?”

Alguém cortou abruptamente. A bela garota caminhando atrás de Shouko repreendeu Yaya.

Yaya tomou um passo para trás, sua cautela em plena amostra.

“… Desde quando você estava aí, grande mana Irori?”

“Oh? Você está fora de si que nem mesmo pode contar o número de visitantes? Ou seus olhos ficaram ruins? Eles estão aí apenas para mostrar?”

“Isso foi apenas sarcasmo. Yaya esta totalmente focada.”

“Com uma atitude como essa, certamente você esteve causando nada além de problemas para Raishin, não esteve?”

“I-isso não é totalmente verdade…”

“Então você não esteve tendo delírios selvagens sobre Raishin e ressentindo-o, queimando com ciúmes sobre suas suspeitas equivocadas, chorando, perdendo seu temperamento, e voando em raivas ciumentas?”

“N-n-n-não, eu não e-e-estive…”

“Realmente agora, você devia aprender da Komurasaki. Ela não queixa-se de receber tarefas simples, não perde-se com delírios de amor, e apenas trabalha arduamente para cumprir seu dever. Em primeiro lugar, você—”

“Uu… a mana é sempre tão malvada para mim…”

Ignorando as duas irmãs, Raishin segurou uma cadeira para Shouko e despejou um pouco de chá.

“Então Shouko, por que você está na academia?”

Desnecessário dizer que, a segurança da academia era bastante rigorosa. Esgueirandose com um autômato era um perigoso predicamento. Mesmo se esse dito esgueirando-se fosse coberto por uma arte mágica de alto nível que matava a presença delas.

“Eu não podia ficar sentada porque eu estava preocupada sobre você, boy.”

Ela lançou-lhe um olhar paquerador. Seus seios estavam pressionados juntos e a nuca de seu pescoço estava tentadoramente visível, provocando Raishin a agarrar seu nariz.

Uma fria intenção assassina derivou-se de Yaya por detrás dele, fazendo seu sangue congelar.

“Não me provoque deste jeito. Há um motivo legítimo para você estar aqui, não há?”

“Cannibal Candy pode provar-se um oponente mais problemático que nós pensávamos.”

“—!”

Pareceu que ela havia conseguido apossar-se de alguma informação nova. Sentando-se um pouco mais reto instintivamente, Raishin esperou por ela para continuar. Contudo, Shouko calmamente bebericou seu chá, e mudou o assunto, para sua irritação.

“Essa foi a façanha bastante imprudente que você manejou, boy. Eu ouvi que você entrou em uma briga com dez autômatos.”

“… Era um contra um no começo.”

“E então você acabou destruindo nenhum.”

“Eu destruí alguns. Metade foi obra de Charl, mas todos os dez acabaram como sucata—”

As lentes enterradas dentro do tapa-olho brilharam. Ele sentiu o olho encará-lo profundamente de dentro como se estivesse enterrado em uma ravina sem fundo, e encontrou-se parando a meio caminho.

“Não entenda errado, boy. Marionetes não são humanos.”

Estas eram palavras afiadas. Os ombros de Yaya enrijeceram-se a sua observação cortante.

“Sua ingenuidade beira a arrogância. Até você parar o coração, um autômato não morrerá. Seu ato de compaixão pode então retornar para apunhalá-lo nas costas um dia. A ambição que você nutre não é tão fácil que você pode adquiri-la sem manchar suas mãos. Pegue essa sentimentalidade e jogue-a fora nas mais profundas covas da terra.”

“… Eu não posso seguir essa ordem.”

Ele sabia que ele estava sendo infantil, mas Raishin ainda recusou teimosamente.

“Autômatos tem um senso de si mesmos. Eles podem sentir dor e eles podem sentir prazer. Eles até tem corações. Como isso os fazem de algum modo diferente de humanos?”

“Criança tola… você ainda não entende nada, boy.”

Com uma insinuação de pena em sua voz, Shouko falou friamente.

“Se você matar um humano, a lei classifica isso como assassinato— Se você destruir um autômato, é apenas considerado dano a propriedade. Não importa o que você pensa, boy. Abra seus olhos para a realidade. Há um abismo separando os dois.”

“Mesmo assim, para mim, autômatos são humanos também. Se você parar um coração de autômato, é o mesmo que matar um humano. Eu não me importo com o que a sociedade pensa, isso é o que ser um marionetista significa para mim.”

“… Isso só ficará pior, você sabe?”

“Eu estou preparado para isso.”

“Entendo. Nesse caso, tente o máximo quanto você puder manter-se aos seus princípios otimísticos.”

Embora ela foi brusca, um débil mas inesperado sorriso gentil surgiu em seus lábios.

Raishin estava cativado por ele. De todos os rostos sorridentes que ele havia visto até agora, esse era de longe o mais bonito.

“Sobre Cannibal Candy.”

Bebericando seu chá, ela voltou ao tópico à mão.

“É um inimigo muito maior que você pensou que ele fosse, boy.”

“Maior…?”

“Os militares pensaram que as pessoas as quais haviam desaparecido podiam providenciar uma pista para estreitar a verdadeira identidade de Cannibal Candy. Naturalmente, eles prontamente começaram suas investigações nas vítimas. Porém—”

“— Elas não puderam serem encontradas.”

“Exatamente. Mais de vinte garotos e garotas apenas elevaram-se e desapareceram da face dessa terra. Cannibal Candy não está apenas comendo bonecas; ele está desfazendo-se com seus usuários— ou possivelmente seus corpos. Por causa disso realmente está parecendo que ele realmente os come.”

Esconder um corpo requer uma quantidade de esforço estafante. Uma enorme quantidade de assassinos foi desfeita por causa do problema com esconder os corpos de suas vítimas. Enterrar os corpos deixa para trás terra recém-cavada. Talhar os corpos deixaria uma quantidade massiva de manchas de sangue. Em primeiro lugar apenas mover os corpos sozinho seria duro. Mantendo-os vivos e escondendo-os poderia ser uma opção mais fácil—

Apesar disso, eles estavam falando sobre um enorme número de pessoas. Para um indivíduo ser capaz de confinar tantos era impensável.

Era por isso que ela referiu-se ao inimigo como maior?

“A academia, a família real, ou mesmo o governo Britânico podem estar envolvidos de algum jeito.”

“… Você está suspeitando da academia de estar em conivências com Cannibal Candy?”

“Não lhe parece ser desse jeito para você? A academia é policiada por ambos a segurança e o comitê disciplinar. Se alguém estiver para tentar algo, as duas camadas de proteção apertariam neles imediatamente.”

Contudo, a realidade era essa que Cannibal Candy ainda estava em liberdade.

Também, tantos estudantes haviam desaparecido e a causa por trás de seus desaparecimentos ainda era desconhecida.

Se a academia embora estivesse realmente puxando as cordas por trás de todo o caso, então a desapontante falta de resultados de repente faria um monte de sentido.

Mas isso significaria que o comitê disciplinar, a segurança do campus, e mesmo o corpo docente, todos são o inimigo— não é?

“Não é muito tarde para você lavar suas mãos sobre o assunto, você sabe?”

Por um breve momento, Raishin esteve fortemente tentado por esse curso de ação.

Se ele pretendia não ter notado nada estranho— Não era como se a academia desapareceria se ele continuasse vivendo com fingida ignorância. No máximo, o conselho estudantil apenas iria explorá-la.

Raishin tinha um objetivo. Um inimigo que ele tinha que derrotar a todos os custos.

Se ele estivesse para envolver-se sem necessidade com outros casos e acabasse morrendo, então a única pessoa que ele podia culpar era a si próprio.

Mesmo assim.

“… Há alguém que eu não posso abandonar.”

Tendo notado algo, Raishin murmurou alto.

“Ela é irremediavelmente imprudente, barbárica, pavio curto, e sempre sozinha por si mesma. Mesmo assim, ela não é uma má pessoa.”

Suas palavras vieram em pedaços e peças conforme ele continuou dando voz a seus pensamentos.

“Por algum motivo que eu não sei, ela está atualmente perseguindo Cannibal Candy. Ou possivelmente, esse pode ter sido seu objetivo desde o início… pelo menos eu penso assim. Além disso, eu devo a ela um débito de gratidão… então eu acho que eu estou obrigado a ela de alguma maneira… argh, droga, que sofrimento!”

Bagunçando seu cabelo, Raishin levantou sua cabeça para o alto.

Olhando direto no rosto de Shouko, ele falou-lhe.

“Eu quero ajudá-la.”

“… Você esqueceu nossa aposta? Você aposta sua vida, boy. Se você estiver para ir egoistamente e morrer uma morte de cachorro em algum lugar sem minha permissão, eu nunca irei perdoá-lo.”

Raishin cerrou seus dentes. Shouko estava certa. Justamente como ela disse, ele não podia sair desse jeito por sua própria conta. Avançando de cabeça sem necessidade em perigo era algo imperdoável. Contudo—

Ele também não podia apenas abandonar Charl.

Vendo a frustração de Raishin, Shouko suspirou.

Não era um suspiro de resignação, não era um suspiro para zombar dele, era apenas um suspiro cordial.

“Yaya, venha aqui.”

Yaya trotou. Shouko colocou sua mão em seu peito.

Momentaneamente, uma onda passou através do corpo de Yaya.

Raishin não havia ideia do que havia acabado de acontecer. Todavia, os olhos de Yaya começaram a girar e ela começou a cair de costas.

“Yaya! Você está ok!?”

Ele apressadamente pegou-a. Os olhos de Yaya ainda estavam girando, mas ela não estava visivelmente machucada.

Sem dá-lo nenhuma chance de levantar suas suspeitas, Shouko continuou impondo informação nele.

“O Kongouriki de Yaya é inigualável sob o firmamento— mas mesmo então, há algumas coisas que ela não pode enfrentar. Por exemplo, o circuito mágico Gram de Tyrant Rex.”

“O disparo de luz de Sigmund?”

“Essa não é a descrição mais precisa de como ele funciona. Colocando simplesmente, luz é o resultado. Quando a atmosfera é aniquilada, luz é produzida.”

“Você sabe que tipo de circuito mágico é esse?”

“Eu posso imaginar asperamente. É uma fórmula secreta que é proximamente relacionada a como o universo funciona. Por causa disso, não há contramedida para ele. Não importa o quão duro o objeto, ou o quão refletivo o objeto é, eles são todos impotentes diante dessa arte mágica. Basicamente, enquanto houver forma, será aniquilado. Se Yaya estiver para ser acertada por isso de frente, ela deverá morrer. Raishin sentiu Yaya agitar-se levemente em seus braços.”

“Mais uma coisa. Os inimigos naturais de Yaya são vento e água.”

“Estados fluídos…?”

“Sim. Não importa o quão forte Yaya possa ser, ela não pode acertar algo sem forma. Seja cuidadoso quando você encontrar adversários sem corpos físicos.”

“… Certo.”

Vendo ambos eles acenarem, Shouko estava satisfeita.

“Bem então, desculpe mantê-los por tanto tempo. Sejam cuidadosos.”

“É. Vamos lá, Yaya.”

“Roger!”

Depois de certificar-se que Yaya estava em uma condição apropriada, Raishin arrancouse para fora de seu quarto.


(3)

Conforme Raishin e Yaya partiram, a irmã mais velha de Yaya— Irori assistiu-os irem com sentimentos complicados dentro dela.

“Raishin acalmou-se um pouco. Naquela época, ele era como um voraz cão da montanha.”

Shouko deu uma tragada de seu cachimbo, antes de responder languidamente.

“A passagem de tempo pule um homem. Assim também faz o ódio e a raiva.”

“Ainda assim, para esse Raishin jogar a si próprio de cabeça em perigo pelo bem de outro alguém—”

“Esse boy iria felizmente pegar a ponta curta da vara se isso significasse que outro alguém seria beneficiado.”

“… Eu sempre pensei que Raishin era impiedoso e motivado por interesse próprio. Que ele estaria bem com outros machucando-se se estivesse nos interesses de seu objetivo.”

“Fufu… Então isso significa que você é até menos focada que Yaya. Eu não me lembro de fazer seus olhos serem tão ruins, Irori.”

Palavras ásperas faladas com um tom gentil, Shouko levemente repreendeu Irori.

“O boy não é impiedoso, mas as circunstâncias que ele foi pego certamente o são. O destino deu-lhe uma mão cruel. Você o vê como motivado por interesse próprio, mas sua conduta atual é meramente porque ele está motivado por vingança— Em resumo, desde o princípio do princípio, o boy já era assim; alguém o qual mostraria compaixão até mesmo ao mais amargo dos adversários.”

“Você está referindo-se a ele mostrar consideração pelas circunstâncias de seu inimigo?”

Shouko não respondeu. Ela apenas continuou fumando seu cachimbo serenamente.

Irori rapidamente ficou inquieta.

“Ama. É uma boa ideia deixar Raishin sair desse jeito? Como você disse mais cedo, Raishin estará indo contra um adversário formidável…”

“Você está preocupada sobre Yaya? Você sempre mima-a um monte.”

“Qu—!? N-não há como eu deixar meus sentimentos pessoais…”

Seu pele branca virou escarlate, e ela balançou suas mãos desesperadamente em negação.

“Não há motivo para preocupação. Eu removi a restrição de Yaya.”

Irori ficou ainda mais preocupada conforme ela amontoou mais perguntas.

“… Raishin ficará bem? E se ele ser completamente consumido pela Yaya…”

“O boy não é tão fraco.”

“Você tem certeza? Raishin mal foi um marionetista por alguns anos— Se eu puder ser franca, ele é como um bebê pássaro que ainda não aprendeu a voar. Eu tenho certeza que se você explicar corretamente para ele, ele saberia que ele apenas ainda não está no nível requerido.”

“Ao invés do inimigo, o boy severamente calculou mal sua própria força. É apenas que ele ainda não notou. Ele não compreendeu que ele foi abençoado com seu próprio talento inato.”

Shouko deixou sair um pequeno riso abafado conforme ela lembrou algo.

“Quando nos encontramos pela primeira vez, o boy estava treinando com um boneco de madeira.”

“De madeira?”

Um boneco de madeira não tem Coração de Eve instalado dentro dele, e então era apenas um simples, comum boneco de madeira.

Obviamente, isso significava que ele não havia nenhuma forma de autonomia. Portanto, ele dependia exclusivamente da energia mágica do marionetista para tudo— o marionetista tinha que controlar a tensão nas juntas, equilíbrio, e seus movimentos gerais.

Mesmo para alguém com telepatia ou um ascético da montanha o qual havia devotado-se a treinamento rigoroso, ainda era uma proeza astuta de se manejar.

Irori estava honestamente chocada. Raishin havia apenas começado dois anos atrás, mas nesse ponto no tempo ele já havia energia mágica habilidosa o suficiente para manipular um boneco de madeira. Com seu olho nas costas dele, Shouko acenou.

“O irmão do boy pode manipular um boneco de madeira ao ponto de ficar como vivo. Contudo, ele não pode fazer isso— e então ele estigmatizou-se como sem talento. Porém —”

Seus longos cílios tremularam-se para baixo conforme ela suspirou distraidamente.

“Um marionetista comum não seria nem capaz de fazer um boneco de madeira parar em pé.”

No máximo, eles seriam apenas capazes de mover um único membro na melhor das hipóteses.

“Fufu… Você realmente é esse boy temeroso.”

“O clã Akabane era uma família de adivinhos. Eu ouvi falar que eles eram habilidosos em artes de exorcismo e uso de shikigami[2]. Você está tentando dizer que seu talento é algo a ser esperado, já que ele é dessa linhagem sanguínea?”

“Sim, e não é maravilhoso? Porém, a fortuna e o infortúnio são meramente dois lados da mesma moeda. É precisamente porque ele tem o Sangue da Asa Escarlate nele que ele sofreu o infortúnio e teve sua família destruída.”

A boca de Irori fechou-se. Detalhes da infância de Raishin, a tragédia de seus parentes serem atacados, e o genocídio do clã Akabane são escassos.

Ambos sua ama e Raishin haviam recusado-se a falar sobre isso longamente.

Contudo, ela pensou que o status quo estava bom assim como estava.

Ela estava contente de esperar até que a hora chegasse quando Shouko quisesse falar sobre isso. Até então— e mesmo depois disso, as três irmãs iriam se esforçar para ser de ajuda a sua ama no melhor de suas habilidades.

Tendo chegado a uma conclusão, Irori deixou o assunto de lado e mudou de tópicos.

“Será Raishin capaz de derrotar Tenzen?”

“Quem sabe? Isso é algo que ele terá que tentar para descobrir.”

“Você está dizendo que a possibilidade existe, então?”

Shouko não respondeu, em vez disso lançando seu olhar para fora para as figuras deles desaparecendo conforme ela fumou seu cachimbo.

Depois de um tempo, ela abruptamente murmurou.

“Essa conversa sobre vingança é ridícula.”

“Eh—”

“Se ele souber a verdade, o boy me odiaria com certeza.”

Um sorriso solitário o qual jamais havia sido visto antes até agora surgiu em seus lábios.

O módulo de pensamento de Irori começou a boiar com numerosas dúvidas.

Contudo, seu cérebro logo acalmou-se de seu estado caótico conforme ela deixou seus pensamentos evaporarem-se para longe.

Contanto que sua ama soubesse a verdade, estava tudo bem mesmo que ela não soubesse.

Irori olhou para fora da janela, olhando para o alto para a lua pendurada no céu noturno.

Seus pensamentos eram muito parecidos com uma oração conforme ela quietamente baixou sua cabeça para baixo.

Boa viagem, Raishin.


(4)

Com Yaya a tiracolo, Raishin estourou-se para fora do dormitório tartaruga.

Era muito passado do toque de recolher. A mestra recepcionista chamou-o por detrás dele para parar e voltar, mas porque isso era uma emergência Raishin ignorou-a. Ter de explicar que ele estava auxiliando o comitê disciplinar e isso era um assunto relacionado era muito problemático.

Seguindo as luzes da rua de fora dos prédios, ele arrancou-se em direção do dormitório grifo. O vento frio da noite acariciou as costas de seu pescoço, fazendo seu corpo tremer. A conversa que ele teve com Felix mais cedo reprisou-se na mente de Raishin.

“Ei, Felix.”

Raishin queria perseguir atrás de Charl, mas uma mão em seu ombro o conteve de assim fazê-lo.

Felix segurou sua mão em um gesto pacificador.

“Eu sei o que você dirá, Raishin. Primeiro, de qualquer modo apenas deixe-me dizer que eu não estou duvidando da sua relação com Charl.”

“Então porque você foi e disse tudo isso?”

“Obviamente, foi para o bem dela.”

“— O que você quer dizer?”

“Se eu não dissesse isso para ela, ela continuaria suas ações precipitadas, não? Ela é ruim em cooperar com outros, e trabalhar sozinho é cheio de perigo.”

Raishin caiu em silêncio. Ele não podia pensar em uma resposta. Ele estava certo que Cannibal Candy era perigoso, e que Charl não estava suscetível a seguir as instruções do comitê disciplinar.

Porém, enquanto isso era lógico, ele ainda não podia aceitar, e Raishin esquivadamente continuou.

“… Mesmo que você diga isso, você não pode negar que Charl está machucada.”

“Depois que nós tomarmos conta de Cannibal Candy, eu farei as pazes pelo que eu disse.”

Havia mais sinceridade em seus olhos que o normal conforme Felix disse isso.

Sua recordação chegou a um fim, Raishin estalou sua língua.

No momento que eles tomassem conta das coisas, já podia ser tarde de mais.

Charl não era tão forte ou tão indiferente quanto ela pretendia ser.

(Não faça nada imprudente, assustadora garota dragão…!)

“—Raishin!”

Yaya gritou um aviso. Ele estava perdido em reflexão e sua atenção a seus arredores haviam portanto diminuído. De repente ele notou pela primeira vez que havia uma presença aproximando-se diretamente da direção oposta a eles.

Reflexivamente preparando-se para combate, ele estendeu a mão em direção a Yaya. A outra parte teve a mesma reação, e abraçou seu corpo. Capturando a luz das lâmpadas da rua em volta deles, algo brilhou em sua mão.

Era o frio brilho de metal— uma faca.

Algo pareceu suspeito conforme a altura da pessoa desconhecida provocou um senso de déjà-vu a passar sobre ele. O corpo era magro e conservador, com cabelo no comprimento do ombro e um par de lentes fornecendo um ar intelectual… Essa pessoa era—

“Lisette! Sou eu!”

“Raishin Akabane…”

Baixando sua faca, ela iluminou uma lâmpada em sua mão para verificar o rosto de Raishin.

Ela estava sozinha. Como sempre, seu autômato não estava acompanhando-a.

“Você está procurando por Charl?”

“Sim. De fato, eu estava justamente em meu caminho para o dormitório tartaruga.”

“Você estava dirigindo-se a mim?”

“Conhecendo você, eu senti que você viria arrancando-se.”

“— Isso é fé em mim?”

“Não se empolgue demais, sua lombriga.”

“… Meu mau. O que você quer comigo então?”

“Para onde você estava dirigindo-se?”

“Em direção ao seu sentido. Eu queria ouvir suas ideias.”

Lisette havia uma expressão nebulosa em seu rosto conforme ela deu um suspiro exageradamente alto.

“Charlotte não tem um grande círculo de amigos. Se ela não pensa em ir até você, e está apenas tolamente vadiando em volta da área, então a situação é irremediável.”

“Uhuh. Você pode refazer essa frase de um jeito melhor?”

“Bastante simples, eu não tenho ideia de para onde ela pode ter desaparecido…”

Pressionando seu dedo para seus lábios, ela estava profundamente em reflexão. Depois disso, algo ocorreu para ela e ela virou-se para encará-lo.

“Você esteve fora com ela o dia inteiro hoje, não esteve? De todo modo ela disse qualquer coisa?”

“Não, não realmente… Em qualquer caso, eu acredito que Felix é a causa do desaparecimento dela.”

“Foi essa uma débil tentativa de transferir responsabilidade a outro alguém para esconder sua própria incompetência, seu verme tubifex[3]?”

“Por que são todos os seus insultos fixados em variações de longos e finos vermes?”

Nesse momento, Raishin notou algo fora do ângulo de seu olho, e virou-se para observar seus arredores.

“… Está ficando um pouco turbulento por aqui.”

Olhando de perto, ele podia ver sombras acerca movendo-se furtivamente em meio as árvores e na cobertura dos prédios. Embora elas haviam habilmente escondido suas presenças, os cinco sentidos de Raishin eram mais afiados que os de uma pessoa normal. Tão logo quanto ele parou de mover-se, ele podia senti-las.

Lisette olhou sobre elas também, antes de hesitantemente falar.

“A verdade é, o comitê disciplinar está colocando todo seu esforço em procurar por Charlotte.”

“Que, é ela tão importante— espere, você não está suspeitando dela, você está?”

Se o comitê disciplinar estava perseguindo atrás dela, isso significava que eles pensavam que ela era Cannibal Candy?

Lisette não moveu nem mesmo uma sobrancelha, mas Yaya cobriu sua boca com suas mãos em choque.

Raishin olhou para Lisette com uma expressão questionadora.

Lisette hesitou um pouco antes de finalmente ceder e resignadamente confessar a verdade.

“Justamente mais cedo, vários circuitos mágicos foram descobertos no quarto de Charl.”

—Circuitos mágicos?

Ela estava referindo-se àqueles que Cannibal Candy havia removido…?

“Isso é impossível!”

“É a verdade. Aquela que descobriu-os foi a mestra recepcionista…”

Ele percorreu sobre os fatos em sua cabeça. Parecia como se alguém estava tentando armar para Charl— Não, isso não era. Se Charl realmente fosse Cannibal Candy, seu circuito mágico aniquilaria os circuitos mágicos. Se alguém estava realmente tentando armar para ela, fazer isso haveria o efeito oposto.

Então, isso significava que Charl estava acumulando circuitos mágicos por razões desconhecidas para Raishin…?

Considerando a força de Charl, também havia a possibilidade que ela podia infligir um ataque que deixaria os circuitos mágicos intactos.

“Nós ainda estamos para verificar se os circuitos em questão são aqueles que Cannibal Candy havia removido. Um dos professores está atualmente examinando-os, mas desde que eles estão em muito mau estado, os resultados apenas sairão amanhã.”

Raishin ficou em silêncio conforme ele continuou a pensar.

Julgando-o não ser de posterior utilização para ela, Lisette deu uma curta reverência, “Nós vamos nos separar aqui. Eu devo voltar à busca agora—”

“Espere.”

Lisette duvidosamente parou.

Querendo confirmar algo, Raishin escolheu suas palavras cuidadosamente e deliberadamente.

“Seria correto dizer que eu atualmente sou alguém que está auxiliando o comitê disciplinar?”

“Isso está correto.”

“Nesse caso, eu gostaria de conduzir uma investigação, com sua cooperação.”

Seu interesse despertado, Lisette virou-se para encará-lo.

“O que você deseja fazer?”

“Eu gostaria de confirmar algo com meus próprios olhos.”

Raishin contou-a aonde ele desejava ir.

Lisette estava chocada. Uma expressão perturbada raramente vista apareceu em seu rosto.

“Esse é… um lugar o qual eu não tenho a autoridade para dar-lhe acesso.”

“Permissão de quem é preciso então?”

“… Dê-me um minuto. Eu preciso discutir isso com Felix primeiro.”

“Então você ajudará?”

“Dadas as circunstâncias atuais, sim. Não importa o quão o bastante de uma larva de mosquito sem cérebro você possa ser, para você pedir por uma coisa como esta durante uma emergência como essa deve significar que há uma razão por trás, não?”

Embora ele estava um pouco incomodado por algumas das coisas que ela havia dito, Raishin acenou.

Lisette falou-lhe que ela precisaria fazer uma chamada telefônica, e retornou de volta ao caminho.

Por um curto período, Raishin e Yaya foram deixados sozinhos no frio.

Yaya estava aderindo-se firmemente a ele, então o frio não afetava ele tanto. A espera entretanto, era algo que era excessivamente difícil de aguentar.

Talvez as negociações não estivessem fluindo suavemente, ou ela havia completamente negligenciado de mencioná-las, ou talvez ela havia encontrado um acidente a meio caminho; Lisette ainda não havia retornado.

A ansiosa espera durou vários minutos. Finalmente, Lisette retornou—

“Seja grato. Felix falou para o comitê executivo.”

Em resumo, eles haviam recebido permissão.

“Eu guiarei você. É o mínimo que eu posso fazer desde que nós estamos cooperando nisso.”

“Eu estou em débito com você.”

“Eu deverei recusar sua gratidão. Isso é meramente parte de meus deveres afinal.”

Tendo falado curtamente, Lisette começou a caminhar à frente de Raishin.

Ela liderou-os em direção ao mais importante bloco da academia.

Dirigindo-se passado do auditório central, passando em volta das costas da torre relógio e cortando através da residência do diretor, havia um grande prédio retangular que parecia como uma lápide.

O prédio onde todas as máquinas importantes eram armazenadas, o Armário.

“Antes que você entre, você deve saber que sua entrada é sujeita a uma condição.”

A expressão em seu rosto era cinco vezes mais severa que o normal conforme ela falou gravemente.

“Dentro, incontáveis autômatos estão armazenados em um estado de hibernação. Sem necessidade de dizer, todos eles estão completamente desprotegidos. Se você quisesse, você podia facilmente destruí-los, e seus usuários seriam incapazes de participar na Festa Noturna.”

“Não seja ridícula. Eu não vou descer a esse nível.”

“Eu estou apenas dizendo que a possibilidade existe, sua escumalha[4] de lagoa.”

“Então eu fui rebaixado a um micro-organismo agora? Certo, eu entendi. Eu deixarei Yaya aqui.”

“Raishin…”

Yaya olhou para ele com uma expressão preocupada em seu rosto. Seus grandes olhos cintilaram, refletindo a luz da lâmpada. Ela olhou tão inocente e indefesa quanto um filhotinho.

“Grite se qualquer coisa acontecer. Seria trágico se você fosse atacada por Cannibal Candy.”

“Yaya ficará bem. Mais importante, Raishin…”

“Não se preocupe. Eu estarei com Lisette.”

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“Estar sozinha junto com essa mulher significa que sua castidade está em perigo…”

“… Você ainda está falando sobre isso?”

“Você não tem motivo para se preocupar, boneca obcecada por sexo. No improvável evento que ele me ataque, eu morderei minha língua.”

“Eu não atacarei você! Ambas vocês, parem com seus absurdos!”

Terminando a conversa, Lisette tomou a frente novamente, e caminhou em direção ao prédio retangular.

Haviam sentinelas postadas na entrada, e mais segurança pessoal na sala da guarda.

Lisette apontou para sua braçadeira para indicar que eles estavam aqui em negócios do comitê disciplinar.

Parecia que os guardas já haviam sido informados. Depois de processar a entrada deles, eles entregaram uma chave mestra.

O interior do prédio era o mesmo que sua fachada, desprovido de qualquer forma de decoração que seja. Seus andares, paredes e tetos eram todos construídos com linhas retas, fazendo-o parecer sufocante e confinador.

As luzes internas estavam todas apagadas, então eles dirigiram-se mais profundamente internamente apenas com suas lâmpadas acesas.

“Então, o que você deseja confirmar?”

“O autômato de um estudante terceiranista. Se minha lógica está correta, então ela pode provar ser uma pista decisiva para localizar Cannibal Candy.”

“Nesse caso, nós devemos nos dirigir ao segundo andar. Por esse caminho.”

“… Posso perguntá-la algo?”

“Eu não tenho um namorado, mas eu prefiro morrer que fazer sexo com um playboy como você.”

“…”

Era um momento constrangedor. Lisette tossiu no que pareceu ser embaraço.

“Isso foi uma piada. Qual é ela?”

“Que tipo de autômato é o de Felix?”

Lisette pensou por um momento, buscando através de suas memórias antes de responder.

“Eu não sei exatamente muito sobre os detalhes, mas eu já o vi antes. Eu não sei se isso é verdade ou não, mas eu ouvi rumores que ele foi feito durante o período da Renascença.”

“Então ele é uma antiguidade?”

“Não é algo que você possa apenas descartar levianamente. O período da Renascença foi um tempo na história da humanidade onde incontáveis gênios excepcionais caminharam pela terra. Técnicas que agora estão perdidas para nós existiam naquela época, e haviam artes mágicas desse período que nós estamos ainda para decompor. O autômato de Felix é também teorizado de ser um desses milagres criado por esses gênios.”

“… Isso não é surpresa. De qualquer jeito, eu posso pelo menos dizer que é um autômato que o alistou nos Rounds.”

Mesmo embora ele fosse um remanescente de um século atrás, ele ainda estava em uso ativo— um autômato como esse não podia apenas ser descartado como obsoleto. Era provavelmente muito superior a trabalho manual de artesanato moderno, e devia haver um segredo para ele.

“Então que tipo de circuito mágico está instalado dentro dele?”

“Bem, eu não sei esse tanto… eu posso ser sua assistente, mas eu também sou uma candidata a Festa Noturna. Não é prudente revelar sua mão para alguém a quem irá se tornar seu oponente algum dia.”

“Eu acho que isto não é surpreendente também.”

“É apenas—”

“— Apenas que?”

“Quando nós estávamos fazendo prática de campo anteriormente, ele criou lava.”

“Lava?”

“Sim. Ele aqueceu a terra e usou-a para cavar trincheiras. Também, durante outra hora, ele manipulou névoa densa para arremessar o time inimigo em confusão.”

“Névoa… Você tem certeza que não era apenas vapor?”

Se fosse um circuito mágico que girava em volta de manipulação de calor, então era possível gerar ambas lava e névoa.

“Não, era mais natural, como se fosse uma extensão de seus nervos ou sentidos.”

“Que diabos é isso? Ao menos que ele esteja usando várias artes mágicas juntas em conjunto… mas de jeito nenhum, algo como isso deveria ser impossível.”

Em qualquer caso, ele estava certo de ser um oponente problemático. Lava e névoa eram ambos estados fluídos sem forma.

Tendo alcançado o topo das escadas, Lisette chegou a uma parada.

“O armário de Felix está na sala mais distante na parte de trás a direita.”

“Está tudo bem, eu não planejo ir lá.”

Os olhos de Lisette estreitaram-se em perplexidade.

Do fluxo da conversa deles, ela teve a impressão que eles estavam procurando o armário de Felix.

Raishin pegou a chave mestra de sua mão, e começou a caminhar na direção oposta.

Ele já havia compreendido o layout do prédio.

“Isso é—”

Atrás dele, Lisette estava falando algo. Raishin ignorou-a e abriu a porta.

Os armários lembravam caixões, e estavam alinhados em fileiras ordenadas.

Confiando nas placas de identificação, ele olhou pelo armário que ele estava procurando.

Muito antes, ele descobriu o que ele estava procurando.

Código de registro White Mist— Lisette Norden.

Suprimindo sua impaciência, ele usou a chave mestra para destrancar a fechadura, e abriu a tampa com um ar de finalidade.

“…!”

Dentro do armário, havia um largo cilindro de vidro.

Parecia com um tubo de ensaio gigante. O líquido que preenchia-o completamente parecia exatamente como formaldeído[5]. Envolvida nesse líquido, exatamente como um espécime biológico, havia uma garota completamente nua suspendida dentro.

Não era uma autômato.

Espiando de seu peito aberto era tecido real e carne real.

Raishin amaldiçoou sua própria tolice.

Eu sou tão idiota. Isso… Como eu pude não notar algo tão óbvio?

Em outras palavras, desde o princípio do princípio, ela esteve aqui todo esse tempo.

Suspendida dentro do cilindro de vidro, essa era—

O corpo de Lisette Norden.

No próximo momento, algo acertou Raishin de trás com força suficiente para nocautear o fôlego para fora dele.

Referências e Notas de tradução[edit]

  1. Uma planta de cultivo tradicional nos países asiáticos, o nome original vem do grego, que significa flor de ouro. Wikipédia
  2. Na mitologia japonesa, shikigamis eram espíritos invocados para servir e proteger. Wikipédia
  3. Uma espécie de verme avermelhado que vive no fundo do mar. Wikipédia
  4. Algas unicelulares que vivem na água. Wikipédia
  5. Metanal / Formol. Wikipédia
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